quinta-feira, 29 de agosto de 2019

TANNHÄUSER, Bayreuther Festspiele, Festival de Bayreuth, Agosto / August 2019

(text in English below)


Texto de wagner_fanatic

Encenação – Tobias Kratzer
Maestro – Valerie Gergiev

Landgraf Hermann – Stephen Milling
Tannhäuser – Stephen Gould
Wolfram von Eschenbach – Markus Eiche
Walter von der Vogelweide – Daniel Behle
Biterolf – Kay Stiefermann
Heinrich der Schreiber – Jorge Rodríguez-Norton
Reinmar von Zweter – Wilhelm Schwinghammer
Elisabeth, nichte des Landgrafen – Lise Davidsen
Venus – Elena Zhidkova
Ein Junger Hirt – Katharina Konradi
Le Gateau Chocolat – Le Gateau Chocolat
Oskar – Manni Laudenbach

Orquestra e Coro do Festival de Bayreuth


Atrevo-me a dizer, desde já, visto apenas o 1º acto, que é uma encenação GENIAL! Mas tenho de ver para onde isto vai para dizer a minha visão final. Este é decididamente um Tannhauser para se rever ao contrário do Lohengrin cuja encenação é uma autêntica porcaria.

Cantores sublimes. O Stephen Gould enchia um estádio só com a voz.





Elena Zhidkova brilhante, sendo o conjunto completo para as personagens maléficas wagnerianas.



Markus Eiche nunca tinha ouvido mas é brutal e ainda se vai ouvir muito mais dele no 2º e principalmente 3º acto pelo que se mantiver vai ser memorável.




O Stephen Milling está com alguns problemas nos agudos.



A Lise Davidsen tem um vozeirão como eu acho que nunca ouvi em ninguém ao vivo! Isso é bom e é mau! A voz tem timbre bonito, ela é bonita, mas tem de continuar a aprender a domar a voz. Já o faz mas não na virtual perfeição. Tem que aprender a controlar a potência da voz para que não a distorça de um modo que parece grito mas não o é... é a potência descomunal dela.




O video que se vê durante a abertura inicia-se com uma imagem do castelo de Wartburg onde originalmente se passa a obra. A vista de helicóptero ultrapassa-o sobre a floresta que, com intervalos curtos sem projeção da floresta, procura dar a ideia de distância grande. O Venusberg, pela lenda, estaria na zona do Castelo de Wartburg. Mas aqui o Venusberg é uma carrinha Citroen onde viaja Vénus, Tannhäuser, um anão e uma drag queen. Tannhäuser vestido de palhaço, juntamente com os outros, e na sua publicidade do grito de revolta de Wagner contra os desígnios culturais (música e ópera) da altura “frei im Wollen, frei im Thun, frei im Geniessen”, simbolizam por um lado formas de arte diferentes, escolhas sexuais e aspectos físicos diferentes, no fundo, talvez o diferente mas que tendemos a olhar como aberrante.

Esta diferença entre o amor carnal e o mais espiritual está na base da temática desta ópera e também na altura a que se remonta, talvez também visto o carnal como aberrante. São várias as cenas de beijo entre Vénus e Tannhäuser enquanto esta guia a carrinha. Precisam de comida e gasóleo e então, como foras da lei, o anão e o drag roubam gasóleo de parque de estacionamento enquanto Vénus e Tannhäuser compram menus num drive thru do Burger King. Um vigilante apanha-os a roubar o gasóleo mas eles conseguem entrar na carrinha. O cartão de crédito que é dado para pagar é falso e tem na parte de trás o lema revolucionário de wagner. Quando tentam fugir o vigilante está no caminho deles e Venus atropela-o, deixando-o morto, ensanguentado no chão. Esta situação impressiona Tannhäuser.

