quinta-feira, 30 de maio de 2013

DER FLIEGENDE HOLLÄNDER, Zürich Opernhaus, Janeiro de 2013

(review in english below)

O Navio Fantasma (Der Fliegende Holländer) é uma das primeiras óperas de R. Wagner, escrita quando o compositor tinha 28 anos. É uma ópera romântica por excelência que, como outras que lhe seguiram, foi inspirada numa lenda nórdica. Mais curta que o habitual no compositor, é frequentemente apresentada sem intervalo, como foi o caso. A música é belíssima e de grande intensidade dramática.



O Holandês errante está condenado a navegar eternamente pelos mares, vindo a terra uma vez de sete em sete anos, na costa norueguesa, em busca de uma mulher que lhe seja fiel, o que nunca aconteceu. Daland, um capitão norueguês, em troca de ouro, oferece-lhe a mão da filha Senta que é amada por Erik mas que jura fidelidade ao Holandês. O final é trágico com o Holandês (julgando-se traído) a partir e naufragar e Senta a suicidar-se, saltando de um rochedo para o mar.



A encenação de Andreas Homoki é interessante. Transporta a acção para um escritório de navegação no início do Século XX. Todos os intervenientes, homens e mulheres, estão vestidos a rigor, de forma semelhante e de escuro. O Holandês surge como uma figura imponente, com um grande casaco negro e chapéu com penas. As fiandeiras trocam as rocas por máquinas de escrever. O palco é giratório. No centro aparece um mapa de África com os portos assinalados por setas. Há também um escravo negro. Em cima, está um relógio com ponteiros que vão avançando nas horas, ou recuando quando a narrativa è sobre o passado. No centro e nas paredes laterais dominam grandes quadros (hologramas) representando o mar que ora está calmo, ou ligeiramente ondulante ou muito agitado, consoante a acção retratada. O efeito cénico é bem conseguido. A única opção desajustada, para mim, foi a morte de Senta que, em vez de se lançar ao mar, mata-se com um tiro de espingarda.


O jovem maestro francês Alain Altinoglu dirigiu de forma superior a orquestra Philharmonia de Zurique. O Coro a Ópera de Zurique foi excepcional. E os solistas foram superlativos:


Bryn Terfel, barítono galês especialista em papéis wagnerianos e muito apreciado pelos autores deste blogue, não desiludiu. Foi um Holandês imponente e, como sempre, associou a sua excepcional qualidade vocal a uma presença marcante em palco. Penso que posso resumir de forma simples e clara se imaginar que Wagner teria gostado de ver esta sua ópera interpretada por um cantor deste calibre. Terfel é mais um caso que tem tudo, boa figura, voz magnífica e uma presença em palco insuperável.


Senta foi interpretada pelo soprano alemão Anja Kampe. É uma das minhas cantoras favoritas na actualidade e foi arrasadora! A voz é magnífica, de uma potência avassaladora e de grande beleza tímbrica. A tessitura é perfeita para o papel. Foi muito expressiva na personagem e acho que é impossível fazer melhor.

O Daland do baixo finlandês Matti Salminen foi também uma agradável surpresa pela consistência e qualidade interpretativas. Salminen, um sexagenário respeitável, é mais uma demonstração de que a idade mais avançada pode não ser sinal de decadência vocal, sobretudo nos baixos.

Marco Jentzsch, tenor alemão, foi um Erik de voz clara e limpa, bem audível e também com boa figura e presença cénica.

A Mary do jovem mezzo romeno Liliana Nikiteanu impressionou pela qualidade e projecção vocais. Apesar de bem caracterizada, este papel é habitualmente interpretado por cantoras mais velhas, o que em nada diminuiu a óptima prestação da intérprete.




Uma récita muito interessante!

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DER FLIEGENDE HOLLÄNDER, Opernhaus Zürich, January 2013

The Flying Dutchman (Der Fliegende Holländer) is one of the first operas of R. Wagner, written when the composer was 28 years old. It is a typical romantic opera that, like others that followed, was inspired by a Nordic tail. Shorter than usual within the composer operas, it is often presented without intermission, as was the case. The music is beautiful and of great dramatic intensity.

