terça-feira, 27 de dezembro de 2022

DON CARLO, METropolitan Opera, Dezembro / December 2022

(review in English below)

A opera Don Carlo de Verdi, com encenação de David McVicar esteve em palco na Metropolitan Opera, na versão italiana, mais curta (e mais curto é também menos na qualidade e na compreensão do enredo). É uma produção clássica, vistosa, fluida, algo escura mas de entendimento fácil. A componente negativa é a presença de um bobo durante o auto-da-fé.


O maestro foi Carlo Rizzi que dirigiu com interesse a óptima Orquestra da casa. O Coro foi excelente.



De entre os solistas, dois foram absolutamente fantásticos. O Günther Groissböck como Filipe II foi talvez o melhor intérprete que vi e ouvi neste papel. Que presença em palco e que voz! Sempre afinada, audível no mais recôndito canto da enorme sala, de uma beleza ímpar e sempre muito emotivo. 


O Rodrigo do Peter Mattei foi também inesquecível. Tem um barítono de uma beleza invulgar, voz sempre perfeitamente colocada e toda a interpretação foi de uma musicalidade inultrapassável. Fantástico! E em palco sempre muito bem, é alto e magro e ágil, o que ajuda muito.


John Relyea com o seu baixo cavernoso e potente foi também um Grande Inquisidor marcante e, no esperado dueto com o Filipe II no 3º acto, foi um dos momentos mais altos da récita.


Ainda referindo os baixos, Toni Marie Palmertree teve interpretações curtas mas excelentes como o fantasma do imperador Carlos V.


O Don Carlo do tenor Rafael Davila (uma substituição), em substituição de Russell Thomas completou o conjunto de intérpretes masculinos de qualidade. Esteve à altura do papel, a voz é agradável, a emissão muito boa e teve um desempenho cénico adequado.


A mezzo Yulia Matochkina foi uma Princesa Eboli muito competente, vocalmente irrepreensível, com graves imponentes, boa extensão vocal e uma presença em palco muito agradável.


A Elisabete de Angela Meade não esteve bem no canto. A voz é muito potente e com uma extensão notável. Contudo, tem um vibrato incomodativo e nos agudos é inconstante e perde qualidade. Outro problema é a presença em palco. A cantora é excessivamente volumosa, mexe-se com dificuldade e praticamente só canta sem representar, o que prejudica a personagem, sobretudo quando rodeada por colegas da categoria dos seus parceiros.


Mas foi um espectáculo excelente e teria sido soberbo com outra Elisabete.





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DON CARLO, METropolitan Opera, December 2022

The opera Don Carlo by Verdi, staged by David McVicar, was on stage at the Metropolitan Opera, in the Italian version, shorter (and shorter is also less in terms of quality and understanding of the plot). It is a classic production, showy, fluid, somewhat dark but easy to understand. The negative component is the presence of a jester during the auto-da-fe.

The maestro was Carlo Rizzi, who conducted with interest the excellent Orchestra of the house. The Choir was excellent.

Among the soloists, two were absolutely fantastic. Günther Groissböck as Philip II was perhaps the best performer I have seen and heard in this role. What a stage presence and what a voice! Always in tune, audible in the most secluded corner of the huge room, of a unique beauty and always very emotional.

Rodrigo by Peter Mattei was also unforgettable. He has a baritone of unusual beauty, voice always perfectly placed and the whole interpretation was of an unsurpassable musicality. Fantastic! And on stage he's always very good, he's tall, thin and agile, which helps a lot.

John Relyea with his cavernous and powerful bass was also a striking Grand Inquisitor and, the expected duet with Filipe II in the 3rd act, it was one of the highest moments of the performance.

Still referring to the bass, Toni Marie Palmertree had short but excellent interpretations as the ghost of Emperor Charles V.

Rafael Davila's Don Carlo, replacing Russell Thomas, completed the set of quality male performers. He lived up to the role, the voice is pleasant, the emission is very good and he had an adequate stage performance.

