sábado, 25 de novembro de 2017

FRANCO FAGIOLI e Il pomo d’oro, Fundação Glubenkian, Novembro 2017

(review in English below)

Assistiu-se há dias na Fundação Gulbenkian a um dos momentos altos da presente temporada, o concerto do jovem contratenor argentino Franco Fagioli e da orquestra Il pomo d’oro.

O programa incluiu exclusivamente trechos de G. F. Händel. A selecção de árias foi muito boa e pôs em evidência as extraordinárias capacidades vocais do cantor. Tem uma voz de enorme amplitude, invulgar beleza, muito expressiva e sempre perfeitamente colocada. A técnica é primorosa. 

Tudo o que se ouviu foi fantástico. Alguns exemplos incluíram as várias árias de bravura em que o cantor mostrou todo o esplendor da sua técnica vocal (Venti, turbini da ópera Rinaldo, Se bramate d’amar e Crude furie ambas da ópera Serse).

A aria Si in fiorito ameno prato da ópera Giulio Cesare in Egitto foi outro dos momentos mais altos da noite, com o fabuloso e belíssimo diálogo entre o cantor e o violino solista (também fantástica a violinista Zefira Valova).

Nas árias de lamento foi de uma emotividade tocante em Cara sposa da ópera Rinaldo e, sobretudo, na ária Scherza infida, da ópera Ariodante. Também no primeiro encore nos ofereceu talvez a mais sentida interpretação que alguma vez ouvi da belíssima ária Ombra mai fù (da ópera Serse).




Foi um privilégio assistir a este concerto.

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Franco Fagioli and Il pomo d'oro, Glubenkian Foundation, November 2017

A few days ago at the Gulbenkian Foundation in Lisbon, one of the highlights of this season was the concert of the young Argentinian countertenor Franco Fagioli and the orchestra Il pomo d'oro.

The program included only extracts from G. F. Händel. The selection of arias was very good and highlighted the extraordinary vocal capabilities of the singer. He has a voice of enormous amplitude, unusual beauty, very expressive and always perfectly tuned. The technique is exquisite. 

Everything we heard was fantastic. Some examples included the various arias of bravery in which the singer showed all the splendor of his vocal technique (Venti, turbini of the opera Rinaldo, Se bramate d'amar and Crude furie both of the opera Serse).

The aria Si in fiorito ameno prato from the opera Giulio Cesare in Egitto was another of the top moments of the night, with the fabulous and beautiful dialogue between the singer and the violin soloist (also fantastic the violinist Zefira Valova).

In the arias of lament the singer was of touching emotion in Cara sposa of the opera Rinaldo and, particularly, in the aria Scherza infida, of the opera Ariodante. Also in the first encore he offered us perhaps the most heartfelt interpretation I have ever heard of the beautiful aria Ombra mai fù (of the opera Serse).

 It was a privilege to attend this concert.


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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

DMITRI HVOROSTOVSKY 1962 - 2017



Aos 55 anos morreu o grande barítono russo Dmitri Hvorostovsky. Era um dos cantores que muito admirei, por isso aqui deixo este registo. Neste blogue vários autores escreveram sobre ele, sempre com referencias altamente elogiosas.

Hvorostovsky tinha uma voz de grande beleza, com timbre muito próprio e uma marcante presença em palco. Tive o privilégio de o ouvir ao vivo várias vezes, em diversos papéis, sempre ao mais alto nível.
Em 2015 foi-lhe diagnosticado um tumor cerebral e ainda o ouvi já depois do diagnóstico conhecido, numa memorável interpretação do Conde de Luna de O Trovador na Metropolitan Opera de Nova Iorque onde, logo que apareceu em palco, foi agraciado com uma enorme ovação do público, já antevendo o que acabou de acontecer hoje.

Deixo uma fotografia sua num momento de alegria face a um público rendido à sua arte. May the warmth of his voice and his spirit always be with us, diz a comunicação do seu falecimento. 
RIP Dmitri Hvorostovsky!


DMITRI HVOROSTOVSKY 1962 - 2017

At age 55 died the great Russian baritone Dmitri Hvorostovsky. He was one of the singers that I admired, so I leave this record here. In this blog several authors have written about him, always with highly praiseworthy references.

Hvorostovsky had a voice of great beauty, with a very own timbre and a marked presence on stage. I had the privilege of listening to him live several times, in various roles, always at the highest level.
In 2015 he was diagnosed with a brain tumor and I heard him already after his diagnosis, in a memorable performance of Count di Luna from Il Trovatore at the Metropolitan Opera in New York where, as soon as he appeared on stage, he was awarded an enormous public ovation, already anticipating what has just happened today.


I leave a photograph of him in a moment of joy in front of an audience surrendered to his art. “May the warmth of his voice and his spirit always be with us”, says the communication of his passing. 
RIP Dmitri Hvorostovsky!

sábado, 18 de novembro de 2017

DER FREISCHÜTZ, Teatro alla Scala, Milão / Milan, Outubro / October 2017


 (text in English below)

Der Freischütz de Carl Maria von Weber esteve em cena no Teatro Scala de Milão




Disse quem viu que foi um espectáculo de grande qualidade não só pelo desempenho do maestro e orquestra (a abertura é particularmente conhecida) como pelos cantores, todos de excelente nível.

