quinta-feira, 24 de novembro de 2022

TOSCA, METropolitan OPERA, New York, Outubro / October 2022

(review in English below)

A Tosca de G Puccini voltou a ser posta em cena na Metropolitan Opera de Nova Iorque, na magnífica e sumptuosa produção de David McVicar que, depois da curta e muito má recepção da anterior encenação desta ópera (da autoria de Luc Bondy, muito feia e um perfeito exemplo do eurotrash que, por estes lados, não é nada apreciado) mostrou ser capaz de fazer uma abordagem clássica com a mesma qualidade de outras mais modernas que tem assinado.



Dirigiu a Orquestra (que, surpreendentemente, não esteve isenta de falhas, sobretudo nos metais) o maestro Carlo Rizzi. O Coro foi excelente.


A soprano Aleksandra Kurzak foi uma Tosca magnífica, tanto na representação cénica como vocal. Tem uma voz muito bonita, agudos seguros e não forçados e ouve-se sempre sobre a orquestra. Foi, de longe, a melhor da noite.

O tenor Michael Fabiano cumpriu o papel de Cavaradossi sem grande brilho vocal. Em cena esteve bem, mas a emissão foi por vezes irregular e tem um timbre algo agreste.

O Scarpia do barítono George Gagnidze foi muito ajudado pela encenação mas o cantor foi muito estático, algo monocórdico, pouco emotivo e sempre que a orquestra tocava mais alto, deixava de se ouvir. 

Nos papéis secundários, com interpretações correctas mas sem impressionar, estiveram Kevin Short (Cesare Angelotti), Patrick Carfizzi (Sacristão), Rodell Rosel (Spoletta), Christopher Job (Sciarrone) e Paul Corona (carcereiro). O pastor jovem foi Davida Dayle.




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TOSCA, METROpolitan OPERA, New York, October / October 2022

G Puccini's Tosca was revived at the Metropolitan Opera in New York, in the magnificent and sumptuous production of David McVicar who, after the short and very bad reception of the previous staging of this opera (by Luc Bondy, very ugly and a perfect example of the eurotrash that, in these geographic areas, is not appreciated at all) has shown to be able to make a classic approach with the same quality as the more modern ones he has signed.

Conductor Carlo Rizzi directed the Orchestra (which, surprisingly, was not without faults, especially in the metals). The Choir was excellent.

Soprano Aleksandra Kurzak was a magnificent Tosca, both on stage and vocal representation. She has a very beautiful voice, steady and unforced highs and we always hear her over the orchestra. She was by far the best of the night.

Tenor Michael Fabiano interpreted the role of Cavaradossi without great vocal brilliance. On stage he was fine, but the singing was sometimes irregular and has a somewhat harsh tone.

Baritone George Gagnidze's Scarpia was greatly helped by the staging, but the singer was very static, somewhat monotonous, not very emotional and whenever the orchestra played louder, he stopped being heard.

In the supporting roles, with correct but unimpressive performances, were Kevin Short (Cesare Angelotti), Patrick Carfizzi (Sacristan), Rodell Rosel (Spoletta), Christopher Job (Sciarrone) and Paul Corona (gaoler). The young sheppard was Davida Dayle.

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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

DON GIOVANNI O DISSOLUTO, Fundação Gulbenkian, Lisboa, Novembro 2022

(review in English below)

Na Fundação Gulbenkian foi apresentada uma obra que resulta da adaptação de um texto de José Saramago inspirado na ópera Don Giovanni de Mozart, em que este não seria condenado pelo seu comportamento e não morreria no final. 

A encenação de Jean Paul Bucchieri foi interessante, com a orquestra um nível abaixo do palco, o cenário com cadeiras de ambos os lados, uma mesa ao centro e uma grande estátua do comendador, interpretado por um cantor e por um actor (Pedro Lacerda). Houve projecções de vídeo e presença de figurantes na parte mais recuada do palco, por vezes com bom efeito estético. O camarote lateral do auditório foi usado quer pelo coro, quer pelos solistas. 