Mezzo Yulia Matochkina was a very competent Princess Eboli, vocally impeccable, with imposing low register, good vocal range and a very pleasant stage presence.

Angela Meade's Elizabeth didn't do well in the singing. Her voice is very powerful and has a remarkable range. However, it has an annoying vibrato and in the top notes it is inconsistent and loses quality. Another problem is her stage presence. The singer is excessively bulky, moves with difficulty and practically only sings without acting, which harms the character, especially when surrounded by colleagues of the category of her partners.

But it was an excellent performance, and it had been superb with a different Elisabeth..

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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

ORATÓRIA DE NATAL, J S Bach, Fundação Gulbenkian, Dezembro de 2022


A Fundação Gulbenkian ofereceu-nos as Cantatas I, III e VI da Oratória de Natal de J.S. Bach interpretada pela Orquestra e Coro Gulbenkian, sob a direcção do  maestro Peter Dijkstra

Como solistas actuaram a mezzo alemã Anke Vondung, o tenor belga Reinoud Van Mechelen, o barítono alemão Tobias Brendt e a soprano escocesa Rachel Redmond.

Foi um concerto suave, muito agradável, com óptimas interpretações do Coro e da Orquestra e um conjunto muito equilibrado de solistas de grande qualidade, do qual destaco o tenor Van Mechelen.




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CHRISTMAS ORATORY, J S Bach, Fundação Gulbenkian, December 2022

The Gulbenkian Foundation offered us Cantatas I, III and VI from the Christmas Oratory by J.S. Bach performed by the Gulbenkian Orchestra and Choir, under the direction of maestro Peter Dijkstra.

As soloists, German mezzo Anke Vondung, Belgian tenor Reinoud Van Mechelen, German baritone Tobias Brendt and Scottish soprano Rachel Redmond performed.

It was a smooth concert, very pleasant, with excellent interpretations by the Choir and the Orchestra and a very balanced set of soloists of great quality, of which I highlight the tenor Van Mechelen.

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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

THE HOURS, METropolitan Opera, Dezembro / December 2022

(review im English below)

A opera The Hours é uma adaptação musical de Kevin Puts da novela homónima de Michael Cunningham. Encenação de Phelim McDermott.


A  acção decorre em 3 períodos distintos. O primeiro em 1923 é Richmond, um subúrbio de Londres onde Virginia Woolf vive com o marido Leonard enquanto escreve Mrs Dalloway. O ambiente calmo local procura ajudar a já débil saúde mental da autora, mas ela considera-o opressivo. 

O segundo é em los Angeles em 1949 onde Laura Brown (que lê Mrs Dalloway), o marido Dan no dia do seu anivesário, e o filho Richie tentam viver uma vida suburbana ao estilo americano da época. 

O terceiro é em Manhattan, Nova Iorque no final do Século XX onde Clarissa Vaughan prepara uma festa ao poeta Richard que é um doente terminal com SIDA.

As 3 mulheres, deprimidas, têm em comum a necessidade de fugirem das suas realidades e acabam por se encontrar num espaço e tempo transcendental.

O teatro não se poupou na propaganda a esta nova produção. Estava anunciada por todo o lado.




O maestro foi Yannick Nézet-Séguin


Os e papéis solistas foram interpretados por 3 grandes cantoras americanas, Clarissa Vaughan por Renée Fleming, Virginia Woolf por Joyce DiDonato e Lara Brown por Kelli O’Hara. Mas, vocalmente, foi uma excelente interpretação – Joyce Didonato – e as outras medianas, especialmente a Fleming. Outrora marcante, a voz está degradada e, frequentemente, mal se ouve.



Dos restantes cantores os mais destacados foram Kyle Ketelsen (Richard) Kathleen Kim (Barbara). Sean Pannikar (Leonard Woolf), Tony Stevenson (Walter), Kai Edgar (Richie), William Burden (Louis) e Brandon Cedel (Dan Brown) cumpriram sem deslumbrar.




