domingo, 10 de janeiro de 2016

A FORÇA DO DESTINO / THE FORCE OF DESTINY, English National Opera, December 2015

(review in English below)

A ópera A Força do Destino, de G. Verdi, esteve em cena no Coliseu de Londres, sede da English National Opera. Apesar de ter sido cantada em inglês, o que muito me incomoda, foi um espectáculo de grande qualidade, sobretudo devido aos cantores. Outro facto incompreensível é a possibilidade de os espectadores trazerem para a sala as bebidas que adquirem no bar.

Dirigiu o maestro Mark Wigglesworth. A encenação foi do controverso encenador catalão Calixto Bieito que, nesta ópera, não incluiu cenas de sexo ou nudez. Contudo, a encenação é escura, agressiva e com elementos de difícil interpretação. Bieito transportou a acção para a guerra civil espanhola e no palco, entre fachadas incaracterísticas de edifícios em constante movimentação, há projecção de imagens de soldados, aviões e cavalos, quiçá irrelevantes. Algumas opções não compreendi, como a destruição minuciosa de livros (que são rasgados) pelos membros do coro no 2º acto ou a projecção da criança a riscar a cortina antes do último acto.



As imagens de violência gratuita estão presentes, incluindo Preziosilla a pontapear uma grávida e a matar prisioneiros de guerra no coro do 3º acto (Rataplan). Enfim, é uma encenação violenta e incomodativa em que não há compaixão de ninguém por ninguém.

Já em relação aos cantores, os solistas foram de elevada qualidade.
A soprano norte americana Tamara Wilson foi uma Leonora excelente, de voz potente e afinada, mantendo a qualidade interpretativa ao longo de toda a récita, irrepreensível no último acto.



O tenor Gwyn Hughes Jones foi um Don Alvaro fervoroso na interpretação vocal, sempre bem audível, possuidor de um timbre bonito e muito expressivo em todas as intervenções.



Também ao mais alto nível esteve o barítono Anthony Michaels-Moore como Don Carlo. A voz é poderosa, bem timbrada e o cantou usa-a de uma forma muito eficaz. Em palco foi o melhor intérprete, apesar de a encenação não ajudar.



A mezzo israelita Rinat Shaham cantou e interpretou a cigana Preziosilla com grande classe e também estiveram muito bem o baixo Matthew Best como Marquês de Calatrava, o barítono Andrew Shore como Frei Melitone e, sobretudo, o baixo James Creswell como Padre Guardiano.

Um grande espectáculo, sobretudo pelos cantores.






****


THE FORCE OF DESTINY, English National Opera, December 2015

 The opera The Force of Destiny by G. Verdi, was on stage at the London Coliseum, home to the National English Opera. Although it was sung in English, which greatly disturbs me, it was a great quality performance, mainly because of singers. Another incomprehensible fact is the ability to bring into the auditorium the drinks that people buy at the bar.

The conductor was Mark Wigglesworth. The controversial Catalan director Calixto Bieito tin this opera did not include sex or nudity scenes. However, the scenario is dark, aggressive and with difficult to interpret elements. Bieito moved the action to the Spanish Civil War period and on stage, among uncharacteristic facades of buildings in constant movement, there are projected images of soldiers, planes and horses, perhaps irrelevant. Some options I did not understand, as the thorough destruction of books (which are torn) by choir members in the 2nd act or the projection of the child to scratch the curtain before the last act.
The gratuitous violence of images is present, including Preziosilla kicking a pregnant woman and killing prisoners of war in the choir of the 3rd act (Rataplan). Anyway, it's a violent and disturbing scenario in which there is no compassion for anyone.

In relation to the singers, the soloists were of high quality.
North American Soprano Tamara Wilson was an excellent Leonora, with a potent and refined voice, keeping high quality vocal interpretation throughout the performance, faultless during the last act.

Tenor Gwyn Hughes Jones was a Don Alvaro of fervent vocal interpretation, always well audible, with a beautiful and very expressive timbre in all interventions.

Also at the highest level was baritone Anthony Michaels-Moore as Don Carlo. The voice is powerful and the singer used it in a very effective manner. On stage he was the best performer, although the staging did not help.

Israeli mezzo Rinat Shaham sang and played the Gypsy Preziosilla with great class and also very good were bass Matthew Best as Marquis of Calatrava, baritone Andrew Shore as Frei Melitone and, especially, bass James Creswell as Padre Guardiano.

A great performance, especially because of the singers.


****

Sem comentários:

Enviar um comentário