sábado, 30 de novembro de 2019

GALA VERDIANO, Leo Nucci, Teatro Regio di Parma, Outubro 2019





(text in English below)

Texto de wagner_fanatic

Integardo na 19ª edição do Festival Verdi, a Gala Verdiana no Teatro Régio de Parma contou com as interpretações da Orchestra Giovanile della Via Emilia sob a direcção do maestro Francesco Ivan Ciampa, a soprano Anastasia Bartoli e o grande barítono italiano Leo Nucci.




Foram interpretados trechos de Otello, Don Carlo, Macbeth, Un ballo in maschera, Luisa Miller, Nabucco, I Masnadieri, La forza del destino, I Vespri siciliani, Il trovatore e Rigoletto.




Foram emoções fortes em Parma neste 206º ano do nascimento de Verdi e no adeus de Leo Nucci a Parma. Confirma-se o seu abandono em 2020, já cancelou espectáculos que tinha aceite para 2021 segundo a Gazetta di Parma, e talvez cante só mais 3 récitas encenadas.











GALA VERDIANO, Teatro Regio di Parma, October 2019

(Text by wagner_fanatic)

As part of the 19th edition of the Verdi Festival, the Gala Verdiano at the Teatro Regio di Parma featured performances by Orchestra Giovanile della Via Emilia under the direction of conductor Francesco Ivan Ciampa, soprano Anastasia Bartoli and the great Italian baritone Leo Nucci.

Excerpts from Otello, Don Carlo, Macbeth, Un ballo in maschera, Luisa Miller, Nabucco, I Masnadieri, La Forza del Destino, I Vespri siciliani, Il trovatore and Rigoletto were interpreted.

They were strong emotions in Parma this 206th year of Verdi's birth and in Leo Nucci's farewell to Parma. It is confirmed his abandonment in 2020, he has already cancelled performances that he had accepted for 2021 according to Gazetta di Parma, and perhaps he will sing only 3 more staged performances.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

MORTE EM VENEZA / DEATH IN VENICE, Royal Opera House, Novembro / November 2019



(review in English below) 

A última ópera de Benjamin Britten, Morte em Veneza (segundo a obra homónima de Thomas Mann) foi apresentada pela Royal Opera de Londres numa encenação de David McVicar.



O escritor alemão Gustav von Aschenbach viaja para Veneza na procura de inspiração criativa. No hotel impressiona-se com a beleza de um jovem polaco, Tadzio, que está de férias com a família. Observa-o diariamente na praia, onde brinca com outros rapazes, e segue-o nas ruas de Veneza, mas não lhe consegue falar. Reconhece que está apaixonado por ele. Surgem notícias de um surto de cólera em Veneza, a maioria dos turistas abandona rapidamente a cidade, sucedem-lhe uma série de incidentes mas a obsessão por Tadzio impede-o de partir. No dia em que a família polaca sai do hotel, von Aschenbach observa o rapaz mais uma vez na praia, este luta com outro e, quando se levanta para tentar parar a luta, cai morto.

 


A encenação de McVicar é excelente. A acção decorre na época e o guarda roupa é magnífico. O palco tem uma série de colunas móveis e os cenários são muitos e dinâmicos, permitindo acompanhar perfeitamente a acção: o escritório de von Aschenbach na Alemanha, as viagens de Gôndola e os canais, os vários cenários no hotel, as ruas de Veneza, a Praça de São Marcos, a praia no Lido, tudo aparece em cenários bem conseguidos. 


Apenas achei a encenação escura no início (o nevoeiro nos canais é excelente, mas a ópera só “escurece” na segunda metade). 
Nesta produção o Tadzio não é um rapaz mas um homem jovem e todas as cenas passadas na praia são coreografadas e interpretadas (ao mais alto nível) por bailarinos, o que beneficia muito o espectáculo.

Dirigiu a Orquestra da Royal Opera o maestro Richard Farnes.


