domingo, 30 de junho de 2013

DIE MUNCHER PHILHARMONIKER, Concerto, Janeiro de 2013


Na minha passagem por Munique tive oportunidade de assistir a um Concerto da Orquestra Filarmónica de Munique, dirigida pelo maestro Ingo Metzmacher e onde foi solista o barítono Michael Volle.


A sala moderna, de grandes dimensões e invulgar beleza, tem uma arquitectura que permite visualização e audição perfeitas de praticamente todos os locais.



O programa incluiu três peças para orquestra op. 6 de Alban Berg, de audição difícil para mim, cinco canções sobre a morte de crianças (Kindertotenlieder) de Gustav Mahler, com a interpretação vocal tocante de Volle, três belíssimos prelúdios de “Palestrina” de Hans Pfitzner e terminou com a despedida de Wotan e o final da Valquíria de R Wagner.



A orquestra teve um desempenho excelente, o maestro dirigiu-a com emotividade e Michael Volle ofereceu-nos outra ímpar interpretação como Wotan.





Um belo concerto.

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 DIE MUNCHER PHILHARMONIKER, Concert, January 2013

In my visit to Munich I had the opportunity to attend a concert of the Munich Philharmonic Orchestra, conducted by Ingo Metzmacher with baritone Michael Volle.as soloist.

The modern room, large and very beautiful, has an architecture that allows perfect viewing and listening almost in all locations.
The program included three pieces for orchestra op. 6 of Alban Berg. They were difficult for me. Then we were offered five songs about the death of children (Kindertotenlieder) by Gustav Mahler, with emotive vocal interpretation of Volle. Afterwords we heard three beautiful preludes from "Palestrina" by Hans Pfitzner and the concert finished with Wotan's farewell and the final of R Wagner’s Valkyrie.

The orchestra's performance was excellent, the conductor was emotive and Michael Volle offered us another unique interpretation as Wotan.

A very good concert.


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terça-feira, 25 de junho de 2013

CARMEN – Deutsche Oper, Berlim, Abril de 2013

(review in english below) 

A Carmen de G Bizet já foi várias vezes comentada neste blogue, aqui, aqui e aqui.

A produção da Deutsche Oper, de Soren Schuhmacher sobre uma produção de Peter Beauvies de 1979, é clássica, vistosa e agradável. No primeiro acto há casas de um lado e a fábrica de tabaco do outro e pelo palco existem várias árvores. A fábrica tem uma fachada que mais parece a de um convento (e que também servirá para a praça de touros no 4º acto). Mas os cenários são agradáveis e os jogos de luzes bem conseguidos.


O maestro William Spaulding deu-nos uma leitura correcta da obra e tiveram bons desempenhos a Orquestra, o Coro e o Coro de Crianças da Deutsche Oper Berlin.




Para mim a revelação da noite foi o mezzo francês Clémentine Margaine. A cantora tem uma boa figura e fez uma Carmen excelente. A voz é quente, escura, potente e não perde qualidade em qualquer registo. A caracterização da personagem foi muito boa e a presença cénica perfeita. Só ela valeu o espectáculo.


O Don José do tenor Gaston Rivero foi muito decente. A voz tem um registo médio interessante, no agudo tende mais a gritar que a cantar mas, ainda assim, esteve bem. Foi expressivo na interpretação cénica, apesar de não ser ajudado pela figura.


 O soprano Martina Welschenbach foi um Michaëla correcta, humilde e afinada, de voz muito suave a agradável.


O Escamillo do barítono holandês Bastiaan Everink esteve ao bom nível dos outros solistas. A interpretação foi correcta mas não vibrante.


O baixo-barítono croata Marko Mimica foi outro cantor que se destacou pela positiva no papel de Zuniga, pelas qualidades vocais e cénicas que revelou.

O menos interessante da noite foi Paul Kaufmann como Remendado. O papel é secundário mas, ainda assim, destoou. O cantor é excessivamente gordo e teve uma postura pouco adequada ao papel.

Merecem ainda uma nota elogiosa pelas boas interpretações que tiveram Zheng Zhong Zhou como Moralès, Hulkar Sabirova como Frasquita e Rachel Hauge como Mercédès.

Começou bem este meu périplo por 5 óperas em Berlim.






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 CARMEN - Deutsche Oper, Berlin, April 2013

Carmen by G Bizet has often been commented upon this blog, here, here and here.

