(Review in English below)
A ópera Peter Grimes de B Britten passa-se numa pequena aldeia piscatória no litoral de Inglaterra. O pescador Peter Grimes, contra a vontade dos aldeões, é ilibado da morte do seu mais recente aprendiz e não deverá contratar outros. Poucos dias depois um boticário arranja num orfanato um novo aprendiz, John. A comunidade desaprova mas a professora Ellen Orford e um comandante reformado, Balstorde, apoiam-no. Grimes quer enriquecer com a pesca para casar com Ellen. Aproxima-se uma grande tempestade e ele quer ir para o mar. Ellen contraria-o e critica-o por ter molestado John que tem cicatrizes no pescoço. A população dirige-se à cabana de Grimes. Nas traseiras, a tempestade originou um desabamento de terras e John cai para o mar e morre. Grimes lança-se atrás dele e desaparecem ambos. Balstrode, dias mais tarde, vê o barco de Grimes e, com Ellen, recolhe-o. A aldeia está vazia. Balstrode aconselha-o a levar o barco para o mar e afundá-lo. No dia seguinte os aldeões vêem um barco afundar-se, mas longe de mais para poder ser salvo.
A encenação de John Doyle é relativamente simples mas muito eficaz. Uma enorme fachada de casa em madeira, com portas a várias alturas, funciona bem nas várias cenas. As paredes também se afastam, o que permite criar situações adicionais de bom efeito cénico. Há ocasionalmente projecções excelentes (em particular do mar revolto). O ambiente é escuro como a ópera, os aldeões (coro) aparecem de cinzento escuro ou negro e não se misturam com Grimes.
O maestro foi Nicholas Carter. A Orquestra tocou bem e o Coro salientou-se nas muitas e expressivas intervenções.
A música de Britten não é das que mais aprecio, tem passagens líricas alternadas com dissonâncias. Contudo, os interlúdios musicais alusivos ao mar são impressionantes, muito ajudados pela encenação, com as projecções de mar agitado já referidas.
A soprano Nicole Car foi para mim a melhor da noite no papel de Ellen Orford. É uma cantora que muito aprecio graças à beleza vocal e ao seu empenho marcante nas interpretações que leva à cena. Mais uma vez, foi óptima.
O barítono Adam Plachetka foi um Balstrode afinado, bem audível e, dentro do que a personagem permite, correcto na postura cénica.
Vários cantores secundários têm pequenas participações, incluindo Harold Wilson (Hobson), Patrick Carfizzi (Swallow), Michaela Martens (Mrs. Sedley), Denyce Graves (Auntie), Chad Shelton (Bob Boles), Tony Stevenson (Rev. Adams) e Justin Austin (Ned Keene).
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PETER GRIMES, METropolitan OPERA, New York, October 2022
The opera Peter Grimes by B Britten takes place in a small fishing village on the coast of England.
The fisherman Peter Grimes, against the wishes of the villagers, is cleared by a lawyer of the death of his latest apprentice and must not hire others. A few days later, an apothecary finds a new apprentice, John, in an orphanage. The community disapproves but professor Ellen Orford and a retired sea captain, Balstorde, support him. Grimes wants to get rich from fishing to marry Ellen. A big storm is coming and he wants to go to sea. Ellen antagonizes him and criticises him for molesting John who has scars on his neck. The villagers head to Grimes' hut. In the back, the storm caused a landslide and John falls into the sea and dies. Grimes launches after him and they both disappear. Balstrode, days later, sees Grimes' boat and, with Ellen, picks him up. The village is empty. Balstrode advises Grimes to take the boat out to sea and sink it. The next day the villagers see a boat sinking, but too far away to be saved.
John Doyle staging is relatively simple but very effective. A huge wooden house facade, with doors at various heights, works well in the different scenes. The walls also move away, which makes it possible to create additional situations with a good scenic effect. There are occasionally excellent projections (particularly of the rough sea). The atmosphere is dark like the opera, the villagers (chorus) appear dressed in dark gray or black and don't mix with Grimes.
The conductor was Nicholas Carter. The Orchestra played well and the Choir stood out in its many expressive interventions.
Britten's music is not one of my favorites, it has lyrical passages alternating with dissonances. However, the musical interludes alluding to the sea are impressive, greatly aided by the staging, with the previously mentioned rough sea projections.
Tenor Allan Clayton was Peter Grimes. He sang well, always over the orchestra and managed to convey his exclusion from the community, an essential component of the opera.
Soprano Nicole Car was for me the best of the night in the role of Ellen Orford. She is a singer that I really appreciate thanks to her vocal beauty and her remarkable commitment to the interpretations she brings to the scene. Once again, she was great.
Baritone Adam Plachetka was a finely tuned Balstrode, very audible and, as far as the character allows, correct in the scenic posture.
Several supporting singers participate, including Harold Wilson (Hobson), Patrick Carfizzi (Swallow), Michaela Martens (Mrs. Sedley), Denyce Graves (Auntie), Chad Shelton (Bob Boles), Tony Stevenson (Rev. Adams) and Justin Austin (Ned Keene).
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