(review in English below)
O wagner_fanatic foi ver o Parsifal a Viena e aqui ficam as suas impressões:
Este novo Parsifal de Viena
supera em larga escala a encenação anterior. E é uma encenação que se tem que
digerir bem porque se não a enquadrarmos devidamente no tempo e na ideia do
encenador, corremos o risco de não a entendermos e de facilmente cairmos nos
agitares de cabeça em tom reprovador das pessoas que estavam ao meu lado.
Fiquei naquele lugar tipo camarote em cima do palco e é espectacular! Temos a
orquestra em frente mas a acústica é excelente, uniforme, sem aquela sensação
de se estar a ouvir o som só de um ouvido ou então só metade dos instrumentos
em forte e o resto muito ao longe. Encostei-me ao pilar e meio de lado vi o
palco todo. É quase o equivalente ao Stalls circle da Royal Opera House e uma
alternativa mais económica que a plateia mas não menos recompensadora.
A
ópera passa-se no início do sec XIX num Hospital Psiquiátrico (Wagner Spital
aparece escrito no topo da parede de fundo de janelas altas em tons de verde
pastel). Gurnemanz é um Psiquiatra, tem um gabinete à esquerda do palco, com
estantes altas com livros, cérebros e uma secretária, tudo ao estilo da época;
no início estão vários doentes em maca e a abertura começa com Gurnemanz a por
a funcionar uma grafonola. Há aqui algumas semelhanças com a encenação do
Guth... Amfortas tem ferida em ambas as regiões temporais. Kundry aparece com
um colete de forças meio atado, trazendo o bálsamo clássico e depois da sua
intervenção é colocada numa cama de hospital enjaulada. A narração de Gurnemanz
é feita para os doentes e, como acontece várias vezes ao longo da ópera, quando
há narração de algo que sai um pouco à encenação, desce uma parede de pano,
também com impressão da parede de janelas do hospital, onde são projectadas
imagens tipo em iluminura e com texto ao lado com fonte de letra fazendo
remontar aqueles livros escritos à mão por monges. O Parsifal aparece com
armadura de tronco, o cisne é um cisne. O Graal é uma estrutura tipo cúpula
metálica e que desce do tecto, tendo também um similar em formato pequeno e que
é trazido para o centro do palco, cobrindo um cérebro que se ilumina na
celebração pelo Amfortas; quem assiste são os doentes e homens vestidos de fato
da época (serão talvez outros médicos ou funcionários do hospital), além do
Gurnemanz e Parsifal. Antes do Vom bade... a cama-jaula de Kundry é entregue a
Klingsor (vestido de fato, outro médico da altura) que a leva para fora do
palco.
O
2o acto inicia-se com Klingsor e ajudantes sobre um cadáver em maca como que em
experiência de neurobiologia, dando carga eléctrica com bateria ao crânio trepanado.
Este cadáver virá a revelar-se o da Mãe de Parsifal (Kundry no dueto com
Parsifal fala da sua Mãe, diz-lhe que morreu de desgosto, como sabe, e nessa
altura destapa este cadáver a que Parsifal assiste). O fundo é o mesmo do
hospital psiquiátrico e estão dispostas macas de cadáveres, com pés descalços à
vista e com lençol branco por cima. Este primeiro cadáver não reage à
experiência e vem o próximo que, ao ser destapado, revela Kundry. Esta acorda
com a corrente eléctrica e prossegue a cena clássica mas num gabinete similar
ao de Gurnemanz, do outro lado do palco, onde também está uma grafonola mas
temos um divã psiquiátrico em vez de secretária. Acho que no fundo são
diferentes aspectos das neurociências - um Gurnemanz mais neuropsiquiátrico e
um Klingsor mais neurobiológico, e assim se consegue uma diferenciação de ambos
os mundos do original. As mulheres flor são os cadáveres que se elevam das
macas, vestidas como que com vestidos de renda, que despem, deixando
combinações de roupa interior da época. Kundry aparece vestida com traje
brilhante, cabelo longo e tiara com duas estruturas circulares parecendo a
Princesa Lea da Guerra das Estrelas. No palco está um cérebro branco grande com
a lança a trespaçá-lo. No final do acto, Parsifal remove a lança e parte,
Klingsor apoia Kundry e coloca-a no divã e observa em postura interpretativa de
clínico.
