quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Siegfried — Staatsoper Berlin - 6.10.2022

Text in English below)

Na récita de hoje, voltamos, como era de prever, ao «Forschungszentrum», isto é, ao centro de investigação.




O primeiro ato começa, como Tcherniakov nos tem vindo a habituar, com 2 a 3 minutos de nada. Apenas uma tela vazia. Quando sobe o pano, voltamos ao início de Die Walküre: o escritório de Wotan com uma janela opaca. Por detrás, depois de rodado o palco a 180º, o mesmo loft. Desta vez, com uma secretária ao meio onde está Mime sentado. À esquerda, o quarto de Siegfried, todo em peças de lego grandes, revelando a criança que ali habita.


Mime, muito mais velho, fala dos seus problemas e desejos. Entretanto, em vez da bigorna, toca em vários tachos. O problema é que todos tinham sonoridades diferentes. Além disso, Rugamer (o Mime da tarde/noite) falhou os tempos, problema para o qual contribuiu a ausência de baquetas (acho que eram uns garfos ou colheres) e a não colagem dos tachos à bancada… Bigornas à parte, vemos, entretanto, chegar Siegfried, aqui disfarçado de urso pardo e com uma máscara de Wotan, o que não deixou — pelo menos não o transmitiu — Mime particularmente assustado. Siegfried, em fato de treino azul depois de despida a fantasia, fuma vários cigarros e mostra-se zangado com as interpelações de Mime. Acaba por sair novamente, dando lugar a Wotan, francamente envelhecido também, de boina, sem lança e sem capa, mas com os dois olhos (nunca perdeu nenhum…). O diálogo decorre sem nada de especial a assinalar, com exceção do tom jocoso com que Wotan aborda Mime. Sai Wotan e reentra Siegfried. Decidido a forjar a Nothung, Siegfried pega em vários brinquedos que coloca na secretária central. Os dois bocados da Nothung (sim, eram dois bocados) não ficam na mesa, mas não interessa… Siegfried incendeia um peluche e outros brinquedos que representam o forno para a forja — aqui há fogo, ao contrário do que sucedeu no final de Die Walküre… A água onde a Nothung teoricamente é arrefecida, é aqui representada por um extintor químico e um lençol anti-fogo (convenhamos que eram mais prático e representam um avanço científico evidente na extinção destes materiais pirotécnicos). A Nothung — que acaba por nunca aparecer durante todo o processo — não é, pois, martelada. O que é martelado é tudo o que existe no loft: pratos, brinquedos, a secretária. Tudo é destruído, claro! Não há Nothung. Não há jogo de luzes. É tudo nada. Apenas destruição. No fim do ato, ia Siegfried atirar ainda uma cadeira ao óculo do loft, aparece Wotan do outro lado com um ar reprovador, o que permitiu poupar o vidro.


O segundo ato é uma sequência de experiências. O palco é rotativo e passamos pelas diferentes salas já conhecidas intervaladas por espaços em bruto por onde se passa de sala para sala. Começamos com ecrãs com a mensagem «As experiências começam dentro de 30 minutos». Alberich, de andarilho e de mala na mão, encontra, não por acaso, Wotan, dando-se início à sua «discussão». Wotan, sempre num tom jocoso, dá-lhe uma ajuda com diversos avisos e com a tentativa de engodo ao dragão. O palco, até aí sempre em rotação e com as personagens de sala em sala, pára. Wotan chama o dragão, mas este, sem que nunca apareça, não vai na cantiga de Alberich. A cena tornou-se cómica, não invocando qualquer sentimento de medo. Wotan sai, mas aparece Mime para se confrontar com Alberich.