O tenor Mark Padmore foi excelente como Gustav von Aschenbach. Está quase sempre em cena e manteve a qualidade interpretativa sem vacilar até ao final. Tem uma dicção perfeita, das partes quase faladas às mais cantadas, tudo tão perceptível que dispensaria legendas.


Outro cantor de nível excepcional foi o barítono Gerald Finley nas 7 personagens que representa. Tem um timbre bonito, a voz é magnífica, e interpretou as diferentes personagens com um cariz específico para cada uma. À parte desta ópera, foi também homenageado por completar 30 anos de interpretações na Royal Opera.




O contratenor Tim Mead esteve também irrepreensível na interpretação de Apollo.


Leo Dixon, que interpretou o Tadzio, é um jovem bailarino do Royal Ballet que dançou superiormente. A coreografia (de Lynne Page) é óptima. 


Participaram muitos outros intervenientes, cantando papéis secundários, dançando ou representando.

(os bailarinos)

(os bailarinos)


(equipa de produção)







A música de Britten não é fácil, mas foi um excelente espectáculo.

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DEATH IN VENICE, Royal Opera House, November 2019

Benjamin Britten's last opera, Death in Venice (according to the homonymous novel by Thomas Mann) was presented by the Royal Opera in a production by David McVicar.

German writer Gustav von Aschenbach travels to Venice for creative inspiration. At the hotel he is struck by the beauty of a young Polish boy, Tadzio, who is on holiday with his family. He watches him daily on the beach, where he plays with other boys, and follows him on the streets of Venice, but cannot speak to him. He realises he is in love with him. There is news of a cholera outbreak in Venice, most tourists leave the city quickly, a series of incidents follows, but his obsession by  Tadzio keeps him from leaving. The day the Polish family leaves the hotel, von Aschenbach watches the boy once again on the beach that fights with another boy. When he gets up to try to stop the fight, he falls dead.

McVicar's staging is excellent. The action takes place at the time and the dresses are magnificent. The stage has a series of moving columns, and the scenery is dynamic, making it perfectly possible to follow the action: von Aschenbach's office in Germany, the gondola rides and canals, the various parts in the hotel, the streets of Venice, St. Mark's Square, the beach in Lido, all appear in well-done scenarios. I just found the staging dark at first (the fog in the canals is great, but the opera only “gets dark” in the second half). In this production Tadzio is not a boy but a young man and all the scenes on the beach are choreographed and performed (at the highest level) by dancers, what is good for the show.

The Royal Opera Orchestra was conducted by Richard Farnes.

Tenor Mark Padmore was excellent as Gustav von Aschenbach. He is almost always on stage and has maintained interpretive quality without wavering until the end. He has a perfect diction, from almost spoken parts to the most sung, all so clear that it would require no subtitles.

Another exceptional level singer was baritone Gerald Finley in the 7 characters he performs. He has a beautiful tone, the voice is magnificent, and interpreted the different characters with a specific touch for each one. Apart from this opera, he was also honored for completing 30 years of performances at the Royal Opera.

Countertenor Tim Mead was also impeccable in Apollo's interpretation.

Leo Dixon, who played Tadzio, is a young Royal Ballet dancer who danced superiorly. The choreography (by Lynne Page) is great. Many other actors participated, singing secondary roles, dancing or acting.

Britten's music is not easy, but it was a great performance.

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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

I DUE FOSCARI, Teatro Regio di Parma, Outubro 2019




(review in English below)

Texto de wagner_fanatic

Récita excelente! A par com a Luisa Miller, I due Foscari é uma das minhas descobertas verdianas de 2018 e hoje foi a 1ª vez ao vivo. É mesmo uma obra potente, pouco exibida não sei porquê.




Para mim, a grande estrela da noite foi Stefan Pop como Jacopo Foscari. Conheço-o bem, apesar de ao vivo só Nemorino na ROH há uns anos e foi o Duque no Rigoletto aqui em Parma no ano passado. Os agudos ocasionalmente perdem beleza de timbre talvez por roçarem o limite da tessitura, ou talvez pela técnica, mas tirando isto, hoje foi de uma qualidade brutal, ainda mais para quem está a estrear o papel. O papel assenta-lhe que nem uma luva e a interpretação cénica e as nuances emotivas na voz foram irrepreensíveis.


