(Review in English below)
A Orquestra
da FCG apresentou-nos hoje um concerto com peças de Gustav Mahler e Unsuk Chin,
tendo sido dirigida pela nova maestrina convidada principal da FCG, a finlandesa
Susanna Malkki.
A primeira parte começou com a interpretação
de Blumine
de Gustav Mahler, peça inicialmente
composta como 2.º andamento da Sinfonia n.º 1. A peça foi estreada em 1889,
perdeu-se e foi recuperada em 1966, tendo a sua re-estreia ocorrido no ano
seguinte pela batuta de Benjamin Britten. A
orquestra apresentou-a com um bom nível.
Seguiu-se Shu, Concerto para cheng e
orquestra, da compositora contemporânea sul-coreana Unsuk Chin, cuja música é marcada por influências ligetianas. O
concerto teve a sua estreia mundial em Tóquio no ano 2009.
A novidade maior é o
cheng — um dos mais antigos instrumentos de sopro (tem mais de 3000 anos!) —
que foi tocado pelo virtuoso chinês Wu
Wei, músico que inspirou a compositora nesta obra.
O instrumento é interessantíssimo, fazendo
lembrar uma espécie de órgão de boca. O concerto de Chin explora imensas sonoridades com uma instrumentação complexa de onde se destaca a percussão, uma noção de unidade muito bem conseguida e
tira partido de um intérprete a todos os níveis excepcional. Wu Wei é um grande artista e
ofereceu-nos uma interpretação sublime: o instrumento é dificílimo e exige uma
técnica assinalável. Wei tocou, ainda, um encore
onde mostrou não só as inúmeras sonoridades do cheng, como as suas amplas
capacidades técnicas e domínio absoluto do instrumento. Espantoso!
Poderão uma transmissão da BBC de 2011 com a
London Sinfonietta sob direcção de Ivan Volkov e Wu Wei como solista.
A segunda parte foi integralmente dedicada à
majestosa Sinfonia n.º 1, em Ré maior,
de Gustav Mahler.
Foi estreada em
1889 e sofreu várias revisões. Apresenta 4 andamentos, começando com as cordas
a dar um mote frio, sombrio e misterioso que se vai adensando. O 3.º andamento
é uma marcha fúnebre de rara beleza. Termina com um 4.º andamento apoteótico
com os metais e sopros a ganhar preponderância fulcral e a transmitir uma força
telúrica destruidora. Mahler no seu melhor!
Susanna Malkki conduziu bem a Orquestra Gulbenkian, crescendo, sobretudo, a partir do 2.º andamento e terminando muito bem. Foi uma interpretação de qualidade de uma orquestra que, como é sabido, tem qualidade para ser uma excelente orquestra sinfónica.
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(Review in English)
The FCG Orchestra showed us today a concert with pieces by Gustav Mahler and Unsuk Chin, having been led by new chief guest conductor of the
FCG, the Finnish Susanna Malkki.
The first half began with Blumine
of Gustav Mahler, originally
composed as Symphony no. 1 second movement. It was premiered in 1889, was lost
and rediscovered in 1966, taking its re-debut occurred the following year with
Benjamin Britten conducting. The orchestra presented it
with a good level.
Followed the Shu,
Concert for cheng and orchestra, by South Korean contemporary composer Unsuk Chin, whose music is marked by
ligetian influences. This piece had its world premiere in Tokyo in 2009. The most
remarkable for me was the cheng - one of the oldest wind instruments (has more
than 3000 years!) - who has been played by Chinese virtuoso Wu Wei, who had inspired Chin composing
this work.
The instrument is very
interesting, resembling a kind of mouth organ. The Chin concert explores sonorities with a huge complex
instrumentation, where percussion highlight, a highly accomplished sense of
unity, taking advantage of an interpreter at all levels outstanding. Wu Wei is a great artist and offered us
a sublime interpretation: the instrument is very difficult and requires a
remarkable technique. Wei also played an encore that showed not only the
numerous sonorities of cheng as his extensive technical capabilities and
absolute mastery of the instrument. Stunning!
You can hear a BBC broadcast in
2011 with the London Sinfonietta under the direction of Ivan Volkov and Wu Wei
as cheng soloist.
The second half was entirely
devoted to the majestic Symphony no. 1
in D major, of Gustav Mahler. It
was premiered in 1889 and has undergone several revisions. The symphony has 4 movements,
starting with the strings giving a cold, dark and mysterious ambience. The 3rd movement
is a funeral march of rare beauty. It ends with a 4th movement of apotheotic
progress with metals and blows gaining a dominant core and transmitting to the
audience a massive destructive telluric force. Mahler at his best!
Susanna Malkki conducted well the Gulbenkian Orchestra, growing mainly from the 2nd movement, finishing the symphony very well. It was a quality interpretation of an orchestra that, as is known, has the quality to be a great symphony orchestra.
Susanna Malkki conducted well the Gulbenkian Orchestra, growing mainly from the 2nd movement, finishing the symphony very well. It was a quality interpretation of an orchestra that, as is known, has the quality to be a great symphony orchestra.