Um espectáculo conceptualmente conseguido mas por vezes um pouco confuso e musicalmente de interesse reduzido para mim.

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THE HOURS, METropolitan Opera, December 2022

The opera The Hours is a musical adaptation by Kevin Puts of the homonymous novel by Michael Cunningham. Directed by Phelim McDermott.

The action takes place in 3 different periods. The first in 1923 is Richmond, a London suburb where Virginia Woolf lives with her husband Leonard while writing Mrs Dalloway. The calm local environment seeks to help the author's already weak mental health, but she finds it oppressive.

The second is in Los Angeles in 1949 where Laura Brown (who reads Mrs Dalloway), her husband Dan on his birthday, and their son Richie try to live a suburban life in the American style of the time.

The third is in Manhattan, New York at the end of the 20th century, where Clarissa Vaughan prepares a party for the poet Richard, who is terminally ill with AIDS.

The 3 women, depressed, have in common the need to escape their realities and end up finding themselves in a transcendental space and time.

The theater was not spared in advertising this new production. It was advertised everywhere.

The conductor was Yannick Nézet-Séguin. The soloist roles were performed by 3 great American singers, Clarissa Vaughan by Renée Fleming, Virginia Woolf by Joyce DiDonato and Lara Brown by Kelli O'Hara. But, vocally, it was an excellent performance – Joyce Didonato – and the other medians, especially Fleming. Once imposing, the voice is degraded and often barely audible. 

Of the other singers, the most outstanding were Kyle Ketelsen (Richard) Kathleen Kim (Barbara). Sean Pannikar (Leonard Woolf), Tony Stevenson (Walter), Kai Edgar (Richie), William Burden (Louis) and Brandon Cedel (Dan Brown) performed without dazzling.

A conceptually accomplished show but sometimes a little confusing and musically of little interest to me.

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quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

LADY MACBETH OF MTSENSK, METropolitan OPERA, Outubro / October 2022

(Review in English below)

Dmitri Shostakovich escreveu esta ópera ousada quando era muito jovem. Passa-se no distrito de Mtsensk, cerca de 240 Km a sul de Moscovo, e na Sibéria, para onde os criminosos eram deportados ao longo da história do País. A encenação de Graham Vick traz a acção para meados do Séc XX. 



Katerina Ismailova leva uma vida desinteressante e sem paixão pelo marido Zinovy Ismailov. O sogro Boris Ismailov acusa-a de não lhe dar um neto, responsabilidade que ela atribui a Zinovy. Surge um novo empregado, Sergey, com quem Katerina se envolve sexualmente. A criada Aksynia diz que ele é um conquistador. Ao serem vistos pelo sogro, Katerina mata-o com cogumelos envenenados. O marido também é assassinado por ambos. Sergei e Katerina casam-se mas o corpo do marido é descoberto e são deportados para a Sibéria. Katerina encontra Sergei que a rejeita e lhe pede umas meias para dar a Sonyetka, uma nova conquista. Numa ponte, Katerina empurra Sonyetka e lança-se também à água, morrendo ambas afogadas.


A direcção musical foi da maestrina  Keri-Lunn Wilson. apesar de este tipo de música não ser o meu favorito, a Orquestra e o Coro foram excelentes


Os solistas foram notáveis. A soprano Svetlana Sozdateleva fez uma Katerina Ismailova muito boa em cena, a encenação também ajuda, e a interpretação vocal foi irrepreensível. Voz de timbre muito agradável, bem audível em toda a extensão e transmitindo os diferentes estados de espírito da personagem.

Também a um nível superlativo esteve o tenor Brandon Jovanovich como Sergei. Notável tanto no desempenho cénico como no vocal, oferecendo-nos uma interpretação emotiva, convincente e sempre sobre a orquestra, mesmo quando esta toca em forte.

 Nikolai Schukoff foi um Zinovy Ismailov correcto, mas não mais que isso. A sua intervenção também é menor quando comparada com os restantes solistas.