The Soren Schuhmacher’s production of Deutsche Oper, on a production of Peter Beauvies of 1979 is classic, fine and pleasant. In the first act there are houses on one side and on the other the tobacco factory and on the stage there are several trees. The factory has a facade that looks more like that of a convent (and which also serves to the bullring in the 4th act). But the scenery is nice and the lighting is very successfull.

Conductor William Spaulding gave us a correct interpretation of the work and the Orchestra, Choir and Children's Choir of the Deutsche Oper Berlin had good performances.

For me the revelation of the evening was French mezzo Clémentine Margaine.
The singer has a good figure and made a superb Carmen. The voice is warm, dark, powerful and does not lose quality in any register. The characterization of Carmen was very good and her stage presence was perfect. She, alone, was worth the performance.

Tenor Gaston Rivero’s Don José was very decent. The voice has an interesting timbre. In the acute register he had a tendency to shout over the singing but still did well. He had a good stage performance despite not being helped by the figure.

Soprano Martina Welschenbach was a correct Michaëla, humble and in tune, with a very soft to enjoyable voice.

Escamillo was Dutch baritone Bastiaan Everink and he was at the good level of the other soloists. His scenic performance was correct but not vibrant.

Croatian bass-baritone Marko Mimica was another singer who stood out positively in the role of Zuniga revealing interesting vocal and scenic qualities.

The least interesting of the night was Paul Kaufmann as Remendado. The role is secondary but still he had a different. The singer is too big and had an attitude unsuited to the role.

Also worth a note for their good interpretations Zheng Zhong Zhou as Moralès, Hulkar Sabirova as Frasquita and Rachel Hauge as Mercédès.

It was a good start for my five operas in Berlin.

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sábado, 22 de junho de 2013

THE TURN OF THE SCREW, Theatro São Pedro, São Paulo

THE TURN OF THE SCREW - A VOLTA DO PARAFUSO NO THEATRO SÃO PEDRO-SP. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.



A ópera The Turn of the Screw - A Volta do Parafuso de Benjamin Britten é apresentada pela primeira vez na cidade de São Paulo como homenagem ao centanário do nascimento do compositor. Torci o nariz quando vi esse título na programação, no vídeo é uma coisa, ao vivo no teatro a emoção é superlativa. Grande sacada do Theatro São Pedro/SP em montar esse título raro por essas bandas.

Britten é o maior compositor britânico do século XX, sua música é original e com um estilo único. Não cai nos modismos do dodecafonismo, compõe do seu jeito e a sua maneira. A maioria de suas composições operísticas são de câmara e algumas delas tem enorme sucesso internacional.

Britten, foto Internet.

Em The Turn of the Screw Britten utiliza um texto homônimo de Henry James cheio de ambiguidades e mistérios, onde fantasmas aparecem e desaparecem do nada. Não é só de Gasparzinhos que a ópera é feita, temos conotações homossexuais e repressões para todo gosto. Só lembrando que se você fosse homossexual na Inglaterra dos anos 50 podia acabar no xilindró. Musicalmente The Turn of the Screw é um petardo cheio de criatividade, a grande sacada de Britten é ter um tema principal com um núcleo dramático composto por 16 cenas (cada uma associada a um instrumento musical) ligadas por 15 interlúdios. Isso é um pesadelo para os produtores e a contra partida é música de excelente qualidade.

A escalação do elenco para a apresentação do último dia 18 de Junho foi acertada. A gaucha Luísa Kurtz mostrou bela musicalidade vocal, timbre lírico com agudos harmoniosos e interpretação cênica convincente da personagem The Governess. Chimarrão e churrasco fizeram bem ao soprano que teve uma atuação marcante e comovedora. Pena não poder dizer o mesmo de Céline Imbert , o soprano faz uma atuação convincente da personagem Mrs. Grose. Sua voz saiu gritada no primeiro ato e oscilou no segundo, despejava potência vocal sem necessidade, tornando-a agressiva e forçada no pequeno teatro, quer transformar sua voz maior que a personagem.

Cena da ópera The Turn of the Screw, foto internet.

Luciana Bueno fez uma Miss Jessel no ponto, arrebentou com um belo timbre escuro de mezzo-soprano, esbanjou em belos graves e interpretou com grande qualidade artística. Não entendo por que esse talento vocal é tão pouco aproveitado em nossos teatros líricos. O Peter Quint de Juremir Vieira trouxe um timbre com agudos convencionais e consistentes em todos os registros. Os jovens que fizeram Flora e Miles mostraram precoce talento e grande desenvoltura vocal e cênica.

