domingo, 27 de dezembro de 2015

LUCIA DI LAMMERMOOR, Liceu, Barcelona, Dezembro 2015 /December 2015


(review in English below) 

Assisti à opera Lucia di Lammermoor de G. Donizetti no Liceu de Barcelona. Aqui comentei a récita com o elenco principal. Deixo agora umas notas sobre a récita com o elenco alternativo (“secundário”).

Um apontamento relevante que não referi no texto anterior. Pela primeira vez, no Liceu, onde já assisti a vários espectáculos, o programa disponibilizado para todos é apenas em catalão. Possivelmente um reflexo da situação política local, mas não deixa de ser assinalável, sendo o castelhano a língua oficial de Espanha.

Recordo que achei a encenação do italiano Damiano Michieletto pobre e desinteressante. Há uma grande estrutura de metal e vidros, com 4 níveis, à esquerda do palco, que é usada pelos cantores que a sobem e descem várias vezes e cantam dos seus vários patamares, mas sem grande efeito. O resto do palco está quase sempre vazio.



A direcção musical foi de Marco Armiliato que cumpriu sem encantar.




A Lucia foi interpretada pelo soprano Maria José Moreno. A cantor tem uma boa figura, bem adaptada ao papel, que interpretou com grande qualidade. A voz é bonita, afinada e audível sempre sobre a orquestra. Cumpriu a cena da loucura com muita dignidade, mas foi inferior à interpretação vocal de Elena Mosuc que cantou no outro elenco.



Edgardo foi interpretado pelo tenor Ismael Jordi. Foi óptimo, o melhor da noite. A voz é bem audível, tem um timbre agradável e manteve a qualidade elevada ao longo de toda a récita. O cantor tem também uma boa figura, que dá credibilidade à personagem. A beleza de timbre não iguala a do Florez (do elenco alternativo) mas foi mais consistente na emissão ao longo de toda a récita.



O barítono italiano Giorgio Caudoro foi um Enrico fraco. A voz é excessivamente nasalada e foi pouco consistente ao longo da récita. Comparado com Marco Caria, do elenco alternative, foi muito inferior.



Também excelente foi o baixo croata Marko Mimica como Raimondo. Tem uma voz de grande beleza tímbrica, potente e sempre afinada. O cantor é jovem e teve uma presença cénica irrepreensível.



Os restantes cantores foram os mesmos do outro elenco e foram fracos. Albert Casals como Arturo, Sandra Ferrández como Alisa e Jorge Rodríguez-Norton como Normanno.






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Lucia di Lammermoor, Liceu, Barcelona, ​​December 2015

I saw the opera Lucia di Lammermoor by G. Donizetti at the Liceu in Barcelona. Here I commented the performance with the main cast. Now I leave some notes on the performance with the "secondary" cast.

An important note that I have not mentioned in the previous text. For the first time at the Liceu, where I attended several performances, the available program was only in Catalan. Possibly a reflection of the local political situation, but it is nonetheless remarkable, being the Spanish the official language of Spain.

As I mentioned before, I considered the staging by Damiano Michieletto poor and uninteresting. There is a large metal and glass structure with 4 levels, to the left of the stage, which is used by the singers that go up and down several times and sing on its various heights, but without much effect. The rest of the stage is almost always empty.

The musical direction was by Marco Armiliato.

Lucia was interpreted by soprano Maria José Moreno. The singer has a good figure, well suited to the role, played with great quality. The voice is beautiful, refined and always audible over the orchestra. She performed the scene of madness with great dignity, but was below the vocal interpretation of Elena Mosuc who sang on the other cast.

Edgardo was interpreted by tenor Ismael Jordi. He was great, the best singer of the night. The voice is well audible and has a pleasant tone and high quality maintained throughout the performance. The singer also has a good figure, which gives credibility to the character. The beauty of the tone does not equal Florez (alternative casting) but he was more consistent in the emission along the entire performance.