Maria Katzarava esteve igualmente em alto nível como Lucrezia Contarini, com uma voz muito bonita, emotivamente plástica, grande técnica e agudos sem gritos num papel de extrema exigência para a soprano. Procurei imagens dela na net e o que é que aconteceu a esta mulher?!  O Pop está gordo, e sempre foi, mas mesmo aqui disfarça bem... Ela não. Talvez daí tenham vindo alguns dos boos do final.



Giacomo Prestia é um baixo italiano com a grande consistência vocal que se conhece e cumpriu muito bem o papel de Jacopo Loredano.


Vladimir Stoyanov era outra estreia ao vivo para mim. Boa impressão de muitos videos do youtube e das poucas gravações que tem e não desiludiu como Francesco Foscari. Bem... não completamente... Defendeu-se um pouco no início mas em crescendo até a um final de grande nível vocal e interpretativo. Também ele a estrear-se no papel falta-lhe alguma maturação do mesmo mas promete. Falta-lhe fazer tudo ainda mais como os últimos 2 minutos, sair das garras quadradas da escrita musical e colocar-lhe ainda mais naturalidade. Faltam-lhe os anos (tem 50) para o papel sair ainda melhor porque fazer-se de velho é difícil. A caracterização ajuda mas não se consegue maquilhar a voz. Falta-lhe isto... falta(-lhe) Nucci...



Orquestra Filarmonica Arturo Toscanini excelente, sob a direcção do maestro Paolo Arrivabeni


Encenação de Leo Muscato, simples mas de bom gosto e eficaz no suporte da acção. Viva Verdi!!! (e isto vindo de um Wagneriano... a entranhar-se a pouco e pouco, o “Bussetiano”...).




I DUE FOSCARI, Teatro Regio di Parma, October 2019

Text by Wagner_fanatic

Excellent performance! Alongside Luisa Miller, I due Foscari is one of my 2018 Verdean discoveries and today was the first time live. It really is a powerful work, few times on stage I don't know why.

For me, the great star of the night was Stefan Pop as Jacopo Foscari. I know him well, although I have only seen him as Nemorino at the ROH a few years ago and was Duke in Rigoletto here in Parma last year. The top register occasionally loses his beauty of tone perhaps because he touches the boundary of the texture, or perhaps the technique, but aside from that, today was of a top quality, especially for those who are debuting the role. The role fits him like a glove and the scenic interpretation and the emotional nuances in the voice were excellent.

Maria Katzarava was also at the highest level as Lucrezia Contarini, with a very beautiful voice, emotionally plastic, great technique and high-pitched top register in an extremely demanding role for the soprano. I searched for her images on the net and what happened to this woman?! Pop is fat, and always has been, but even here he disguises well ... She doesn't. Maybe from theis came some of the boos at the end.

Giacomo Prestia is an Italian bass with the great vocal consistency that is known and fulfilled the role of Jacopo Loredano very well.

Vladimir Stoyanov was another live debut for me. Good impression of many youtube videos and the few recordings available. He has not disappointed as Francesco Foscari. Well ... not completely ... He defended himself a little at first but growing up to a high vocal and interpretive final level. He, too, making his debut on the role lacks some maturation but promises. He still has to do everything even more like the last 2 minutes, get out of the square clutches of musical writing and make it even more natural. He has the years (50s) left for the role to go even better because being old is hard. Characterization helps but you cannot make up your voice. Missing you ... Missing you Nucci ...

Excellent Arturo Toscanini Philharmonic Orchestra, under the direction of maestro Paolo Arrivabeni. Production by Leo Muscato, simple but pleasant and effective in supporting the action. Long live Verdi !!! (And this coming from a Wagnerian ... gradually becoming entrenched, the "Bussetian" ...).