quarta-feira, 6 de setembro de 2017

LA TRAVIATA, Royal Opera House, Londres / London, Julho / July 2017

(review in English below)

A “velha” encenação de Richard Eyre de La Traviata da Royal Opera House não deverá estar muito distante do que Verdi terá concebido para esta sua opera. É clássica, muito fiel ao libreto, esplendorosa e de grande impacto visual. O primeiro acto e a segunda cena do segundo estão magnificamente encenadas em ambientes luxuosos, quer nos cenários como no guarda-roupa, em contraste absoluto com o 3º acto, onde apenas existem as camas da Annina e da Violetta, esta manchada de sangue resultante das hemoptises próprias da fase terminal da tuberculose, a mesa de cabeceira com um jarro e uma bacia, e pouco mais, tudo rodeado por janelas de pé alto com portadas que apenas deixam entrar alguns raios de luz.



A direcção musical foi de grande categoria e esteve a cargo do maestro Maurizio Benini. Coro e orquestra estiveram ao melhor nível.



A jovem soprano norte-americana Corinne Winters foi uma Violetta de grande categoria. Começou mal, com dois pequenos desacertos, mas rapidamente os ultrapassou tendo tido uma interpretação em crescendo. Foi perfeita do 2º acto até ao final. Muito expressiva, voz cheia e de grande versatilidade, bem adaptada à personagem. A figura não poderia ser melhor, bonita, alta e magra, o que muito contribuiu para uma interpretação muito credível da Violetta.




O tenor brasileiro Atalla Ayan foi um Alfredo muito bom. Tem uma voz potente e de timbre muito agradável, sempre afinada e bem audível sobre a orquestra. Foi excelente na representação da personagem, muito ágil em palco e com sempre com grande expressividade cénica.



Também o barítono romeno George Petean teve uma interpretação superior como Georgio Germon. Tem uma voz poderosa, com um timbre bonito e o cantor usa-a com grande classe, fazendo-se sempre ouvir em todos os registos. Representou bem mas foi o menos impressionante.



Dos cantores secundários destacaria o jovem baixo britânico David Shipley do Jette Parker Young Artists Programme da ROH no papel de Dr Grenvil. Voz magnífica, belíssima e com um registo grave como não é vulgar ouvir-se. Um cantor a seguir.



Também cumpriram Sarah Pring como Annina, Jeremy White como Marquês D’Obigny, Samuel Sakker como Gastone, Angela Simkin como Flora e Gyula Nagy como Barão Douphol, os dois últimos também do Jette Parter Programme.



Teria sido uma excelente récita, não estivesse eu sentado ao lado de uma mulher holandesa que trauteava as áreas mais conhecidas (e são muitas) e à frente de um jovem casal peruano que não parou de falar durante o espectáculo, apesar de serem avisados para se calarem. Na ROH nunca me tinha acontecido!






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LA TRAVIATA, Royal Opera House, London, July 2017

The "old" staging by Richard Eyre of La Traviata at the Royal Opera House should not be too far from what Verdi will have imagined for this opera. It is classic, very faithful to the libretto, splendorous and of great visual impact. The first act and the second scene of the second are magnificently staged in luxurious settings, including the dresses, in absolute contrast to the 3rd act, where only the beds of Annina and Violet. Violetta´s bed stained with blood resulting from hemoptysis of the terminal phase of tuberculosis, the bedside table with a pitcher and basin, all surrounded by high-rise windows with shutters that only let in a few rays of light.

The musical direction was of great category and was in charge of the maestro Maurizio Benini. Choir and orchestra were at the best level.

Young American soprano Corinne Winters was a Violetta of great category. She started with two small mistakes, but quickly overtook them having had a growing interpretation. She was perfect from the 2nd act until the end. Very expressive, full voice and great versatility, well adapted to the character. The figure could not be better, beautiful, tall and lean, which greatly contributed to a very credible interpretation of Violetta.

Brazilian tenor Atalla Ayan was a very good Alfredo. He has a very pleasant and powerful voice, always tuned and well audible over the orchestra. He was excellent in the representation of the character, very agile on stage and always with great scenic expressiveness.

Also Romanian baritone George Petean had a superior interpretation as Georgio Germon. He has a powerful voice, with a beautiful tone and the singer uses it with great class, always making homself heard in all the registers. On stage he was also well well but was the least impressive of the main soloists.

Among the secondary singers I would highlight young British bass David Shipley of Jette Parker Young Artists Program of ROH who played Dr. Grenvil. Magnificent voice, beautiful and with a low record as it is not common to hear. A singer to follow.

The other singers were all ok, Sarah Pring as Annina, Jeremy White as Marquis D'Obigny, Samuel Sakker as Gastone, Angela Simkin as Flora and Gyula Nagy as Baron Douphol, the latter two also of the Jette Parter Program.

It would have been an excellent performance if I had not been sitting next to a Dutch woman who was trawling the best known areas (and there are many) and in front of a young Peruvian couple who did not stop talking during the performance, despite being warned to shut up. At the ROH it had never happened to me!


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