Tive a oportunidade de assistir a 2 récitas com os dois
elencos e gostava de vos deixar umas fotos e a minha impressão comparativa.
DON GIOVANNI
Gerald Finley foi melhor que Erwin Schrott. Schrott fez um
Don menos especial, menos nobre, encarando tudo com piada e leveza, cercando
tudo com sedução física e beijos, menos psicológico no primeiro acto. No início
do segundo acto, principalmente no início onde domina a intervenção cómica
esteve excelente ao simular uma crise de asma quado Leporello lhe pede para
deixar as mulheres; interagiu com expectadores nesta passagem e esteve muito
bem na troca de papéis com Leporello. Schrott é principalmente eficaz nas
passagens cómicasmas quando a acção
pede mais dramatismo não o faz tão bem como Finley. O final da ópera foi
bombástico com Finley, enquanto que com Schrott tudo pareceu muito pouco
sentido.
LEPORELLO
Alex Esposito fez um Leporello mais interessante do ponto de
vista cénico do que Lorenzo Regazzo. Altamente cómico na troca de papéis com
Don Giovanni – finge que se mata com a espada, treme as pernas deitado como que
a “esticar o pernil”, Don faz-lhe massagem cardíaca e quando vai para a
ventilaçãoo desiste e ri-se; agarra-e a Elvira de modo apaixonado, mexe-lhe de
modo sexualmente hilariante e inesperado nas mamas, insinua-se com moviemntos
pélviso sobre ela de modo tão cómico que em nada se pareceu ordinário. Na cena
da estátua revelou o medo na voz e na postura de modo credível. Do mesmo modo
fez crer que temia estarem ambos mortos quando o Comendador entra para jantar.
Excelente!!!
DONNA ANNA
Carmela Remigio vence Hibla Gerzmava em presença física
(grande classe e beleza) e na voz, levando ao júbilo sensorial na sua última
ária. Profundamente irritante o vibrato nos agudos de Gerzmava...
DONNA ELVIRA
Ruxandra Donose com timbre mais quente e meloso que Katarina
Karnéus.
ZERLINA
Kate Lindsey mais chamativa, particularmente pela
cumplicidade e química ternurenta especial que revelou com Matthew Rose.
DON OTTAVIO
Pavol Breslik com voz mais cristalina e muito expressivo no “dalla
sua pace” e “il mio tesoro”, embora Matthew Polenzani tenha estado em grande nível.
MASETTO
Adam Planchetka e Matthew Rose perfeitos, sobressaindo talvez
mais Rose ao dar um ar mais rústico à personagem.
COMENDADOR
Reinhard Hagen preferível a Marco Spotti, com voz mais
profunda e sem vibrato.
Constantino Carydis não esteve perfeito. Melhor no segundo
elenco mas a abertura sempre pouco sentida, muito rápida, pouco melosa e sem se
sentir o medo, nem na abertura, nem na entrada do Comendador. Na minha opinião
é porque escolhe fazer estas passagens muito rápidas e pouco solenes. A entrada
dos camponeses muito lenta... Melhor no lamento de Anna, mais lento e lírico.
No geral, gostaria de ter assistido ao segundo elenco (Esposito,
Remigio, Donose, Lindsey, Breslik, Rose e Hagen) mas com Gerald Finley como Don
Giovanni.
Em Portugal, o Teatro Nacional de São Carlos foi um local
mítico para os amantes da lírica.
Nos tempos áureos vinham cantar ao nosso teatro de ópera os
grandes nomes da cena lírica internacional de então, consagrados ou promissores,
e as produções eram assinaláveis. Contaram-me amigos que viveram intensamente
esses períodos que, em início de carreira, quem não triunfasse em São Carlos,
não teria grande projecção internacional. E, pelo contrário, quando as
actuações eram memoráveis, outras portas se abriam mais facilmente por essa
Europa fora. Também o público era então mais conhecedor e exigente.
Apenas um exemplo, as produções de La Traviata e os nomes
que cantaram a Violetta Valéry após a reabertura do teatro em 1940 e até à
revolução de Abril: Maria Caniglia em 48, Renata Tebaldi em 50, Marguerita
Carosio em 52, Virgínia Zeani em 57, Maria Callas em 58, Mary Costa em 64,
Renata Scotto em 68 e Joan Sutherland em 74 (estava em Lisboa quando foi o 25
de Abril e há histórias deliciosas sobre a sua saída do País, mas não é isso
que agora recordamos).
É um pouco desse grandioso passado que podemos ver nesta
exposição diversificada e muito bem conseguida. Guarda-roupa, cenários, figurinos, adereços, maquetas, caricaturas,
homenagem a grandes cantores portugueses, um pouco de tudo se pode apreciar.
