(review in English below)
A encenação de Phelim McDermott da ópera Così fan Tutte de Mozart coloca a acção num parque de diversões inspirado na Coney
Island em Nova Iorque nos anos 1950.
Apesar de
diferente, é um espectáculo muito bem conseguido, dinâmico, cheio de momentos
cómicos, com as cenas a alternarem entre um motel e o parque. Logo no início,
de um baú do mágico, saem muitas personagens das múltiplas atracções do parque
com painéis com palavras que, alternando entre si as posições, constroem várias
frases que definem o que vai acontecer.
A orquestra foi
estupenda, sob a competente direcção do maestro Harry Bicket.
Os cantores,
jovens e dinâmicos em palco, tiveram desempenhos excelentes, foram todos de
grande qualidade e a música de Mozart e o libreto de Lorenzo da Ponte fizeram o
resto.
O tenor Ben Bliss foi um Ferrando de voz suave
e melodiosa e o seu momento alto foi a ária Una
aura amorosa.
O barítono Luca Pisaroni interpretou o Guglielmo
de forma viril e com voz potente e sempre afinada, a par de uma componente
cénica excelente.
Don Alfonso foi o
barítono Gerald Finley, quase
maquiavélico, também detentor de uma excelente voz e óptima presença. A
encenação também o ajuda muito.
A soprano Nicole Car fez uma Fiordiligi fabulosa,
para mim a melhor da noite, embora dentro de um conjunto excelente. Tem um
timbre belíssimo e foi muito emotiva na interpretação. No 1º acto foi notável
na ária Come scoglio e comovente na Per pieta do 2º.
Também fantástica
foi a mezzo Serena Malfi como
Dorabella. Voz bonita, afinada e excelente presença cénica.
A Despina de Heidi Stober foi o elemento feminino
mais cómico, como é esperado, e esta encenação ajuda muito. Também cantou muito
bem, sempre agradável e sobre a orquestra, e mostrou uma versatilidade
assinalável.
Um excelente
espectáculo.
****
COSÌ FAN
TUTTE, METropolitan Opera, February 2020
Phelim McDermott's production of Mozart's Così fan Tutte
opera brings the action in a Coney Island-inspired amusement park in New York
in the 1950s.
Although
different, it is a very successful show, dynamic, full of humorous moments,
with scenes alternating between a motel and the park. Right at the beginning,
from a magician's chest, many characters of the park's multiple attractions come
out with panels with words that, alternating positions between themselves,
construct several sentences that define what will happen.
The
orchestra was wonderful, under the competent direction of maestro Harry Bicket.
The
singers, young and dynamic on stage, had excellent performances, they were all
of great quality and Mozart's music and Lorenzo da Ponte's libretto did the
rest.
Tenor Ben Bliss was a Ferrando with a soft
and melodious voice and his top moment was the aria Una aura amorosa.
Baritone Luca Pisaroni interpreted Guglielmo in
a manly manner and with a powerful and always in tune voice, along with an
excellent scenic component.
Don Alfonso
was baritone Gerald Finley, almost machiavellian,
who also had an excellent voice and great presence. The staging also helps him
a lot.
Soprano Nicole Car was a fabulous Fiordiligi,
for me the best of the night, although within an excellent set. She has a
beautiful tone and was very emotional in the interpretation. In the first act, she
was notable in the aria Come scoglio
and touching in Per pieta in the second act.
Also
fantastic was mezzo Serena Malfi as
Dorabella. Beautiful, tuned voice and excellent stage presence.
Despina by Heidi Stober was the most comical
female element, as expected, and this staging helps a lot. She also sang very
well, always pleasant and above the orchestra, and showed remarkable
versatility.
An
excellent show.
****
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