A Orquestra do Theatro São Pedro regida pelo maestro convidado Steven Mercurio fez uma bela exibição. Música em bom volume e som, solos de violino e violoncelo primorosamente tocados e uma musicalidade adequada ao tamanho do teatro proporcionou belas notas aos ouvintes.

A direção de Livia Sabag capta a essência do libreto e com criatividade e algumas ousadias faz uma bela leitura das 16 cenas. Auxiliada pelos cenários dinâmicos de Nicolás Boni, figurinos de Veridiana Piovezan que nos transportam para os campos ingreses e a luz que auxilia o enredo de Wagner Pinto, a concepção de Livia Sabag mostrou todas as tensões e ambiguidades sexuais dos personagens. Diretora de ópera em evolução permanente.


Tenho que falar da qualidade do programa, dois textos informativos introdutórios e a biografia completa dos solistas e produtores em um papel de qualidade fazem que o guardemos para a posteridade.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

SALOME, Wiener Staatsoper, Fevereiro de 2013 / February 2013

(review in english below)

 Salome é uma ópera de Richard Strauss com libretto baseado na obra de Oscar Wilde.



A encenação de Boleslaw Barlog é clássica, simples e eficaz. No palco há uma grande escadaria à esquerda, de acesso aos aposentos de Herodes, e um pátio murado ocupando o resto do palco, onde há, ao centro, a cisterna onde Jochanaan está preso. Toda a acção se passa neste cenário.

A direcção musical foi do maestro austríaco Peter Schneider e a Orquestra da Staatsoper de Viena teve um desempenho ao nível do que esta magistral partitura exige.


Os cantores tiveram prestações muito diferentes.

O Herodes do tenor alemão Gerhard Siegel foi fantástico. A voz é muito expressiva e melodiosa e ouve-se sempre sobre a orquestra. Também teve um desempenho cénico irrepreensível. O melhor da noite.


Igualmente com uma interpretação superior foi a outra cantora alemã, o mezzo Michaela Schuster como Herodias. O papel é pequeno mas foi suficiente para mostrar, mais uma vez, a excelente prestação vocal que sempre nos oferece.


O barítono britânico James Rutherford fez um Jochanaan aceitável. A voz tem um timbre agradável, sobretudo no registo mais grave. Canta muito fora do palco o que nem sempre beneficia a audição.


Camilla Nylund, soprano finlandês, foi decepcionante como Salome. A voz não é particularmente atraente mas o pior foi que, sempre que a orquestra soava mais alto (algo muito frequente nesta obra), não se ouvia. Também não foi muito expressiva em palco, não tendo transmitido nem a sensualidade nem o desejo sexual obsessivo que a personagem exige. Uma pena.


Praticamente inaudível foi o tenor mexicano Carlos Osuna como Narraboth. O papel é pequeno mas merecia melhor.

Nos papéis mais secundários houve interpretações interessantes, sobretudo de Herwig Pecoraro, Jinxu Xiahou, Benedikt Kobel e Wolfram Igor Derntl, como os 4 judeus.

Uma Salomé muito aquém das minhas expectativas e sem qualquer comparação com a magistral récita que vi em 2010 na Royal Opera House de Londres. Só Gerhard Siegel (o único comum às duas récitas) esteve ao nível. Curiosamente e apesar de ter sido escrito há quase três anos, este é, de todos os textos disponíveis no blogue, aquele que há mais tempo se mantém entre os 3 mais lidos de sempre.






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SALOME, Wiener Staatsoper, February 2013 / February 2013

Salome is an opera by Richard Strauss with libretto based on Oscar Wilde’s work.


The staging of Boleslaw Barlog is classic, simple and effective. On stage there is a grand staircase to the left, that gives access to the rooms of Herod, and a walled courtyard occupying the rest of the stage, where there is, at the center, the place where Jochanaan is trapped. All the action takes place in this scenario.

Musical direction was by Austrian conductor Peter Schneide, and the Orchestra and the Vienna Staatsoper was excellent, at the level required by the masterpiece score.

The singers were very different in quality.

German tenor Gerhard Siegel was a fantastic Herod. The voice is very melodious and expressive and is always heard about the orchestra. He had also a faultless performance.
The best of the night.