The flying dutchman is eternally condemned to sail the seas, coming to earth once every seven years, to the Norwegian coast, in search of a woman who is faithful to him, which never happened before. Daland, a Norwegian captain, in exchange for gold, offers his daughter's hand, Senta, that is loved by Erik but who swears fidelity to the Dutch. The ending is tragic with the Dutch (suspecting that he was betrayed) leaving again to the sea and sank, and Senta killing herself by jumping from a cliff into the sea.

The staging of Andreas Homoki is very interesting. The action is in a shipping office at the beginning of the twentieth century. All actors, men and women, are dressed properly, identically and in dark outfits. The Dutchman emerges as an imposing figure, with a large black coat and a hat with feathers. The spinners exchange the rattles for typewriters. The stage rotates frequently. In the center is a big map of Africa with the ports indicated by arrows. There is also a black slave on stage. On top there is a clock that goes forward or, when a narrative about the past is mentioned, backword. In the center and side walls dominate large paintings of the sea. It is usually calm ans static, but, the waves either ondulate slightly or heavily, depending on the action portrayed. The scenic effect is magnificent. The only option that I did not like was the death of Senta, that instead of jumping into the sea, she killing herself with a shotgun blast.

 Young French conductor Alain Altinoglu directed Philharmonia Orchestra of Zurich. The Chorus of the Zurich Opera House. They were exceptional. And the soloists were superlatives:

Bryn Terfel, Welsh baritone, expert on Wagnerian roles and greatly appreciated by the authors of this blog, did not disappoint. He was an impressive Dutchman and, as always, associated his exceptional vocal quality to a remarkable presence on stage. I think I can summarize in a simple and clear way if I say that I imagine that Wagner would have liked to see his opera performed by a singer of this caliber.Terfel is another artist that has everything, good figure, magnificent voice and an unsurpassed stage presence.

Senta was interpreted by German soprano Anja Kampe. She is one of my favorite singers at present and she was overwhelming! The voice is magnificent, overwhelming power of a great beauty and timbre. It is perfect for the role. She was very expressive on stage and for me it is impossible to do better.


Finnish bass Matti Salminen’s Daland was also a pleasant surprised by the quality and consistency of the interpretation. Salminen, a respectable over 60 year old man, is a further demonstration that older age may not be a sign of vocal decadence, especially in bass singers.

Marco Jentzsch, German tenor, was a clear, clean voice and very audible Erik, also with good figure and good stage presence.

Young Romanian mezzo Liliana Nikiteanu impressed as Mary by the quality and vocal projection. Although well characterized, this role is usually played by older singers, which in no way diminished the optimal performance of the interpreter.

A very interesting performance!

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domingo, 26 de maio de 2013

FALSTAFF de Giuseppe Verdi — Fundação Gulbenkian, 25.05.2013


(Review in English below)


Assistimos ontem, na Fundação Gulbenkian, à vigésima-oitava e última das óperas compostas pelo compositor italiano, Giuseppe Verdi. Estamos a falar da comédia lírica Falstaff, cujo libreto, escrito por Arrigo Boito (que colaborou com Verdi também em Otello e em Un Ballo in Maschera), se baseou na obra As Alegres Comadres de Windsor, de William Shakespeare.

A ópera, composta entre 1889 e 1893, foi estreada, obtendo enorme e imediato sucesso, a 9 de Fevereiro de 1893 no Teatro Alla Scalla, em Milão e foi, apenas, a segunda ópera de cariz cómico de Verdi, quarenta anos após a primeira e totalmente falhada tentativa com Un giorgno de regno, que foi retirada do Scalla milanês imediatamente após a primeira récita.

A história da ópera é conhecida dos amantes da ópera, pelo que não a descreveremos aqui. Em todo o caso, deixamos o link para o programa de sala disponibilizado pela Gulbenkian, que inclui, para além da sinopse, um excelente texto da autoria de Francisco Sassetti acerca de Falstaff.