O
último acto passa-se novamente com enfermaria no fundo, gabinete do Gurnemanz.
Kundry regressa e deita-se em cama de hospital, no centro do palco. Parsifal surge
em armadura completa com a lança e escudo. De resto tudo similar ao clássico -
lava pés, enxuga com cabelos da Kundry, baptismo pelo Gurnemanz (sempre de
bata). A cena final do Amfortas também muito clássica com o caixão do Titurel
mas os doentes e médicos (supostamente os cavaleiros), aparecem com armaduras
incompletas ou chapéus de cavaleiros da idade média e outros com asas
associadas nos capacetes. No final é Kundry que destapa o Graal e a tal cúpula desce sobre o cérebro branco
gigante que está no palco desde o início do acto.
No
fundo, acho que o encenador transforma o Parsifal numa viagem de constituição
da personalidade e da mente. Parsifal é o puro tolo, no fundo é uma mente não
educada ou controlada, equivalente à ideia de Id freudiana. Por isso ele mata o
cisne, move-o as suas pulsões mas não mede nem conhece a relevância dos seus
actos. Amfortas deixou-se também cair às pulsões do Id ao se envolver
sexualmente com Kundry e a ferida que tem é na cabeça, regiões temporais, e que
são as marcas da lança, lança essa que é do graal e que corresponderá ao Ego e
Superego freudianos. A culpa e memória dos actos atormentam-no (dai a ferida
temporal - local de gestão da memória). Percebo a razão pela qual o Parsifal
vem de armadura numa encenação em que nada terá a ver com tempo cronológico da
mesma - a armadura procura simbolizar um Parsifal que no início é só Id (só tem
armadura de tronco) mas que após ter visto Amfortas e compreendido o seu
sofrimento através do beijo de Kundry, conseguiu formar a sua própria
personalidade (ensinamento e dominação do
Id
através do exemplo, no fundo aquilo que se vai fazendo aos bebés com o
"não" e que funciona como controlador e orientador na formação da
personalidade) e toda a armadura é o efeito do ego e superego no seu
controlo do Id. Tudo se enquadra bem apesar de poder parecer ridículo e levar a
comentários como os das pessoas ao meu lado. É uma metáfora que se enquadra bem
e que permite que alguns aspectos clássicos da ópera possam mesmo assim estar
presentes.
Durante
a ópera fui tentando compreender isto tudo e tentar ver mais além mas senti que
precisava de revisitar as minhas aulas de psiquiatria e tentar compreender mais
sobre Freud. Talvez o camo_opera seja a pessoa ideal para a ver e nos ajudar a
assimilar a sua mensagem. É uma encenação para se ver várias vezes como a do
Guth até se chegar completamente a todos ou quase todos os pormenores como eu
senti em Madrid no ano passado, depois de já ter visto a encenação 4 vezes
antes...
Em relação à interpretação da
encenação acho que pode por que a encenação é sobre a formação da
personalidade, com as pulsões do Id freudiano personificados na sucumbência
sexual de Amfortas a Kundry e na morte do cisne por Parsifal. O Graal no fundo
é a consciência das normas civilizacionais, o papel do ego e superego no
controlo dessas pulsões e que são incutidas em cada um de nós pela educação dos
pais e pares. Será por isso que Parsifal, iluminado pelo graal, ao ver o
sofrimento de Amfortas resultante de imposição do Id ao ego e superego, acaba
por passar de puro tolo (regido pelo Id, sem regras) a iluminado, controlado
civilizacionalmente por valores simbolizados do ego e superego freudianos. Por
isso ele pode aparecer de armadura no 3o acto sem chocar a encenação e sendo
fiel à ideia original da ópera. A armadura aqui é simbólica e reflete esse ego
e superego con a lança incluida (a lança é parte do graal/ego/superego). No seu
percurso até voltar ao Hospital precisa de os ter para sobreviver às
adversidades psicológicas do caminho que é a própria vida mas ali no Hospital
não precisa (e pode retira-los como acontece) porque é ali no hospital
psiquiátrico que a consciência é trabalhada pelo melhor e onde tudo é feito no
sentido de abrir a mente às pulsões para as trabalhar e integrar de forma
aceite em comunidade. Por isso é que o Amfortas está nesse Hospital. A ferida
não sara porque só pode sarar com o exemplo de alguém, com a educação por
alguém (como os pais aos filhos no crescimento e modulação da personalidade) e,
mais uma vez, com o simbolismo do toque da mente (Amfortas tem a ferida no
crânio) pela lança que é o Ego/Superego. Penso que existirá também uma ideia
paralela de emancipação das mulheres na encenação. No início do século as
mulheres seriam ainda vistas como pouco importantes na sociedade, simbolo do
pecado original - bicho sexual (como Kundry sempre foi apresentada na ópera) e
nesta encenação, a Kundry não morre no final e sai por uma porta que diz por
cima Die Zeit, depois de ser ela a destapar a cúpula do graal - sai pela porta
do tempo, um tempo futuro onde a mulher já não é esse símbolo biblico de
pecado, e também ela tem esse ego e superego controlando essas pulsões do Id,
igual ao homem, e por isso também ela pode fazer tudo o que o homem faz na
sociedade.
