sábado, 22 de setembro de 2012

RIGOLETTO, War Memorial Opera House, San Francisco, Setembro de 2012 – Elenco 1 / September 2012 - Cast 1



 Rigoletto é uma das mais apreciadas óperas de G. Verdi. É muitas vezes apresentada e, talvez também por isso, tem sido uma das mais comentadas neste blogue. Frequentemente os Fanáticos, em deslocações profissionais, encontram-na em cena. Foi mais uma vez o caso em San Francisco, onde assisti a duas récitas, com elencos diferentes.


 A primeira foi com o elenco de cantores mais conceituados mas, na segunda, os jovens solistas marcaram a diferença pela qualidade, como relatarei num próximo texto.


 A encenação de Harry Silverstein é interessante e bem conseguida. Os cenários são relativamente simples, de muito bom gosto, numa abordagem clássica, em que o guarda-roupa é a componente mais convencional.


 A direcção musical foi do maestro titular, o italiano Nicola Luisotti. Esteve bem, e a Orquestra também, apesar de uma que outra nota falhada. O Coro foi irrepreensível.


 Rigoletto foi interpretado pelo barítono sérvio Zeljko Lucic. É um cantor com uma voz grande e de beleza invulgar, que canta frequentemente este papel, mas nem sempre transmitiu o dramatismo necessário. Esteve muito bem no início. Depois de constatar o rapto da filha e até ao final, apesar de convincente, poderia ter sido mais expressivo nos sentimentos de angústia, vingança e desespero por que passou. Na belíssima Cortigiani, vil razza dannata ficou vocalmente aquém da exigência dramática requerida. Com cantores deste calibre, esperamos interpretações perfeitas, o que não aconteceu. Mas foi um consolo ouvi-lo.


 O soprano polaco Aleksandra Kurzak foi uma Gilda de voz potente, bem timbrada e bonita. Na famosa ária caro nome foi um pouco dura, mas cantou todas as notas sem hesitações ou falhas. Manteve a qualidade interpretativa ao longo de toda a récita e, cenicamente, foi muito convincente, a melhor da noite.


 Francesco Demuro, tenor italiano, foi o Duque de Mântua. Imediatamente antes da récita fomos informados que estava constipado mas, ainda assim, cantaria. Valeu a pena o esforço porque, apesar de ter uma voz pequena, conseguiu tirar partido dela e não achei que tivesse dificuldades particulares. As notas mais agudas foram cantadas um pouco em esforço, mas tal aconteceu sempre que o ouvi. Enganou-se na ária Ella mi fu rapita! do início do 2º acto mas disfarçou bem e acabou por ter uma interpretação de qualidade. Apesar da constipação, foi melhorando ao longo da récita e o último acto foi o melhor. La donna è mobile, uma das mais conhecidas árias de tenor, foi muito bem cantada e a sua melhor intervenção.


 A Maddalena do mezzo americano Kendall Gladen foi uma personagem de voz quente, grave e forte. Ela própria uma mulher grande, o que criou algumas dificuldades cénicas aos tenores (nas 2 récitas), ambos de estatura mais baixa.


 O baixo italiano Andrea Silvestrelli tem um timbre invulgar, que na primeira intervenção me causou algum incómodo. A voz é muito grave, cavernosa, e o seu Sparafucile foi muito interessante, sobretudo no último acto.


 O Conde Monterone foi cantado pelo baixo canadiano Robert Pomakov que cumpriu o seu curto mas bem audível papel.






 Começou longe e muito bem a minha temporada operática de 2012-2013.

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Rigoletto, War Memorial Opera House, San Francisco, September 2012 - Cast 1

Rigoletto is one of the most beloved operas of G. Verdi. It is often staged, and perhaps also why it has been one of the most commented in this blog. Often the Fanatics, in professional trips, find it on. It was the case, once again, in San Francisco, where I attended two performances, with different casts.

The first performance was with the cast of the most respected singers but in the second, the young soloists made a difference in quality, as I will mention in a further text to be posted within days.
The staging of Harry Silverstein is interesting and well done. The scenarios are relatively simple, effective and nice. A classical approach was chosen (I always like it), where the costumes were the more conventional component.
The musical direction was by the Italian maestro Nicola Luisotti. He did a good job, the Orchestra was also correct, despite a couple of missed notes, more evident in the overture. The Choir was blameless.

Rigoletto was played by Serbian baritone Zeljko Lucic. He is a singer with a big and unusual beautyful voice, who sings this role often. But he did not always conveyed the necessary drama. Was was very good in the beginning. After verifying the abduction of his daughter and until the end, though convincing, he could have been more expressive in the feelings of anguish, despair and revenge. In beautiful and dramatic aria Cortigiani vil razza dannata his vocal interpretation could have been more dramatic, as required by the character. With singers of this caliber, one expects perfect interpretations, which did not happen this time. But it was a unique pleasuret to hear him.
Polish soprano Aleksandra Kurzak was a Gilda with a powerful and nice timbre voice. In the famous aria Caro nome she was a little harsh, but she sang every note without hesitation or failures. She kept the high quality interpretation throughout the performance and artistically she was very convincing, the best artist of the night.Francesco Demuro, Italian tenor, was the Duke of Mantua. Immediately before the performance we were informed that he had a cold but, nevertheless, he would sing. It was worth the effort because, despite having a small voice, he managed to take advantage of it and I did not think he felt any particular difficulty. The top notes are sung in a little effort, but this happened whenever I heard him before.
He made a mistake in the opening aria of 2nd act Ella mi fu rapita!  but de disguised well and ended up having a high quality interpretation. Despite the cold, he improved along the performance and the last act was the best. La donna è mobile, one of the best-known tenor arias, was very well sung and his best interpretation.
American mezzo Kendall Gladen was a Maddalena with a warm, strong and fabulous voice. She is, herself, a tall woman, which created some scenic difficulties to the tenors (in the two performances), both of shorter stature.

Italian bass Andrea Silvestrelli has an unusual timbre, and his first intervention caused me some discomfort. But I overcame it. The voice is bass and cavernous, and perfectly audible in the lowest register. And his Sparafucile was very interesting, especially in the last act.

Count Monterone was sung by Canadian bass Robert Pomakov. He did a good job in his short but very audible role .

I had a far away and very good start of the new 2012 – 2013 opera season!

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6 comentários:

  1. Caro Fanático,
    é um prazer renovado ler as suas crônicas.
    Não pude ver o Rigolleto no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Mas como é uma peça das mais encenadas creio que em breve terei oportunidade de vê-la.
    Um grande abraço do Brasil

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  2. I would love to see this production. In fact, my wife and I are considering traveling to SF to see Tosca.

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    1. Tosca is a fantastic opera to see JJ. And you will remember your times in Italy and some history as well! Good choice your wife's.

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  3. Caro Fanatico_um

    Mais um excelente artigo.

    Acabei de ler um no Livro de Areia, um artigo do Mário, ao Rigoletto do La Fenice. Também naquele caso o tenor foi o ponto mais fraco.

    Gostei das fotografias. Os cenários parecem-me simples, mas interessantes.

    Um abraço.

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  4. A encenação parece interessante e a qualidade do elenco é realmente muito boa, principalmente Rigoletto e Gilda. Fico contente pela boa entrada na nova Temporada.

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  5. Thank You for your kind comment!thank you!

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