Quando isto acaba, começa uma série de 6 experiências até ao fim do ato, todas elas nomeadas em alemão (confesso que não decorrei as mensagens, dado que não sei alemão e não foram traduzidas). A primeira seria «Relaxamento», ou algo parecido. Estamos numa sala com um cadeirão ao centro. Siegfried começa a sua meditação sobre as suas origens, a sua aparência e a possibilidade de compreender os pássaros. No meio das experiências, surge uma investigadora com um pássaro mecânico cujas asas se movimentam quando ativadas por um aparelho. Siegfried tenta falar com o pássaro e brinca com ele de forma muito infantil, mas divertida. A investigadora mostra cartazes com instrumentos que Siegfried seleciona. A flauta não resulta, depois parece resultar a corneta que «ativa» a investigadora porque é ela que canta e passa a fazer de pássaro (o que era mecânico desapareceu sem deixar rasto…). Conduzido ao dragão, aparece um Fafner vestido de colete de forças, com açaimo e correntes, trazido por dois enfermeiros, daqueles da pesada, como já fiz referência. Parece um prisioneiro de uma prisão de alta segurança. Aqui, em contraste com outras visões tcherniakovianas, não há brinquedos ou fantasias de dragão. Estamos na quinta experiência (o écran dizia algo como «agressão e reação»). Depois de uns encontrões e de se rebolarem no chão, Siegfried, que antes tentara sufocar Fafner com a corrente, acaba por matá-lo com a Nothung. Acontece que a Nothung é só o punho da espada e não a unificação dos dois bocados em que estava partida. Acontece também que o coração do pretenso dragão se encontra, ao contrário do que Mime garantira, no flanco de Fafner. Mas o homicídio não deixa de consumar-se, que era o que importava afinal. De seguida, com a mesma indiferença e o Tarnhelm no bolso, Mime, que esteve sempre acompanhado do termo que levava a bebida assassina que oferece ao herói, é degolado com o dito punho da Nothung, enquanto, entre as salas, Alberich observa, satisfeito. Lá volta a investigadora a fazer as vezes de pássaro e Siegfried, com entusiasmo, vai em busca de Brunnhilde.


No terceiro ato, voltamos aos cenários a mudar na horizontal como em Das Rheingold. Começamos numa sala que foi transformada no refeitório dos investigadores. Wotan, francamente insatisfeito, põe tudo no olho da rua. Quem acorre à cena é Erda com o fato azul de Das Rheingold. Apesar de ser recebida com a aura de prémio Nobel e de lhe ser servido chá enquanto canta sentada, rapidamente Wotan se torna agressivo: vai de empurrões, a puxões, passando pelas mãos no pescoço, até que a expulsa da sala, isto enquanto vai bebendo algum álcool, o que terá ajudado a este comportamento… Nada místico, nem tampouco consonante com a cortesia com que se devem tratar cientistas… Expulsa Erda, chega Siegfried, sempre muito fanfarão. O diálogo entre ele e Wotan decorre com sobranceria. No final, inesperadamente, dado que até aqui não havia memória visual de qualquer lança, Wotan retira uma lança — muito banal, em abono da verdade — do armário das bebidas do seu escritório. Siegfried, tendo a saída dessa sala bloqueada e sem que a Nothung se faça ver, parte a porta (tinha de ser!) e sai. Nesse instante, Wotan, ele próprio, parte a laça ao meio e Siegfried segue a sua aventura.


Voltamos à sala onde tudo começou. Agora só tem uma marquesa e uma inscrição que creio que dizia «Laboratório de linguagem». Wotan leva Brunnhilde até lá, estando os dois muito cúmplices. Brunnhilde desenha, como o marcador de Die Walküre, umas chamas nos vidros e exibe um cavalo de peluche que faz de Grane. Tudo naquele jeito infantil a que Brunnhilde nos habituou e Siegfried imitou. Wotan cobre-a com um lençol daqueles que vemos nas cenas de catástrofe que ajudam a aquecer os feridos. 


Sai Wotan e entra Siegfried sem dificuldade nenhuma, porque o fogo aqui é a brincar. Não usa a Nothung para tirar a armadura ou o escudo de Brunnhilde, porque estes não existem (Brunnhilde acaba por desenhá-los mais tarde, quando a eles se refere). Mas senta-se aos pés da marquesa e puxa, muito divertido, o referido lençol. Ao ver que é uma mulher, invoca a mãe num jeito histérico com os braços estendidos no ar enquanto abana as mãos num jeito de «oh! Meu Deus!» que despertou umas risotas no público. Depois de acordar Brunnhilde com o menos infantil beijo nos lábios, esta canta sentada na marquesa, estando os dois satisfeitos. A satisfação de Brunnhilde cessa quando é tocada ao de leve: aqui sai do cubo de vidro e os dois acabam por mudar para aquela espécie de entrada/pátio interior com o freixo no meio, cenário já descrito em Das Rheingold, não sem antes receber uns valentes apalpões. O dueto ocorre de seguida com cada um no seu lado, aqui com muito decoro. No fim, com Wotan a assistir, tocam-se novamente ao de leve e saem aos pulinhos, terminando a ópera Siegfried. 


