sábado, 8 de setembro de 2012

KHOVANSHCHINA, METropolitan Opera, Nova Iorque, Março de 2012


(review in english below)

Khovanshchina é uma ópera de Modest Mussorgsky com libretto incompleto do compositor, concluído por Rimsky-Korsakov. Posteriormente foi feita uma nova versão por Shostakovich.


 A ópera aborda os conflitos políticos e espirituais na Rússia dos finais do século XVII quando chega ao poder o czar reformista Pedro o Grande. Descreve o fracasso de uma milícia militar (Streltsy) fundada por Ivan o Terrível e comandada pelo príncipe Ivan Khovansky que defende os privilégios da antiga nobreza, e dos Antigos Crentes (raskolniki), chefiados por Dosifey, representantes da ortodoxia religiosa mais conservadora que acusa o czar de destruir os valores da Rússia. A estes junta-se um nobre reformista, o Príncipe Vasily Golitsyn, caído em desgraça.
As restantes personagens principais são o débil Príncipe Andrei Khovansky, filho de Ivan, Marfa, sua antiga amante e mulher de convicções fortes, agora membro dos Antigos Crentes, e Shaklovity, um nobre que se opõe às ideias de Ivan Khovansky. É também importante um escrivão que está frequentemente em cena, relatando vários episódios. A ópera termina com os Antigos Crentes a lançarem-se e serem consumidos por uma grande pira à chegada das forças do czar.
Apesar de o enredo ser algo complexo, a música não o é e a obra está repleta de árias declamatórias e magistrais intervenções corais evocativas da Rússia.




 A encenação de August Everding foi sóbria e eficaz, embora certas cenas, como as da praça vermelha e da capela, tenham ficado aquém do que seria expectável.


 A direcção musical do maestro russo Kirill Petrenko foi de grande categoria e imprimiu grande fluidez à orquestra, que respondeu ao seu alto nível habitual. O Coro do Met foi excelente e as intervenções são numerosas, grandiosas e espectaculares.


 Em relação aos cantores, o Met ofereceu-nos um elenco em que dominaram largamente os cantores russos e ucranianos o que, à partida, era logo uma circunstância favorável, como se veio a verificar.

Olga Borodina, mezzo russo, foi uma Marfa prodigiosa. O seu mezzo é de excepcional qualidade. A voz é grave, quente e de uma potência e beleza avassaladoras. As diferentes cenas foram interpretadas na perfeição, vocal e cenica. É uma daquelas cantoras que nunca desilude.


 O Dosifei do baixo russo Ildar Abdrazakov foi marcante, a sua voz é bem audível, mas em certos momentos pareceu-me estar algo tenso. Cenicamente também esteve bem, menos estático do que habitualmente o vi anteriormente.


 O Shaklovity do barítono georgiano George Gagnidze foi sinistro e ameaçador. A sua voz é bem timbrada e forte e a presença em palco marcante.


 Anatoli Kotscherga, baixo ucraniano, foi um fabuloso Príncipe Ivan Khovansky. O seu baixo é forte e de uma beleza tímbrica invulgar. Cenicamente foi excelente, sempre muito credível na figura do frágil e perturbado príncipe.


 O tenor ucraniano Misha Didyk, como Príncipe Andrei Khovanskynesteve também ao mais alto nível, oferecendo-nos uma expressiva interpretação vocal, bem timbrada e bem audível.


 O príncipe Vasily Golitsyn, interpretado pelo tenor russo Vladimir Galouzine foi o cantor menos forte da noite. Apesar de se ouvir bem, o seu timbre é excessivamente nasalado, o que não o favorece, e perde qualidade nas notas mais agudas.


 Finalmente merece relevo a excelente interpretação do tenor norte americano John Easterlin como escrivão. Óptima prestação vocal e perfeita interpretação cénica.










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Khovanshchina, Metropolitan Opera, New York, March 2012

Khovanshchina is an opera by Modest Mussorgsky with libretto by the composer, who died before the conclusion what happened by the hand of Rimsky-Korsakov and later was made a new version by Shostakovich.

The opera is about the spiritual and political conflicts in Russia of the late seventeenth century when reformist Tsar Peter the Great reached power. It describes the failure of a military militia (streltsy) founded by Ivan the Terrible and commanded by Prince Ivan Khovansky defending the privileges of the old nobility, and the Old Believers (raskolniki), headed by Dosifey, representatives of the most conservative religious orthodoxy that accused the Tsar of destroying the values of Russia. A noble (but disgraced) reformer, Prince Vasily Golitsyn joined them.
The other main characters are the fragile Prince Andrei Khovansky, son of Ivan, Marfa, his former lover and a woman of strong convictions, now a member of the Old Believers, and Shaklovity, a nobleman that opposes to the ideas of Ivan Khovansky. It is also important a clerk who is often on the scene, reporting several episodes. The opera ends with the Old Believers killing themselves by large fire when the forces of the Tsar arrive.
Although the plot is somewhat complex, the music is not, and the opera is full of declamatory arias and choral interventions about the fate of Russia.

The staging of August Everding was sober and efficient, although certain scenes, such as the red square and the chapel, were far short of what would be expected.

 Musical direction of russian conductor Kirill Petrenko  was of high class and imposed great fluidity to the orchestra, which responded with the usual high level. The Met chorus was excellent and their parts are numerous and spectacular.

Concerning the soloists, the Met has given us a cast of singers largely dominated by Russians and Ucranians, which was a favourable startingance, as it turned out.

Olga Borodina, Russian mezzo, was a prodigious Marfa. Her mezzo is of exceptional quality. The voice is deep, warm and of overwhelming power and beauty. The different scenes were interpreted perfectly, vocal and artistically. She's one of those singers who never disappoints.

Dosifei was Russian bass Ildar Abdrazakov. He was remarkable, his voice is well audible, but at times he seemed to be somewhat tense. Artistically he was also good, less static than I usually saw him before.

Georgian baritone George Gagnidze was a sinister and threatening Shaklovity. His voice is strong, with a nice timbre, and he had striking stage presence.

Anatoli Kotscherga, Ukrainian bass, was a fabulous Prince Ivan Khovansky. His bass is strong and with unusual beauty timbre. Artistically he was excellent, always very credible in the role of the fragile and troubled prince.

The Ukrainian tenor Misha Didyk, as Prince Andrei Khovansky was also at the top level, both vocal and artistic.

Prince Vasily Golitsyn, played by Russian tenor Vladimir Galouzine was the less strong singer of the evening. Although we could hear him well, his voise was too nasal, which did not sound nice, and he lost quality in top notes.

Finally the excellent interpretation of the North American tenor John Easterlin as the clerk deserves a positive mention. He had a great vocal and artistic performance.

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1 comentário:

  1. It sounds like an overall enjoyable performance. Just due to the nature of the plot, I would love to see it.

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