O Falstaff de ontem foi apresentado em versão encenada, contando com a participação da encenadora italiana Rosetta Cucchi. Apesar de o Grande Auditório da Fundação Gulbenkian não se encontrar preparado para proceder a grandes encenações, visto tratar-se de uma sala de concertos, foi preparada uma versão que, poderíamos dizê-lo assim, ficou entre a versão encenada e a versão de concerto. Não obstante as limitações referidas, a “semi-encenação” foi muito simples mas eficaz. Foi montado um palco atrás da orquestra e, num plano mais elevado, surgia, do lado direito, uma barrica de vinho, adornada por um amplo conjunto de copos e garrafas de bebidas espirituosas, e uma cadeira alta ao estilo de um bar, que assim criavam o ambiente de taberna onde Sir John Falstaff se encontra boa parte do tempo da ópera a tratar de encher a barrica que carrega dentro do abdómen. Do outro lado, o direito, uma grande mesa redonda e um candeeiro criavam o ambiente de uma sala onde as Alegres Comadres confraternizavam, e aos quais se juntou um cesto-baú de verga no segundo acto, evocando o enorme cesto de roupa suja em que o “enorme” Falstaff é atirado ao rio para fugir do ciumento marido de Alice Ford, o Sir Ford.


No terceiro acto, e porque a ação se desenvolve na penumbra de um bosque à meia-noite, foi aberta a parte de trás do Grande Auditório, que tem vista para os jardins da Gulbenkian, pelo que o cenário da cena final ficou totalmente em consonância com as exigências do libretto. Enfim, e sem querer insistir em Francesco Esposito, que encenou as três óperas de Verdi que o Teatro São Carlos produziu em Abril e Maio e que foram amplamente descritas e comentadas neste blog, não podemos deixar de salientar que Rosetta Cucchi fez, com ainda menos, muito mais!


O maestro foi Lawrence Foster, tendo dirigido a Orquestra Gulbenkian, esteve, em geral, em bom plano, sem ter sido extraordinário, já que não foi clara a sua abordagem interpretativa da ópera. Nem foi propriamente cómica, com o foi claramente, por exemplo, Solti na gravação que fez para a Decca, nem optou por um estilo claramente mais intimista como Abbado na recente gravação para a Deutsche Grammophon. Por exemplo, no início da ópera faltou quase totalmente a estridência nos sopros, perdendo-se o início tosco e cómico de que os sopros devem dar imediatamente nota. Mas, gostos à parte, insistimos que a orquestra esteve, em geral, bem, tendo sido uma récita agradável. A curta participação do Coro Gulbenkian foi de qualidade.


Sir John Falstaff foi o barítono norte-americano Lester Lynch. Foi cénica e interpretativamente muito convincente, tendo cumprido perfeitamente as exigências cómicas da sua personagem, desde logo, mas não só, porque a sua figura física é perfeitamente compatível com a descrição de Falstaff: é enorme e, se as Alegres Comadres conseguissem aprovar o imposto sobre a gordura de que falam na ópera para castigar Falstaff, não temos dúvidas de que o intérprete não lhe conseguiria fugir. Tem uma voz muito profunda e muito potente, não revelando dificuldades nos agudos mais fortes, mas tem um certo grão na voz que prejudica a clareza na projeção e a dicção.


Sir Ford foi o barítono moldavo Igor Gnidii. Foi, talvez, a melhor voz da récita. Tem uma voz potente e clara e, do ponto de vista da interpretação, esteve muito bem, quer vocal, quer cenicamente. Na sua ária principal (se se puder falar disso nesta ópera) – È sogno, o realtà? – esteve muito bem e a sua interpretação foi muito correta: nem foi muito agressivo, como alguns barítonos tendem a ser, apesar das dúvidas que, não obstante o encontro de Falstaff com Alice até já estar marcado, deviam ter, nem demasiado descrente no seu ciúme, o que teria dado espaço a uma interpretação amorfa.

O tenor português Fernando Guimarães foi Fenton. O papel é relativamente pequeno, mas muito melodioso. Esteve bem, sem ser perfeito, mas cumpriu plenamente o papel. Tem um timbre muito bonito e boa presença em palco. A projeção da sua voz nem sempre é a ideal, apresentando por vezes algumas dificuldades, ainda que, desta vez, menos do que em anteriores situações em que tivemos oportunidade de o ouvir.