Also with a top quality performance was the other German singer, mezzo-soprano Michaela Schuster as Herodias. The role is small but it was enough to appreciate, once again, the excellent vocal quality that she always offers us.

British baritone James Rutherford was a very acceptable Jochanaan. The voice has a beautiful tone, especially in the lower register. He sings offstage frequently which is not always beneficial for the sound.

Finnish soprano Camilla Nylund was  disappointing Salome. Her voice is not particularly attractive but the worst was that when the orchestra sounded louder (something very common in this masterpiece) she could not be heard. She was also not very expressive on stage. She was not sensual nor showed an obsessive sexual desire that the character requires. A pity.

Virtually inaudible was the Mexican tenor Carlos Osuna as Narraboth. The role is small but it deserved better.

In secondary roles we heard more interesting interpretations, especially Herwig Pecoraro, Jinxu Xiahou, Benedikt Kobel and Wolfram Igor Derntl as the 4 Jews.

A disappointing Salome, without any comparison with the fabulous performance I saw in 2010 at the Royal Opera House in London. Only Gerhard Siegel (the only soloist that sang on both occasions) was at the level. Interestingly and despite having been written almost three years ago, that is, of all texts on this blog, one thp 3 most read ever.


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sábado, 15 de junho de 2013

NABUCCO, New National Theater, Tóquio, Junho de 2013 / Tokyo, June 2013




Nabucco é uma das primeiras óperas de Verdi, com libretto de Temistocle Solera, que conta a história do rei Nabucodonosor da Babilónia. Foi o primeiro grande êxito do compositor, estreado durante a ocupação austríaca do norte da Itália. O famoso coro dos escravos hebreus Va, pensiero, sull'ali dorate tornou-se um hino do nacionalismo italiano.

Desta vez vou falar menos da ópera e mais da vivência que tive em Tóquio.


 O New National Theatre faz parte do Opera Palace da cidade, uma construção muito recente, moderna e de uma beleza de cortar a respiração. A arquitectura é belíssima, o espaço de uma harmonia formidável, com lagos entrecortados por estruturas de pedra criando um ambiente repousante e de um impacto visual marcante.


 O teatro é uma das muitas salas existentes no complexo, tem uma entrada ampla e magnífica e é de grandes dimensões. Tudo está imaculadamente limpo e arranjado, a decoração é sóbria, a funcionalidade inexcedível e o conforto assinalável. 


 Imediatamente antes do início do espectáculo há os habituais avisos sobre a proibição de tirar fotografias ou fazer gravações durante o espectáculo. Mas nestes há sempre aspectos interessantes (sobre os quais, um dia mais tarde, escreverei algo). Desta vez, em japonês e em inglês, também se pede às pessoas para não se inclinarem para a frente porque perturbam a visibilidade de quem está sentado atrás e informa-se que, em caso de sismo, deveremos permanecer sentados até nos indicarem uma saída em segurança, dado que o edifício foi construído com a mais avançada tecnologia anti-sísmica.


 Sendo o povo japonês talvez aquele que, no mundo, mais gosta de tirar fotografias, ninguém o fez dentro do teatro e sempre que tentei registar fotograficamente, para memória futura, alguns dos momentos inesquecíveis para mim desta experiência única, fui imediatamente convidado, com toda a correcção, a não fotografar. Por isto a escassez de imagens.


 E passo já a comentar a postura dos japoneses. São o povo mais cortês e educado que conheci até hoje! No dia a dia não há ninguém que não tente ajudar empenhadamente, apesar da barreira da língua. Só vindo ao Japão se consegue apreciar a dignidade e respeito com que tratam os estrangeiros (e entre si). Há uma influência significativa do ocidente, sobretudo na imagem corporal e vestuário, mas a essência da cultura oriental nipónica é constante e impressionante. A sensação de segurança é absoluta e, no mar de gente que circula por Tóquio, a ordem e respeito pelos outros não são frequentes, são a única forma de estar!

Em relação ao espectáculo em si, diria que o “eurotrash” chegou em força a Tóquio. A encenação do inglês Graham Vick é horrorosa. Do pior que já vi. O cenário é rico, toda a acção se passa dentro de um moderníssimo centro comercial actual com vários andares e escadas rolantes entre eles. Os hebreus são os sofisticados visitantes e compradores, e os assírios um grupo de assaltantes mal vestidos com cabeças de porco, máscaras dos “anonymous” ou outras, que tudo saqueiam e destroem. E é assim até ao fim do espectáculo. Um nojo!