(estátua)

Mas não gostei do espectáculo. Foram incluídos vários trechos da genial composição de Mozart (cantados em italiano, valha-nos isso) intercalados numa representação teatral desinteressante na forma e no conteúdo. Custa-me ver uma deturpação de uma das óperas mais sagradas do reportório operático mundial (sim, sou muito conservador neste aspecto) e, musicalmente, o espectáculo deixou muito a desejar.

(coro)

A concepção e direcção musical foi de Nuno Coelho. A curta interpretação do Coro masculino foi excelente, mas o mesmo não aconteceu com a Orquestra que, frequentemente, soou muito pouco “Mozartiana”.

(orquestra)

Os solistas foram de qualidade muito diversa. André Baleiro foi um Don Giovanni muito bom. Não me canso de elogiar este jovem barítono. As suas interpretações são sempre tecnicamente excelentes, a voz é magnífica e o timbre é de uma invulgar beleza. Estou convicto que terá uma notável carreira internacional nos grandes teatros de ópera.

O barítono José Fardilha foi um Leoporello de voz forte e bem audível, mas já sem o vigor e afinação do passado. O tenor Marco Alves dos Santos foi um Don Ottavio agradável, a voz é bonita e afinada. O baixo Manuel Rebelo foi um Masetto desinteressante e o Comendador cantado pelo baixo Nuno Dias mal se ouviu.

A Dona Anna da soprano Sónia Grané foi desagradável e frequentemente estridente. Susana Gaspar não esteve melhor e foi uma Dona Elvira de timbre agreste e interpretação vocal desinteressante. A Zerlina da soprano Leonor Amaral foi a melhor interpretação feminina. 



Um espectáculo a não rever.

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DON GIOVANNI IL DISSOLUTO, Gulbenkian Foundation, Lisbon, November 2022

At the Gulbenkian Foundation, a show was presented resulting from the adaptation of a text by José Saramago inspired by the opera Don Giovanni by Mozart, in which Don Giovanni would not be condemned for his behavior and would not die in the end.

The staging by Jean Paul Bucchieri was interesting, with the orchestra one level below the stage, the scenery with chairs on both sides, a table in the center and a large statue of the Commendatore, interpreted by a singer and an by an actor (Pedro Lacerda). There were video projections and the presence of extras at the back of the stage, sometimes with a good aesthetic effect. The side box of the auditorium was used by both the choir and the soloists.

But I didn't like the performance. Several excerpts from Mozart's brilliant composition were included (sung in Italian, fortunately) interspersed in a theatrical representation that was uninteresting in form and content. It pains me to see a misrepresentation of one of the most sacred operas in the world's operatic repertoire (yes, I'm very conservative in this regard) and, musically, the show left much to be desired.

The conception and musical direction was by Nuno Coelho. The short interpretation by the Male Choir was excellent, but the same was not true of the Orchestra, which often sounded very little “Mozartian”.

The soloists were of very diverse quality. André Baleiro was a very good Don Giovanni. I never tire of praising this young baritone. His interpretations are always technically excellent, his voice is magnificent and the timbre is unusually beautiful. I am convinced that he will have a remarkable international career in the great opera houses.

Baritone José Fardilha was a Leoporello with a strong and very audible voice, but without the vigor and tuning of the past. Tenor Marco Alves dos Santos was a pleasant Don Ottavio, his voice is beautiful and in tune. Bass Manuel Rebelo was an uninteresting Masetto and the Comendador sung by bass Nuno Dias was barely audible.

Dona Anna by soprano Sónia Grané was unpleasant and often shrill. Susana Gaspar was no better and was a Dona Elvira with a harsh timbre and uninteresting vocal interpretation. Zerlina by soprano Leonor Amaral was the best female interpretation.

A show not to be seen again.