Do ponto de vista musical
achei de nível elevadíssimo. A Orquestra mas esteve bem, embora ache que Bychkov fez mais magia sonora com a
orquestra do Teatro Real do que a de Viena - algumas entradas dos metais
ligeiramente menos sincronizadas e por vezes uma dinâmica mais apressada.
Em
relação às vozes: estiveram todos a um nível estrelar mas, quem mais se
destacou foi, sem dúvida, o Rene Pape.
Esteve simplesmente genial e de tudo o que já o ouvi fazer em Wagner acho que
foi do mais perfeito que se pode esperar. O Gerald Finley é um Amfortas excelente mas o seu primeiro monólogo
podia ter sido ainda mais expressivo - muita expressão física mas a vocal tem
de ir mais além; este monólogo, na minha opinião, é das passagens mais difíceis
de Wagner porque o cantor tem de sair do registo de canto e misturá-lo com
discurso quase falado para conseguir ter o efeito sofredor tocante que pede;
estou sempre à procura de alguém que o faça como eu gosto mas ainda não foi
desta; o último monólogo é mais ou linear e aí esteve excelente; o Klingsor
muito bom; Titurel cavernoso mas com excelente dicção; e agora a dupla Kundry -
Parsifal :) Este 2o acto foi o mais cativante que eu alguma vez ouvi! O Ventris fez tudo como deve ser, a
entoação, os gestos, a expressividade no desprezo ao beijo de Kundry, sentiu-se
verdadeiramente a transição de um Parsifal tolo para um iluminado e isso
consegue-se com aquela expressividade que eu falava no Amfortas; as coisas só
são credíveis se se sair ligeiramente do registo de canto e colocar habilmente
nele o registo de discurso; por isso é que eu dou para trás no Vogt e até mesmo
no Kaufmann naquele Metlive...
a Kundry da Stemme é muito boa,
principalmente para quem hoje cantou a sua 2a récita no papel; só achei uma
coisa que acho que ela não faz como Isolda ou Brunnhilde e que é, antes de cada
agudo da Kundry, faz uma pequena pausa de tipo fracção de segundo como que a
preparar a colocação do agudo, o que interrompe a linha melódica e fica feio.
É assim o Parsifal :)
PARSIFAL, Wien Staatsoper, April / April 2017
This new Parsifal of Vienna surpasses in large scale the
previous staging. And it is a staging that has to be digested well because if
we do not fit it properly in the time and the idea of the director, we run
the risk of not understanding it and easily fall into the head shakes in
disapproving tone like the people who were seating next to me. I stayed in that
cabin-like place on the stage and it's awesome! We have the orchestra in front
of us but the acoustics are excellent, even without that feeling of hearing the
sound of only one ear or only half of the instruments are strong and the rest
far away. I leaned against the pillar and half a side saw the whole stage. It
is almost equivalent to the Stalls circle of the Royal Opera House and a more
economic alternative but not less rewarding.