O ambiente antes de folia dentro da carrinha torna-se pesado para os 3 homens mas mais para Tannhäuser que, pensativo durante vários momentos, adivinhando-se uma turbulência de emoções internas que chegam a esboço de choro, são encostados a uma imagem de cópia da face da Vénus do Nascimento de Vénus de Botticelli. Param num local para comer os hambúrgueres, com uma casa com anões cá fora, a drag entra e vem de lá vestida de branca de neve (do melhor, por causa de ser na floresta e a casa ter anões :):):) e toda a cena de rejeição de Vénus por parte de Tannhäuser é feita neste ambiente, com a última parte, em andamento e, na invocação de Maria, Tannhäuser atira-se da carrinha em andamento (videos de estrada e carros atrás) com a ideia de Vénus e os outros seguirem em frente na carrinha e ele prostrado na berma da estrada.





O local tem a clássica cruz de Cristo ao fundo e é na floresta :) Surge o pastor que aqui é um (uma) jovem em bicicleta e acaba por o espaço, sugerindo andamento na floresta, dar aos jardins do Festival de Bayreuth. Os peregrinos são as pessoas que vem ver a ópera e que passam em direção à casa de ópera. Até o sinal de proibição de carros que encontramos na altura do festival na base da colina e que impede de os carros passarem lá está (e que será derrubado por Vénus no final do acto com a carrinha, sugerindo que a intenção dela é seguir Tannhäuser).

Os cavaleiros aprecem e não são mais do que os cantores da própria ópera Tannhäuser que está em cena. Tannhäuser regressa a ser o que era, um cantor lírico, ao voltar com eles para o Festival. Antes disto, Elisabete aparece na altura em que Wolfram pergunta a Tannhäuser se ele não volta nem mesmo pela Elisabete. Ela olha e observa-o e à visão de um palhaço e, por ele a ter deixado, dá-lhe um valente estalo e desaparece de cena. No fundo, os cantores Tannhäuser e Elisabete estão enamorados enquanto pessoas mas também o estão ao nível que se conhece na própria ópera que estão a encenar e a participar no Festival.

Isto compreende-se melhor no 2º acto com palco em baixo e projeções em cima em directo de bastidores. Na cena entre Elisabete e Tannhäuser o video é projectado essencialmente sobre Wolfram que vê na interação de ambos uma perda de fé de ficar com Elisabete - ou seja o real entre as emoções dos cantores e relações entre eles é o mesmo enquanto cantores da ópera - amor entre Elisabete cantora lírica e Tannhäuser cantor lírico e amor entre Elisabete personagem da ópera e Tannhäuser personagem da ópera, com o triângulo amoroso, nos 2 níveis, completado pelo Wolfram cantor lírico e Wolfram personagem.

Durante o interlúdio musical que corresponde à entrada dos convidados na sala, vemos o video de Vénus e companhia a tentarem entrar no edifício do Festival ao que só conseguem pela varanda com uso de escada. Vénus imobiliza uma das cantoras do coro e veste-se como ela entrando em cena. O anão e o drag também passam ao fundo do cenário. São diversas as situações cómicas nestes momento, em especial pela Vénus que só vendo. Aqui admito que estas situações cómicas podem causar alguma distração mas... ficam mesmo bem :) Enquanto Wolfram canta a sua ideia de amor, a Vénus goza e o video foca a cara de Tannhäuser nos bastidores que ouve atento e discorda facialmente logo mesmo antes de entrar em palco.

Quando em palco reconhece Vénus começa a passagem do seu canto que fala de Venusberg e então aparecem dos bastidores o anão e o drag, Tannhäuser beija Vénus sob o olhar penoso de Elisabete (mais uma vez aqui a emoção é maior, como que a dobrar para quem vê porque sabemos que é uma traição na ópera e na vida. Um dos funcionários da ópera vê o que se passa e liga à Katharina Wagner :) que aparece no video a ligar para a polícia :) A policia aparece fora do Festival e entra para tentar resolver as coisas mas quem põe água na fervura é Heinrich. Aqui a realidade mistura-se com a ópera. Tannhäuser sai para “Roma” mas é a ser preso pela polícia. Ficam Vénus, o anão e o drag em palco após todos saírem, com o drag, como se fosse preciso, a tapar a harpa em palco com uma bandeira dos LGBT.

