(text in English below)
Cinco anos depois da última visita, Zurique está igual :) Duas lojas
mudaram, as obras em frente à Ópera estão terminadas.
Mas vamos mas é ao que interessa: primeiro de 4 ou 5 Parsifais da minha
temporada.
Vim atrás da encenação do Guth (esta
foi a 6ª vez que vi esta produção ao vivo)... o elenco inicial era
imprevisível, destacando-se claramente como estrela (isolada...) a Nina Stemme.
Há umas semanas o Amfortas e o Parsifal do elenco inicial foram substituidos
por Lauri Vasar e Stefan Vinke.
Estava ciente de que não ia encontrar a espectacularidade do mesmo Parsifal
a 6 de Abril de 2016 em Madrid e cheguei a pensar que me tinha entusiasmado
demasiado com base só na encenação quando decidi vir... E o que é certo é que,
no final do primeiro acto achei que este ia ser o primeiro “barrete” da
temporada. As coisas melhoraram um bocadinho no 2o e 3o acto mas não o
suficiente para considerar uma noite de “papo cheio”.
Pormenorizando...
A Orquestra deu umas 6 fífias, 4 delas nos metais que aqui se notam muito
mais e se sobrepõem em sonoridade ao restante conjunto. A Simone Young teve uma direcção irregular. Teve algumas passagens de
maior coerência dramática mas, no geral, muito apressada, entradas
precipitadas, e deixando a sensação de ensaio pouco cuidado. Não conseguiu
criar o ambiente “Montsalvatiano”, claramente. O mesmo se notou em algumas
passagens cénicas - alguns dos pormenores da encenação encontram na música a
indicação para serem feitos (e Wagner deve os ter escrito) - por exemplo, a
música prepara e indica em que altura o Parsifal deve tirar a máscara/capacete
no 3º acto e revelar-se a Gurnemanz e Kundry - aqui não foi no local indicado
(em Madrid foi na altura certa). Estes pormenores não são secundários e elevam
o drama. Não sei como é que alguns cantores não o fazem correctamente...
A Nina Stemme esteve excelente.
Só lhe aponto um aspecto negativo - antes dos agudos parece fazer uma pequena
pausa entre o abrir a boca e o sair som.
Vão-se rir mas, para mim, o mais perfeito cantor da noite foi... o
Klingsor. Um chinês, Wenwei Zhang.
Grande voz, timbre muito bonito, muito expressivo... é só mesmo aquele impacto
de ver um oriental neste papel...
O Vinke também me surpreendeu
pela positiva, principalmente no dueto com a Kundry, após o beijo. Muito
seguro, expressivo em consonância com o drama, e não cantando como se fosse o
Siegfried (como o vi a cantar o Parsifal na Deutsche Oper). Contudo acho que
frequentemente tem oscilações de timbre e amplitude de som (e às vezes
afinação) que fariam pensar em técnica vocal menos cuidada mas deve ser só
característica da voz porque senão, a cantar tantos Siegfried, já se tinha
rebentado todo Villazon-like.
O Amfortas de Lauri Vasar (no
final do mês oiço-o também em Berlim, igualmente com a Stemme) é correcto
(mantenho o meu comentário habitual sobre os Amfortas... ainda não foi desta).
Voz boa, timbre bonito, expressivo qb mas não tem agudos... felizmente são
poucos na personagem mas esticou-se todo para a frente e para cima quando teve
de os fazer e mesmo assim soaram forçados e baixos...
O Gurnemanz de Christoff Fischesser
foi muito bom. Parece é ter pouca presença e carisma para o papel em palco.
Alto, magro e pareceu pouco confiante e tímido. Talvez tenha sido das primeiras
vezes a cantar o papel (?!). Não fez esquecer outros grandes nomes que já ouvi
na personagem.
O Titurel (Pavel
Daniluk) foi uma miséria. Falhou a entrada num dos momentos mais
importantes do papel e que é o dizer: Enthullet
den Gral! E o coro de fora de palco antes também foi abafado pela
Orquestra.
Para colmatar tudo, descobri mais uma variante daquilo a que eu chamo (não
sei se mais alguém usa este termo com este sentido) “ratos de teatro de ópera”
- variante “rinítico suspirante”. É aquele espectador que não limpa as fossas
nasais antes, apita do nariz ou emite a turbulência da passagem do ar, mas que
faz frequentes inspirações profundas e expirações prolongadas, o que aumenta o
tempo a que alguém que está ao lado tem de ouvir barulho e ficar
desconcentrado. Este barulho, juntamente com o som de alguém a comer com a boca
aberta, dá-me cabo da paciência e juízo!
