(review in English below)
Na Metropolitan Opera esteve novamente em
cena a ópera Les Contes d’Hoffmann de Jacques
Hoffenbach.
A encenação de Bartlett Sher é vistosa e diversificada,
mas irregular. O prólogo e o epílogo decorrem numa taberna alemã convencional.
O primeiro acto, a história de Olympia, é o mais bem conseguido. Passa-se numa
feira, na barraca de Spalanzani, onde a utilização de guarda-chuvas com olhos
desenhados tem um efeito de grande impacto. O segundo acto é, teatralmente,
decepcionante porque não há nada para ver. O palco está vazio e podia passar-se
em Munique ou em qualquer outro local. Em contraste, o 3º acto é cenicamente
exagerado, com uma mistura de prostitutas e outros figurantes exuberantemente
vestidos (recuperando-se as referencias aos actos anteriores) numa Veneza com
gôndolas.
A direcção musical foi muito boa, pelo maestro
Johannes Debus.
O tenor italiano Vittorio Grigolo foi um Hoffmann de
grande qualidade. Tem uma voz sempre bem audível, bonita e afinada em todos os
registos. Em palco o cantor tem uma agilidade invulgar, que dá grande
credibilidade à personagem.
A estreante mezzo
irlandesa Tara Erraught interpretou
a musa / Nicklausse com grande qualidade vocal e uma presença cénica algo
estática, embora intercalada com partes muito boas, como aquela em que imitou a
Olympia.
O baixo-barítono
francês Laurent Naouri nos papéis
diabólicos, Lindorf / Copéllius / Doctor Miracle e Dappertutto foi outro dos
melhores intérpretes da noite. Tem um registo grave muito interessante, a voz é
poderosa e de grande musicalidade. O cantor tem uma excelente figura o que o
ajudou muito na prestação cénica.
A soprano
norte-americana Erin Morley foi uma
Olympia excelente. A voz é potente, afinada, muito maleável e perfeita para o
papel. A prestação cénica foi também ao mais alto nível e a cantora foi a mais
aplaudida da noite.
A Antonia e a
Stella foram interpretadas pela soprano romena Anita Hartig. Foi outra grande intérprete. Tem um timbre muito
agradável, sempre audível sobre a orquestra e de afinação perfeita. A cantora
foi muito convincente na emotividade que colocou na interpretação.
A Giulietta foi
cantada pela mezzo bielorrussa Oksana
Volkova que cumpriu o papel sem encantar. A belíssima barcarola Belle nuit, ô nuit d’amour foi boa, mas
há quem a cante bem melhor.
Nos papeis
secundários cantaram Christophe Mortagne
como Andrés, Cochenille, Frantz e Pitichinaccio, Mark Schowalter como Nathanael e Spalanzani, Robert Pomakov como Luther e Crespel, Olesya Petrova como mãe de Antónia e David Crawford como Hermann.
Um espectáculo de
grande qualidade.
*****
LES CONTES D'HOFFMANN, METropolitan Opera, October 2017
Jacques Hoffenbach's
opera Les Contes d'Hoffmann was once
again in the season of the Metropolitan
Opera.
Bartlett Sher's staging
is colorful and diverse, but irregular. The prologue and the epilogue take
place in a conventional German tavern. The first act, the Olympia story, is the
most successful. It's at a fair in Spalanzani's tent, where the use of
umbrellas with drawn eyes has a great impact. The second act is theatrically
disappointing because there is nothing to see. The stage is empty and could be
in Munich or anywhere else. In contrast, the third act is excessively populated,
with a mixture of prostitutes and other exuberantly dressed extras (recalling
references to previous acts) in a Venice with gondolas.
Musical direction was very good, by the conductor Johannes Debus.
Italian tenor Vittorio
Grigolo was a Hoffmann of top quality. He has a voice that is always well
audible, beautiful and tuned in every register. On stage the singer has an
unusual agility, helped by his handsome figure, which gives great credibility
to the character.
Newcomer Irish mezzo Tara
Erraught played the muse / Nicklausse with great vocal quality but a
somewhat static stage presence, though interspersed with very good parts, such
as the one in which she mimicked Olympia.
French bass-baritone Laurent
Naouri in the diabolical roles, Lindorf / Copéllius / Doctor Miracle and
Dappertutto was another of the best performers of the night. He has a very impressive
bass register, the voice is powerful and of great musicality. The singer has also
an excellent figure, which helped him a lot in the scenic performance.
American soprano Erin
Morley was an excellent Olympia. The voice is powerful, tuned, very
malleable and perfect for the paper. The stage performance was also at the
highest level and the singer was the most applauded of the night.
Antonia and Stella were performed by Romanian soprano Anita Hartig. She was another great
interpreter. She has a very pleasant tone, always audible over the orchestra
and perfectly tunned. The singer was very convincing in the emotion she put
into the performance.
Giulietta was sung by Belarusian mezzo Oksana Volkova who sang the role without enchanting. The beautiful barcarola
Belle nuit, ô nuit d'amour was good,
but there are other singers who sing it better.
In secondary sang Christophe
Mortagne as Andrés, Cochenille, Frantz and Pitichinaccio, Mark Schowalter as Nathanael and
Spalanzani, Robert Pomakov as Luther
and Crespel, Olesya Petrova as
Antonia's mother, and David Crawford
as Hermann.
A performance of top quality.
*****
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