A ópera Orpheus (Orfeo) de Luigi Rossi, com libreto de Francesco
Buti, está em cena na novíssima e magnífica Sam Wanamaker Playhouse, Shakespeare’s Globe em Londres.
A sala é uma
reprodução fiel de um teatro Jacobino inglês do Sec. XVII, com colunas, pilastras e
arcadas redondas. O interior é em madeira, com um tecto magnificamente
decorado. O público está distribuído em 3 níveis, sentando-se em bancos de
madeira corridos (capacidade de 340 espectadores). Toda a iluminação é feita à
custa de luz de velas de cera em belos lustres suspensos e em candelabros
trazidos pelos cantores. A orquestra está colocada no nível superior e o palco
é envolvido pelos espectadores. No meu caso, estava sentado a menos de um
metro.
A encenação, de Keith Warner é austera mas de uma
eficácia insuperável. São usadas várias mesas corridas simples, com que se
criam todos os ambientes cénicos, incluído os caminhos sinuosos (quando
alinhadas “desordenadamente”) ou barcos (quando invertidas). O guarda-roupa é
excelente. As personagens também aparecem suspensas do tecto, ou vindas de
baixo do palco. A serpente que morde mortalmente a Euridice é uma magnífica
corda vermelha, que é o outro elemento cénico presente ao longo do espectáculo.
No início todos entram com maçãs que, no final, oferecem ao público.
(Fotografias de Stephen Cummiskey, Royal Opera House)
A Orchestra
of Early Opera Company foi excelente, sob a direcção de Christian Curnyn. As características da
sala permitiram desfrutar em pleno da sonoridade barroca da peça.
Os cantores /
actores ofereceram-nos um desempenho da mais elevada qualidade. Todos jovens,
movendo-se com grande agilidade, criaram um espectáculo cénico excelente. Cantando
em inglês, vocalmente foram também impressionantes, todos com vozes bem
audíveis, melodiosas e versáteis, dando uma homogeneidade à peça que esteve em
consonância com a interpretação orquestral e a encenação.
Mary Bevan foi Orfeu, Louise
Alder Euridice, Caitlin Hulcup
Aristeus, Philip Smith Endymion /
Charon, Sky Ingram Venus, Keri Fuge o cupido, Graeme Broadbent Satyr / Plutão, Mark Milhofer Momus / Alkippe / Jove, Verena Gunz Aegea, Lauren Fagan Thalia / Hymen / Clotho, Jennifer Davis Euphrosyne / Lachesis e Emily Edmonds Aeglea / Atropos / Bacchus.
Um espectáculo de
primeiríssima qualidade, num teatro e num ambiente únicos.
*****
Orpheus,
Sam Wanamaker Playhouse, Shakespeare's Globe, London, November 2015
The opera Orpheus (Orfeo) by Luigi Rossi, with libretto by Francesco
Buti, is on stage in the new and magnificent Sam Wanamaker Playhouse, Shakespeare's Globe in London.
The theater
is a faithful reproduction of a XVII century English Jacobean theater, with columns,
pilasters and round arches. The interior is made of wood, with a magnificently
decorated ceiling. The public is divided over 3 levels, sitting on wooden
benches (capacity of 340 spectators). All lighting is at the expense of light
wax candles in beautiful hanging chandeliers and candelabra brought by singers.
The orchestra is placed on the upper level and the stage is surrounded by
spectators. In my case, I was sitting less than a meter away from the stage.
These
conditions create a unique atmosphere, enhanced by the interaction of the
singers with the public, sometimes singing to some of its elements, and
appearing regularly among them, in the three levels of the theatre. The effect
is magnificent and it was an experience I will not forget.
The staging
of Keith Warner is austere but highly
effective. It uses multiple simple tables, with which all scenic environments are
created, including the winding paths (when aligned "disorderly") or
boats (when inverted). The clothing is excellent. The characters also appear
suspended from the ceiling, or coming from below the stage. The snake biting
mortally Euridice is a magnificent red string, which is another scenic element
present throughout the performance. In the beginning, all singers come with
apples that in the end, offer to the public.
The Orchestra of Early Opera Company was
excellent, under the direction of Christian
Curnyn. The room features allowed to fully enjoy the baroque sound of the play.
The singers
/ actors offered us a performance of the highest quality. All are young, moving
with speed, creating a great scenic spectacle. Singing in English, they were
also vocally impressive, all with well audible, melodious and versatile voices,
giving uniformity to the play that was in line with the orchestral
interpretation and staging.
Mary Bevan was Orpheus, Louise Alder Euridice, Caitlin
Hulcup Aristeus, Philip Smith
Endymion / Charon, Sky Ingram Venus,
Keri Fuge Cupid, Graeme Broadbent Satyr / Pluto, Mark Milhofer Momus / Alkippe / Jove, Verena Gunz Aegea, Lauren Fagan Thalia / Hymen / Clotho, Jennifer Davis Euphrosyne / Lachesis and Emily Edmonds Aeglea / Atropos / Bacchus.
A top
quality performance, in a theater with a unique environment.
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