(review in English below)
A opera Mitridate, Re di Ponto, escrita por WA Mozart quando tinha apenas 14 anos,
com libretto de Vittorio Cigna-Santi, esteve em cena na Royal Opera House.
A encenação foi
de Graham Vick. Há duas grandes
paredes encarnadas dos lados e painéis também encarnados verticais que, ao
longo da ópera, se vão movendo, criando os diversos cenários. Outros adereços
são escassos. Muito vistosos e coloridos são os fatos usados pelas personagens,
à moda do Séc. XVIII. A ópera é muito barroca, dominada por arias onde as personagens
expressam as suas emoções, intercaladas por recitativos.
Mitridate, rei de
Ponto é dado como morto enquanto combate os romanos. Farnace, o filho mais
velho tenta conquistar Aspasia, noiva do pai, mas ela está apaixonada por
Sifare, o irmão mais novo. Mitridate regressa e traz consigo a princesa Ismene,
uma noiva para Farnace. Ao saber da aproximação de Farnace aos romanos,
Mitridate manda prendê-lo. O filho diz-lhe que Sifare ama Aspasia. Mitridate
manda matar a noiva e os filhos, o que acaba por não acontecer. O rei vai
combater os romanos e os filhos decidem acompanhá-lo. Os romanos oferecem o
trono a Farnace que, arrependido, decide ajudar o pai a derrotá-los.
Mortalmente ferido, Mitridate aprova os casamentos de Sifare e Aspasia e de
Farnace e Ismene.
O maestro e
cravista continuo foi Christophe Rousset
que dirigiu com qualidade a orquestra que não esteve isenta de algumas notas
falhadas, sobretudo nos sopros.
Nos solistas
houve uma série de substituições dos inicialmente anunciados, penso que todas
elas para pior. Sifare, filho mais novo de Mitridate foi o soprano georgiano Salome Jicia (substituiu Anett
Fritsch). Tem uma voz algo áspera, com agudos estridentes e pouco emotiva na
expressividade.
Aspasia,
prometida a Mitridate foi a soprano russa Vlada
Borovko (substituiu Albina Shagimuratova). Tem uma voz grande mas um timbre
pouco agradável, coloratura deficiente e perde muita qualidade no registo
agudo.
Marzio, tribuno
romano foi tenor inglês Rupert
Charlesworth (substituiu Andrew Tortsie) que o pouco que se ouviu foi
desinteressante.
Arabate,
governador de Nymphaeum foi a soprano irlandesa Jennifer Davis (do Jette Park Young Artists Programme). Enfim...
Farnace, filho
mais velho de Mitridate foi o contra tenor americano Bejun Mehta e este foi um dos grandes intérpretes da noite. Sempre
audível sobre a orquestra, voz bem colocada, ágil e, nas árias mais
introspectivas teve grande qualidade.
Mitridate foi o tenor
americano Michael Spyres, outra
grande interpretação da noite. Voz com uma paleta de cores muito interessante,
sempre afinada e de marcada qualidade em todos os registos. Cenicamente foi
também muito bem.
A grande grande
intérprete da noite foi a soprano britânica Lucy Crowe no papel de Ismene, filha do rei de Pártia. Fantástica
em tudo. Cenicamente parecia uma boneca, movimentação muito graciosa e viva. A
voz, um colosso. Um soprano de elevadíssima qualidade, cheio de matizes
interessantes que tanto impressionava quando quase sussurrava como quando
emitia notas agudas estratosféricas, sempre audíveis em perfeita afinação.
Fabulosa!
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MITRIDATE,
RE DI PONTO, Royal Opera House, London, July 2017
The opera Mitridate, Re di Ponto, written by WA Mozart when he was only 14, with
libretto by Vittorio Cigna-Santi,
was on stage at the Royal Opera House.
The staging
was by Graham Vick. There are two
large red walls on the sides and also red vertical panels that, throughout the
opera move, creating the different scenarios. Other props are scarce. Very
colorful are the dresses used by the characters, in the style of the 18th
century. The opera is very baroque, dominated by arias where the characters
express their emotions, interspersed by recitatives.
Christophe Rousset was the harpsichord continuous and directed
the orchestra that was not perfect.
In the
soloists there were a lot of replacements of the initially announced artists, I
think all for the worse. Sifare, Mitridate's youngest son was the Georgian
soprano Salome Jicia (replacing Anett
Fritsch). She has a rather rough voice, with shrill trebles and unemotional
expressiveness.
Aspasia,
promised to Mitridate was the Russian soprano Vlada Borovko (replacing Albina Shagimuratova). She has a big voice
but the timbre is unpleasant, the coloratura poor, and loses quality in the
high register.
Marzio,
Roman tribune was English tenor Rupert
Charlesworth (replacing Andrew Tortsie) that was heard with difficulty.
Arabate,
governor of Nymphaeum was Irish soprano Jennifer
Davis (of the Jette Park Young Artists Program). She was ok…
Farnace,
the eldest son of Mitridate was American tenor Bejun Mehta and this was one of the great interpreters of the
night. Always audible over the orchestra, well placed voice, agile and, in the
most introspective arias, had great quality.
Mitridate
was American tenor Michael Spyres,
another great interpretation of the night. The voice has a very interesting
color palette, always tuned and of marked quality in all registers. On xstage
he was also very good.
The great
great interpreter of the night was the British soprano Lucy Crowe in the role of Ismene, daughter of the king of
Partridge. Fantastic in everything. On stage she looked like a doll, very
graceful and lively. The voice, a colossus. A very high-quality soprano, full
of interesting nuances that equally impressed when she almost whispered as when
she emitted sharp stratospheric notes, always audible in perfect tuning.
Fabulous!
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