(Review in English)
Neste último fim-de-semana, a Fundação Gulbenkian reabriu o renovado Grande Auditório.
Poucas diferenças se notam: a mais visível é
a nova canópia, agora mais leve e dividida em seis partes. Visíveis são,
também, uma enorme profusão de colunas de som que, certamente, fazem parte da
renovação tecnológica profunda que o auditório sofreu e que, segundo a FCG, o
torna um dos mais bem apetrechados do mundo. Em suma, a sala mantém-se
praticamente igual e, como já sabemos, magnífica e extremamente acolhedora.
Para celebrar essa reabertura, a FCG promoveu diversos espectáculos que
disponibilizou, a troco de nada, a quem se quis deslocar às suas instalações. E
foi muita gente! Logo bem cedo já estava caótica, tal era o número de
interessados no excelente programa de Sábado que a FCG propunha.
Tive oportunidade de assistir a 3 concertos.
Para começar, a Sinfonia n.º 1, em Ré Maior, de Gustav Mahler numa versão para orquestra de câmara de Iain Farrington. A Orquestra XXI, constituída por 15 jovens e talentosos músicos
portugueses e sob direcção do também jovem maestro Dinis Sousa, teve uma interpretação de excelente nível de uma peça
de música extraordinária e, nesta versão de câmara, extremamente difícil.
Seguiu-se o concerto Vem cantar Gershwin com o
Coro Gulbenkian. Cantaram diversas canções de Gershwin, entre elas as da
famosa ópera Porgy and Bess, e Jorge Mata pediu a participação do
público que lá foi perdendo a inibição... Foi um espectáculo muito
interessante, agradável e divertido.
Por fim, o prato forte do dia. A Orquestra Gulbenkian e elementos do Estágio
Gulbenkian para a Orquestra sob direcção da maestrina Joana Carneiro interpretaram Assim
falava Zaratrustra, op. 30 de Richard
Strauss e, também, a Sinfonia
Fantástica, op. 14 de Hector Berlioz.
Com a sala a exibir os jardins da Fundação
como pano de fundo, a orquestra esteve em elevadíssimo nível na interpretação
da portentosa peça de Strauss. E o nível que apresentou em Berlioz foi
excepcional: a orquestra estava muitíssimo bem preparada e motivada e sob
direcção exemplar de Joana Carneiro (confesso que só no Sábado fiquei rendido à
maestrina portuguesa: que intensidade, rigor e sentimento!) tocou a fantástica
Sinfonia Fantástica (passe a redundância) a um nível só ao alcance de uma
grande orquestra sinfónica. De arrepiar!
Já no Domingo e integrado no Ciclo das
Grandes Orquestra Mundiais, a FCG recebeu o Orfeó Català e o Cor de Cambra del Palau de la Música Catalana,
coros com sede em Barcelona. Sob direcção de Josep Vila i Casañas interpretaram diversas canções catalãs das
quais destacaria Sancta Maria de Josep Reig, Laudate Dominum do próprio maestro Josep Vila i Casañas e Ton pare no té nas de Baltasar Bibiloni.
Na segunda parte
ouviu-se o belíssimo Requiem, op. 48
de Gabriel Fauré. A peça composta em
1893 foi tocada apenas no órgão (Mercè
Sanchis), o que, no meu ver, lhe tirou grande parte do dramatismo e
lirismo. Talvez por isso não tenha ficado extasiado com nenhuma das
interpretações: nem a do Coro, nem a dos solistas.
O barítono Dietrich Henschel apresentou-se sem
qualquer dificuldade na emissão, mas não gostei particularmente do seu timbre.
Já o soprano espanhol María Espada,
apesar de não ter tido uma prestação imaculada, encheu o Grande Auditório com
um Pie Jesu interpretado na sua voz
de timbre belíssimo e ressonante em qualquer ponto da sala.
Mais um óptimo fim-de-semana passado na
Fundação Gulbenkian, naquela que é, sem sombra de dúvidas, a mais bonita sala
de espectáculos do país!
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(Review in English)
In this last weekend, Gulbenkian Foundation reopened the
renovated Grand Auditorium.
Few differences are
noticeable: the most visible is the new canopy, now lighter and divided into
six parts. Visible are also a huge profusion of speakers that certainly are part
of the profound technological renovation the auditorium ran, making it one of
the best equipped in the world. In short, the hall remains almost equal and, as
we already know, magnificent and extremely accommodating.
To celebrate this reopening,
the FCG promoted several concerts,
which provided, for free, to whom wanted to move their facilities. And there
were a lot of people! In the early morning, FCG was already chaotic, such was
the crowd interested in the excellent program proposed for Saturday afternoon/evening.
I had the opportunity to
attend 3 concerts.
The first one was Symphony no. 1 in D Major by Gustav Mahler in a version for chamber orchestra
arranged by Iain Farrington. The Orchestra XXI, composed of 15 talented
young Portuguese musicians and also under the direction of young conductor Dinis Sousa, had an excellent level of
interpretation of a piece of extraordinary music, and this camera arrangement,
extremely difficult.
This was followed by the
concert Come sing Gershwin with the
Gulbenkian Choir. They sang several Gershwin famous songs, among them some
of the famous opera Porgy and Bess,
and Jorge Mata asked the audience to
participate. It was a very interesting, enjoyable and entertaining show.
Finally, Gulbenkian Orchestra and elements for Stage with Gulbenkian Orchestra
under the direction of conductor Joana
Carneiro interpreted Also sprach Zarathrustra, op. 30 by Richard Strauss, and also the Symphonie
Fantastique, op. 14 by Hector
Berlioz.
With the hall showing the
gardens of the Foundation as a backdrop, the orchestra was in very high level
interpretation of portentous piece of Strauss. And the level presented in
Berlioz was exceptional: the orchestra was very well prepared and motivated and
exemplary directed under Joana Carneiro
(I confess that I was only on Saturday surrendered to the Portuguese maestro:
what intensity, rigor and feeling!) played a fantastic Symphonie Fantastique (pass redundancy) to a level only possible
for a large great symphony orchestra. Chilling!
On Sunday and integrated into
the Great World Orchestras cycle, FCG received the Orfeo Català and Cor de Cambra
del Palau de la Música Catalana, Barcelona-based choirs. Under the
direction of Josep Vila i Casañas they
interpreted several songs of which we highlight Sancta Maria by Josep Reig,
Laudate Dominum by the conductor
himself Josep Vila i Casañas and Ton pare no té nas by Baltasar Bibiloni. In the second half there
was the beautiful Requiem, op. 48 by
Gabriel Fauré. The piece was
composed in 1893 and just played with organ (Mercè Sanchis), which, in my opinion, took away much of Requiem’s
drama and lyricism. Probably that was the reason I was not fascinated with the
interpretation: neither the choir nor the soloists. Baritone Dietrich Henschel presented no
difficulty in vocal projection but I do not particularly like his timbre. Spanish
soprano María Espada, despite not
having had an immaculate performance, filled the hall with a Pie Jesu sunged in her beautiful and
resonant voice.
Another great weekend at the
Gulbenkian Foundation in what is, without doubt, the most beautiful concert
hall in the country!
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