quarta-feira, 29 de setembro de 2021

IOLANTA, Teatro Nacional de São Carlos, Lisboa, Setembro de 2021


(review in English below)

Iolanta de P.I. Tchaikovsky abriu a temporada do Teatro de São Carlos. Dirigiu o Coro do Teatro de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa o maestro Graeme Jenkins


A ópera conta a história da princesa cega Iolanta, filha do Rei René, que se apaixona por quem lhe explica as cores e recupera a visão. 

Em versão concerto (ópera amputada!), apenas podemos apreciar a música e os desempenhos vocais. E foi um espectáculo muito bom!


Os solistas incluíram 4 cantores russos, um ucraniano e um português que marcaram qualitativamente o espectáculo.

O soprano russo Zarina Abaeva tem uma voz cheia, bem timbrada e agudos bonitos. Gosto muito desta cantora. Hoje, como Iolanta, foi por vezes pouco emotiva.

O tenor russo Misha Didyk impôs-se como Vaudémont, uma voz poderisíssima, com um registo agudo impressionante, grande agilidade, sempre afinado.


O baixo russo Evgeny Stavinsky como Rei René foi para mim o melhor da noite. A voz é de invulgar beleza, poderosa, versátil e o cantor interpretou o papel com uma emotividade assinalável.


O barítono russo Gruiy Guryev foi um Robert correcto, a voz é também grande mas não particularmente bonita e o cantor fez-se aos aplausos no final da sua intervenção principal, o que já não se usa.

O baixo ucraniano Alexander Milev tem uma voz tão forte quanto bela, impôs-se como Bertrand, outro dos cantores que mais apreciei, apesar de o papel ser curto.


O barítono Luís Rodrigues foi o médico Ibn-Hakia. Esteve bem vocalmente mas não descolou os olhos da partitura. 


Completaram os solistas o mezzo Maria Luísa de Freitas (Martha), o mezzo Patrícia Quinta (Laura), o soprano Carla Caramujo (Brigitta) e o tenor Marco Alves dos Santos (Alméric).



Apesar de em versão concerto, começou muito bem a temporada do São Carlos.


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IOLANTA, National Theater of São Carlos, Lisbon, September 2021

Iolanta by P.I. Tchaikovsky opened the season at the Teatro de São Carlos. Graeme Jenkins conducted the Choir of the São Carlos Theater and the Portuguese Symphony Orchestra. The opera tells the story of the blind princess Iolanta, daughter of King René, who falls in love with someone who explains the colors to her and regains her sight. 
In a concert version (amputated opera), we can only enjoy the music and vocal performances. And it was a very good performance!

The soloists included 4 Russian singers, a Ukrainian and a Portuguese who marked the performance qualitatively.

Russian soprano Zarina Abaeva has a full, high-pitched voice and beautiful top notes. I really like this singer. Today, as Iolanta, she was sometimes unemotional.

Russian tenor Misha Didyk imposed himself as Vaudémont, a very powerful voice, with an impressive top register, great agility, always in tune.

Russian bass Evgeny Stavinsky as King René was for me the best of the night. The voice is of unusual beauty, powerful, versatile and the singer interpreted the role with remarkable emotion.

Russian baritone Gruiy Guryev was a correct Robert, the voice is also big but not particularly pretty and the singer cheers at the end of his main intervention, which is no longer accepted.

Ukrainian bass Alexander Milev has a voice as strong as it is beautiful, he imposed himself as Bertrand, another of the singers I most appreciated, despite the role being short.

Baritone Luís Rodrigues was the doctor Ibn-Hakia. He did well vocally but didn't take his eyes off the score.

The soloists were completed by mezzo Maria Luísa de Freitas (Martha), mezzo Patrícia Quinta (Laura), soprano Carla Caramujo (Brigitta) and tenor Marco Alves dos Santos (Alméric).

Despite being in a concert version, the Teatro de São Carlos season started very well.

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domingo, 26 de setembro de 2021

SINFONIA Nº4 de MAHLER, Fundação Gulbenkian, Setembro de 2021

(comment in English below)

A Fundação Calouste Gulbenkian, a instituição nacional que mais respeito na divulgação cultural, retomou o seu programa de concertos. Contudo, muitos deles, como o presente, são em versão adaptada e reduzida.

