CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE DO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
O Quarto Festival de Ópera de Brasília homenageou os 150
anos de nascimento do compositor Richard
Strauss. Devido à reforma do Teatro Nacional o concerto ocorreu no Teatro Pedro Calmon nos dias 18 e 19 de
Julho. Teatro administrado pelo exército brasileiro e com grande capacidade de
público, de bela arquitetura e com acústica que favorece o canto e a música.
Esteve com metade de suas cadeiras ocupadas pelos brasilienses que se
deleitaram com solistas de alto nível e orquestra de qualidade.
A Orquestra Sinfônica
do Teatro Nacional Claudio Santoro regida por Cláudio Cohen mostrou musicalidade robusta, com naipes equilibrados
e sonoridade que respeita a voz dos solistas. Cláudio Cohen extraiu da
orquestra música com volume e andamentos que respeitam a linha vocal. As
interessantes explicações do maestro sobre o programa a ser apresentado trazem
elucidações ao público leigo.
Cláudio
Cohen, foto Internet
A primeira solista a
se apresentar foi Tati Helene, a
soprano cantou As Quatro Últimas Canções de Strauss. Apresentou uma linha vocal
afinada e melódica com um timbre que exala uma voz cristalina e sedutora.
Domina com maestria a técnica vocal e consegue ser expressiva nas partes densas
e lírica e suave nas partes poéticas. Mostrou segurança em um repertório que
faz tremer muito soprano, fez parecer fácil cantar As Quatro Últimas Canções.
Quem tem um dom é assim, faz coisas difíceis parecerem fáceis. Tati Helene tem
o dom do canto e interpreta os sentimentos que a música expressa.
Tati Helene, foto Internet
Verdana Simic
encarou um repertório pra lá de complicado, natural da Bósnia Herzegovina fez a
cena final da ópera Salomé, Ah du woltest
mich nicht deinen Mund kussen lassen e da ópera de Richard Wagner, Tristão e
Isolda o Liebstod. Most. Mostrou
um timbre denso que diversas vezes tendia ao agressivo para vencer a
orquestração de Strauss e Wagner. Voz grande, cheia e com emissão que enche a
sala. Cotada para cantar a ópera Salomé inteira estranhamente usa partitura, a
virada da página quebra qualquer iniciativa cênica e torna tudo artificial.
Jean Nardoto
cantou a ária In Fernem Land da ópera
Lohengrin e a famosa ária La Donna é mobile de Verdi. Apresentou uma voz com timbre
melodioso e sólido, exibiu técnica segura e emocionou nas suas duas
intervenções. Marcelo Ferreira é um
dos raros barítonos dramáticos da cena nacional, sua voz tem graves fartos.
Cantou árias de peso: O du, mein holder
abendstein de Tannhäuser de
Wagner e Nemico della patria da ópera
Andrea Chenier de Giordano. Em ambas mostrou técnica segura
em uma voz potente e bem projetada.
A ária Cruda Sorte!
Amor Tiranno da ópera L'Italiana in
Algeri interpretada pelo mezzo-soprano Angela
Diel mostrou o lado humorístico do compositor. Angela Diel imprimiu
agilidade e voz com bons graves em um belo timbre. Não conseguiu a mesma
expressividade, a mesma pegada na ária Mon
coeur souvre a ta voix da ópera Sansão
e Dalila de Saint Saens. Janette Dornellas começou fria em Um bel di vedremo, pecou na respiração e
não se entendeu muito bem com Puccini.
O soprano teve melhores momentos nas árias verdianas Tacea la note placida e Pace,
pace mio dio. Sua voz saiu expressiva com bons agudos em um fraseado
correto.
A capital federal também é cultura. O Festival de Ópera de
Brasília já esta na sua quarta versão e está se arraigando na vida dos
brasilienses transmitindo cultura para toda a população. Além do festival a
Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro faz apresentações
regulares na cidade. A resposta é a presença do público que vai se acostumando
a frequentar teatro de ópera e concertos. Que a Orquestra e o Festival durem
muitos anos.
Ali Hassan Ayache viajou a Brasília a convite da Opera
Atelier Artists e do IV Festival de Ópera de Brasília.
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