Cantada em
inglês, assisti à opera de R. Wagner
Tristão e Isolda na English National
Opera.
A encenação de Daniel Kramer é estranha e confusa,
apesar de alguns cenários vistosos de Anish
Kapoor. No primeiro acto o palco está dividido por 3 painéis verticais
formando uma pirâmide, apesar de a acção quase não se passar na zona central. No
final aparecem os membros do coro que parecem figuras de um filme de ficção
científica.
No segundo o palco
está preenchido por uma caverna rochosa, onde decorre o dueto de amor, embora
os protagonistas estejam quase sempre afastados um do outro. Aqui o efeito
cénico é bom, mas continua a nada reflectir a acção da ópera. No final, Tristão
e Isolda aparecem presos a camas de hospital e os membros do coro vestidos como
se estivessem equipados para uma intervenção cirúrgica.
No terceiro acto
o palco está vazio e tem apenas um buraco a meio. O sangue do Tristão escorre
abundantemente e é este o efeito, desinteressante, que domina todo o acto.
O vestuário de Christina Cunningham é horrível e
ridículo. O Kurwenal e a Bargäne parecem comediantes (ou travestis). O Tristão
é vestido no primeiro acto como um samurai e a Isolda como uma dama antiga. Nos
dois actos seguintes aparecem mais “normais”. Enfim, um disparate total.
A direcção
musical foi excelente e esteve a cargo do maestro Edward Gradner. Optou por um tempo lento e sonoridade marcada e a
orquestra esteve ao mais alto nível.
Stuart Skelton foi óptimo no desempenho do Tristão. Tem uma voz
de tenor heróico muito bonita e cantou o papel de forma autoritária e emotiva,
mantendo a qualidade vocal em toda a récita.
A Isolda do
soprano Heidi Melton foi outra
grande intérprete. Começou muito bem, teve alguma tendência para a estridência
no registo mais agudo, mas foi sempre audível sobre a orquestra. No 3º acto o liebestod não teve a emoção que se
espera.
Matthew Rose foi um rei Marke muito bom, de voz segura, sempre
bem colocada e de assinalável beleza tímbrica. Pena a figura ridícula em que o
colocaram e como o vestiram.
Também excelente
esteve a mezzo Karen Cargill que fez
uma Brangäne bem audível, emotiva e com boa presença cénica. Também ela foi
ridicularizada no vestuário.
O Kurwenal de Craig Colclough cantou em grande
estilo, com voz bem timbrada, sempre afinada e sobre a orquestra. Em palco,
outro dos ridicularizados pela encenação.
Um excelente espectáculo
musical, apesar do vestuário ridículo e da encenação que em nada traduziu o sentido
da ópera.
****
TRISTAN AND
ISOLDE, English National Opera, June 2016
Sung in
English, I attended R. Wagner´s Tristan and Isolde at the English National Opera.
The staging
of Daniel Kramer is strange and
confusing, although some visually nice scenery of Anish Kapoor. In the first act the stage is divided by 3 vertical
panels forming a pyramid, although the action hardly moves in the central zone.
At the end the choir members appear dressed like figures of a fiction movie.
In the
second act the stage is a big rocky cave, where the love duet takes part,
though the protagonists are often far apart. Here the scenic effect is good,
but still not reflecting the opera action. In the end of this act, Tristan and
Isolde appear stuck in hospital beds and choir members dressed as if they were
equipped for surgery.
In the
third act the stage is empty and has only a hole in the middle. Tristan’s blood
flows abundantly and this is the dull effect that dominates the entire act.
Christina Cunningham’s clothing is horrible and ridiculous.
Kurvenal and Bargäne seem comedians (or transvestites). Tristan is dressed in
the first act as a samurai and Isolde as an old lady. In the following two acts
they appear more "normal" but, overall it is a total nonsense.
The musical
direction was excellent and was in charge of conductor Edward Gradner. He opted for a slow time and marked sound, and the
orchestra playied at the highest level.
Stuart Skelton was great as Tristan. He has a very good
heroic tenor voice and sang the role with authoritative and emotional
expression, keeping the vocal quality throughout the performance.
Isolde was soprano
Heidi Melton, another great
performer. She started at the highest level, had a tendency to shrillness in
the high register, but she was good, always audible over the orchestra. In the
3rd act the Liebestod had not the
excitement one expects.
Matthew Rose was a very good King Marke, strong voice,
always well tuned and with beauty timbre. It was a pity the ridiculous figure that
he was put and how he was dressed.
Also
excellent was mezzo Karen Cargill
who sang a very audible Brangäne, emotional and with good stage presence. She
too was ridiculed in the way she was dressed.
Craig Colclough sang Kurvenal in style, with a nicely audible
voice, always in tune and over the orchestra. On stage, another mocked by the staging.
An
excellent musical performance, despite the ridiculous clothing and staging that
in no way reflecteded the contents of opera.
****
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