A montagem de uma produção esplendorosa da Madama Butterfly
na sala principal, repleta de público, é do melhor que se pode ver neste tipo
de exposições em qualquer parte do mundo.
Vai-se a São Carlos, assiste-se em São Carlos. Apesar de haver
quem considere uma forma elitista e snob de o dizer, só o Teatro de São
Carlos é assim referido!
A magnífica exposição agora disponível é imperdível! Numa
viagem guiada (para iniciados) ao passado glorioso do Teatro podemos também visitar áreas
interessantes que habitualmente não estão acessíveis ao público (palco,
bastidores, camarins) e ver “apenas” uma pequena parte do seu espólio
valiosíssimo e único.
Mas. tal como a ópera, ao
vivo é que é! Por isso, “corram” a São Carlos porque a oportunidade é única
e termina já no dia 4 de Setembro. Não se vão arrepender.
Espero que os responsáveis pela cultura no nosso País também
visitem a exposição. As instituições têm, ao longo da sua existência, momentos
altos e outros menos bons. Aqui podemos admirar quão grande foi o São Carlos e,
olhando para a realidade actual, no que se transformou.
Esperemos que, mesmo em tempos de crise, os responsáveis
pelo nosso único teatro nacional de ópera tenham o engenho e a arte para voltar
a prestigiá-lo com programações dignas da sua história e, sobretudo, de um
teatro de ópera de uma capital europeia, neste início do Século XXI.
Um óptimo elenco internacional, uma que outra vez, será
excelente mas, como já aqui escrevi várias vezes, recorrendo ao que é nacional,
desde que de qualidade (e há muita por cá e pelo estrangeiro, basta saber
identificá-la e ter a coragem de dar oportunidades), penso que se poderá e deverá fazer
muito melhor!
As Estações (The Seasons) é uma das grandes
oratórias de Joseph Haydn, com
libretto de Gottfried van Swieten.
Baseia-se em episódios da vida rural e é composta por quatro partes, correspondentes
às estações do ano. A música é de uma beleza assinalável e, entre outros, os Adagios do Verão e do Inverno são
belíssimos.
(programa de sala)
Na direcção musical esteve o conceituado maestro inglês Paul McCreesh que fez justiça à sua
reputação e ofereceu-nos um excelente espectáculo. A Orquestra Gulbenkian esteve à altura do que lhe foi exigido.
(fotografias do programa de sala da Gulbenkian)
O Coro Gulbenkian
(maestro do coro, Fernando Eldoro) teve
um desempenho excepcional e, para mim, foi o responsável pelos momentos
musicais mais empolgantes da tarde.
Os três solistas foram homogéneos e de elevada qualidade. A
opção de os colocar à esquerda, na zona média do palco, mesmo ao lado das 4
trompas fez com que, frequentemente, tivessem que tapar os ouvidos para não
ensurdecerem com o som, o que foi particularmente notório (e claramente evitável!)
na segunda parte.
Andrew
Foster-Williams, baixo-barítono inglês, tem uma voz bonita e cheia. A
qualidade manteve-se ao longo de toda a récita, tanto nas árias como nos
recitativos.
O soprano sueco Miah
Persson mostrou segurança e versatilidade na interpretação e esteve sempre
ao mais alto nível. Canta aparentemente sem esforço e o timbre é muito
agradável, sobretudo na interpretação das árias.
O tenor inglês Robert
Murray esteve muito melhor hoje do que na abertura da temporada, onde
cantou “A Criação” também de Haydn. As suas intervenções foram seguras, a
beleza tímbrica assinalável e foi sempre bem audível, mesmo quando usou, de
forma notável, a mezza voce.
Um dos melhores concertos da temporada da Gulbenkian que só agora é
aqui comentado.
*****
The
Seasons, Haydn, Gulbenkian Foundation, November 2011
The Seasons is one of the great
oratorios of Joseph Haydn, with
libretto by Gottfried van Swieten.
It is based on episodes of rural life and is composed of four parts,
corresponding to the seasons of the year. The music is beautiful and among
others the Adagios of summer and
winter are remarkable.
Musical director was the renowned British conductor Paul McCreesh. He did justice to his reputation and offered us a
great performance. The Gulbenkian
Orchestra was excellent, as required.
The Gulbenkian Choir (conductor of
the choir, Fernando Eldoro) had an
outstanding performance and, for me, it was responsible for the most exciting
musical moments of the performance.
The three soloists were homogeneous and of high quality. The option of placing them on the
left, at the middle zone of the stage, right next to the four tubes obliged
them frequently to cover their ears from deafened with the sound, which was
particularly evident (and clearly avoidable!) in the second part.
