Rigoletto de Guiseppe Verdi é uma opera em três
actos com libreto de Francesco Maria Piave,
segundo Le roi s’amuse de Victor Hugo
Direcção
musical: José Ferreira Lobo
Encenação: Giulio
Ciabatti
Cenografia: Platon
Bardhi
Roupas: Carla
Soveral e Berta Cardoso
Luzes: Platon Bardhi
Coreografia: Cátia
Esteves
O Duque de
Mântua: Sang-Jun Lee
Rigoletto: Luís
Rodrigues
Gilda: Cristiana
Oliveira
Sparafucile: Rui
Silva
Maddalena: Cátia
Moreso
O Conde Monterone:
Pedro Telles
Marullo: Diogo
Oliveira
Borsa: Samuel Vieira
O Conde de Ceprano:
João Oliveira
A Condessa de
Ceprano: Sara Cruz
Giovanna: Leila
Moreso
Guarda: Tomé Santos
Pagem: Ana Isabel
Santos
Orquestra do Norte
Coro da Orquestra do
Norte
Produção: AACP
Uma oportunidade de ver
em papeis principais alguns dos cantores nacionais que em Lisboa surgem
frequentemente em papeis secundários, e julgar.
E ao mesmo tempo uma
oportunidade de ver como se concretiza hoje o esforço dos que, no Porto, têm
persistido teimosamente em manter viva a chama da ópera.
Quanto ao segundo ponto,
no conjunto o espectáculo ultrapassou aquilo que seria de esperar num teatro de
província sem tradição de apresentar ópera. Mas a ultrapassagem foi pela
tangente, e a diferença principal estará sobretudo na questão da tradição, que
embora seja reduzida no Porto, existe.
A minha escassíssima
experiência na Coruña mostra uma realidade infinitamente mais reconfortante, e
surpreendeu-me por isso ver que no público do Coliseu havia um notável número de galegos.
A encenação de Giulio Ciabatti teve duas
características principais. Em primeiro lugar trata-se de uma proposta de um
total convencionalismo, sem qualquer intuito de nos fazer minimamente entrar no
drama, para além da escolha da actualidade (?) como contexto cénico.
Mesmo assim alguns pormenores, como os jornais en inglês (News) manuseados
pelos elementos do coro nas cenas de corte, ou o chapéu tricórnio dourado
envergado por vezes pelo bobo parecem gratuitos ou no mínimo fora de contexto,
dada a opção realista escolhida. E depois, a completa ausência de um trabalho
dramatúrgico é óbvia. Os cantores, os figurantes, as bailarinas, todos
deambulam pelo vasto palco claramente seguindo as marcações atribuídas, e
visivelmente preocupados com isso… e nada mais.
O resultado é um
espectáculo de grande monotonia dramática. Os personagens são claras ficções
teatrais, plácidas mesmo quando, como por vezes acontece com a Gilda de
Cristiana Oliveira, ultrapassam a fase de figuras inertes cantando. Cenografia
e luzes acompanham na indigência a encenação.
Quanto aos cantores, a
melhor prestação coube a Pedro Telles
(Monterone), que aparentemente poderia com vantagem ter sido o Rigoletto da
noite.
Luís Rodrigues,
talvez por excesso de nervosismo, mostrou muita dificuldade na respiração e
cantou quase sempre em esforço, com terríveis consequências ao nível da
extensão, dimensão (muitas vezes inaudível), fraseado, e mesmo por vezes timbre
vocal.
Cristiana Oliveira
fez uma Gilda quase perfeita, sendo deste vez evidente a melhoria no registo
agudo, em que raramente foi estridente.
O Duque (Sang-Jun Lee) foi como um toro de
madeira a cantar, apesar do timbre bonito. Raramente assisti a uma La
donna e mobile sem palmas, e aqui isso aconteceu.
Nos restantes papéis
apreciei o desempenho vocal de Cátia
Moreso.
A direcção de José Ferreira Lobo foi muito
deficiente, com frequentes desacertos com os cantores, completa inoperância com
o coro, e grande dificuldade em controlar o entusiasmo da orquestra.
Esta orquestra,
aparentemente sem treino de ópera, parece muito incipiente enquanto formação de
conjunto. O mesmo problema afecta aparentemente o coro. Gostaria de os ver
noutro contexto para poder julgar melhor.
José António Miranda
É muito triste, já nem lá vou, o provincianismo, amadorismo e mau gosto reinam e a sala do Coliseu é péssima de acústica.
ResponderEliminarHá muitos anos fui ao Teatro Principal de Ourense assistir a um Dido e Eneias. É uma cidadae pequena mas... que diferença ! A orquestra era reduzida ao mínimo, uma orquestra de câmara, fácil de manter afinada e a bom ritmo. Tocava a um canto do palco, junto ao cenário ! A encenação também era mínima, recorria a luzes e sombras e panejamentos caídos ou a esvoaçar. Lindo ! e sobretudo digno. E ninguém cantava verdadeiramente mal.
No Coliseu, é sempre a mania das grandezas, para redundar em total miséria.
"Mania das grandezas, para redundar em total miséria" tantas vezes...
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