Italian baritone Giorgio Caudoro was a weak Enrico. The voice is too nasal and shows inconsistencies along the performance. Compared with Marco Caria (alternative cast) he was much inferior.

Also excellent was Croat bass Marko Mimica as Raimondo. He has a very beautiful timbre, the voice is powerful and always in tune. The singer is young and had an impeccable stage presence.

The remaining singers were the same of the other cast, and were weak. Albert Casals as Arturo, Sandra Ferrández as Alisa and Jorge Rodríguez-Norton as Normanno.


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domingo, 20 de dezembro de 2015

ROMEU E JULIETA / ROMEO AND JULIET, Royal Ballet, Londres, Novembro de 2015

 (in English below)

Não sendo o ballet o meu espectáculo preferido, assistir a bom clássico é uma experiência gratificante. Tive a oportunidade de ver o Romeu e Julieta com música de Sergey Prokofiev e coreografia de Kenneth MacMillan pelo Royal Ballet, na Royal Opera House de Londres. A orquestra foi dirigida pelo maestro Koen Kessels.



Foi um espectáculo muito agradável, com uma coreografia movimentada. Não sendo eu um conhecedor, achei que os bailarinos solistas estiveram muito bem, sobretudo Francesca Hayard que foi uma Julieta de uma leveza e graciosidade ímpares. 




Matthew Golding foi o Romeu, Marcelino Sambé Mercutio, Thomas Whitehead Tybald, Nicol Edmonds Benvolio e Johannes Stepanek Paris.




O Royal Ballet é uma das melhores companhias mundiais e o espectáculo a que assisti fez justiça à fama da companhia.



Romeo and Juliet, Royal Ballet, London, November 2015

Though ballet is not my favorite show, to watch classic is a rewarding experience. I had the opportunity to see Romeo and Juliet with music by Sergey Prokofiev and choreography by Kenneth MacMillan for the Royal Ballet at the Royal Opera House in London. The orchestra was conducted by Koen Kessels.

It was a classic and very nice performance with a lively choreography. Though I am not a connoisseur, I thought the soloists were very good, especially Francesca Hayard which was a Juliet with unmatched lightness and grace. Matthew Golding was Romeo, Marcelino Sambé Mercutio, Thomas Whitehead Tybald, Nicol Edmonds Benvolio and Johannes Stepanek Paris.


The Royal Ballet is one of the best companies worldwide and the performance I attended did justice to the company's reputation.

domingo, 13 de dezembro de 2015

LUCIA DI LAMMERMOOR, Liceu, Barcelona, Dezembro 2015 /December 2015


(review in English below)

Assisti à opera Lucia di Lammermoor de G. Donizetti no Liceu de Barcelona. Aqui deixo uma nota sobre um dos elencos (o principal).

Já várias vezes escrevi neste blogue sobre a obra de Donizetti, uma das que mais gosto. Nesta produção, a encenação do italiano Damiano Michieletto foi pobre e desinteressante. Há uma grande estrutura de metal e vidros, com 4 níveis, à esquerda do palco, que é usada pelos cantores que a sobem e descem várias vezes e cantam dos seus vários patamares, mas sem grande efeito. O resto do palco está quase sempre vazio, por vezes nele aparecem umas mesas ou umas cadeiras e pouco mais. A fonte é um balde metálico com água. O encenador optou pela presença quase contínua do fantasma, que só a Lucia vê. O ponto de maior impacto é a morte da Lucia, que se atira do patamar cimeiro da estrutura existente no palco. No final há dois homens a cavarem a sepultura e a ópera termina com o suicídio do Edgardo, com um punhal, que morre agarrado ao caixão da Lucia.



A direcção musical foi de Marco Armiliato que cumpriu sem encantar.



Os solistas tiveram interpretações de grande nível. A Lucia foi interpretada pelo soprano romeno Elena Mosuc. Cantou com enorme correcção, foi excelente no último acto, mas poderia ter sido um pouco mais emotiva. Vocalmente foi óptima, mas faltou-lhe aquele toque que torna a interpretação inesquecível.