Andrew Foster-Williams, English
bass-baritone, has a beautiful full voice. The vocal quality was maintained
throughout the recital, both in the arias and in recitatives.
Swedish soprano Miah Persson has
shown a sound and versatile interpretation and she was always at the top level.
The singing seemed effortless and the vocal timbre was very nice, especially when
singing the arias.
English tenor Robert Murray was much
better today than in the season premiere, when he sang "The Creation"
also by Haydn. His interventions were safe, the beauty and remarkable timbre of
his voice were always noticeable, even when he sang, with great quality, in mezza voce.
It was one
of the best concerts of the season at Gulbenkian Foundation that only now is
reviewed here.
WAGNER DE NÍVEL INTERNACIONAL: O CREPÚSCULO DOS DEUSES NO
THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Cena de O Crepúsculo dos Deuses-Foto Internet
Assistir a ópera O
Crepúsculo dos Deuses de Richard
Wagner é uma verdadeira maratona, você tem que ficar seis horas no teatro.
Em tempos de internet e redes sociais isso é uma eternidade, a surpresa foi o
público, não arredou o pé até o fim da récita. Outra encrenca nessa ópera é o
público entendê-la. Sabemos que é a quarta parte de uma tetralogia e os genais
dirigentes do teatro resolveram fazer a tetralogia fora de ordem, começaram por
A Valquíria (segunda parte) e agora montam a quarta. Destaque para um casal,
ele interessadíssimo na ópera e a loira com cara de poucos amigos. A moça
descobriu que ópera dá um sono danado, tirou uma pestana em todo o segundo e
terceiro ato, será que a cor do cabelo influencia em algo?
Mais uma vez os dirigentes do teatro erraram na conta,
faltaram programas para muitos espectadores, eu fiquei sem o meu. Já aconteceu
na ópera A Valquíria e aconteceu de novo nesse Götterdämmerung. Felizmente o
grande teatro paulistano acertou mais que errou, ninguém lembrou a falta do
programa quando subiu a cortina.
Cena de O Crepúsculo dos Deuses-Foto Internet
A Orquestra Sinfônica
Municipal, nas mãos do maestro Luiz
Fernando Malheiro começou arrastada, lenta. Nesse ritmo a ópera duraria
umas sete horas, após a primeira cena o maestro acertou a mão. Mostrou um
Wagner potente nas partes sinfônicas e diminuiu o volume nas partes cantadas.
Uma regência correta, cheia de belas harmonias e com o brilho da música
wagneriana. O maestro mostra mais uma vez que conhece Wagner a fundo.
O elenco esteve equilibrado, nivelado para cima, muitas
vezes soberbo. Eliane Coelho mostrou
uma voz de timbre escuro e encorpado. Sua Brünnhilde é voz e pura
interpretação, vestiu a camisa da personagem e empolgou. Sua participação final
é deveras inesquecível, mostrou força na voz dando credibilidade a personagem e
ainda sustentou as notas no limite. Grande soprano.
O Siegfried de John
Dazsak tem agudos interessantes, carece de médios e graves. Fez um Sigfried
correto, falta o timbre e a pegada que todo o tenor wagneriano deve ter. Sua
voz não tem a potência, a emissão e a maturidade que a ópera de Wagner exige, é
uniforme, estática e algumas vezes metálica. Denise de Freitas mais uma vez arrasou, como Waltraute foi soberba,
mostra que está em plena forma vocal. Sua voz mostra diversas nuances da
personagem e coloridos que só se ouvem ao vivo. CDs e DVDs nem chegam perto.
Cena de O Crepúsculo dos Deuses-Foto Internet
Outra que está em grande forma é Claudia Riccittelli, interpretação magistral de Gutrune. Sua voz
tem belo timbre, matizada, de ouro. Mostrou paixão e ódio quando necessário e
exibiu força nos agudos. Soprano correta em todas as suas participações e com
qualidade vocal em todos os registros. Claudia Riccittelli jura de pé junto que
não lê o que os críticos escrevem sobre ela, é uma pena, vai ficar sem ler as
belas e poéticas palavras que escrevi sobre ela. Quem sabe o maridão Martin de
o recado.
O Gunther de Leonardo
Neiva mostra força nos graves, com timbre maduro e estável. Uma voz que
evolui a cada apresentação e em boa forma vocal. Interpreta um Gunther mais que
interesseiro e com grandes atributos cênicos. Gregory Reinhart mostra graves de baixo puro como Hagen, voz
cavernosa e marcante.