Talvez por ser um centro de investigação, logo muito científico, Tcherniakov continua a privar-nos de qualquer misticismo, transcendência ou simbolismo. Tudo é terreno, básico, agressivo e, constrastemente, infantil e cómico.



Para contrariar, os cantores estiveram em melhor plano, ainda que, no meu ver, limitados pelo encenador.


Stephan Rugamer fez um Mime em excelente forma vocal, cheio de tiques e maneirismos, como é suposto a esta personagem, transmitindo a sua maldade e ganância. Johannes Martin Kranzle faz o mesmo com a personagem Alberich, apresentando-se vocal e cenicamente em boa forma, até melhor do que em Das Rheingold. A Erda de Anna Kissjudit, aqui reduzida a uma mortal, ficou banalizada cenicamente, mesmo muito diminuída, o que se refletiu na performance vocal que, sendo adequada e sem falhas, também não deslumbrou nem pela potência, nem pela emoção. O Fafner de Peter Rose, também limitado pelo colete de forças, esteve novamente algo monótono vocalmente. Victoria Randem foi Der Waldvogel: tem um timbre muito bonito e cristalino e cantou a suas passagens de forma harmoniosa e luminosa, ainda que com um alemão sofrível. Wotan, que tem aqui a sua última aparição no Anel, foi, mais uma vez, excelentemente interpretado pela lindíssima voz de Michael Volle: sempre com uma emissão impecável, um timbre adequadíssimo ao papel e com uns agudos fáceis sobre a orquestra. Nunca falha em papéis de vilão. A Brunnhilde de Anna Kampe, ainda que tenha entrado com alguma dificuldade nalgumas passagens que não saíam tão facilmente e com uns agudos mais estridentes, melhorou sobretudo depois de se bem acordada com a palpação vigorosa de Siegfried. Aí a voz soltou-se e teve uma excelente interpretação, não fosse ela uma soprano wagneriana muito experiente. A última palavra para o homem da noite: Andreas Schager. Foi um Siegfried extraordinário porque é o protótipo do heldentenor: voz enorme, agudos facílimos (o último tão fácil quanto o primeiro) e uma forte presença física. Não creio que haja melhor nos dias de hoje. 



A Staatskapelle Berlin sob direção de Christian Thielemann voltou novamente a ser a estrela mais cintilante nesta produção. A leitura de Thielemann é muito cuidada, cheia de nuances subtis, muito cristalina, auxiliado por músicos de primeira nos sopros, e com um respeito imenso pelos cantores. Será aquilo de que verdadeiramente me irei recordar deste Anel.


Só falta o Crepúsculo dos Deuses: não o vamos ver porque Tcherniakov já os matou, mas esperamos ouvi-los!


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Siefried


In today's récit, we return, as expected, to the "Forschungszentrum", i.e. the research centre.


The first act begins, as Tcherniakov has been accustoming us to, with 2-3 minutes of nothing. Just an empty screen. When the curtain rises, we return to the beginning of Die Walküre: Wotan's office with an opaque window. Behind it, after the stage has been turned 180º, the same loft. This time, with a desk in the middle where Mime is sitting. To the left, Siegfried's room, all in large lego pieces, revealing the child who lives there.


