A SIMPLICIDADE DE PELLÉAS ET MÉLISANDE NO THEATRO MUNICIPAL
DE SÃO PAULO- 17/09/2012 . CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
O sonho do compositor Claude
Debussy era musicar uma versão de Tristão e Isolda, mas o tema já fora obra
do alemão Richard Wagner. Obra prima com mais de quatro horas de música
delirante. Debussy percebeu que se a fizesse teria o mesmo destino da ópera La
Bohème de Leoncavallo, cairia no esquecimento e ficaria mofando em algum
arquivo morto devido a La Bohème de Puccini. Essa superior e com música
inesquecível, Puccini ganhou de goleada.
A escolha de musicar Pelléas
et Mélisande vem do amor de Debussy pelo tema de Tristão e Isolda. Semelhanças
entre as obras tem aos montes: Rei, casamento com um cidadão mais velho, paixão
pelo jovem bonitão e a morte por amor.
A música de Pelléas et Mélisande não contém árias ou grandes
números corais. A ópera é um longo recitativo vocal. Fragmentos musicais
expressam emoções, dúvidas e sentimentos. Muitas vezes interessantes, muitas
vezes perdidos. A música de Debussy pode parecer estranha em primeira audição,
mas nela temos passagens interessantes, a ligação das cenas é feita com belos
trechos orquestrais. Obra atemporal, envolta em mistérios, onde um triângulo
amoroso define tudo.
Louvável é apresentar essa raridade no Brasil, nem imagino
se essa ópera já foi montada ou apresentada por essas terras. Acertou o Theatro
Municipal de São Paulo em fazê-la. Montar Pelléas et Mélisande não é tão fácil
quanto parece.
A escolha do elenco foi acertada, estava receoso quanto à
escalação de Rosana Lamosa. Depois
de uma desastrada Violeta Valery da ópera La Traviata de Verdi em Abril nesse
mesmo teatro, imaginava que a moça não daria conta da empreitada. Lamosa se
entendeu com a personagem, sua Mélisande apresentou um belo lirismo vocal com
belas nuances, excelente fraseado e um timbre sedutor. Atuou bem e convenceu.
O Golaud de Vincent
le Texier mostrou ser um barítono com bons graves, pode parecer estranho,
mas tem muito barítono que carece deles. Sua voz impõe respeito ao personagem,
pujante e extensa. Algumas vezes forçada, mas com belo vigor. Kismara Pessati é um contralto com
graves escuros, vigorosos. Sua Geneviev mostra uma voz cheia, madura, um soco
no estômago do espectador. Grande cantora, pena que esteja radicada na Europa.
A direção de Iacov
Hillel fez o básico, direção simples, sem grandes inovações, é como comer
um bife a cavalo no boteco do centro. Você já sabe o que vai vir no prato:
Arroz, bife e dois ovos fritos bem grandes. Os cenários seguem a mesma linha,
quase inexistentes, projeção de pinceladas ou pequenos trechos de obras de
Monet em nada acrescentam ao enredo. Tudo básico e simples.
A regência de Abel
Rocha mostrou uma orquestração peso-pesado, em alto volume, muitas vezes
encobrindo os solistas. Faltou a delicadeza e a sonoridade que a música de
Debussy expressa nos personagens. Trechos orquestrais que exigem delicadeza
foram massacrados com música potente e volumosa. Os solistas tiveram que se
matar para não serem sempre encobertos.
Debussy is the king of opera!
ResponderEliminarPlease read my most recent post on my blog. I truly appreciate the exposure to opera I had never experienced before. I am learning so much through this site! Thank you.
ResponderEliminarDear JJ,
EliminarI am extremely grateful to you for your kindness in the reference you made to us in your blog The Disconnected Writer. We do not deserve such a distinction, as we are amateurs.
Once again, thank you!