Dr. Caius foi o tenor austríaco Dietmar Kerschbaum. O papel desta personagem é bastante curto e tem especial importância logo no início do primeiro acto. Gostámos da sua voz, que é melódica e bastante bem sustentada. Projetou sempre bem a sua voz e esteve cenicamente bem.


O tenor alemão Paul Kaufmann foi Bardolfo, enquanto que o baixo português Nuno Dias foi Pistola. Gostámos igualmente de ambos, tendo os dois funcionado muito bem cenicamente sendo as suas vozes bastante audíveis. Apesar de a sua participação ser bastante limitada, são das poucas personagens da ópera de cariz estritamente cómico, campo em que estiveram muito bem e coordenados.

Alice Ford foi encarnada pelo soprano francês Isabelle Cals. Gostámos muito da sua prestação. Tem um papel central na ópera e conseguiu sê-lo efetivamente, quer ao nível da sua capacidade vocal, quer no campo da interpretação cénica.


O soprano romeno Liliana Faraon foi Nanneta. Tem um timbre bonito e agradável, esteve bem cenicamente. Projetou relativamente bem a voz, mas nem sempre com a sustentação ideal dos agudos, nomeadamente dos mais prolongados.

Renée Morloc, meio-soprano alemão, foi Mrs. Quickly. Apresentou uma voz bastante profunda e interpretou muito bem o seu papel, que tem um carácter essencialmente cómico. Contracenou muito bem com Falstaff quando surge na taberna para lhe dar conta do “interesse” de Alice e de Meg Page no amor que Falstaff lhes oferecera.


Meg Page foi interpretada pelo meio-soprano irlandês Zandra McMaster. O papel é praticamente irrelevante do ponto de vista vocal. Entre o quarteto de vozes feminino não tem qualquer destaque individual, ao contrário das outras três personagens. Ainda assim, esteve bem, conquanto não possamos fazer uma apreciação muito concreta da sua voz.

Em suma, foi uma récita bastante boa, que confirma a boa réplica que a Fundação Gulbenkian tem dado nas poucas óperas que têm feito parte da temporada 2012/2013 (relembremo-nos, por exemplo, da excelente A Flauta Mágica de Mozart, com Renée Jacobs) e que abre boas perspectivas para o que se poderá escutar nas versões de concerto da ópera Otello, que terão lugar na próxima quinta-feira (dia 30 de Maio) e no próximo Domingo (dia 2 de Junho), às quais iremos assistir e de que se dará conta neste blog.

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(Review in English)

Yesterday, we attended at the Gulbenkian Foundation the twenty-eighth and last opera composed by Italian composer Giuseppe Verdi. We are talking about the lyrical comedy Falstaff, whose libretto, written by Arrigo Boito (who also collaborated with Verdi in Otello and Un Ballo in Maschera), was based on the work The Merry Wives of Windsor by William Shakespeare.

The opera, composed between 1889 and 1893, was premiered at February 9, 1893 at the Teatro Alla Salla in Milan getting huge and immediate success,  and was only the second Verdi’s comic opera, forty years after the first and utterly failed attempt to Un Giorgno di regno, which was removed from Scalla immediately after the first recitation.

Opera lovers know the opera history, so we will not describe it here. In any case, we leave the link to the room’s program provided by the Gulbenkian, which includes, beyond the synopsis, an excellent text by Francisco Sassetti about Falstaff.

Falstaff was presented in staged version, with the participation of the Italian stage director Rosetta Cucchi. Although the Grand Auditorium of the Gulbenkian Foundation not find prepared to make major scenarios, as it is a concert hall, the version that was prepared, we could say it, thus became between a staged and concert opera version. Despite these limitations, the "semi-staged" was very simple but effective. A stage was mounted behind the orchestra. On a higher plane, it appeared on the right side, a barrel of wine, adorned by a wide set of glasses and wine bottles, and a high chair in the bar style, so they created tavern environment where Sir John Falstaff is having great time filling the barrel that he carries inside his abdomen. On the other hand, at the right side, a large round table and a lamp created the atmosphere of a room where the Merry Wives fraternized, and joined them a basket-wicker chest in the second act, evoking huge laundry basket in which the "huge" Falstaff is thrown into the river to escape the jealous husband of Alice Ford, Sir Ford. In the third act, and because the action unfolds in the shadows of a forest at midnight, the opened back stage of the Grand Auditorium, which overlooks Gulbenkian’s gardens, was totally perfect and matching libretto’s requirements. Finally, and without wanting to insist in Francesco Esposito, who staged three Verdi’s operas at Teatro São Carlos in April and May that were widely described and commented on this blog, we must point out that Rosetta Cucchi made, with even less money, much better!

