domingo, 12 de dezembro de 2021

LA CLEMENZA DI TITO, Teatro Nacional de São Carlos, Lisboa, Dezembro de 2021


(text in English below)

A última ópera composta por WA Mozart, La clemenza di Tito, foi cantada em versão concerto no Teatro Nacional de São Carlos. Tocou a Orquestra Sinfónica Portuguesa e cantaram o Coro do teatro e solistas, sob a direcção do maestro Antonio Pirolli.



Infelizmente persistem vários aspectos negativos. Para além da apresentação em versão concerto, sempre uma amputação da ópera, continua a colocação da orquestra no palco elevado (e não no fosso a ela destinado), e o coro nos patamares que foram construídos no fundo do palco. Ambas as situações prejudicam a qualidade do espectáculo, mas insiste-se nesta opção.


Os cantores solistas tiveram interpretações qualitativamente distintas. O tenor Pablo Bemsch foi um Tito amorfo. A voz é decente mas o cantor não tirou os olhos da partitura e foi pouco expressivo na interpretação.


A soprano Susana Gaspar foi uma Vitellia para esquecer. No registo mais grave teve grandes dificuldades mas o problema principal foi nos agudos que surgiram quase sempre gritados e estridentes.



O Sesto foi cantado pela mezzo Ruxandra Donose, a melhor da noite. Ofereceu-nos uma interpretação sólida, emotiva e de qualidade.



A soprano Cecília Rodrigues foi uma Servilia correcta. 



Outra boa interpretação foi a da mezzo Miriam Albano como Annio, sempre afinada, e voz bem timbrada. 



O barítono José Corvelo interpretou o Publio sem empolgar.





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LA CLEMENZA DI TITO, Teatro Nacional de São Carlos, Lisbon, December 2021

The last opera composed by WA Mozart, La clemenza di Tito, was sung in a concert version at the Teatro Nacional de São Carlos. Portuguese Symphonic Orchestra played and sang the Theater Choir and soloists, under the direction of conductor Antonio Pirolli.

Unfortunately, several negative aspects remain. In addition to the concert version presentation, always an amputation of the opera, the orchestra continues to be placed on the raised stage (and not in the ditch intended for it), and the choir on the levels that were built at the back of the stage. Both situations affect the quality of the performance, but this option is insisted on.

The soloist singers had qualitatively different interpretations. Tenor Pablo Bemsch was an amorphous Tito. The voice is decent but the singer did not take his eyes off the score and was not very expressive in the interpretation.

Soprano Susana Gaspar was a Vitellia to forget. In the lower register she had great difficulties but the main problem was in the top notes that were almost always screamed and shrill.

Sesto was sung by mezzo Ruxandra Donose, the best of the night. She offered us a solid, emotional and quality interpretation.

Soprano Cecília Rodrigues was a correct Servilia.

Another good interpretation was that of mezzo Miriam Albano as Annio, always in tune, with a well-pitched voice.

Baritone José Corvelo performed the Publio without an exciting interpretation.

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domingo, 5 de dezembro de 2021

20ª Gala de Ópera da Universidade de Lisboa, Dezembro 2021



A 20ª Gala de Ópera da Universidade de Lisboa decorreu na Aula Magna no dia 4 de Dezembro. 



Actuaram a Orquestra Sinfónica Juvenil, o Coro de Câmara da Universidade de Lisboa, o Coro de Câmara do IGL, o Vocal Da Capo e o Incognitus Ensemble. A direcção musical foi de Christopher Bochmann.

O programa foi totalmente dedicado a G. Verdi, com excertos das óperas Nabucco, I Lombardi, Rigoletto, Il Trovatore, La Traviata e Don Carlo. Foram escolhidos trechos muito populares para agradar a toda a assistência, mesmo a que pouco conhece ópera, e assim aconteceu. 




Os cantores solistas foram Alexandra Bernardo (soprano), 




Larissa Savechenko (contralto), 




Alberto Sousa (tenor) e 




Armando Possante (barítono).




Continuamos a atravessar um período pandémico terrível a nível global. No que à ópera respeita, há já grande e diversificada oferta na generalidade dos países europeus. No entanto, considero que ainda é arriscado viajar, não tanto por medo de contrair a COVID-19, mas mais por podermos ser subitamente apanhados numa quarentena de semanas ou num súbito encerramento de fronteiras.

Em Portugal, ao contrário do que acontece na maioria dos países europeus, a ópera é quase inexistente e qualquer espectáculo sério que apareça é muito bem-vindo. Foi o caso da 20ª Gala de Ópera e, por isso, não vou ser crítico com os intervenientes no espectáculo.



Direi apenas que a qualidade das interpretações foi muito diversa, mas gostaria de salientar a que foi, para mim, a grande surpresa da noite – a soprano Alexandra Bernardo. Tem um vozeirão impressionante, uma amplitude vocal invejável e um timbre bonito. Há anos que não ouvia um cantor português com tanto potencial. A voz precisa de ser “trabalhada” porque estamos perante um diamante que está ainda por lapidar. Uma cantora a seguir!



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