O 3º acto é novamente na “vida real”. A carrinha aparece no meio da floresta, por baixo do placard que depois se vem a ver ter a publicidade do Gateau chocolat ;). O anão a ver que acabou o papel higiénico e tirar um bocado dos posters para ter papel para se limpar foi hilariante, ao deslocar-se para detrás da carrinha :) Elisabete aparece e fica contente por ver que Tannhäuser ainda não voltou (porque se estivesse na carrinha estava já perdido para Vénus) e partilha aquele momento de refeição com o anão e que achei tocante. E tocante porque é um realçar de que mesmo com as diferenças, mesmo com as rivalidades de amor (ou de outras coisas) ainda podemos ser verdadeiramente humanos e partilhar.





Wolfram entra com a sua “ária” e os peregrinos são agora pessoas pobres que ao regressarem apanham restos de coisas que estão no chão e que no fundo são lixo. Talvez não funcione bem porque os primeiros peregrinos eram as pessoas que iam assistir à opera mas aqui não faziam sentido se aparecessem. Se pensarmos que isto acaba por ser uma visão também das diferenças extremas sociais tem sentido: no 1º acto os peregrinos são pessoas de algumas posses e que vão à ópera, mas os peregrinos do 3º acto são modestos e que se agarram até a lixo porque isso já é alguma coisa...

Elisabete fica devastada por Tannhäuser não voltar com os peregrinos. Wolfram encontra a roupa de palhaço na carrinha e veste-a com o sentido de se sentir como sendo o Tannhäuser e dizer a Elisabete que ele não está mas eu estou aqui, e acontecer o que muitas vezes acontece na vida real e que é mulheres devastadas no amor, no seu luto, entregam-se a outros num rescaldo de relação, sem haver necessariamente algum
sentimento, e muitos desses homens a quem se entregam são amigos que até nutrem um sentimento amoroso por essa mulher. É isto que acontece ali até porque é Elisabete que chama Wolfram para dentro da carrinha e não uma violação.

Wolfram volta, conta o seu falhanço, tenta de vez afastar-se da sua vida sem Vénus e simbolicamente queima a partitura de Wagner da Edition Peters que vemos com ele também no 1º acto - simbólico porque era cantor lírico, e essa era a vida sem Vénus. O final é potente. Elisabete não morre de desgosto da forma meio inverosímil que encontramos na ópera original. Ela aqui mata-se cortando os pulsos (as cicatrizes de tentativas prévias já tinham sido mostradas no 2º acto a Wolfram e Tannhäuser e agora foi de vez) e aparece toda ensanguentada na carrinha com o anão a consolar o cadáver com festas. Tannhäuser e Wolfram tiram o corpo e este é colocado sobre o colo de Tannhäuser que acaba por lamentar tudo enquanto, ao mesmo tempo, na projeção video vemos como as coisas podiam ter corrido bem, com Tannhäuser a conduzir a carrinha com Elisabete ao lado com a cabeça encostada ao seu ombro, em direção à felicidade de um por do sol.

Esta encenação é moderna, actual, mistura sentimentos e ideias transformando a ópera original em algo diferente, novelesco, mas com uma coerência invejável, pincelada de momentos de humor mas com outros emocionalmente tocantes. E isto não é Eurotrash. É Eurogenius por um encenador alemão que nasceu num dos maiores anos do século XX – 1980.

A cereja em cima do bolo é vermos que homens que traem as suas perfeitas Elisabetes, muitas vezes não são mais nada do que uns... palhaços. Talvez por isso o encenador caracterizou o Tannhäuser do Venusberg como um... palhaço.