Maestro – Myung-Whun Chung
Encenação – Matthias Hartmann



Ottokar – Michael Kraus
Kuno – Frank van Hove
Agathe – Julia Kleiter
Äennchen – Eva Liebau
Kaspar – Günther Groissböck
Max – Michael König
Ermita – Stephen Milling
Kilian – Till Von Orlowsky










DER FREISCHÜTZ, Teatro alla Scala, Milan, October 2017

Carl Maria von Weber's Der Freischütz was on stage at the Teatro alla Scala in Milan. Who saw the performance said that it was a great show not only for the the conductor and orchestra (the opening is particularly well known) and for the singers, all excellent.

Maestro - Myung-Whun Chung
Production - Matthias Hartmann

Ottokar - Michael Kraus
Kuno - Frank van Hove
Agathe - Julia Kleiter
Äennchen - Eva Liebau
Kaspar - Günther Groissböck
Max - Michael König
Hermitage - Stephen Milling
Kilian - Till Von Orlowsky

sábado, 11 de novembro de 2017

LA BOHÈME – METropolitan Opera, Outubro / October 2017


(review in English below)

La Bohème de G. Puccini estará em cena ao longo da presente temporada da Metropolitan Opera na velhinha encenação de Franco Zeffirelli. É clássica, muito bonita e desencadeia sempre aplausos quando abre a cortina. 



O 1º e 4º actos decorrem numas águas furtadas degradadas de um edifício de Paris. O 2º acto é exuberante, com o palco dividido em dois níveis ligados por uma grande escadaria lateral e muitos figurantes. Em frente do café Momus, para além de dezenas de pessoas, passa um pónei que puxa uma pequena carroça com guloseimas para as crianças, e um cavalo com uma carruagem onde vem a Musetta. O 3º acto também é de belo efeito, com uma paisagem gelada, escura e fria.



O maestro Alexander Soddy dirigiu com qualidade a excelente orquestra da casa que, mais uma vez, foi notável.



A grande intérprete da noite foi a soprano norte americana Angel Blue no papel de Mimi. Tem uma voz impressionante, potente, afinada e de uma beleza invulgar. Fantástica.



O tenor ucraniano Dmytro Popov foi um Rodolfo muito competente mas, ocasionalmente, teve uma emissão vocal menos regular. A voz é bonita e bem projectada. Esteve bem em palco e, no computo geral, foi uma boa interpretação.



O Marcello foi o barítono norte americano Lucas Meachem. Foi muito bom, tanto na interpretação vocal como cénica. A voz é agradável e sempre sobre a orquestra e, no dueto com o Rodolfo no 3º acto, esteve particularmente bem.



A soprano romena Brigitta Kele foi uma Musetta espampanante em cena, mas teve um desempenho vocal um pouco abaixo dos restantes cantores. Correcta na maioria das intervenções mas, por vezes, teve uma emissão irregular e estridente.



O baixo ingles David Soar foi um Colline ao mais alto nível, 



e tiveram interpretações dignas o barítono escocês Duncan Rock (Schaunard)


 e o baixo norte americano Paul Plishka (Benoit).







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LA BOHÈME - METropolitan Opera, October 2017

La Bohème by G. Puccini will be on stage throughout this season of the Metropolitan Opera in the old staging by Franco Zeffirelli. It is classic and very beautiful production that always triggers applause when the curtain opens. The 1st and 4th acts take place in the degraded attic of a Paris building. The 2nd act is exuberant, with the stage divided into two levels connected by a large lateral staircase and many extras. In front of the Momus café, in addition to dozens of people, passes a pony that pulls a small wagon with treats for the children, and a horse with a carriage where comes to Musetta. The 3rd act is also beautiful, with a mist, dark and cold landscape.

Maestro Alexander Soddy conducted the excellent orchestra of the Met with its usual remarkable quality.

The great interpreter of the night was American soprano Angel Blue in the role of Mimi. She has an impressive voice, powerful, tuned and of an unusual beauty. Fantastic.

Ukrainian tenor Dmytro Popov was a very competent Rodolfo but, occasionally, had a less regular vocal emission. The voice is beautiful and well projected. He was well on stage and, overall, delivered a good performance.

Marcello was American baritone Lucas Meachem. he was very good, both in vocal and scenic interpretation. The voice is pleasant and always heard over the orchestra and, in the duet with Rodolfo in 3rd act, he was particularly impressive.

Romanian soprano Brigitta Kele was a staggering Musetta on the scene but had a vocal performance a bit below the remaining singers. She was correct in most of the interventions, but sometimes she had an irregular and strident sound.

British bass David Soar was a Colline at the highest level, and also had decent performances the Scottish baritone Duncan Rock (Schaunard) and the American bass Paul Plishka (Benoit).


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