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sábado, 12 de novembro de 2022

IDOMENEO, METropolitan OPERA, New York, Outubro / October 2022

(Review in English below)

Idomeneo de WA Mozart esteve em cena na Metropolitan Opera

Em Creta está presa a princesa troiana Ilia, apaixonada pelo príncipe Idamante, filho do rei Idomeneo, ausente há muitos anos e que é dado como morto, afogado. Elettra é também uma princesa apaixonada pelo príncipe. Idomemeo pede a Neptuno que o salve e promete em contrapartida um sacrifício humano da primeira pessoa que encontrar na praia. Essa pessoa é o seu filho Idamante. Para não o matar, manda-o partir para longe, com a princesa Elettra. Para castigar a traição de Idomeneo, Neptuno desencadeia uma tempestade sobre Creta, mesmo depois de o rei se oferecer para morrer. Quando o rei se prepara para sacrificar o filho, Ilia oferece-se no seu lugar. Neptuno ordena que Idomeneo abdique e nomeia como reis Idamante e Ilia. Elettra enlouquece e morre.

A encenação de Jean-Pierre Ponnelle é simples, convencional, mas muito eficaz. A figura do deus Neptuno está quase sempre presente, dando enquadramento ao desenrolar da acção.


A excelente direcção musical foi de Manfred Honeck e a Orquestra e Coro estiveram ao mais alto nível.

E os cantores foram todos excelentes. A soprano Ying Fang foi uma Ilia excepcional. Voz de timbre muito bonito, poderosa, sempre afinada e com pianíssimos fantásticos.


A mezzo Kate Lindsey no papel masculino de Idamante teve uma excelente interpretação cénica e vocal, bem audível, muito expressiva e emotiva.

A soprano Federica Lombardi foi uma Elettra de referencia e, na aria final “D’Oreste , d’Ajace”, uma das primeiras cenas de loucura na ópera, foi insuperável.


O Idomeneo do tenor Michael Spyres foi outro intérprete superlativo, com voz poderosa, afinada e transbordando emoção.


O tenor Paolo Fanale fez um Arabace correcto e o tenor Issachah Savage também impressionou como Grande Sacerdote.

Um espectáculo de invulgar qualidade.




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IDOMENEO, METropolitan OPERA, New York, October 2022

Idomeneo by WA Mozart was on stage at the Metropolitan Opera.
In Crete, the Trojan princess Ilia is imprisoned, in love with Prince Idamante, son of King Idomeneo, who has been absent for many years and is presumed dead, drowned. Elettra is also a princess in love with the prince. Idomemeo asks Neptune to save him and promises in return a human sacrifice from the first person he finds on the beach. That person is his son Idamante. In order not to kill him, he sends him away, with Princess Elettra. To punish Idomeneo's betrayal, Neptune unleashes a storm over Crete, even after the king offers to die. As the king prepares to sacrifice heis son, Ilia offers herself in his place. Neptune orders Idomeneo to abdicate and names Idamante and Ilia as kings. Elettra goes mad and dies.

Jean-Pierre Ponnelle's staging is simple, conventional, but very effective. The figure of the god Neptune is almost always present, framing the unfolding of the action.

The excellent musical direction was by Manfred Honeck and the Orchestra and Choir were at the highest level.

And the singers were all excellent. Soprano Ying Fang was an exceptional Ilia. Very beautiful, powerful voice, always in tune and with fantastic pianissimi.

Mezzo Kate Lindsey in the male role of Idamante had an excellent scenic and vocal performances, well audible, very expressive and emotional.

Soprano Federica Lombardi was an Elettra of reference and, in the final aria “D’Oreste, d’Ajace”, one of the first mad scenes in opera, was unsurpassed.

Tenor Michael Spyres' Idomeneo was another superlative performer, with a powerful, tuned voice overflowing with emotion.

Tenor Paolo Fanale was a correct Arabace and tenor Issachah Savage also impressed as a High Priest.

A performance of unusual quality.