TANNHÄUSER, Bayreuther Festspiele, Bayreuth Festival, August / August 2019

Text by Wagner_fanatic

Direction - Tobias Kratzer
Conductor - Valerie Gergiev

Landgraf Hermann - Stephen Milling
Tannhäuser - Stephen Gould
Wolfram von Eschenbach - Markus Eiche
Walter von der Vogelweide - Daniel Behle
Biterolf - Kay Stiefermann
Heinrich der Schreiber - Jorge Rodríguez-Norton
Reinvon von Zweter - Wilhelm Schwinghammer
Elisabeth, nichte des Landgrafen - Lise Davidsen
Venus - Elena Zhidkova
Ein Junger Hirt - Katharina Konradi
Le Gateau Chocolat - Le Gateau Chocolat
Oskar - Manni Laudenbach

Bayreuth Festival Orchestra and Choir

I dare say, only after seeing the first act, that this a GENIAL production! But I have to see where this is going to express my final vision. This is decidedly a Tannhäuser to revise unlike the Lohengrin whose production is a real crap.

Sublime singers. Stephen Gould filled a stadium with his voice.

Shiny Elena Zhidkova, being the complete set for the Wagnerian evil characters.

Markus Eiche that I had never heard but is brutal and we will still hear a lot more from him in the 2nd and especially 3rd act so keeping up will be memorable.

Stephen Milling has some problems with top notes.

Lise Davidsen has a big voice like I don't think I've ever heard anyone live! This is good and bad! The voice has beautiful timbre, she is beautiful, but she has to continue to learn to tame the voice. She already does but not in virtual perfection. She has to learn to control the power of the voice so that she does not distort it in a way that sounds like a scream but it is not ... it is her sheer power.

The video we see during the opening begins with an image of the Wartburg castle where the work originally took place. The helicopter view overtakes us over the forest which, at short intervals without projection of the forest, seeks to give the idea of ​​great distance. Venusberg, by legend, would be in the Wartburg Castle area. But here the Venusberg is a Citroen van were travel Venus, Tannhäuser, a dwarf and a drag queen. Tannhäuser dressed as a clown, along with the others, and in his publicity of Wagner's cry of revolt against the cultural designs (music and opera) of the time “frei im Wollen, frei im Thun, frei im Geniessen” symbolize forms of different art, sexual choices and different physical aspects, perhaps different but which we tend to look at as aberrant.

This difference between carnal and most spiritual love is at the base of the theme of this opera and also at the time it goes back, perhaps also seen carnal as aberrant. There are several kissing scenes between Venus and Tannhäuser as she drives the van. They need food and diesel and then, as outlaws, the dwarf and drag steal diesel while Venus and Tannhäuser buy menus at a Burger King drive thru. A watchman catches them stealing the diesel but they get into the van. The credit card that is given to pay is fake and has the revolutionary Wagner motto on the back. When they try to escape the watchman is in their path and Venus runs over him, leaving him dead, bloody on the ground. This situation impresses Tannhäuser.

The pre-revelry ambience inside the van becomes heavy for the three men but more for Tannhäuser who, thoughtful for several moments, guessing a turmoil of inner emotions that come to the outline of crying, are leaning against a copy image of the face of the Venus of the Birth of Venus of Botticelli. They stop at a hamburger place, with a dwarf house out there, the drag comes in and comes out dressed in snow white (best, because it's in the woods and the house has dwarves :) :) :) and the whole scene of Tannhäuser's rejection of Venus is done in this environment, with the last part in progress and, at Mary's summoning, Tannhäuser throws himself from the moving van (road videos and cars behind) with the idea of Venus and the others move on in the van and he prostrate himself on the side of the road.

The place has the classic cross of Christ in the background and it is in the forest :) The sheppard is here a young girl on a bicycle and ends up in the space, suggesting progress in the forest towards the gardens of the Bayreuth Festival. Pilgrims are the people who come to see the opera and who pass towards the opera house. Even the car-ban sign that we found at the height of the festival at the base of the hill that prevents cars from passing is there (and that Venus will be knocked over at the end of the van act, suggesting that she intends to follow Tannhäuser) .

