segunda-feira, 16 de outubro de 2017

LES CONTES D’HOFFMANN, METropolitan Opera, Outubro / October 2017

(review in English below)

Na Metropolitan Opera esteve novamente em cena a ópera Les Contes d’Hoffmann  de Jacques Hoffenbach.

A encenação de Bartlett Sher é vistosa e diversificada, mas irregular. O prólogo e o epílogo decorrem numa taberna alemã convencional. O primeiro acto, a história de Olympia, é o mais bem conseguido. Passa-se numa feira, na barraca de Spalanzani, onde a utilização de guarda-chuvas com olhos desenhados tem um efeito de grande impacto. O segundo acto é, teatralmente, decepcionante porque não há nada para ver. O palco está vazio e podia passar-se em Munique ou em qualquer outro local. Em contraste, o 3º acto é cenicamente exagerado, com uma mistura de prostitutas e outros figurantes exuberantemente vestidos (recuperando-se as referencias aos actos anteriores) numa Veneza com gôndolas.



 A direcção musical foi muito boa, pelo maestro Johannes Debus. 

O tenor italiano Vittorio Grigolo foi um Hoffmann de grande qualidade. Tem uma voz sempre bem audível, bonita e afinada em todos os registos. Em palco o cantor tem uma agilidade invulgar, que dá grande credibilidade à personagem.



A estreante mezzo irlandesa Tara Erraught interpretou a musa / Nicklausse com grande qualidade vocal e uma presença cénica algo estática, embora intercalada com partes muito boas, como aquela em que imitou a Olympia.



O baixo-barítono francês Laurent Naouri nos papéis diabólicos, Lindorf / Copéllius / Doctor Miracle e Dappertutto foi outro dos melhores intérpretes da noite. Tem um registo grave muito interessante, a voz é poderosa e de grande musicalidade. O cantor tem uma excelente figura o que o ajudou muito na prestação cénica.



A soprano norte-americana Erin Morley foi uma Olympia excelente. A voz é potente, afinada, muito maleável e perfeita para o papel. A prestação cénica foi também ao mais alto nível e a cantora foi a mais aplaudida da noite.



A Antonia e a Stella foram interpretadas pela soprano romena Anita Hartig. Foi outra grande intérprete. Tem um timbre muito agradável, sempre audível sobre a orquestra e de afinação perfeita. A cantora foi muito convincente na emotividade que colocou na interpretação.



A Giulietta foi cantada pela mezzo bielorrussa Oksana Volkova que cumpriu o papel sem encantar. A belíssima barcarola Belle nuit, ô nuit d’amour foi boa, mas há quem a cante bem melhor.



Nos papeis secundários cantaram Christophe Mortagne como Andrés, Cochenille, Frantz e Pitichinaccio, Mark Schowalter como Nathanael e Spalanzani, Robert Pomakov como Luther e Crespel, Olesya Petrova como mãe de Antónia e David Crawford como Hermann.

Um espectáculo de grande qualidade.







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LES CONTES D'HOFFMANN, METropolitan Opera, October 2017

Jacques Hoffenbach's opera Les Contes d'Hoffmann was once again in the season of the Metropolitan Opera.

Bartlett Sher's staging is colorful and diverse, but irregular. The prologue and the epilogue take place in a conventional German tavern. The first act, the Olympia story, is the most successful. It's at a fair in Spalanzani's tent, where the use of umbrellas with drawn eyes has a great impact. The second act is theatrically disappointing because there is nothing to see. The stage is empty and could be in Munich or anywhere else. In contrast, the third act is excessively populated, with a mixture of prostitutes and other exuberantly dressed extras (recalling references to previous acts) in a Venice with gondolas.

 Musical direction was very good, by the conductor Johannes Debus.

Italian tenor Vittorio Grigolo was a Hoffmann of top quality. He has a voice that is always well audible, beautiful and tuned in every register. On stage the singer has an unusual agility, helped by his handsome figure, which gives great credibility to the character.

Newcomer Irish mezzo Tara Erraught played the muse / Nicklausse with great vocal quality but a somewhat static stage presence, though interspersed with very good parts, such as the one in which she mimicked Olympia.

French bass-baritone Laurent Naouri in the diabolical roles, Lindorf / Copéllius / Doctor Miracle and Dappertutto was another of the best performers of the night. He has a very impressive bass register, the voice is powerful and of great musicality. The singer has also an excellent figure, which helped him a lot in the scenic performance.

American soprano Erin Morley was an excellent Olympia. The voice is powerful, tuned, very malleable and perfect for the paper. The stage performance was also at the highest level and the singer was the most applauded of the night.

Antonia and Stella were performed by Romanian soprano Anita Hartig. She was another great interpreter. She has a very pleasant tone, always audible over the orchestra and perfectly tunned. The singer was very convincing in the emotion she put into the performance.

Giulietta was sung by Belarusian mezzo Oksana Volkova who sang the role without enchanting. The beautiful barcarola Belle nuit, ô nuit d'amour was good, but there are other singers who sing it better.

In secondary sang Christophe Mortagne as Andrés, Cochenille, Frantz and Pitichinaccio, Mark Schowalter as Nathanael and Spalanzani, Robert Pomakov as Luther and Crespel, Olesya Petrova as Antonia's mother, and David Crawford as Hermann.

A performance of top quality.


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