(review in English below)
A nova produção da
opera de Mozart Così fan Tutte é mais um triunfo da prestigiada Royal Opera House
de Londres.
A encenação do
jovem Jan Philipp Gloger é
interessante, original e muito agradável, embora misture épocas o que, por
vezes, quebra a continuidade da acção. Gloger recorre, mais uma vez, ao
espectáculo dentro do espectáculo.
Logo durante a
abertura aparecem os cantores solistas, vestidos à época, a agradecer os
aplausos do público, fazendo os gestos que habitualmente os cantores e as
cantoras fazem nesta ocasião. Depois percebemos que estes não são os cantores
solistas. Os dois casais aparecem na plateia e são espectadores da Royal Opera.
Don Alfonso será
um dirigente da peça de teatro que decorrerá até final. Guglielmo e Ferrando
vão para a guerra. O quadro com uma estação de comboios de meados do século
passado é bem conseguido. Reaparecem disfarçados num bar moderno e aí começam a
conquista das suas noivas. Noutro quadro aparece o jardim do Éden, com muitas
maçãs, dinheiro e a serpente. Há também quadros em que a acção decorre num
ambiente de teatro barroco.
Já no final, a
festa do casamento é muito dinâmica. Num grande painel luminoso em que está
escrito COSÌ FAN TUTTE, retiram algumas lâmpadas do E e passa a COSÌ FAN TUTTI.
A encenação é
vistosa, alegre, muito diversificada, mas um pouco confusa. Uma das mensagens
principais que o encenador pretende dar é que a instabilidade das emoções humanas
não se aplica apenas no feminino, mas a todos e em todas as épocas.
O maestro russo Semyon Bychkov foi muito bom, embora
tenha imposto alguns tempos excessivamente lentos. A orquestra esteve ao mais
alto nível.
Os cantores solistas
foram todos excelentes. Os dois pares de noivos eram jovens, o que deu grande
credibilidade à interpretação cénica e permitiu alguns momentos de erotismo bem
conseguidos.
O baixo-barítono
italiano Alessio Arduini foi um
Guglielmo de voz bonita, firme e potente. Presença sempre muito ágil e
insinuante, muito favorecido pela sua figura.
O tenor alemão Daniel Behle fez um Ferrando muito
credível e mais romântico. Na belíssima aria Un’aura amorosa foi magnífico, com um registo agudo de invulgar
beleza.
Corinne Winters, soprano americana, foi a Fiordiligi indecisa de
voz quente e belo soprano. Esteve particularmente bem nas árias Come scoglio e, sobretudo, Per pietà, ben mio, perdona tocante na
sensibilidade e tristeza. Fantástica.
A mezzo americana Angela Brower foi uma Dorabella de voz
lírica e firme que esteve sempre bem e afinada ao longo de toda a récita.
O barítono alemão
Johannes Martin Kränzle fez um Don
Alfonso seguro e muito bem adaptado à personagem.
A soprano espanhola Sabina Puértolas foi uma Despina enérgica
e de grande qualidade, vocal e cénica.
A Royal Opera apostou na juventude (produtor e cantores) e,
mais uma vez, ganhou.
*****
Così fan Tutte, Royal Opera House, London
The new production of Mozart's
opera Così fan tutte is another
triumph of the prestigious Royal Opera
House in London.
The staging by young director Jan Philipp Gloger is interesting, unique and very pleasant,
although it mixes different periods of time that sometimes breaks the
continuity of the action. Gloger uses, again, a show within the show.
Just in the opening the soloists singers appear, dressed in Mozart’s
time, and thank the applause of the audience, making the gestures usually
singers make on this occasion. Quickly we realize that these are not the
soloists. The two couples appear in the audience and are members of the
audience of the Royal Opera.
Don Alfonso is a director of the play and will run until the
end. Guglielmo and Ferrando go to war. The setting with a train station in the
middle of last century is well managed. Disguised, they reappear in a modern
bar and then begin the conquest of their brides. In another setting the garden
of Eden appears, with many apples, money and the serpent. There are also settings
in which the action takes place in a baroque theater environment.
At the end, the wedding party is very dynamic. In a large
display panel where it is written COSÌ FAN TUTTE, the removal some lamps from
the E and turns into COSÌ FAN TUTTI.
The staging is fine, cheerful, very diverse, but a little
confusing. One of the main messages that the director wants to give is that the
instability of human emotions does not only apply only to women, but to all and
at all times.
Russian maestro Semyon
Bychkov was very good, although some times he imposed excessively slow tempi. The orchestra was at the highest
level.
The soloists were all excellent. The two couples were young,
which gave great credibility to the stage interpretation and allowed some
moments of eroticism.
Italian bass-baritone Alessio
Arduini was a Guglielmo with a beautiful, firm and powerful voice. His presence
always very agile and ingratiating, much favored by his figure.
German tenor Daniel
Behle was a more romantic and very credible Ferrando. The beautiful aria Un'aura amorosa was magnificent, with a
top register of unusual beauty.
Corinne Winters,
American soprano, was a fragile Fiordiligi with a warm beautiful soprano voice.
She was particularly well in the arias Come
scoglio and especially Per pieta, ben
mio, perdona that she sang with touching sensitivity and sadness.
Fantastic.
American mezzo Angela
Brower was a lyrical Dorabella with firm voice that was always in tune
throughout the performance.
German baritone Johannes
Martin Kränzle was a firm and very well suited to the character of Don
Alfonso, and Spanish soprano Sabina
Puértolas was an energetic Despina with high quality, vocal and scenic.
The Royal Opera bet on youth (director and singers) and,
once again, won.
*****
As fotos das irmãs, Dorabella e Fiordiligi, estão trocadas...
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