sábado, 7 de abril de 2012

La Traviata, Theatro Municipal de São Paulo, Março de 2012 (Parte 3)




Mais um texto sobre a Traviata de São Paulo, da autoria do Ali Hassan Ayache do blogue Música, Ópera e Ballet, que publicamos na íntegra, agradecendo ao autor o seu envio para publicação no nosso blogue:


CONVOCAÇÃO PARA UMA GRANDE SELEÇÃO, LA TRAVIATA DO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO.
 
 A grande sacada do Theatro Municipal de São Paulo foi fazer onze récitas da ópera La Traviata de Verdi. Sempre ouvi reclamações de pessoas que, por diversos motivos, não conseguiam assistir aos espetáculos devido ao curto número de apresentações. Calculo que nas onze apresentações o teatro receberá aproximadamente quinze mil pessoas. A capacidade máxima do Theatro Municipal de São Paulo é de 1673 pessoas, nas três apresentações que estive a casa estava cheia , mas nunca lotada. Estimativa minha é de 1400 pessoas por apresentação, um excelente número de pessoas
 
A apresentação do dia 03 de Abril teve como solistas o tenor Fernando Portari (Alfredo), o soprano Rosana Lamosa (Violetta) e o barítono Leonardo Neiva (Giorgio Germont) . Esse é o terceiro elenco a se apresentar nessa ópera, eu assisti a todos eles e é interessante comparar e analisar o estilo que cada um emprega no personagem.
 Rosana Lamosa
  
Rosana Lamosa começou bem, sua voz esteve com um lirismo sedutor no início, parecia que sua Violetta seria inesquecível.  Os agudos claros, limpos e brilhantes unidos a um belo timbre empolgaram.  Os problemas do soprano começaram com a grande ária que fecha o primeiro ato, o cansaço prevaleceu e o ritmo foi caindo. Os tempos ficaram lentos, ela se deu ao luxo de fazer uma paradinha, segundos que parecem uma eternidade no meio da ária, para respirar e tomar um pouco de água. Só faltou oferecer ao maestro ou  ao público. Fugiu de muitas coloraturas e escaparam alguns agudos nesse meio tempo. No terceiro ato a moça se soltou, deu tudo de si e mostrou uma grande Violetta, com atuação cênica impecável emocionou em todos os momentos.

 Fernando Portari e Rosana Lamosa

Fernando Portari é o tenor brasileiro com a mais sólida carreira internacional da atualidade, não é por acaso que isso acontece. Seu Alfredo tem um belo timbre, luminoso, encorpado e estável. A qualidade de sua voz se ouviu do início ao final da récita, seus agudos estiveram presentes em todos os momentos e não fugiu de nenhum deles. Portari tem um calor na voz digna dos grandes tenores , alia isso a uma boa atuação cênica, resultado : Grande tenor, digno de cantar nos grandes teatros líricos do mundo.

O barítono Renato Bruson e o personagem Giorgio Germont são inseparáveis. Tenho as atuações dele como referência, ele cantou uma centena de vezes essa ópera, inclusive no Theatro Municpal de São Paulo em 2001. Leonardo Neiva foi um bom Giorgio Germont , sua voz segue a moda dos barítonos com voz atenorada. Faltam os graves cheios e possantes dignos de um grande barítono. Um timbre interessante, maleável e afinado. Impôs respeito ao personagem, um pai com grande dignidade.

Cena da ópera La Traviata , Theatro Municipal de São Paulo.

Analisando os três elencos e pensando na melhor composição de uma La Traviata ideal ,colocaria Irina Dubrvoskaya como Violetta, Fernando Portari como Alfredo e  Paolo Coni como Giorgio Germont. Uma seleção de grandes cantores que podem se apresentar em qualquer teatro do mundo, sorte a nossa que esses talentos se apresentaram por estas bandas e um grande número de pessoas teve o privilégio de assistir.

2 comentários:

  1. É bom ver o Brasil sediando tantos eventos de qualidade.
    Parabéns pela crônica

    ResponderEliminar
  2. La Traviata is usually one of my favorites. I would love to see it in Brasil, where I have never been.

    ResponderEliminar