(review
in English below)
Sibelius e Beethoven
foram ontem o mote para os protagonistas de mais uma noite de música no Grande
Auditório da Fundação Gulbenkian.
A
primeira parte foi dedicada a duas peças emblemáticas do compositor finlandês
Jean Sibelius.
Começou
pela obra Finlândia, op. 26,
inspirada num conjunto de telas expostas em 1899, da qual ouvimos uma
interpretação algo fria, apesar do carácter elevado e poderoso de uma
composição evocativa do passado histórico da Finlândia.
Seguiu-se
o Concerto para Violino e orquestra em
Ré menor, op. 42, obra concluída em 1903 e estreada sob a batuta de Richard
Strauss a dirigir Karl Halir e a Orquestra Filarmónica de Berlim.
Dmitri Makhtin foi o solista encarregue de nos fazer vibrar
com este emblemático concerto. E podemos dizer que o violinista russo nos
ofereceu uma boa interpretação: muito expressivo musical e corporalmente, conseguiu
transportar-nos pelos diferentes elementos temáticos do concerto, tendo estado
particularmente bem no Allegro moderato.
A
segunda parte foi preenchida pela inspiradíssima música sinfónica de Ludwig van
Beethoven: Sinfonia n.º 3 em Mi bemol maior, op. 55, “Heróica”. Concluída
em 1803, é influenciada pelos ideais da Revolução francesa e pelo culto do
herói mítico. Beethoven terá tomado como herói Sir Ralph Abercromby, general
inglês falecido em combate em Alexandria dois anos antes, além de Napoleão
Bonaparte. Reza a história que a partitura foi dedicada ao general francês,
admirado pelo compositor. Todavia, quando este se proclama imperador,
Beethoven, que não tolerava a ideia do tirano, rasura a dedicatória e escreve
“composta em memória de um grande Homem”.
A
orquestra esteve brilhantemente dirigida pelo jovem maestro finlandês de 31
anos Pietari Inkinen, que emprestou
à música o vigor e poder telúricos para que esta obra nos transporta,
fazendo-nos sair sala fora, com o espírito elevado, já à espera de uma nova
visita à melhor sala de concertos do país.
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(review in English)
Yesterday Sibelius
and Beethoven were the tone for the
protagonists of another evening of music at the Grand Auditorium of the
Gulbenkian Foundation.
The first half was dedicated to two emblematic pieces
of Finnish composer Jean Sibelius.
It began with the piece Finland, op. 26, inspired by a set of paintings exhibited in 1899, of
which we heard an interpretation a little bit cold, notwithstanding the high
and mighty of a composition evocative of the past history of Finland.
This was followed by the Violin Concerto in D minor, op. 42, completed in 1903 and premiered
under the baton of Richard Strauss conducting Karl Halir and the Berlin
Philharmonic.
Dmitri Makhtin was
the soloist in charge to make us vibrate with this emblematic violin concerto.
And we can say that the Russian violinist gave us a good interpretation: very
expressive musical and bodily, he carried us through the different thematic
elements of the concert, playing particularly well in the Allegro moderato.
The second half was filled by the inspired symphonic
music of Ludwig van Beethoven: Symphony
no. 3 in E flat major, op. 55, "Eroica". Completed in 1803, it is
influenced by the French Revolution ideals and the cult of the mythical hero.
Beethoven has taken by hero Sir Ralph Abercromby, an English general who died
in combat in Alexandria two years before, and Napoleon Bonaparte. History tells
us that the score was dedicated to the French general, admired by the composer.
However, when he proclaimed himself emperor, Beethoven, who could not tolerate
the idea of the tyrant, cancels the dedication and wrote "composed in
memory of a great man".
The orchestra was brilliantly directed by the young
Finnish conductor Pietari Inkinen of
just 31 years, who has given the music the telluric force and power that this
work takes us, enabling us to, in high spirits, leave the hall already waiting
for a new visit to the best concert hall in the country.
Também assisti a este concerto e partilho da mesma opinião.
ResponderEliminarPara mim, o grande motivo para o ter escolhido foi o concerto para violino e orquestra de Sibelius. É mais uma daquelas obras, principalmente no seu 2º andamento, que me transporta para um outro mundo, uma outra realidade não física. Gostei muito da interpretação de Dmitri Makhtin.
Excelente crônica!
ResponderEliminarArtistas como Beethoven não suportam tiranos. Afinal a arte provém da liberdade - que não pode existir sem a justiça...
Um forte abraço
I heard Dmitri Makhtin a couple of times. A violinist with great sensibility.
ResponderEliminarLet me inform you that Edita Gruberova's left the bavarian state opera and will perform on the stage of the opera house zurich from next season. It's fantastic that she will give her role-debut as Alaide in Bellinis La Straniera which is seldom staged.