The opera takes place at the beginning of the 19th century
in a Psychiatric Hospital (Wagner Spital appears written on top of the back
wall of tall windows in shades of pastel green). Gurnemanz is a Psychiatrist,
has a cabinet to the left of the stage, with tall bookcases with books, brains
and a desk, all in the style of the time; At the beginning there are several
patients in stretcher and the opening begins with Gurnemanz to put to play an
old record player. There are some similarities here to the staging of Guth ...
Amfortas has wounds in both temporal regions. Kundry appears with a half-tied
waistcoat, bringing the classic balm and after her intervention she is placed on
a caged hospital bed. Gurnemanz's narration is made for the sick and, as it
happens several times throughout the opera, when there is narration of
something that goes out a little to the staging, a wall of cloth descends, with
impression of the windows of the hospital, where are projected type images in
illuminated and with text to similar to letter font of old books written by
hand by monks. Parsifal appears in trunk armor, the swan is a swan. The Grail
is a metallic dome-like structure that descends from the ceiling, also having a
similar one in small format and that is brought to the center of the stage,
covering a brain that lights up in the celebration by Amfortas; Those who watch
are the sick and men dressed in dresses of the time (they will perhaps be other
doctors or hospital employees) besides Gurnemanz and Parsifal. Before Vom bade
... Kundry's cage bed is delivered to Klingsor (dressed in suit, another doctor
of the day) who takes her off the stage.
The 2nd act begins with Klingsor and helpers on a corpse in
litter as if in neurobiology experience, giving electric charge with battery to
the operated skull. This corpse will turn out to be that of the Mother of
Parsifal (Kundry in the duet with Parsifal speaks of his Mother, tells him that
she died of sorrow, and at that time uncovers the corpse and Parsifal watches).
The bottom is the same as the psychiatric hospital and body beds are laid out,
with bare feet in sight and with white sheets on top. This first corpse does
not react to the experience and comes the next that, when uncovered, reveals
Kundry. This wakes up with the electric current and continues the classic scene
but in a cabinet similar to that of Gurnemanz, on the other side of the stage,
where there is also a gramophone, but we have a psychiatric couch instead of a
desk. I think deep down are different aspects of the neurosciences - a more
neuropsychiatric Gurnemanz and a more neurobiological Klingsor, and thus a
differentiation of both worlds of the original is obtained. The flower women
are the corpses that rise from the stretchers, dressed as if in lace dresses,
which undress, leaving combinations of underwear of the time. Kundry appears
dressed in bright costume, long hair and a tiara with two circular structures
resembling Princess Leia of Star Wars. On the stage is a big white brain with
the spear to trespass it. At the end of the act, Parsifal removes the lance and
parts, Klingsor supports Kundry and places her on the couch and observes her as
a clinician.
The last act has again the infirmary in the background,
Gurnemanz's office. Kundry returns and lies in a hospital bed in the center of
the stage. Parsifal comes in full armor with the spear and shield. Besides
everything similar to the classic - washes feet, wipes with hair from Kundry,
baptism by Gurnemanz (always in suit). The final scene of Amfortas is also very
classic with Titurel's coffin but the sick and medical (supposedly the knights)
appear with incomplete armor or hats of middle-aged knights and others with
associated wings on helmets. In the end it is Kundry who uncovers the Grail and
such a dome descends on the giant white brain that has been on stage since the
beginning of the act.
After all, I think the director makes Parsifal´s a journey
of constitution of personality and mind. Parsifal is the pure fool, is an
uneducated or controlled mind, equivalent to the idea of Freudian Id. So he
kills the swan, moves his drives but does not measure or know the relevance of
his actions. Amfortas also let himself fall to the drives of the Id when engaging
sexually with Kundry, and the wound he has is in the head, temporal regions,
which are the marks of the spear, and which correspond to the Freudian Ego and
Superego. The guilt and memory of the acts torment him (hence the temporal
wound - place of memory management). I realize the reason why Parsifal comes in
armor in a staging in which nothing has to do with chronological time - the
armor seeks to symbolize a Parsifal that at first is only Id (only has trunk
armor) but after having seen Amfortas and understanding his suffering through
Kundry's kiss, he was able to form his own personality (teaching and domination
of the Id go through the example, in the background what is done to babies with
the "no" and that functions as controller and guiding in the formation
of the personality) and the whole armature is the effect of the ego and
superego in its control of the Id. Fits well even though it may seem ridiculous
and lead to comments like those of people by my side. It is a metaphor that
fits well and that allows some classic aspects of opera to still be present.
