Com uma precisão notável, expressividade sobre-humana e uma sublime utilização do tempo rubato, Pedro Burmester deslumbrou no Concerto para Piano e Orquestra nº1 de Johannes Brahms, o meu concerto para piano e orquestra favorito.
A Orquestra derreteu-se à excêntrica mão esquerda de Krzysztof Urbanski.
O Programa completou-se com a abertura Coriolando de Beethoven e A Minha Pátria de Smetana, mas foi Brahms que ecoou no Grande Auditório. Sem dúvida, o momento sinfónico / não vocal mais alto da Temporada até agora.
Hoje não foi dos piores dias mas continuo a não compreender como é possível não ficar corporalmente inerte face a uma interpretação tão magistral de uma obra tão magistral. Ainda há muita gente que consegue perder-se na leitura prolongada mas cerebralmente fugaz de um programa, roçando páginas, o cochicho, o retirar e guardar objectos na mala, tira óculos, põe óculos... O fanatismo pode trazer algum extremismo mas perdoem-me a metaforização (ou até mesmo eufemização) seguinte para que se possa enquadrar na moderação do blog mas: abaixo o snobismo pseudointelectual, ocasionalmente coberto de pêlo ou penas!!! Cada um é livre de viver a música de modo pessoal mas estou certo que é muito mais tocante vivê-la colocando-a acima de qualquer projecção egocêntrica. Burmester merecia essa atitude, Brahms merecia essa atitude!
Terminando com a recomendação habitual... aqui fica a minha gravação de eleição pelo meu pianista favorito. A perfeição ao vivo versus a perfeição em gravação. É possível de ser atingida...
With a remarkable precision, superhuman expressiveness and sublime use of the rubato time, Pedro Burmester dazzled the Johannes Brahms Piano Concerto nº 1, my favorite.
The Orchestra melted to the eccentric left hand of Krzysztof Urbanski.
The program was completed with the Beethoven’s Ouverture Coriolando and Smetana’s Má Vlast, but it was Brahms who echoed in the Grand Auditorium. Undoubtedly, the best symphonic / non-vocal momento of the Season so far.
Ending with the usual recommendation ... here's my recording of choice from my favorite pianist. Live perfection versus recording perfection. It is possible to be achieved...
Caro Wagner_fanatic,
ResponderEliminarVejo que ficou maravilhado com o concerto de Brahms na interpretação do nosso Pedro Burmester! Ainda bem!
Eu tive a oportunidade de assistir na 5.ª feira, mas não saí tão extasiado.
Na minha opinião (muito modesta, sublinhe-se!) a abertura Coriolano teve uma interpretação pouco telúrica. Foi mais bucólica... Tempos muito marcados e intervalados por silêncios demasiados: esperava uma interpretação de maior intensidade dramática, mais ritmada, mais empolgante...
O concerto de Brahms está longe de ser o meu preferido. É aliás, no meu ver, um concerto pouco inspirado, se bem que explora diversas linhas melódicas que me agradam, além de que tem um adagio lindíssimo. Não tem a genialidade do seu duplo concerto, por exemplo.
Quanto ao Burmester: também gostei muito da sua interpretação. Esteve em grande nível!
A minha Pátria de Smetana foi uma excelente peça para finalizar. É uma obra que aprecio muito e creio que teve uma interpretação muito digna.
Quanto aos comentários que teceu acerca do carácter intelectualóide de alguns dos presentes, tão sublimemente afogados nos seus narcísicos casacos, não podia estar mais de acordo... Considero que a música deve ser sentida individualmente de acordo com o que nos vai na alma, mas há limites. Vejamos o que me aconteceu: tive um distinto senhor a ondular o antebraço e mão durante todo o concerto, como que querendo substituir-se ao maestro: aconteceu que não estava minimamente inspirado na tarefa condutiva...
Saudações musicais
Cada um pode sentir o que quiser quando vê e ouve um concerto. Mas o que faltou aí e aqui falta também é um pouco de respeito, cultura, educação e finalmente humildade.
ResponderEliminarAfinal os artistas estão no palco e o público paga para vê-los, ouvi-los, apenas!
Parabéns pela crônica e pela difusão da boa música.
Um abraço