Nesta 4ª Sinfonia de Mahler adaptada a “Orquestra” Gulbenkian, sob a direcção de Giancarlo Guerrero,  tinha em palco 13 elementos. Tocaram bem, mas “sabe a pouco”.


A solista, Valentina Farcas, cantou bem, mas não encantou.


E eu saí decepcionado do concerto.

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MAHLER SYMPHONY No. 4, Gulbenkian Foundation, September 2021

The Calouste Gulbenkian Foundation, the national institution I most respect in cultural dissemination, has resumed its concert program. However, many of them, like the present one, are in an adapted and reduced version.

In this 4th Mahler Symphony adapted to the Gulbenkian “Orchestra”, under the direction of Giancarlo Guerrero, only 13 elements were on stage. They played well, but we wanted more.

Soprano Valentina Farcas sang well but not enchanted.

And I left the concert disappointed.

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sexta-feira, 24 de setembro de 2021

CAVALLERIA RUSTICANA, Aula Magna Reitoria da Universidade de Lisboa, Setembro 2021

(Review in English below)

Foi com muita emoção que voltei a assistir a uma opera encenada ao vivo, 18 meses depois! Foi a Cavalleria Rusticana de P Mascagni, numa encenação de Alfonso Romero, pela Orquestra e Coro Ópera na Academia e na Cidade, sob a direcção do maestro José Ferreira Lobo.


A Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa tem boas condições acústicas mas não é uma sala preparada para espectáculos de opera. A orquestra, muito numerosa, esteve no local das cadeiras doutorais e teve um desempenho notável.

No palco, uns painéis com rodas, umas cadeiras e uma mesa permitiram com inteligência criar os diferentes ambientes vividos no espectáculo, tendo sido perfeitamente perceptível toda opera.

Os solistas foram relativamente homogéneos em qualidade vocal e proporcionaram um bom espectáculo. Maria Ermolaeva foi uma Santuzza convincente com um desempenho vocal marcante.

 Pedro Rodrigues também esteve em grande nível na interpretação, cénica e vocal do Turiddu. 

Ana Santos foi uma mãe Lucia muito jovem mas não destoou. 

Gisela Sachse cumpriu com brilho o papel de Lola. 


Pedro Telles foi um Alfio excelente no desempenho cénico mas menos impressionante no vocal, deixando-se afogar frequentemente pela orquestra.


Para mim, um espectáculo inesquecível porque é uma ópera que gosto muito, foi bem interpretada, foi a minha estreia em ópera na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa e, sobretudo, foi a primeira ópera ao vivo após 18 meses desta terrível pandemia que também arruinou a cultura!


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CAVALLERIA RUSTICANA, Aula Magna de Reitoria da Universidade de Lisboa, September 2021

It was with great emotion that I went back to watching an opera staged live, 18 months later! It was Cavalleria Rusticana by P Mascagni, staged by Alfonso Romero, by the Orchestra and Coro Ópera in the Academy and in the City, under the direction of conductor José Ferreira Lobo.

The Aula Magna has good acoustic conditions but it is not a room prepared for opera performances. The orchestra was at the site of the doctoral chairs. On stage, panels with wheels, chairs and a table intelligently created the different environments experienced in the opera, with the entire opera being perfectly perceptible.

The Orchestra, very numerous and young, had a remarkable performance. The soloists were relatively homogeneous in vocal quality and provided a good show. Maria Ermolaeva was a convincing Santuzza with an outstanding vocal performance. Pedro Rodrigues was also at a great level in the interpretation, scenic and vocal of Turiddu. Ana Santos was a very young mother Lucia but she didn't clash. Gisela Sachse fulfilled the role of Lola with brilliance. Pedro Telles was an Alfio excellent in scenic performance but less impressive in vocals, often letting himself be drowned by the orchestra.

For me, an unforgettable performance because it's an opera I really like, it was well performed, it was my opera debut at the Aula Magna and, above all, it was the first live opera after 18 months of this terrible pandemic that also ruined the culture!

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