During the opera I tried to understand all this and try to
see further, but felt that I needed to revisit my psychiatry classes and try to
understand more about Freud. Maybe camo_opera is the ideal person to interpret
this staging and help us assimilate the message. It is a staging to see several
times like Guth's until it reaches completely or almost every detail as I felt
in Madrid last year, after already having seen the staging 4 times before ...
Concerning the interpretation of the staging I think it may
be because the staging is about the formation of the personality, with the
drives of the Freudian Id personified in the sexual approach of Amfortas to
Kundry and in the death of the swan by Parsifal. The Grail in the background is
the awareness of civilizational norms, the role of the ego and superego in the
control of these drives and which are instilled in each of us by the education
of parents and peers. This is why Parsifal, enlightened by the grail, seeing
the suffering of Amfortas resulting from the imposition of the Id to the ego
and superego, ends up going from pure fool (ruled by the Id, without rules) to
enlightened, civilizationally controlled by symbolized values of the ego And
super-ego. So he can appear in armor in the 3rd act without hatching the
staging and being faithful to the original idea of the opera. The armor here
is symbolic and reflects that ego and superego with the spear included (the
spear is part of the grail / ego / superego). On his way back to Hospital he
needs to have them to survive the psychological adversities of the path that is
life itself, but there he does not need to (and can take them away) because it
is there in the psychiatric hospital that the conscience is worked by the better
and where everything is done in order to open the mind to the drives to work
them and to integrate in an accepted way in community. That's why Amfortas is
at this hospital. The wound will not heal because it can only heal by someone's
example, by education by someone (such as parents to children in the growth and
modulation of personality) and, again, by the symbolism of the touch of the
mind (Amfortas has the wound in the skull) by the spear that is the Ego /
Superego. I think there will also be a parallel idea of the emancipation of
women in staging. At the beginning of the century women would still be seen as
unimportant in society, a symbol of original sin - sexual beast (as Kundry was
always introduced in the opera) and in this staging, Kundry does not die at the
end and goes out through a door that says over Die Zeit, after being uncovering
the dome of the grail - goes out the door of time, a future time where the
woman is no longer this biblical symbol of sin, and also she has that ego and
superego controlling these drives of Id, equal to man, and therefore also she
can do everything that man does in society.
From a musical point of view I found it to be extremely
high. The Orchestra has done well, though it seems Bychkov has done more sound magic with the Teatro Real of Madrid
orchestra than Vienna - some metal inputs slightly less synchronized and
sometimes more rushed.
Regarding the voices: they were all at a star level, but the
one who stood out most was, without a doubt, Rene Pape. He was simply brilliant and from everything I've heard
him do in Wagner I think it was the most perfect thing to look forward to. Gerald Finley is an excellent Amfortas
but his first monologue could have been even more expressive - a lot of physical
expression but the vocal has to go further; This monologue, in my opinion, is of
Wagner's most difficult passages because the singer has to leave the singing
register and mix it with almost spoken speech to achieve the touching suffering
effect he asks; I'm always looking for someone to do it as I like it, but it
has not been this way; The last monologue is more linear and there he was
excellent; Klingsor was very good; A cavernous Titurel but with excellent
diction; And now the pair Kundry - Parsifal :) This 2nd act was the most
captivating I've ever heard! Ventris
did everything as it should be, the intonation, the gestures, the
expressiveness in the contempt for Kundry's kiss, it was truly felt the
transition from a foolish Parsifal to an enlightened one, and this is achieved
with that expressiveness I spoke about Amfortas; Things are only credible if
one leaves the singinig register slightly and cleverly places the speech
register on it; That's why I criticize Vogt and even Kaufmann in that Metlive
... Kundry of Stemme is very good,
especially taking into consideration that today she sang her second Kundry; I
only find one thing that I think she does not do as Isolda or Brunnhilde and
that is, before each top note of Kundry, she makes a small fraction of second
type pause like that to prepare the placement of the top note, which interrupts
the melodic line and gets ugly.
This is Parsifal :)