Mime, much older, talks about his problems and desires. Meanwhile, instead of the anvil, he touches several pots. The problem is that they all had different sounds. Moreover, Rugamer (the Mime of the afternoon/evening) missed the tempos, a problem to which contributed the absence of drumsticks (I think they were some forks or spoons) and the non-gluing of the pots to the bench... Anvils aside, we see, meanwhile, Siegfried arriving, here disguised as a grizzly bear and wearing a Wotan mask, which did not - at least did not convey it - make Mime particularly frightened. Siegfried, in a blue tracksuit after taking off his costume, smokes several cigarettes and shows anger at Mime's interpellations. Eventually he leaves again, giving way to Wotan, frankly aged too, wearing a beret, no spear and no cape, but with both eyes (he never lost any...). The dialogue takes place without anything special to point out, except for the jocular tone with which Wotan approaches Mime. Wotan leaves and Siegfried reenters. Determined to forge the Nothung, Siegfried takes several toys, which he places on the central desk. The two pieces of Nothung (yes, they were two pieces) don't stay on the table, but it doesn't matter... Siegfried sets fire to a teddy bear and other toys which represent the oven for the forge - here there is fire, unlike what happened at the end of Die Walküre... The water where Nothung is theoretically cooled is represented here by a chemical extinguisher and an anti-fire sheet (let's agree that they were more practical and represent an evident scientific advance in the extinction of these pyrotechnic materials). Nothung - who ultimately never appears during the entire process - is therefore not hammered. What is hammered is everything in the loft: dishes, toys, the desk. Everything is destroyed, of course! There is no Nothung. There is no play of light. It's all nothing. Just destruction. At the end of the act, was Siegfried going to throw yet a chair at the loft's peephole, Wotan appears on the other side with a disapproving look, which allowed the glass to be saved.


The second act is a sequence of experiments. The stage is rotating and we pass through the different rooms already known to us interspersed by raw spaces through which we pass from room to room. We start with screens with the message "Experiments begin in 30 minutes". Alberich, walking around with suitcase in hand, meets, not by chance, Wotan, and their "discussion" begins. Wotan, always in a jocular tone, helps him with various warnings and the attempt to bait the dragon. The stage, until then always in rotation and with the characters moving from room to room, stops. Wotan calls the dragon, but the dragon, never appearing, does not go along with Alberich's song. The scene has become comical, invoking no sense of fear. Wotan leaves, but Mime appears to confront Alberich.




When this is over, a series of 6 experiences begins until the end of the act, all named in German (I confess I didn't memorise the messages, given that I don't know German and they weren't translated). The first would be "Relaxation", or something like that. We are in a room with an armchair in the centre. Siegfried begins his meditation on his origins, his appearance and the possibility of understanding birds. In the middle of his experiments, a researcher appears with a mechanical bird whose wings move when activated by a device. Siegfried tries to talk to the bird and plays with it in a very childish but amusing way. The researcher shows posters with instruments that Siegfried selects. The flute doesn't work, then the horn seems to work and "activates" the researcher because it is she who sings and starts playing the bird (the mechanical one disappeared without a trace...). Led to the dragon, a Fafner appears dressed in a straitjacket, with muzzle and chains, brought by two nurses, those heavy duty ones, as I have already mentioned. He looks like a prisoner in a high-security prison. Here, in contrast to other Cherniakovian visions, there are no toys or dragon costumes. We are in the fifth experience (the screen said something like "aggression and reaction"). After a few bumps and rolling around on the floor, Siegfried, who had earlier tried to choke Fafner with the chain, ends up killing him with the Nothung. It turns out that the Nothung is just the hilt of the sword and not the unification of the two pieces it was broken into. It also turns out that the heart of the would-be dragon is, contrary to what Mime had assured, in Fafner's flank. But the murder does not fail, which was what mattered after all. Then, with the same indifference and the Tarnhelm in his pocket, Mime, who was always accompanied by the term that carried the murderous drink he offered the hero, is beheaded with the said Nothung's fist, while, between the rooms, Alberich watches, satisfied. There the investigator returns to do the bird's turn, and Siegfried, with enthusiasm, goes in search of Brunnhilde.