Verdadeiramente fabuloso e o melhor da noite foi o baixo John Relyea como Boris Ismailov. Que voz! Timbre muito bonito, interpretação marcante e uma potência vocal tal que parecia cantar com amplificação. Um espanto!

Nos papéis secundários Maria Barakova foi Sonyetka, Goran Juric um padre, Alexey Shishlyaev o sargento da policia e Alexander Tsymbalyuk um velho condenado, todos com interpretações de qualidade.




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LADY MACBETH OF MTSENSK, MEtropolitan OPERA, October 2022

Dmitri Shostakovich wrote this daring opera when he was very young. It takes place in the district of Mtsensk, about 240 km south of Moscow, and in Siberia, where criminals were deported throughout the country's history. Graham Vick's staging brings the action to the mid-20th century.

Katerina Ismailova lives an uninteresting and passionless life for her husband Zinovy ​​Ismailov. Her father-in-law Boris Ismailov accuses her of not giving him a grandchild, a responsibility she attributes to Zinovy. A new employee appears, Sergey, with whom Katerina becomes sexually involved. The maid Aksynia says he's a conqueror. Upon being seen by her father-in-law, Katerina kills him with poisoned mushrooms. The husband is also murdered by both. Sergei and Katerina get married but her husband's body is discovered and they are deported to Siberia. Katerina finds Sergei who rejects her and asks her for some socks to give Sonyetka, a new conquest. On a bridge, Katerina pushes Sonyetka and throws herself into the water, both drowning.

The musical direction was by conductor Keri-Lunn Wilson. Although this type of music is not my favorite, the Orchestra and the Choir were excellent.

The soloists were remarkable. Soprano Svetlana Sozdateleva made a very good Katerina Ismailova on stage, the staging also helps, and the vocal interpretation was impeccable. Voice with a very pleasant timbre, well audible throughout and conveying the different moods of the character.

Also at a superlative level was tenor Brandon Jovanovich as Sergei. Remarkable in both scenic and vocal performance, offering us an emotional, convincing interpretation always above the orchestra, even when it is playing loudly.

Nikolai Schukoff was a correct Zinovy ​​Ismailov, but no more. His intervention is also smaller when compared to the other soloists.

Truly fabulous and the best of the night was bass John Relyea as Boris Ismailov. What a voice! Very beautiful timbre, outstanding interpretation and such a vocal power that he seemed to sing with amplification. Astonishing!

In supporting roles Maria Barakova was Sonyetka, Goran Juric a priest, Alexey Shishlyaev the police sergeant and Alexander Tsymbalyuk an old convict, all with good performances.

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

PETER GRIMES, METropolitan OPERA, New York, Outubro / October 2022


(Review in English below)

A ópera Peter Grimes de B Britten passa-se numa pequena aldeia piscatória no litoral de Inglaterra. O pescador Peter Grimes, contra a vontade dos aldeões, é ilibado da morte do seu mais recente aprendiz e não deverá contratar outros. Poucos dias depois um boticário arranja num orfanato um novo aprendiz, John. A comunidade desaprova mas a professora Ellen Orford e um comandante reformado, Balstorde, apoiam-no. Grimes quer enriquecer com a pesca para casar com Ellen. Aproxima-se uma grande tempestade e ele quer ir para o mar. Ellen contraria-o e critica-o por ter molestado John que tem cicatrizes no pescoço. A população dirige-se à cabana de Grimes. Nas traseiras, a tempestade originou um desabamento de terras e John cai para o mar e  morre. Grimes lança-se atrás dele e desaparecem ambos. Balstrode, dias mais tarde, vê o barco de Grimes e, com Ellen, recolhe-o. A aldeia está vazia. Balstrode aconselha-o a levar o barco para o mar e afundá-lo. No dia seguinte os aldeões vêem um barco afundar-se, mas longe de mais para poder ser salvo.