The conductor Lawrence Foster was, directing Gulbenkian Orchestra, generally in good plan, without being extraordinary, since it was not clear his interpretive approach of the score. Neither it was strictly comic, as it is clearly, for example, Solti’s recording for Decca, or intimate as the recent Abbado’s recording for Deutsche Grammophon. For example, at the beginning of the opera it nearly completely lacked the stridency in wind instruments, losing the early rough and humorous that they should immediately take note. But taste aside we insist that the orchestra was, in general, well, having been a nice recitation. The Gulbenkian Choir interpreted the short choral role with quality.


Sir John Falstaff was the American baritone Lester Lynch. He was very scenic and interpretively compelling, and perfectly fulfilled the requirements of his comic character from the outset, but not only, because his physical figure is perfectly compatible with the description of Falstaff: he is huge and if the Merry Wives managed to approve a tax punnishing fat as they proposed, we have no doubt that the interpreter will not be able to escape. He has a very deep voice and very powerful, not revealing difficulties in high pitch notes, but has certain grit in his voice that impairs clarity in diction and projection.

Sir Ford was the Moldovan baritone Igor Gnidii. He was perhaps the best voice of recitation. He has a powerful and clear voice, and at the point of view of interpretation, he did it very well, either vocal or scenically. In his principal aria (if one can speak of it in this opera) - È sogno, to realtà? – he was very good and his interpretation was quite correct: neither was very aggressive, as some baritones tend to be, despite doubts that he should have because of Falstaff previous arranged meeting with his wife, or too cynical in his jealousy, which would have given way to an amorphous interpretation.

The Portuguese tenor Fernando Guimarães was Fenton. The role is relatively small, but very melodic. He was good without being perfect, but fully fulfilled the role. He has a beautiful timbre and good stage presence. The projection of his voice is not always ideal, sometimes presenting some difficulties, though, this time, less than in previous situations where we had the opportunity to hear him.

Dr. Caius was the Austrian tenor Dietmar Kerschbaum. The role of this character is quite short and is especially important early in the first act. We liked his voice, which is melodic and very well supported. He always projected his voice well and was scenically at good level.

The German tenor Paul Kaufmann was Bardolph, while the Portuguese bass Nuno Dias was Pistol. We liked both equally, and both worked very well scenically and with their voices quite audible. Although their participation is quite limited, are the few characters of the opera strictly oriented to be comic, they were very good and coordinated.

Alice Ford was incarnate by French soprano Isabelle Cals. We enjoyed her performance very much. She has a central role in the opera and managed it effectively, both in terms of her vocal ability, and in the field of scenic interpretation.

The Romanian soprano Liliana Faraon was Nanneta. She has a beautiful and pleasant tone, and she was very well scenically. She projected her voice relatively well, but not always with the ideal support of high notes, in particular longer ones.

Renée Morloc, German mezzo-soprano, was Mrs. Quickly. She presented a very deep voice and played her role very well which is essentially comic. She was playing opposite very nicely with Falstaff when she arises the tavern to give account of the "interest" of Alice and Meg Page in Falstaff love he offered them by letter.

Meg Page was interpreted by Irish mezzo-soprano Zandra McMaster. The role is practically irrelevant from the vocal standpoint. Among the quartet of female voices she has no prominent role, unlike the other three characters. Still, she was good, although we cannot make a very real appreciation of her voice.

In short, it was a very good recitation, which confirms the good replica Gulbenkian Foundation has been given in the few operas that have been part of the 2012/2013 season (we remember, for example, the excellent The Magic Flute by Mozart, with Renée Jacobs), and augurs for what we can hear in concert versions of opera Otello, which will take place next Thursday (May 30th) and next Sunday (June 2), to which we will attend and will comment in this blog.