 Pelo contrário, a música foi de elevada qualidade. A direcção musical esteve a cargo do maestro Paolo Carignari. A Tokyo Philarmonic Orchestra foi grande e competente e o New National Theatre Chorus foi absolutamente excepcional.


 Também os solistas tiveram interpretações notáveis. O barítono Lucio Gallo fez um Nabucco vocalmente muito aceitável, bem audível e expressivo, o mezzo Mariane Coretti foi a melhor da noite na Abigaille pérfida que nos ofereceu. A cantora tem uma voz enorme e soube utilizá-la de forma superior, cativando sempre em todas as intervenções. Também o baixo Konstantin Gorny foi um Zacharia competente, com um timbre muito interessante e um registo grave assinalável. Os cantores japoneses foram excelentes, nomeadamente o tenor Higuchi Tatsuya como Ismael e o mezzo Taniguchi Mutsumi como Fenena. Nos papéis secundários foram também muito bem o soprano Ando Fumiko como Anna, o tenor Uchiyama Shingo como Abdallo e o baixo Tsumaya Hidekazu como Grande Sacerdote.


 O público manteve-se totalmente silencioso durante o espectáculo. Não se ouviu uma tosse ou qualquer outro ruído, apenas os aplausos, calorosos, mas sempre só depois de a música terminar.


 Apesar da encenação abjecta, foi uma noite que não esquecerei.

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Nabucco, New National Theater, Tokyo, June 2013

Nabucco is one of the first operas by Verdi, with libretto by Temistocle Solera, which tells the story of King Nabucco of Babylon. It was the first great success of the composer because it was released during the Austrian occupation of northern Italy. The famous chorus of the Hebrew slaves Va, pensiero, sull'ali dorate became an anthem of Italian nationalism.

This time I will talk less on the opera and more of the experience I had in Tokyo.

The New National Theatre is part of the city Opera Palace, a very recent, modern construction of breathtaking beauty. The architecture is beautiful, the place is of a formidable harmony with lakes interspersed with stone structures creating a relaxing environment and a striking visual impact.

The theater is one of the many existing rooms in the complex, and has a wide magnificent and large entrance. Everything is immaculately clean and organized, the decor is sober, of unsurpassed functionality and remarkable comfort.

Immediately before the start of the performance we heard the usual warnings about the prohibition to take photographs or make recordings during the performance. But there are always interesting aspects on these warnings (on which, later on, I will write something). This time, in Japanese and in English, they also urged people not to lean forward because they disrupt the visibility of who is sitting back and inform that, in case of earthquake, we should remain seated until we were indicated a way out in safety, since the building was built with the most advanced technology against earthquakes.

The Japanese people are, perhaps, those in the world who like more to take photographs, but nobody did it within the theatre. When I tried to take some for future memory of the unforgettable moments for me during this unique experience, and for this blog, I was immediately invited not to do it, in the most polite way. Hence the lack of pictures in this post.

And I now comment on the the Japanese public. This people is the most courteous and polite I met until today! On day by day there is none that does not try to help assiduously, despite the language barrier. Just when we are in Japan we can appreciate the dignity and respect with which they treat foreigners (and each other). There is a significant influence of the West, especially in body image and clothing, but the essence of oriental japsnese culture is constant and impressive.
The feeling of safety is absolute, and the constant characteristics of the thousands of ​​people flowing through Tokyo are sympathy, order, discipline and respect for others!

Regarding the performance, I would saythe that  "Eurotrash" arrived in full to Tokyo.
The staging by English director Graham Vick is horrible. The worst I've seen. The scenery is rich, the action happens inside a modern shopping mall with several floors with escalators between them. The Hebrews are sophisticated buyers and visitors, and the Assyrians a group of robbers dressed in evil pig heads, masks of "anonymous" or similar. They plunder and destroy everything. And i tis so until the end of the performance. Disgusting!

In contrast, the music was of high quality. Musical director was conductor Paolo Carignari. The Tokyo Philharmonic Orchestra was great and competent and the N
ew National Theatre Chorus was absolutely exceptional.