In the third act, we return to the scenes changing horizontally as in Das Rheingold. We start in a room that has been transformed into the investigators' mess hall. Wotan, frankly dissatisfied, throws everything out. Erda, wearing the blue suit from Das Rheingold, arrives on the scene. Although she is received with the aura of a Nobel prize-winner and served tea while she sings in her seat, Wotan quickly becomes aggressive: he starts pushing and shoving her, then pulling her, then putting his hands on her neck, until he throws her out of the room, all the while drinking some alcohol, which may have helped this behaviour... Nothing mystical, nor in accordance with the courtesy with which scientists should be treated... When Erda is thrown out, Siegfried arrives, always a big fan. The dialogue between him and Wotan takes place with sobriety. At the end, unexpectedly, since up to this point there was no visual memory of any spear, Wotan takes a spear - very trivial, in truth - from the drinks cabinet in his office. Siegfried, having the exit of that room blocked and without Nothung being visible, breaks the door (he had to!) and leaves. At that moment, Wotan, himself, breaks the lasso in half and Siegfried continues his adventure.


We return to the room where it all began. It now has only a marquise and an inscription that I believe said "Language Laboratory". Wotan leads Brunnhilde there, the two of them being very complicit. Brunnhilde draws, like the bookmark of Die Walküre, some flames on the glass and shows a stuffed horse that plays Grane. All in that childlike manner to which Brunnhilde has accustomed us and Siegfried has imitated. Wotan covers her with a sheet of those we see at disaster scenes that help warm the wounded. 


Wotan leaves and Siegfried enters without any difficulty, because the fire here is a joke. He doesn't use Nothung to take off Brunnhilde's armour or shield, because these don't exist (Brunnhilde ends up drawing them later when referring to them). But he sits down at the marquise's feet and pulls, very amused, the aforementioned sheet. Seeing that it is a woman, she invokes her mother in a hysterical manner with her arms stretched in the air while waving her hands in an "oh! My God!" manner that elicited some giggles from the audience. After waking Brunnhilde with the least childish kiss on the lips, Brunnhilde sings while sitting on the table, the two of them being satisfied. Brunnhilde's satisfaction ceases when she is touched lightly: here she comes out of the glass cube and the two end up moving to that sort of inner entrance/patio with the ash tree in the middle, a scene already described in Das Rheingold, not without first getting a good feel for it. The duet occurs next with each one on his side, here with a lot of decorum. At the end, with Wotan watching, they touch each other lightly again and leave, jumping up and down, ending the Siegfried opera. 




Perhaps because it is a research centre, and therefore very scientific, Cherniakov continues to deprive us of any mysticism, transcendence or symbolism. Everything is earthy, basic, aggressive and, embarrassingly, childish and comic.


To counteract this, the singers were on better plan, albeit, in my view, limited by the director.


Stephan Rugamer made a Mime in excellent vocal form, full of tics and mannerisms, as is supposed to this character, conveying his malice and greed. Johannes Martin Kranzle does the same with the character Alberich, performing vocally and scenically in good form, even better than in Das Rheingold. Anna Kissjudit's Erda, here reduced to a mortal, was trivialised scenically, even greatly diminished, and this was reflected in the vocal performance which, while adequate and faultless, also did not dazzle either for power or emotion. Peter Rose's Fafner, also constrained by the straitjacket, was again somewhat dull vocally. Victoria Randem was Der Waldvogel: she has a very beautiful, crystal clear timbre and sang her passages harmoniously and luminously, albeit with a sufferable German. Wotan, who has his final appearance in The Ring here, was once again excellently played by the gorgeous voice of Michael Volle: always with impeccable emission, a timbre well suited to the role and with some easy highs over the orchestra. He never fails in villainous roles. Anna Kampe's Brunnhilde, although she entered with some difficulty in some passages that did not come out so easily and with a more strident treble, improved especially after she was woken up with Siegfried's vigorous palpation. There the voice loosened up and she had an excellent interpretation, were she not a very experienced Wagnerian soprano. The last word to the man of the evening: Andreas Schager. He was an extraordinary Siegfried because he is the prototype of the heldentenor: huge voice, easy treble (the last as easy as the first) and a strong physical presence. I don't think there is a better one today. 


The Staatskapelle Berlin under the direction of Christian Thielemann was again the shining star in this production. Thielemann's reading is very careful, full of subtle nuances, very crystalline, assisted by first-rate musicians on woodwinds, and with immense respect for the singers. It will be what I will truly remember of this Ring.


The only thing missing is Twilight of the Gods: we won't see it because Cherniakov has already killed them, but we hope to hear it!

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