(review in English below)
A “velha”
encenação de Richard Eyre de La Traviata da Royal Opera House não deverá estar muito distante do que Verdi terá
concebido para esta sua opera. É clássica, muito fiel ao libreto, esplendorosa
e de grande impacto visual. O primeiro acto e a segunda cena do segundo estão
magnificamente encenadas em ambientes luxuosos, quer nos cenários como no
guarda-roupa, em contraste absoluto com o 3º acto, onde apenas existem as camas
da Annina e da Violetta, esta manchada de sangue resultante das hemoptises
próprias da fase terminal da tuberculose, a mesa de cabeceira com um jarro e
uma bacia, e pouco mais, tudo rodeado por janelas de pé alto com portadas que apenas
deixam entrar alguns raios de luz.
A direcção
musical foi de grande categoria e esteve a cargo do maestro Maurizio Benini. Coro e orquestra
estiveram ao melhor nível.
A jovem soprano
norte-americana Corinne Winters foi
uma Violetta de grande categoria. Começou mal, com dois pequenos desacertos,
mas rapidamente os ultrapassou tendo tido uma interpretação em crescendo. Foi perfeita
do 2º acto até ao final. Muito expressiva, voz cheia e de grande versatilidade,
bem adaptada à personagem. A figura não poderia ser melhor, bonita, alta e
magra, o que muito contribuiu para uma interpretação muito credível da Violetta.
O tenor
brasileiro Atalla Ayan foi um
Alfredo muito bom. Tem uma voz potente e de timbre muito agradável, sempre
afinada e bem audível sobre a orquestra. Foi excelente na representação da
personagem, muito ágil em palco e com sempre com grande expressividade cénica.
Também o barítono
romeno George Petean teve uma
interpretação superior como Georgio Germon. Tem uma voz poderosa, com um timbre
bonito e o cantor usa-a com grande classe, fazendo-se sempre ouvir em todos os
registos. Representou bem mas foi o menos impressionante.
Dos cantores
secundários destacaria o jovem baixo britânico David Shipley do Jette Parker Young Artists Programme da ROH no
papel de Dr Grenvil. Voz magnífica, belíssima e com um registo grave como não é
vulgar ouvir-se. Um cantor a seguir.
Também cumpriram Sarah Pring como Annina, Jeremy White como Marquês D’Obigny, Samuel Sakker como Gastone, Angela Simkin como Flora e Gyula Nagy como Barão Douphol, os dois
últimos também do Jette Parter Programme.
Teria sido uma
excelente récita, não estivesse eu sentado ao lado de uma mulher holandesa que
trauteava as áreas mais conhecidas (e são muitas) e à frente de um jovem casal
peruano que não parou de falar durante o espectáculo, apesar de serem avisados
para se calarem. Na ROH nunca me tinha acontecido!
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LA TRAVIATA,
Royal Opera House, London, July 2017
The
"old" staging by Richard Eyre
of La Traviata at the Royal Opera House should not be too far
from what Verdi will have imagined for this opera. It is classic, very faithful
to the libretto, splendorous and of great visual impact. The first act and the
second scene of the second are magnificently staged in luxurious settings, including
the dresses, in absolute contrast to the 3rd act, where only the beds of Annina
and Violet. Violetta´s bed stained with blood resulting from hemoptysis of the
terminal phase of tuberculosis, the bedside table with a pitcher and basin, all
surrounded by high-rise windows with shutters that only let in a few rays of
light.
The musical
direction was of great category and was in charge of the maestro Maurizio Benini. Choir and orchestra
were at the best level.
Young
American soprano Corinne Winters was
a Violetta of great category. She started with two small mistakes, but quickly
overtook them having had a growing interpretation. She was perfect from the 2nd
act until the end. Very expressive, full voice and great versatility, well
adapted to the character. The figure could not be better, beautiful, tall and
lean, which greatly contributed to a very credible interpretation of Violetta.
Brazilian
tenor Atalla Ayan was a very good
Alfredo. He has a very pleasant and powerful voice, always tuned and well
audible over the orchestra. He was excellent in the representation of the
character, very agile on stage and always with great scenic expressiveness.
Also
Romanian baritone George Petean had
a superior interpretation as Georgio
Germon. He has a powerful voice, with a beautiful tone and the singer uses
it with great class, always making homself heard in all the registers. On stage
he was also well well but was the least impressive of the main soloists.
Among the secondary
singers I would highlight young British bass David Shipley of Jette Parker Young Artists Program of ROH who
played Dr. Grenvil. Magnificent voice, beautiful and with a low record as it is
not common to hear. A singer to follow.
The other
singers were all ok, Sarah Pring as
Annina, Jeremy White as Marquis
D'Obigny, Samuel Sakker as Gastone, Angela Simkin as Flora and Gyula Nagy as Baron Douphol, the latter
two also of the Jette Parter Program.
It would
have been an excellent performance if I had not been sitting next to a Dutch
woman who was trawling the best known areas (and there are many) and in front
of a young Peruvian couple who did not stop talking during the performance,
despite being warned to shut up. At the ROH it had never happened to me!
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