segunda-feira, 11 de julho de 2016

TRISTAN AND ISOLDE, English National Opera, Junho /June 2016


 (review in English below)

Cantada em inglês, assisti à opera de R. Wagner Tristão e Isolda na English National Opera.

A encenação de Daniel Kramer é estranha e confusa, apesar de alguns cenários vistosos de Anish Kapoor. No primeiro acto o palco está dividido por 3 painéis verticais formando uma pirâmide, apesar de a acção quase não se passar na zona central. No final aparecem os membros do coro que parecem figuras de um filme de ficção científica.
No segundo o palco está preenchido por uma caverna rochosa, onde decorre o dueto de amor, embora os protagonistas estejam quase sempre afastados um do outro. Aqui o efeito cénico é bom, mas continua a nada reflectir a acção da ópera. No final, Tristão e Isolda aparecem presos a camas de hospital e os membros do coro vestidos como se estivessem equipados para uma intervenção cirúrgica.
No terceiro acto o palco está vazio e tem apenas um buraco a meio. O sangue do Tristão escorre abundantemente e é este o efeito, desinteressante, que domina todo o acto.
O vestuário de Christina Cunningham é horrível e ridículo. O Kurwenal e a Bargäne parecem comediantes (ou travestis). O Tristão é vestido no primeiro acto como um samurai e a Isolda como uma dama antiga. Nos dois actos seguintes aparecem mais “normais”. Enfim, um disparate total.


A direcção musical foi excelente e esteve a cargo do maestro Edward Gradner. Optou por um tempo lento e sonoridade marcada e a orquestra esteve ao mais alto nível.

Stuart Skelton foi óptimo no desempenho do Tristão. Tem uma voz de tenor heróico muito bonita e cantou o papel de forma autoritária e emotiva, mantendo a qualidade vocal em toda a récita.


A Isolda do soprano Heidi Melton foi outra grande intérprete. Começou muito bem, teve alguma tendência para a estridência no registo mais agudo, mas foi sempre audível sobre a orquestra. No 3º acto o liebestod não teve a emoção que se espera.


Matthew Rose foi um rei Marke muito bom, de voz segura, sempre bem colocada e de assinalável beleza tímbrica. Pena a figura ridícula em que o colocaram e como o vestiram.

Também excelente esteve a mezzo Karen Cargill que fez uma Brangäne bem audível, emotiva e com boa presença cénica. Também ela foi ridicularizada no vestuário.


O Kurwenal de Craig Colclough cantou em grande estilo, com voz bem timbrada, sempre afinada e sobre a orquestra. Em palco, outro dos ridicularizados pela encenação.


Um excelente espectáculo musical, apesar do vestuário ridículo e da encenação que em nada traduziu o sentido da ópera.





****


TRISTAN AND ISOLDE, English National Opera, June 2016

Sung in English, I attended R. Wagner´s Tristan and Isolde at the English National Opera.

The staging of Daniel Kramer is strange and confusing, although some visually nice scenery of Anish Kapoor. In the first act the stage is divided by 3 vertical panels forming a pyramid, although the action hardly moves in the central zone. At the end the choir members appear dressed like figures of a fiction movie.
In the second act the stage is a big rocky cave, where the love duet takes part, though the protagonists are often far apart. Here the scenic effect is good, but still not reflecting the opera action. In the end of this act, Tristan and Isolde appear stuck in hospital beds and choir members dressed as if they were equipped for surgery.
In the third act the stage is empty and has only a hole in the middle. Tristan’s blood flows abundantly and this is the dull effect that dominates the entire act.
Christina Cunningham’s clothing is horrible and ridiculous. Kurvenal and Bargäne seem comedians (or transvestites). Tristan is dressed in the first act as a samurai and Isolde as an old lady. In the following two acts they appear more "normal" but, overall it is a total nonsense.

The musical direction was excellent and was in charge of conductor Edward Gradner. He opted for a slow time and marked sound, and the orchestra playied at the highest level.

Stuart Skelton was great as Tristan. He has a very good heroic tenor voice and sang the role with authoritative and emotional expression, keeping the vocal quality throughout the performance.

Isolde was soprano Heidi Melton, another great performer. She started at the highest level, had a tendency to shrillness in the high register, but she was good, always audible over the orchestra. In the 3rd act the Liebestod had not the excitement one expects.

Matthew Rose was a very good King Marke, strong voice, always well tuned and with beauty timbre. It was a pity the ridiculous figure that he was put and how he was dressed.

Also excellent was mezzo Karen Cargill who sang a very audible Brangäne, emotional and with good stage presence. She too was ridiculed in the way she was dressed.

Craig Colclough sang Kurvenal in style, with a nicely audible voice, always in tune and over the orchestra. On stage, another mocked by the staging.

An excellent musical performance, despite the ridiculous clothing and staging that in no way reflecteded the contents of opera.


****

Sem comentários:

Enviar um comentário