Regresso amanhã mas não, espero, sem antes me “vingar” numa salsicha com
rösti e molho de cebola e talvez uma bola de gelado de café Movenpick. A salada
grega do Coop e a bola de pão com crosta já foram agora ao jantar. A tradição,
enquanto der, tem de se manter :)
Texto de
wagner_fanatic
Five years
after the last visit, Zurich remains identical :) Two shops have changed, the
works in front of the Opera are finished everything else remains identical and
attractive.
But let's
go to what matters: this was the first of 4 or 5 Parsifals of my season.
I came here
because of Guth’s production of
(this was the 6th time I saw this production live) ... the initial cast was
unpredictable, with Nina Stemme clearly standing out as the star. A few weeks
ago the initial singers for the roles of Amfortas and Parsifal were replaced by
Lauri Vasar and Stefan Vinke.
I was aware
that I was not going to find the same spectacular Parsifal as on April 6, 2016
in Madrid and I even thought I was too excited about the staging when I decided
to come ... And what is certain is that, at the end of the first act I thought
this was going to be the first "disappointment" of the season. Things
improved a little bit in the 2nd and 3rd acts but not enough to consider a
"full achieved" night.
Detailing
...
The
Orchestra made 6 mistakes, 4 of them in the metals that here are noticed much
more and they overlap in sonority the rest of the instruments. Simone Young had
an erratic direction. There were a few passages of greater dramatic coherence
but, overall, very rushed, rushed entries, and leaving the essay feeling
uncared for. She could not create the "Montsalvatian" environment,
clearly. The same is noted in some scenic passages - some of the details of the
staging find in the music the indication to be made (and Wagner must have
written them) - for example, the music prepares and indicates in what height
Parsifal should take off the mask / helmet in the 3rd act and reveal himself to
Gurnemanz and Kundry - here that was not in the correct time (in Madrid was at
the right time). These details are not secondary and raise the drama. I do not understand
why some singers do not do it properly ...
Nina Stemme was excellent. I'm only pointing out a
negative issue - before the top notes, she seems to pause between the opening
of the mouth and the emission of the sound.
You are
going to laugh, but to me the most perfect singer of the night was ... Klingsor, a Chinese, Wenwei Zhang. Great voice, very beautiful timbre, very expressive
... it's just that impact of seeing an Oriental in this role ...
Vinke also positively surprised me, especially in
the duet with Kundry after the kiss. Very confident, expressive in consonance
with the drama, and not singing as if he were Siegfried (as I saw him sing the
Parsifal at the Deutsche Oper). However, I think that there are often oscillations
of timbre and amplitude of sound (and sometimes tuning) that would make one
think of less well-liked vocal technique, but it should be only a characteristic
of the voice because otherwise, to sing so many Siegfrieds, he had already been
broken Villazon-like.
Amfortas by
Lauri Vasar (at the end of the month
I will hear him also in Berlin, also with Stemme) was correct (I keep my usual
comment about the Amfortas ... it has not yet been this one). Strong voice,
beautiful timbre, expressive but without top notes ... fortunately few are
needed in this role but he stretched all the way up and up when he had to sing
them and even so sounded forced and low ...
Christoff Fischesser's Gurnemanz was very good. He seems
to have little presence and charisma for the role on stage. Tall, thin, and he
looked unconfident and shy. Maybe it was the first few time to sing the role
(?!). It did not made me forget other big names I've heard in the role.
Titurel (Pavel Daniluk) was
a misery. He failed the entry into one of the most important moments of the role
when he should say: Enthullet den Gral!
And the off-stage choir was also muffled by the Orchestra.
To fill it
all, I discovered another variant of what I am calling (I do not know if anyone
else uses this term in this sense) "opera rats" - variant
"sighing rhinitic." It is that viewer who does not cleanse the nasal
passages before, whistles the nose or emits the turbulence of the passage of
the air, but who does frequent deep breaths and prolonged expirations, which
increases the time that someone next to him has to hear noise and be unfocused.
This noise, along with the sound of someone eating with open mouth, put me out
of my mind in the theater!
I'll be
back tomorrow but, I hope, not before I first getting "avenged" on a
sausage with rösti and onion sauce and maybe a ball of Movenpick coffee ice
cream. Coop ‘s Greek salad and the crusty bread ball have just been our dinner.
Tradition, while possible, must be kept :)
Text by
Wagner_fanatic.
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