sexta-feira, 9 de março de 2012

Finlândia e Concerto para violino de Sibelius e Sinfonia n.º 3 de Beethoven — Fundação Calouste Gulbenkian — 8 e 9 de Março de 2012


(review in English below)

Sibelius e Beethoven foram ontem o mote para os protagonistas de mais uma noite de música no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian.

(fotografias do programa de sala da FCG) 

A primeira parte foi dedicada a duas peças emblemáticas do compositor finlandês Jean Sibelius.
Começou pela obra Finlândia, op. 26, inspirada num conjunto de telas expostas em 1899, da qual ouvimos uma interpretação algo fria, apesar do carácter elevado e poderoso de uma composição evocativa do passado histórico da Finlândia.
Seguiu-se o Concerto para Violino e orquestra em Ré menor, op. 42, obra concluída em 1903 e estreada sob a batuta de Richard Strauss a dirigir Karl Halir e a Orquestra Filarmónica de Berlim.


Dmitri Makhtin foi o solista encarregue de nos fazer vibrar com este emblemático concerto. E podemos dizer que o violinista russo nos ofereceu uma boa interpretação: muito expressivo musical e corporalmente, conseguiu transportar-nos pelos diferentes elementos temáticos do concerto, tendo estado particularmente bem no Allegro moderato.


A segunda parte foi preenchida pela inspiradíssima música sinfónica de Ludwig van Beethoven: Sinfonia n.º  3 em Mi bemol maior, op. 55, “Heróica”. Concluída em 1803, é influenciada pelos ideais da Revolução francesa e pelo culto do herói mítico. Beethoven terá tomado como herói Sir Ralph Abercromby, general inglês falecido em combate em Alexandria dois anos antes, além de Napoleão Bonaparte. Reza a história que a partitura foi dedicada ao general francês, admirado pelo compositor. Todavia, quando este se proclama imperador, Beethoven, que não tolerava a ideia do tirano, rasura a dedicatória e escreve “composta em memória de um grande Homem”.


A orquestra esteve brilhantemente dirigida pelo jovem maestro finlandês de 31 anos Pietari Inkinen, que emprestou à música o vigor e poder telúricos para que esta obra nos transporta, fazendo-nos sair sala fora, com o espírito elevado, já à espera de uma nova visita à melhor sala de concertos do país.

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(review in English)

Yesterday Sibelius and Beethoven were the tone for the protagonists of another evening of music at the Grand Auditorium of the Gulbenkian Foundation.

The first half was dedicated to two emblematic pieces of Finnish composer Jean Sibelius.
It began with the piece Finland, op. 26, inspired by a set of paintings exhibited in 1899, of which we heard an interpretation a little bit cold, notwithstanding the high and mighty of a composition evocative of the past history of Finland.
This was followed by the Violin Concerto in D minor, op. 42, completed in 1903 and premiered under the baton of Richard Strauss conducting Karl Halir and the Berlin Philharmonic.
Dmitri Makhtin was the soloist in charge to make us vibrate with this emblematic violin concerto. And we can say that the Russian violinist gave us a good interpretation: very expressive musical and bodily, he carried us through the different thematic elements of the concert, playing particularly well in the Allegro moderato.

The second half was filled by the inspired symphonic music of Ludwig van Beethoven: Symphony no. 3 in E flat major, op. 55, "Eroica". Completed in 1803, it is influenced by the French Revolution ideals and the cult of the mythical hero. Beethoven has taken by hero Sir Ralph Abercromby, an English general who died in combat in Alexandria two years before, and Napoleon Bonaparte. History tells us that the score was dedicated to the French general, admired by the composer. However, when he proclaimed himself emperor, Beethoven, who could not tolerate the idea of the tyrant, cancels the dedication and wrote "composed in memory of a great man".
The orchestra was brilliantly directed by the young Finnish conductor Pietari Inkinen of just 31 years, who has given the music the telluric force and power that this work takes us, enabling us to, in high spirits, leave the hall already waiting for a new visit to the best concert hall in the country.

3 comentários:

  1. Também assisti a este concerto e partilho da mesma opinião.

    Para mim, o grande motivo para o ter escolhido foi o concerto para violino e orquestra de Sibelius. É mais uma daquelas obras, principalmente no seu 2º andamento, que me transporta para um outro mundo, uma outra realidade não física. Gostei muito da interpretação de Dmitri Makhtin.

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  2. Excelente crônica!
    Artistas como Beethoven não suportam tiranos. Afinal a arte provém da liberdade - que não pode existir sem a justiça...
    Um forte abraço

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  3. I heard Dmitri Makhtin a couple of times. A violinist with great sensibility.

    Let me inform you that Edita Gruberova's left the bavarian state opera and will perform on the stage of the opera house zurich from next season. It's fantastic that she will give her role-debut as Alaide in Bellinis La Straniera which is seldom staged.

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