The knights enjoy and are no more than the singers of the very opera Tannhäuser that is on the scene. Tannhäuser returns to what he was, a lyric singer, when he returned with them to the Festival. Prior to this, Elisabeth appears at the time Wolfram asks Tannhäuser if he does not return even for Elisabeth. She looks and watches him and the sight of a clown and, because he has left her, gives him a brave crack and disappears from the scene. Basically, the singers Tannhäuser and Elisabeth are in love as people but they are also at the same level known in the opera they are performing and participating in the Festival.

This is best understood in the 2nd act with stage below and overhead projections backstage. In the scene between Elisabeth and Tannhäuser the video is projected essentially on Wolfram who sees in their interaction a loss of faith to be with Elisabeth - that is, the real between the singers emotions and relationships between them is the same as opera singers - love between Elisabeth lyric singer and Tannhäuser lyric singer and love between Elisabeth opera character and Tannhäuser opera character, with the love triangle, on 2 levels, completed by the lyric singer Wolfram and Wolfram character.

During the musical interlude that corresponds to the entrance of the guests in the room, we see the video of Venus and company trying to enter the Festival building to which they can only reach the balcony with the use of stairs. Venus immobilizes one of the choir singers and dresses as she enters the scene. The dwarf and the drag also pass the background. The comic situations are diverse at this moment, especially by Venus. Here I admit that these comical situations can cause some distraction but ... they are really fine :) While Wolfram sings his idea of ​​love, Venus enjoys and the video focuses on Tannhäuser's face behind the scenes who listens attentively and disagrees with facials just before to get on stage.

When on stage recognizing Venus begins the passage of his song that speaks of Venusberg and then the dwarf and drag appear from behind the scenes, Tannhäuser kisses Venus under Elisabeth's pained gaze (once again the emotion is greater, as if to double to who sees it because we know it's a betrayal in opera and in life. One of the opera staff sees what's going on and calls Katharina Wagner :) who appears in the video calling the police :) The police appear outside the Festival and enter to try to sort things out but Heinrich calms it. Here reality mixes with opera. Tannhäuser leaves for "Rome" but is being arrested by the police. Venus, the dwarf and the drag are on stage after they all leave, with the drag, as if necessary, covering the harp on stage with a LGBT flag.

Act 3 is again in “real life”. The van appears in the middle of the forest, underneath the placard that later comes to have the advertising of Gateau chocolat;). The dwarf watching the toilet paper run out and taking out a part of the posters to get paper to clean was hilarious as he moved behind the van :) Elisabeth appears and is glad to see that Tannhäuser is not back yet (because if he was in the van was already lost to Venus) and shares that moment of meal with the dwarf which I found touching. It's touching because it's a point that even with differences, even with rivalries of love (or other things) we can still be truly human and share.

Wolfram comes in with his "aria" and the pilgrims are now poor people who, on their return, pick up scraps of things that are on the floor that are trash. Maybe it doesn't work well because the first pilgrims were the people who were going to watch the opera but here it made no sense if they showed up. If we think that this turns out to be a vision of the extreme social differences as well, it makes sense: in the first act the pilgrims are people of some possessions who go to the opera, but the pilgrims of the third act are modest and cling to the trash because that It's already something...

Elizabeth is devastated that Tannhäuser does not return with the pilgrims. Wolfram finds the clown suit in the van and dresses it with the sense of feeling like Tannhäuser and telling Elisabeth that he is not but I am here, and what happens often in real life happens that devastated women in love, in their mourning, they give themselves to others in the aftermath of relationship, without necessarily having any feeling, and many of these men to whom they give themselves are friends who even have a loving feeling for these women. This is what happens there because Elisabeth is calling Wolfram into the van and it is not a violation.