Cena de O Crepúsculo dos Deuses-Foto Internet
A direção cênica comandada pelo experiente André Heller-Lopes acerta na concepção.
Impossível descrever em palavras as idéias originais do diretor. A primeira
cena é um primor, jogo de luz e cores combinam e se harmonizam. Soluções
atemporais unidas a cenários sóbrios e figurinos corretos. Luz que participa e
faz parte da ação, projeção de imagens que leva a reflexão. Diversos pontos da
concepção fazem um elo de ligação com a ópera A Valquíria dirigida pelo mesmo
diretor em 2011.
Sua leitura de Wagner coloca o amor em primeiro plano, leva
o espectador a pensar e consegue agilidade em uma obra que é estática por
natureza. Sua cena final resume a vitória do amor sobre tudo. Todos se beijam ,
temos homens com mulheres, mulheres com mulheres e homens com homens. O amor
vence tudo, até o preconceito.
Aida é uma ópera composta em 1871 por Giuseppe Verdi
(1813-1901), a partir de um libretto de Antonio Ghislanzoni (1824-1893), por
seu turno, fundado num argumento elaborado pelo egiptólogo Auguste Mariette (1821-1881),
posteriormente, expandido por Camille Du Locle (1832-1903) com base em fontes
tão diversas como Nitteti de Pietro
Metastasio (1698-1782) ou Bajazet de Jean
Racine (1639-1699).
A encenação de José Antonio Gutiérrez, estreada em 2003,
propõe um resgate evocativo de algumas criações cenográficas da autoria do
emérito artista plástico catalão Josep Mestres i Cabanes (1898-1990),
remontantes a 1945, a
cargo de Jordi Castells. Por intermédio da multíplice disposição de diversos
telões modelados em função dos elementos cénicos a representar (colunas,
templos, vegetação, interiores), Gutiérrez sucede na obtenção de efeitos
visuais, apropriadamente, sugestivos da monumentalidade, comummente, associada
a encenações de cariz mais tradicional, evitando, contudo, resvalar para a mera
ostensão de um fausto, cenicamente, vácuo e, em derradeira instância, condicionador
da dramaturgia que a obra encerra.
Em Radames, Marcello Giordani surgiu a um nível, genericamente,
recomendável, não obstante um notório défice de emissão no registo mais grave, tendente
à inaudibilidade. Dotado de um instrumento robusto com suficiente volume e
generosa extensão, o tenor logrou alcançar um plano assinalável nos duetos
nucleares dos terceiro e quarto actos, maugrado a evidenciação de alguns óbices
no ensejo de apianar no limiar da região aguda. Dramaticamente, lamenta-se a
expressão, ainda que esporádica, de trejeitos algo desadequados.
Do mesmo modo, a Amneris de Ildiko Komlossi (substituindo
Luciana D’Intino) denotou, num estágio inicial, uma vocalidade algo
destimbrada, acrescida de uma laboriosa projecção. Conquanto, transversalmente,
comprometida por um insistente vibrato, ameaçando distorcer, amiúde, o
fraseado, releva-se, sobremaneira, o palpável engajamento dramático numa performance,
parcialmente, congenial, culminando num quarto acto de relevante efeito.
Em récita que assinalou o desfecho da carreira artística, o
veterano Juan Pons compôs um Amonasro, dramaticamente, assertivo, numa
abordagem convincente. Conservando suficiente robustez vocal, mormente, no
registo médio, o barítono catalão sucedeu em defender-se, eficazmente, em ambos
os extremos da tessitura, domando, com propriedade, a linha de canto. Um
epílogo comovedor, fragorosamente ovacionado pelo público.
Numa caracterização irrepreensível, o Ramfis de Vitalij
Kowaljow primou pela nobreza tímbrica, num instrumento assaz homogéneo, não
obstante a ausência da expectável ressonância nos graves, designadamente, na
cena com Radames no Templo de Vulcano.
Stefano Palatchi patenteou a necessária autoridade na
assunção do monarca egípcio, a despeito de uma generalizada debilidade na
coluna de som, enquanto Josep Fadó (um mensageiro) e Elena Copons, no papel de
uma sacerdotiza, lograram prestações correctíssimas, integrando-se
favoravelmente no conjunto.