Also the soloists gave outstanding interpretations. The baritone Lucio Gallo was a vocally very acceptable, very audible and expressive Nabucco. Mezzo Mariane Coretti was the best of the night as the perfidious Abigaille. The singer has a big voice and knew how to use it, always captivating in all interventions. Also the bass Konstantin Gorny was a competent Zacharia, with a very interesting timbre and remarkable bass register. The Japanese singers were excellent, especially  tenor Tatsuya Higuchi as Ishmael and mezzo Taniguchi Mutsumi as Fenena. In supporting roles also were well, soprano Ando Fumiko as Anna, tenor ​​Shingo Uchiyama as Abdallo, and bass Tsumaya Hidekazu as High Priest.

The public remained completely silent during the performance. A cough or any other noise was not heard, just the warm applause, but always only after the music ended.

Despite the abject staging, it was a night I will not forget.

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domingo, 9 de junho de 2013

TOSCA, Zürich Opernhaus, Janeiro de 2013

 (review in english below)

Tosca é uma das minhas óperas favoritas de G Puccini, anteriormente comentada neste blogue por mim e por outros aqui, aqui, aqui e aqui.

Já tive oportunidade de ver esta encenação de Robert Carsen algumas vezes, entre elas em Lisboa, com Elisabete Matos como Tosca. Existe também em DVD e caracteriza-se pelas muitas cadeiras em palco (uma assinatura do Carsen) e cenários algo despidos. Mas é aceitável.


A direcção musical esteve a cargo do maestro Marco Armiliato. Esteve muito bem e orquestra e coros foram irrepreensíveis. Infelizmente, o mesmo não poderei dizer dos cantores.


O soprano norte americano Catherine Naglestad interpretou a protagonista. Foi talvez a pior Tosca que me recordo de ter ouvido. A interpretação foi desajustada da personagem, gritada com grande intensidade. A voz não tem um timbre bonito e a cantora nunca revelou momentos de suavidade na interpretação, tudo foi em stacatto e, no mínimo, em forte. O vissi d’arte foi amorfo, nada emotivo. Cenicamente também não foi convincente. A morte do Scarpia e, sobretudo, a do Cavaradossi foram dois exemplos de ausência de emotividade em palco.

O Cavaradossi do tenor italiano Massimo Giordano também foi pouco interessante. Apesar de o cantor ter uma boa figura, não tirou partido dela em palco. E a voz também não ajudou. Foi muito irregular, o registo médio mal se ouviu e nos agudos, embora sem desafinar, foi incomodativo e nada melodioso. 

Marco Vratogna, barítono italiano em substituição de Thomas Hampson, foi o melhor da récita. Voz potente, bem colocada e afinada. E o cantor soube imprimir-lhe sentimento compatível com os momentos que interpretava. O que parecia ter sido uma decepção (a substituição de ultima hora de Hampson), acabou por se revelar o melhor da recita.

O baixo Valery Murga foi um César Angeloti apagado e, aparentemente, nervoso e inseguro. Nenhum dos restantes intérpretes impressionou.





Uma Tosca decepcionante.

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TOSCA, Opernhaus Zürich, January 2013

Tosca is one of my favorite operas by G. Puccini, previously commented on this blog by me and others here, here, here and here.

I had the opportunity to see this staging by Robert Carsen previously, including in Lisbon, with Elisabete Matos as Tosca. There is also DVD record. It is dominated by many chairs on stage (a signature of Carsen) and rather empty scenarios. But it works.

The musical direction was in charge of conductor Marco Armiliato. He was very good and both Orchestra and Choirs were excellent. Unfortunately, I can not say the same about the soloists.

North American soprano Catherine Naglestad was the protagonist. She was perhaps the worst Tosca that I remember to have heard. The interpretation of the character was inadequate, she screamed with great intensity. The voice has not a nice timbre and the singer never showed moments of softness in the interpretation, everything was in staccato and at least in forte. Vissi d'arte was amorphous, not emotional. Artistically she was also not convincing. The deaths of Scarpia and, particularly of Cavaradossi are two examples of absence of emotion on stage.

The Cavaradossi the Italian tenor Massimo Giordano was also disapointing. Although the singer has a good figure, he did not take advantage of it on stage. And the voice did not help. He was very irregular and barely heard in the medium register and in the top register, although in tune, he was not melodious.


Marco Vratogna, Italian baritone that replaced Thomas Hampson, was the best of the singers. H has a.powerful nice and tund voice. And the singer could show vocal motions accordingly. What seemed to be a disappointment (a last minute replacement for Hampson), turned out to be the best of the performance.

Bass Valery Murga was an apparently nervous and insecure Caesar Angeloti. None of the other performers impressed.

A
disappointing Tosca.

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