(Review in English below)
Uma vez mais, a Gustav Mahler Jugendorchester (GMJO)
marcou presença na temporada da FCG.
Apresentou-se em dois dias consecutivos com
um interessante programa que incluiu Berg,
Bruckner, Mahler e Wagner.
Tudo começou com o Prelúdio do terceiro acto da ópera mística de Richard Wagner — Parsifal.
Depois de uma interpretação de qualidade, sem que todavia tenha sido
sobressaliente, a Orquestra homenageou o seu fundador — o maestro italiano Claudio Abbado — com um sentido momento
de silêncio. Um aplauso surdo e de pé para um dos grandes mestres da música do
século XX/XXI.
(fotos da internet/site da Gulbenkian)
Depois, o soprano alemão Christiane Karg tomou a seu cargo o interessante conjunto de Sete Canções de Juventude de Alban Berg. A obra é de difícil
interpretação, mas Karg esteve em elevado nível, revelando uma potência vocal
que sobressaiu sobre a orquestra, aliada a um lirismo envolvente, um timbre
bonito e uma boa capacidade interpretativa. Mereceu um forte aplauso.
Seguiu-se a Sinfonia n.º 4 de Gustav
Mahler. Esta obra composta em 1900 constituiu o prato forte da primeira
noite de concertos e, uma vez mais, a GMJO não desiludiu neste registo que é o
seu ponto forte. Interpretação de nível superior! E de que maneira se nota o
entusiasmo destes jovens músicos. A orquestra soou como um todo e houve um
excelente desempenho dos sopros, tal como é pedido. E mais uma vez Karg esteve
em evidência: excelente voz.
O dia seguinte começou com Três peças para orquestra, op. 6 de Alban Berg. É uma obra muito
interessante e com forte impacto, uma vez que tem uma instrumentação muito
rica. Óptima interpretação.
Em seguida, ouviram-se as Quatro Últimas Canções de Richard Strauss. Compostas em 1948, um
ano antes da morte do compositor, estas quatro canções com poemas de Hermann Hesse e Josef von Eichendorff são belíssimas, quer musicalmente, quer do
ponto de vista literário. E a música — tão straussiana — acompanha com um
lirismo incrível estes poemas. A interpretação do soprano americano Emily Magee foi de qualidade: tem uma
voz potente, mas falhou algo na projecção acima da orquestra, cantou com
sentimento e expressividade, mas não creio que tenha encantado. Confesso que me
é difícil esquecer a interpretação absolutamente magnífica de Jessye Norman com
Kurt Masur que é a minha referência absoluta nestas canções.
Terminou-se este duplo concerto com Anton Bruckner. A GMJO não resiste a
apresentar-nos obras do grande sinfonista austríaco. Com uma interpretação
vibrante, enérgica e a explorar todos os sentimentos e modulações da fantástica
Sinfonia n.º 7 a GMJO despediu-se
até para o ano — já se anseia pela Sinfonia n.º 2 de Gustav Mahler!
A terminar, e de novo, uma palavra de forte
elogio e apreço por David Afkham que
esteve impecável na condução sua orquestra. Afkham é, para mim, um dos grandes
maestros da actualidade.
-----------
(Review in English)
Once again, the Gustav Mahler Youth Orchestra (GMJO)
attended FCG season.
GMJO performed on two
consecutive days with an interesting program that included Berg, Bruckner, Mahler and Wagner.
It began with the Prelude to the third act of mystical
opera by Richard Wagner - Parsifal. After a quality
interpretation, but that has not been an outstanding one, the orchestra paid
tribute to its founder - the Italian conductor Claudio Abbado - with a sense silence. A deaf applause for one of
the twentieth century music XX/XXI greatest masters.
After the German soprano Christiane Karg took over the
interesting cycle of Seven Songs of
Youth by Alban Berg. The work is
difficult to interpret, but Karg was at a high level, revealing a vocal power
that stood out above the orchestra, combined with an engaging lyricism, a
beautiful timbre and a good interpretative ability. Merited applause.
It followed Symphony no. 4 of Gustav Mahler. This work composed in 1900 was the main course of
the first night of concerts and, once again, the GMJO not disappoint in this register,
which is its strong point. Interpretation of higher level! And that way we note
the enthusiasm of these young musicians. The orchestra sounded as a whole and
there was an excellent performance from wind instruments, as requested. And
again Karg was in evidence: excellent voice.
The next day began with Three pieces for orchestra, op. 6 of Alban Berg. It is a very interesting work
of high musical impact, since it has a very rich instrumentation. Optimal
interpretation.
Then were heard the Four Last Songs of Richard Strauss. Composed in 1948, a year before the composer's
death, these four songs to poems by Hermann
Hesse and Joseph von Eichendorff
are gorgeous, whether musically or the literary point of view. And the music -
so Straussian - attached with an incredible lyricism of these poems. The
interpretation of the American soprano Emily
Magee was of quality: she has a powerful voice, but something failed in the
projection above the orchestra, sang with feeling and expressiveness, but I do
not think she enchanted. I confess that I find it hard to forget the absolutely
magnificent interpretation of Jessye Norman record with Kurt Masur which is my
absolute reference in these songs.
Ended up this double concert
with Anton Bruckner. The GMJO does not
resist presenting us the great Austrian symphonist works. . With a vibrant,
energetic and exploring all the fantastic feelings and modulations of Symphony No 7, GMJO interpretation was
superb and we are already looking for Symphony No. 2 by Gustav Mahler the next
season.
Finally, and again, a word of
high praise and appreciation for David
Afkham who was flawless in conducting his orchestra. Afkham is, for me, one
of the greatest conductors of our time.