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segunda-feira, 7 de novembro de 2022

SALOME, Royal Opera House, Londres, Setembro / September 2022

(review in English below)

Voltei a ter a oportunidade de rever na Royal Opera House a Salome de Richard Strauss na produção marcante de David McVicar. A encenação é violenta e chocante mas nesta reposição as cenas de nudez foram retiradas, aparecendo despido apenas o carrasco, no final da ópera.

Como referi em texto anterior, a acção é transportada para o Séc. XX e decorre no palácio de Herodes. No primeiro andar vê-se (mal) um jantar elegante, à luz de velas. O cenário principal é a cave imunda do palácio, umas casas de banho com paredes com azulejos brancos muito sujos, a condizer com tudo o resto. O profeta João Baptista (Jokanaan) está preso numa cisterna, donde é retirado por algum tempo, a pedido da Salomé. Com o decorrer da acção, todos descem para a cave.

As doentias cenas de assédio da Salomé sobre Jokanaan e de Herodes sobre Salomé são explícitas. Na dança dos sete véus o palco transforma-se radicalmente, aparecendo sucessivamente sete portas em movimento, entre as quais e com a ajuda de curtos filmes, Salomé recorda sete episódios traumáticos passados entre ela e o padrasto (Herodes), terminando com a concretização da relação sexual. A cena final de necrofilia em que a Salomé acaricia e beija a cabeça do Jokanaan totalmente ensanguentada (trazida a escorrer sangue pelo carrasco nu) é ainda mais impressionante. Uma encenação bem conseguida e chocante.


A música de Strauss é poderosa. A sonoridade é grandiosa e rica, o cromatismo sonoro impressionante, há utilização de leitmotive e alternância de consonância com dissonância. A orquestra é a parte maior desta obra. Sob a direcção do maestro Alexander Soddi, a orquestra da Royal Opera House, esteve ao seu melhor nível e proporcionou-nos uma interpretação superior, viva e dramática, dando-nos toda a sumptuosidade tímbrica que faz justiça à música de Strauss. 


Os cantores solistas foram todos de topo. A soprano Malin Byström foi uma Salomé de timbre suave e muito bonito, mantendo elevada qualidade vocal ao longo de toda a récita, sempre sobre a orquestra e com um final avassalador. A cantora é magra, alta e aparenta a juventude que a personagem exige, o que ajudou muito a sua óptima interpretação cénica.



O barítono Jordan Shanahan foi um Jokanaan óptimo, de voz marcante e poderosa, com um desempenho cénico perfeito.


Herodes foi interpretado pelo tenor John Daszak que esteve num nível superior. Foi sempre bem audível, o timbre é adequado à personagem e esteve sempre bem na componente cénica.


A mezzo Katarina Dalayman foi muito convincente no encorajamento da filha a pedir a cabeça do João Baptista e, no canto, foi óptima.

O Narraboth do tenor Thomas Atkins teve uma interpretação muito emotiva e até comovente, tanto na excelente componente vocal como na interpretação cénica.


Os muitos cantores secundários, apesar de terem interpretações curtas, estiveram ao nível deste excelente espectáculo de ópera.






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SALOME, Royal Opera House, London, September / September 2022

I once again had the opportunity to see Salome by Richard Strauss in the remarkable production of David McVicar at the Royal Opera House. The staging is violent and shocking, but in this performance the nude scenes were removed, leaving only the executioner naked at the end of the opera.

As I mentioned in a previous text, the action is transported to the XXth century  and takes place in Herod's palace. On the first floor you can see (barely) an elegant dinner, by candlelight. The main setting is the filthy basement of the palace, some bathrooms with walls with very dirty white tiles, in keeping with everything else. The prophet John the Baptist (Jokanaan) is imprisoned in a cistern, from which he is removed for some time, at the request of Salome. As the action progresses, everyone descends to the basement.

