Foi a primeira
vez que vi ao vivo a ópera Der Zwerg
(o Anão) de Zemlinski com libreto de
Georg Klaren. A Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro de São Carlos foram superiormente dirigidos por Martin André. A música é de grande
intensidade dramática, fazendo lembrar o Strauss mais pesado.
A encenação de Nicola Raab (Cenografia de José Capela,
Figurinos de Mariana Sá Nogueira, Desenho de Luz de Rui Monteiro) é pobre,
havendo uma cortina, um sofá, uns degraus e pouco mais. Mas, ainda assim,
resultou num espectáculo interessante.
A história,
inspirada num conto de Oscar Wilde, é considerada autobiográfica porque espelha
a sua profunda dor pela rejeição de Alma Schindler (que viria a casar com Mahler).
A infanta Clara
festeja os seus 18 anos e o mordomo (Don Estoban), Ghita e mais 3 criadas
apresentam-lhe as prendas de aniversário. Um sultão envia um anão como presente
que, contudo, nunca viu a sua figura física. Apaixona-se pela princesa que lhe
dá uma rosa branca. Destapa acidentalmente um grande espelho (na encenação
resultou bem) que revela a sua deformidade. Tenta um beijo da princesa mas esta
repele-o e chama-lhe monstro. Ghita chama-o meigamente à razão mas o desgosto é
brutal e morre desfolhando a rosa que recebeu, enquanto a princesa volta para o
baile. Na encenação desaparece por trás do espelho, o que não foi uma má opção.
Também achei interessante o facto de se levantar quando falava com a princesa
(apareceu em palco de joelhos, simulando um anão), permitindo outras
interpretações à sua condição, não limitadas ao aspecto físico.
O programa de
sala é muito interessante!
O Anão foi
interpretado pelo tenor Peter Bronder.
É um papel grande, está quase sempre em palco. Gostei muito, a voz sempre bem
colocada e afinada, notando-se a experiência do cantor em ultrapassar
sabiamente dificuldades.
A Donna Clara da
soprano Sarah-Jane Brandon foi também agradável. Cantora de voz com um
timbre não particularmente belo mas boa projecção e boa postura em palco.
A Ghita da
soprano Dora Rodrigues foi estridente
no início, mas melhorou substancialmente e ofereceu-nos uma impressionante
interpretação no final.
O Don Estoban do
baixo Nuno Pereira esteve quase
sempre afogado pela orquestra e, frequentemente, não se ouvia.
As 3 criadas Carla
Caramujo, Filipa van Eck e Carolina Figueiredo tiveram papéis muito pequenos.
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