Wolfram returns, tells of his failure, tries to get away from his life without Venus, and symbolically burns the Wagner’s score Edition Peters we see with him also in the first act - symbolic because he was a lyric singer, and that was life without Venus. The ending is potent. Elisabeth does not die of sorrow in the half-hearted way we found in the original opera. She here kills herself by slashing her wrists (the scars from previous attempts had already been shown in the second act to Wolfram and Tannhäuser and now gone for good) and appears all bloody in the van with the dwarf comforting the party corpse. Tannhäuser and Wolfram take off the body and it is placed on Tannhäuser's lap which ends up regretting everything while, at the same time, in the video projection we see how things could have gone well, with Tannhäuser driving the van with Elisabeth beside him. Head against his shoulder, towards the happiness of a sunset.

This staging is modern, mixing feelings and ideas transforming the original opera into something different, novel, but with an enviable consistency, brushstroke moments of humor but with others emotionally touching. And this is not Eurotrash. It is Eurogenius by a German director who was born in one of the greatest years of the twentieth century - 1980.

The icing on the cake is that men who betray their perfect Elizabethans are often nothing more than clowns. Perhaps that's why the director characterized Venusberg's Tannhäuser as a ... clown.

sábado, 24 de agosto de 2019

A FLAUTA MÁGICA / DIE ZAUBERFLÖTE , Opera Paris, Junho /June 2019


(text in English below)

Texto de camo_opera

Terminei a minha visita à Opéra de Paris com A Flauta Mágica. Mais uma récita de muita qualidade que sobressaiu pela homogeneidade do elenco e pela encenação.

(fotografias / Photos: Svetlana Loboff )


Esta última é a de Robert Carsen. Faz tudo bem feito numa modernização que transporta a ação para os nossos tempos no que respeita a decors e vestuário, mas que é intemporal. Depois com recursos a paneis onde se projetam vídeos e outras estruturas simples, cria o ambiente mágico e dramático da ópera de forma muito bem conseguida. Vale a pena ver.



A orquestra esteve também ela bem sob a direção de Henrik Nánási: bom ritmo e com todos os coloridos necessários.



O elenco foi muito equilibrado. Talvez a Rainha da Noite de Jodie Devos tenha ficado para trás porque não foi brilhante sobretudo na primeira ária. No Der Holle Rache esteve bem e, globalmente, foi uma boa Rainha. 


A Pamina de Vannina Santoni esteve bem: a voz é bonita e a técnica segura, tendo estado bem cenicamente. 



O Tamino de Julien Behr também foi bom: tem uma voz relativamente ligeira, mas de timbre agradável e com volume, pelo que foi adequado ao papel.



O Sarastro de Nicolas Testé esteve bem, assim como o Monastatos de Mathias Vidal. A Papagena de Chloé Briot foi agradável: gostei do timbre, mas o papel é pequeno. O destaque vai para o Papageno de Florian Sempey: excelente. Grande voz, grande capacidade cénica, muito boa interpretação. O melhor da récita!



THE MAGIC FLUTE, Opera Paris, June 2019

Camo_opera text

I finished my visit to the Opéra de Paris with The Magic Flute. Another performance of quality that stood out for the homogeneity of the cast and the staging.
The director is Robert Carsen. He does everything well done in a modernization that transports the action to our times regarding decors and clothing, but which is timeless. With features to the panels where videos and other simple structures are projected, he creates the magical and dramatic atmosphere of the opera in a very well done way. Worth seeing.
The orchestra was also well under the direction of Henrik Nánási: good rhythm and with all the necessary colors.
The cast was very balanced. Maybe Jodie Devos' Queen of the Night was left behind because she was not brilliant especially in the first aria. Singing Der Holle Rache she was well and overall she was a good Queen. Vannina Santoni’s Pamina was fine: the voice is beautiful and the technique is secure. Julien Behr's Tamino was also good: he has a relatively light voice, but with pleasant tone and volume, so he was suitable for the role.
Nicolas Testé's Sarastro was fine, as was Mathias Vidal's Monastatos. Chloé Briot's Papagena was pleasant: I liked the timbre, but the role is small. The highlight goes to the Papageno by Florian Sempey: excellent. Great voice, great scenic ability, very good interpretation. The best of the performance!