The sickening scenes of Salome's harassment of Jokanaan and Herod of Salome are explicit. In the dance of the seven veils, the stage is radically transformed, with seven moving doors appearing successively, between which and with the help of short films, Salomé recalls seven traumatic episodes between her and her stepfather (Herodes), ending with their sexual relationship. The final necrophilia scene in which Salomé caresses and kisses the bloodied Jokanaan's head (brought out by the naked executioner) is even more impressive. A well done and shocking staging.

Strauss' music is powerful. The sound is grandiose and rich, the sound chromaticism is impressive, there are leitmotive and alternation of consonance with dissonance. The orchestra is the biggest part of this work. Under the direction of conductor Alexander Soddi, the  was at its best and provided us with a superior, lively and dramatic interpretation, giving us all the timbral sumptuousness that does justice to Strauss' music.

The soloist singers were all of top quality. Soprano Malin Byström was a Salome with a smooth and very beautiful timbre, maintaining high vocal quality throughout the performance, always over the orchestra and with an overwhelming ending. The singer is thin, tall and seems to have the youth that the character demands, which helped a lot in her great scenic performance.

Baritone Jordan Shanahan was a great Jokanaan, with a strong and powerful voice, with a perfect scenic performance.

Herod was interpreted by tenor John Daszak who was at a higher level. He was always very audible, the timbre is suited to the character and he was always good in the scenic component.

Mezzo Katarina Dalayman was very convincing in encouraging her daughter to ask for the head of João Baptista and, in the corner, she was great.

The Narraboth of tenor Thomas Atkins had a very emotional and even moving interpretation, both in the excellent vocal component and in the scenic interpretation.

The many support singers, despite having short interpretations, were at the level of this excellent opera show.

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sexta-feira, 4 de novembro de 2022

EIN DEUTSCHES REQUIEM, Fundação Gulbenkian, Lisboa, Novembro 2022

(review in English below)

A Fundação Gulbenkian ofereceu-nos a magnífica obra Um Requiem Alemão de Johannes Brahms, uma das peças sinfónicas corais que mais aprecio. E foi um excelente presente, dada a qualidade do espectáculo. Toda a peça é marcante mas, para mim, os 2º e 6º andamentos, pela sua monumentalidade instrumental e coral, são os mais impressionantes.


O maestro Stanislav Kochanovsky dirigiu o Coro e a Orquestra Gulbenkian. Se a Orquestra esteve muito bem, o Coro foi excelente (a Maestrina do Coro Inês Tavares Lopes merece um grande elogio).

E os solistas foram de topo. O barítono André Baleiro tem uma voz magnífica, bem timbrada e com uma técnica irrepreensível. Junta às fantásticas qualidades vocais a juventude e a boa figura. Estou certo que terá uma merecida carreira internacional nos grandes teatros de ópera mundiais.


A soprano Sónia Grané, surpreendeu-me com uma bela interpretação, voz afinada, e com um registo agudo surpreendente. 


Um excelente espectáculo.



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EIN DEUTSCHES REQUIEM, Gulbenkian Foundation, Lisbon, November 2022

The Gulbenkian Foundation offered us the magnificent work Ein Deutsches Requiem by Johannes Brahms, one of the choral symphonic pieces that I most appreciate. And it was an excellent gift, given the quality of the performance. The whole piece is remarkable but, for me, the 2nd and 6th movements, due to their instrumental and choral monumentality, are the most impressive.

Conductor Stanislav Kochanovsky directed the Choir and the Gulbenkian Orchestra. If the Orchestra was very good, the Choir was magnificent (the Conductor of the Choir Inês Tavares Lopes deserves great praise).

And the soloists were excellent. Baritone André Baleiro has a magnificent voice, well-toned and with excellent technique. He adds youth and good figure to the vocal qualities. I am sure he will have a great and well deserved international career in the world's great opera houses.

Soprano Sónia Grané surprised me with a remarkable interpretation, beautiful voice, in tune, and with a surprising top quality high register.

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