A encenação de John Doyle é relativamente simples mas muito eficaz. Uma enorme fachada de casa em madeira, com portas a várias alturas, funciona bem nas várias cenas. As paredes também se afastam, o que permite criar situações adicionais de bom efeito cénico. Há ocasionalmente projecções excelentes (em particular do mar revolto). O ambiente é escuro como a ópera, os aldeões (coro) aparecem de cinzento escuro ou negro e não se misturam com Grimes. 


O maestro foi Nicholas Carter. A Orquestra tocou bem e o Coro salientou-se nas muitas e expressivas intervenções. 


A música de Britten não é das que mais aprecio, tem passagens líricas alternadas com dissonâncias. Contudo, os interlúdios musicais alusivos ao mar são impressionantes, muito ajudados pela encenação, com as projecções de mar agitado já referidas.


O tenor Allan Clayton foi Peter Grimes. Cantou bem, sempre sobre a orquestra e conseguiu transmitir a sua exclusão da comunidade, uma componente essencial da ópera.  


A soprano Nicole Car foi para mim a melhor da noite no papel de Ellen Orford. É uma cantora que muito aprecio graças à beleza vocal e ao seu empenho marcante nas interpretações que leva à cena. Mais uma vez, foi óptima. 


O barítono Adam Plachetka foi um Balstrode afinado, bem audível e, dentro do que a personagem permite, correcto na postura cénica.

Vários cantores secundários têm pequenas participações, incluindo Harold Wilson (Hobson), Patrick Carfizzi (Swallow), Michaela Martens (Mrs. Sedley), Denyce Graves (Auntie), Chad Shelton (Bob Boles), Tony Stevenson (Rev. Adams) e Justin Austin (Ned Keene).





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PETER GRIMES, METropolitan OPERA, New York, October 2022

The opera Peter Grimes by B Britten takes place in a small fishing village on the coast of England. 

The fisherman Peter Grimes, against the wishes of the villagers, is cleared by a lawyer of the death of his latest apprentice and must not hire others. A few days later, an apothecary finds a new apprentice, John, in an orphanage. The community disapproves but professor Ellen Orford and a retired sea captain, Balstorde, support him. Grimes wants to get rich from fishing to marry Ellen. A big storm is coming and he wants to go to sea. Ellen antagonizes him and criticises him for molesting John who has scars on his neck. The villagers head to Grimes' hut. In the back, the storm caused a landslide and John falls into the sea and dies. Grimes launches after him and they both disappear. Balstrode, days later, sees Grimes' boat and, with Ellen, picks him up. The village is empty. Balstrode advises Grimes to take the boat out to sea and sink it. The next day the villagers see a boat sinking, but too far away to be saved.

John Doyle staging is relatively simple but very effective. A huge wooden house facade, with doors at various heights, works well in the different scenes. The walls also move away, which makes it possible to create additional situations with a good scenic effect. There are occasionally excellent projections (particularly of the rough sea). The atmosphere is dark like the opera, the villagers (chorus) appear dressed in dark gray or black and don't mix with Grimes.

The conductor was Nicholas Carter. The Orchestra played well and the Choir stood out in its many expressive interventions.

Britten's music is not one of my favorites, it has lyrical passages alternating with dissonances. However, the musical interludes alluding to the sea are impressive, greatly aided by the staging, with the previously mentioned rough sea projections.

Tenor Allan Clayton was Peter Grimes. He sang well, always over the orchestra and managed to convey his exclusion from the community, an essential component of the opera.

Soprano Nicole Car was for me the best of the night in the role of Ellen Orford. She is a singer that I really appreciate thanks to her vocal beauty and her remarkable commitment to the interpretations she brings to the scene. Once again, she was great.

Baritone Adam Plachetka was a finely tuned Balstrode, very audible and, as far as the character allows, correct in the scenic posture.

Several supporting singers participate, including Harold Wilson (Hobson), Patrick Carfizzi (Swallow), Michaela Martens (Mrs. Sedley), Denyce Graves (Auntie), Chad Shelton (Bob Boles), Tony Stevenson (Rev. Adams) and Justin Austin (Ned Keene).

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