Mais um texto sobre a Traviata de São Paulo, da autoria do
Ali Hassan Ayache do blogue Música, Ópera e Ballet, que publicamos na íntegra,
agradecendo ao autor o seu envio para publicação no nosso blogue:
CONVOCAÇÃO PARA UMA GRANDE SELEÇÃO, LA TRAVIATA DO THEATRO
MUNICIPAL DE SÃO PAULO.
A apresentação do dia 03 de Abril teve como solistas o tenor
Fernando Portari (Alfredo), o soprano Rosana Lamosa (Violetta) e o barítono
Leonardo Neiva (Giorgio Germont) . Esse é o terceiro elenco a se apresentar
nessa ópera, eu assisti a todos eles e é interessante comparar e analisar o
estilo que cada um emprega no personagem.
Rosana Lamosa começou bem, sua voz esteve com um lirismo
sedutor no início, parecia que sua Violetta seria inesquecível. Os agudos claros, limpos e brilhantes unidos
a um belo timbre empolgaram. Os
problemas do soprano começaram com a grande ária que fecha o primeiro ato, o
cansaço prevaleceu e o ritmo foi caindo. Os tempos ficaram lentos, ela se deu
ao luxo de fazer uma paradinha, segundos que parecem uma eternidade no meio da
ária, para respirar e tomar um pouco de água. Só faltou oferecer ao maestro
ou ao público. Fugiu de muitas
coloraturas e escaparam alguns agudos nesse meio tempo. No terceiro ato a moça
se soltou, deu tudo de si e mostrou uma grande Violetta, com atuação cênica
impecável emocionou em todos os momentos.
Fernando Portari é o tenor brasileiro com a mais sólida
carreira internacional da atualidade, não é por acaso que isso acontece. Seu
Alfredo tem um belo timbre, luminoso, encorpado e estável. A qualidade de sua
voz se ouviu do início ao final da récita, seus agudos estiveram presentes em
todos os momentos e não fugiu de nenhum deles. Portari tem um calor na voz
digna dos grandes tenores , alia isso a uma boa atuação cênica, resultado :
Grande tenor, digno de cantar nos grandes teatros líricos do mundo.
O barítono Renato Bruson e o personagem Giorgio Germont são
inseparáveis. Tenho as atuações dele como referência, ele cantou uma centena de
vezes essa ópera, inclusive no Theatro Municpal de São Paulo em 2001. Leonardo
Neiva foi um bom Giorgio Germont , sua voz segue a moda dos barítonos com voz
atenorada. Faltam os graves cheios e possantes dignos de um grande barítono. Um
timbre interessante, maleável e afinado. Impôs respeito ao personagem, um pai
com grande dignidade.
Cena da ópera La Traviata , Theatro Municipal de São Paulo.
Analisando os três elencos e pensando na melhor composição
de uma La Traviata ideal ,colocaria Irina Dubrvoskaya como Violetta, Fernando
Portari como Alfredo e Paolo Coni como
Giorgio Germont. Uma seleção de grandes cantores que podem se apresentar em
qualquer teatro do mundo, sorte a nossa que esses talentos se apresentaram por
estas bandas e um grande número de pessoas teve o privilégio de assistir.
É bom ver o Brasil sediando tantos eventos de qualidade.
ResponderEliminarParabéns pela crônica
La Traviata is usually one of my favorites. I would love to see it in Brasil, where I have never been.
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