O tenor Juan Diego Florez foi o Edgrado. Os leitores habituais deste bloque sabem a admiração que tenho por este cantor, sempre que o ouvi fiquei maravilhado. Pela primeira vez, acho que não esteve ao nível de excepção em que sempre o vi. A voz pareceu pequena para o papel e o maestro não ajudou. Contudo, Florez é um cantor muito inteligente e guardou-se para o último acto, onde esteve muito bem. O timbre vocal, esse é único e inigualável, mas confesso-me, pela primeira vez, desiludido com a sua actuação.



O barítono Marco Caria cumpriu com nível o papel do vilão Enrico, irmão da Lucia. Esteve bem vocalmente, voz grande e bem timbrada, embora tenha tido uma interpretação excessivamente estática, sempre mais preocupado com a voz do que com o desempenho cénico, o que não deixa de ser uma opção aceitável quando o intérprete não consegue dar a mesma qualidade a ambas.



Verdadeiramente sensacional e, para mim, o melhor intérprete da noite, foi o baixo barítono espanhol Simon Orfia no papel de Raimondo. A voz é belíssima, sempre bem colocada e de grande potencia e constante afinação. O cantor tem uma óptima figura e em cena foi excelente, só igualado neste aspecto pelo Florez. Bravo!



Os restantes cantores foram bastante fracos. O tenor Albert Casals foi um Arturo que não deixa saudades, a mezzo Sandra Ferrández fez uma Alisa apagada e Jorge Rodríguez-Norton também não convenceu como Normanno.








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Lucia di Lammermoor, Liceu, Barcelona, ​​December 2015

I watched the opera Lucia di Lammermoor by G. Donizetti at the Liceu, Barcelona. Here I leave a note on one of the cast considered the principal.

I have often written in this blog about this work of Donizetti, one of my favorite operas. In this production, the staging of Italian Damiano Michieletto was poor and uninteresting. There is a large metal and glass structure with 4 levels, to the left of the stage, which is used by the singers that walk up and down several times and sing on its various heights, but without much effect. The rest of the stage is almost always empty, sometimes with a few tables or chairs and little else. The fountain is a metal bucket with water. The director opted for the almost continuous presence of the ghost, which only Lucia sees. The point of greatest impact is the death of Lucia, who kills herself jumping from the top level of the existing structure on the stage. In the end two men dig the grave and the opera ends with the suicide of Edgardo, with a dagger, dying clinging to the coffin of Lucia.

The musical director was Marco Armiliato conducted well but without enthusiasm.
The soloists had great level of interpretations. Lucia was interpreted by the Romanian soprano Elena Mosuc. She sang with huge correction, was outstanding in the last act, but she could have been a little more emotional. Vocally she was great, but she lacked that touch that makes the interpretation unforgettable.

Tenor Juan Diego Florez was Edgrado. Regular readers of this bloque know the admiration I have for this singer, whenever I heard him he was always amazing. For the first time, I think he was not the top level of exception. The voice seemed small for the role and the conductor did not help. However, Florez is a very intelligent singer and kept the best for the last act, which was very good. The vocal timbre is of unique beauty, but I confess I was, for the first time, disappointed with his performance.

Baritone Marco Caria sang the villain's role, Enrico, Lucia's brother. He was well vocally, with a large, well-heard voice, although he had an overly static interpretation, always more concerned with the voice than with the scenic performance, which is an acceptable option when the interpreter can not give the same quality to both.

Truly amazing and, for me, the best performer of the night was the Spanish bass baritone Simon Orfia in the role of Raimondo. The voice is beautiful, always well heard, tuned, and with great power. The singer has an excellent figure and on stage was excellent, only matched in this respect by Florez. Bravo!

The other singers were quite weak. Tenor Albert Casals was Arturo, mezzo Sandra Ferrández was Alisa and Jorge Rodríguez-Norton was Normanno.


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