A princesa etíope da norte-americana Sondra Radvanovsky foi,
absolutamente, notável. Possessora de um instrumento de basta amplitude e
privilegiando uma emissão, constantemente, sul
fiato, assombrou pelo incessante desenho e suspensão de uma insuspeita
pureza tímbrica na melhor tradição verdiana, considerando a matriz de laivos,
intrinsecamente, metálicos característica do material vocal. O soprano foi,
inequivocamente, modelar, na negociação da terrífica cadência em O patria mia, sem qualquer decréscimo de
qualidade, concomitantemente, explorando de modo activo a paleta dinâmica, num exercício
de controlo admirável, evidenciado pela sucessiva abordagem triunfante dos pianissimi. Destaca-se, de forma
análoga, a consistência do jogo cénico, contribuindo para um salutar envolvimento
dramático no âmbito das possibilidades ofertadas pela natureza da encenação.
Uma estupenda intérprete do papel-titular.
Sob a batuta de Renato Palumbo, o Coro e a Orquestra do Gran
Teatre del Liceo exibiram-se em plano idiomático, não obstante um relativo pendor
para a adopção de tempi algo lestos
por parte do maestro italiano.
AIDA: Gran Teatre del Liceo, Barcelona - 30 de Julho de 2012
Aida is an
opera composed in 1871 by Giuseppe Verdi (1813-1901), after a libretto by
Antonio Ghislanzoni (1824-1893), in its turn, based on a story created by the
Egyptologist Auguste Mariette (1821-1881), expanded, afterwards, by Camille Du
Locle (1832-1903) from such diverse sources as Pietro Metastasio’s Nitteti and Jean Racine’s Bajazet.
Premiered
in 2003, José Antonio Gutiérrez’s staging proposes an evocative restoration of some
scenographic creations designed by the illustrious Catalan artist Josep Mestres
i Cabanes (1898-1990), dated from 1945, adapted by Jordi Castells. Through the
manifold disposition of several screens modelled according to the scenic
elements to represent (columns, temples, vegetation, interiors), Gutiérrez
succeeds in achieving visual effects, appropriately, suggestive of the
monumentality, usually, associated to more traditionally-natured stagings,
avoiding, however, slipping into the mere ostentation of a scenically hollow
pageantry and, ultimately, the conditioning of the work’s dramaturgy.
As Radames,
Marcello Giordani emerged at a, generally, commendable, level, notwithstanding,
a notorious deficit of emission in the lower register, tending to inaudibility.
Gifted with a robust instrument with sufficient volume and generous extension,
the tenor succeeded in reaching a remarkable level in the fundamental duets of
the third and fourth acts, despite evincing some difficulties when taking a
note in pianissimo at the upper part of the voice. Dramatically, one regrets
the expression, tough sporadic, of somewhat inappropriate mannerisms.
Likewise, the
Amneris of Ildiko Komlosi (subbing for Luciana D’Intino) denoted, at an early
stage, a whitish vocalism, accompanied by an elaborate emission. Even though,
transversely, compromised by an insistent vibrato, threatening, in several
instances, to distort the phrasing, the blatant dramatic involvement stood out
in a, partially, congenial performance, culminating in a fourth act of nice
effect.
In his
farewell performance, veteran Juan Pons drew a, dramatically, assertive Amonasro,
in a convincing portrayal. Preserving sufficient vocal strength, especially, in
the middle voice, the Catalan baritone managed to defend himself, effectively,
at both ends of the range, taking hold of the vocal line, with property. A
moving epilogue, soundly cheered by the public.
In a
faultless depiction, Vitalij Kowaljow’s Ramfis distinguished himself through
the nobility of the tone, in a markedly even instrument, despite the lack of
the required resonance in the lowest notes, namely, in the scene with Radames
at the Vulcano Temple.
Stefano
Palatchi exhibited the expected authority, in spite of a generalized fragility
in the sound column, while Josep Fadó (a messenger) and Elena Copons, in the
role of a priestess, turned in extremely correct performances, blending
themselves, positively, in the ensemble.
The
Ethiopian princess of the American Sondra Radvanovsky was, absolutely,
remarkable. Possessing an instrument of great amplitude and favouring an
emission, constantly, sul fiato, she astounded
by the incessant spinning and sustaining of an unsuspected purity of tone in
the best Verdian tradition, considering the intrinsically metallic nature of
the voice. The soprano was, unequivocally, exemplary in the negotiation of the
terrific cadenza in O patria mia,
without any loss of quality, at the same time, exploring, actively, the dynamic
range, in an admirable exercise of control display, evinced by the triumphant
way in which she, successively, approached pianissimi.
One should also highlight the consistency of the stage deportment, contributing
to a wholesome dramatic involvement, within the possibilitiesofferedby the characterof the staging. An outstanding
interpreter of the title-role.
Under the
baton of Renato Palumbo, the Gran Teatre del Liceo Chorus and Orchestra
presented themselves in an idiomatic level, notwithstanding the Italian
maestro’s penchant for the adoption of rather fleet tempi.