(review in English below)
Ainda não tinha tido oportunidade de ver esta produção de Laurent Pelly de L’Elisir d’Amore de G
Donizetti na Royal Opera House,
que foi estreada já em 2007.
(Fotografia Alastair Muir)
A acção é trazida para os anos 50-60 do século passado, num
ambiente rural italiano. Os cenários são em ambiente campestre cheios de fardos
de palha. A figura do Doutor Dulcamara, o perfeito charlatão, é dominante nesta
produção. A sua primeira aparição, numa carrinha ambulante, é sensacional. Da
cortina de segurança deixo aqui alguns pormenores deliciosos!
O guarda roupa é agradável, toda a encenação é muito jovial
e tem vários componentes interessantes, como as bicicletas, scooters, um
tractor e, sobretudo, um cão, que atravessa o palco em momentos bem escolhidos.
Confesso-me um conservador no que às encenações respeita, mas esta, diferente,
foi talvez a que mais gostei de entre as várias que já vi do Elixir.
A direcção musical foi óptima, pela batuta do maestro Daniele Rustioni.
Todos os solistas tiveram desempenhos de elevada qualidade.
A Adina de Lucy Crowe foi excelente.
Tem uma voz de soprano lírico leve e bonita, com agudos fáceis e aparentemente
sem esforço. Em palco foi muito expressiva e a figura também ajudou muito.
O tenor Vittorio
Grigolo foi um Nemorino acima das minhas expectativas. É certo que a voz
não é das mais adequadas para este papel porque não tem a doçura necessária.
Contudo, teve um bom desempenho e cenicamente esteve muito bem, encarnou na
perfeição o rapaz simples, modesto e apaixonado. E, felizmente, minimizou uma
postura que lhe é muito característica, a de macho latino convencido.
O baixo-barítono Bryn
Terfel foi um Doutor Dulcamara excelente. Confesso que não o consigo
desligar facilmente dos papeis wagnerianos, mas esteve em excelente forma vocal
e foi dos mais cómicos em palco. A encenação também o favorece muito.
O Belcore do baritono
Levante Molnár foi o que menos me impressionou mas, ainda assim, cumpriu
bem o papel.
Uma lufada de ar fresco e boa disposição numa noite fria do
outono londrino.
*****
L'ELISIR D'AMORE, Royal Opera House, London, December 2014
I had not yet the opportunity to see this production of Laurent Pelly of L'Elisir d'Amore by G Donizetti
at the Royal Opera House, which was premiered
in 2007.
The action is brought for the years 50-60 of the last
century, to an Italian rural environment. Straw bales and the country setting dominate
the scenarios. The figure of Doctor Dulcamara, the perfect quack, is dominant
in this production. His first appearance in a traveling van, is sensational.
The clothes are very nice, the whole scenario is very jovial and has several
interesting components, such as bicycles, scooters, a tractor and, above all, a
dog that crosses the stage twice in well-chosen moments. I confess myself a
conservative with respect to stagings, but this was not a conventional one and,
perhaps, the one I liked most among several that have seen of L’ Elisir.
Musical direction was excellent by conductor Daniele Rustioni.
All soloists had high quality performances. Lucy Crowe’s Adina was excellent. She
has a light lyric beautiful soprano voice, with seemingly effortless top notes.
On stage she was very expressive and the figure also helped a lot.
Tenor Vittorio
Grigolo was a Nemorino above my expectations. His voice is not the most
suitable for this role because it does not have the necessary sweetness.
However, he had a great vocal performance and on stage he was very good,
perfectly embodied the simple, modest and passionate boy. And fortunately, he avoided
a typical behavior that he likes, the convinced Latin male.
Bass-baritone Bryn
Terfel was a great Doctor Dulcamara. I confess that I can not easily forget
him in his the wagnerian roles, but he was in excellent vocal form and was the
most comic on stage. The production also favors it.
Belcore’s baritone Levante
Molnár was the least impressive to me but he performed also very well.
A breath of fresh air and good mood on a cold night of the
London autumn.
*****
Sem comentários:
Enviar um comentário