domingo, 19 de fevereiro de 2012

Contrariedades da ópera e dos seus fanáticos / Setbacks of the opera and its fanatics

(text in english below)

Quando foi anunciada a presente temporada da Royal Opera House, Londres, constatei que Anna Netrebko cantaria apenas duas das 22 récitas de La Traviata. Consta que é um reportório que a cantora vai abandonar e, como sempre desejei vê-la ao vivo como Violetta, achei que seria a última oportunidade que teria para a apreciar nesse papel. Sou um admirador incondicional da Netrebko, como já várias vezes aqui escrevi, e também gosto muito de La Traviata, uma das minhas óperas favoritas de Verdi.

(Anna Netrebko como Violetta, fotografia da Royal Opera House) 

No dia em que a bilheteira abriu on line coloquei-me logo na lista de espera, era o número 870 na Waiting Room mas, quando chegou a minha fez, consegui adquirir os bilhetes. Fiquei muito satisfeito. Estávamos em Junho de 2011. Confirmei tudo o resto (voos e hotel) e esperei ansiosamente pelo dia 20 de Janeiro, data da récita.

Duas semanas antes, a Royal Opera House informava que Anna Netrebko, devido a uma cirurgia a um pé, seria substituída por Ermonela Jaho. Fiquei muito desapontado porque foi a Netrebko que me fez ir a Londres.




Mas, do mal o menos, em Setembro vi e ouvi pela primeira vez a jovem cantora albanesa na Suor Angelica e fiquei deslumbrado. Como Violetta, Ermonela Jaho deverá ser fantástica.

(Ermonela Jaho como Violetta, fotografia da Royal Opera House)

 Lá partimos para Londres e, quando chegámos ao teatro, novo balde de água fria. No programa constava a informação que, por doença, Ermonela Jaho seria substituída por Ailyn Pérez.  


 Antes do início da récita, apareceu em palco Kasper Holten, director da ópera, informando que tinham perdido não uma mas duas protagonistas, uma por cirurgia e a outra por ter contraído um vírus devido ao clima de Londres. E lá ficámos, impotentes perante a situação.

Apesar das contrariedades com que fui confrontado, Ailyn Pérez revelou-se uma Violetta extraordinária, como relatarei mas tarde. Já o wagner_fanatic o tinha referido aqui. Quem sabe se não terá sido a melhor das três?

(Ailyn Pérez como Violetta, fotografia da Royal Opera House)

 Também devo salientar a capacidade que os principais teatros de ópera (como a Royal Opera House) têm de substituir os grandes cantores ao mais alto nível, face a estas adversidades em que também são apanhados.



Setbacks of the opera and its fanatics

When the current Royal Opera House (London) season was announced I saw that Anna Netrebko would sing only two of the 22 performances of La Traviata. It is said that the singer will plans to abandon this repertoire in the near future. As I always wanted to see her live as Violetta, I thought this would be the last opportunity I had to see her. I am an unconditional fan of Netrebko, as I have often written here, and I also like La Traviata, one of my favorite operas of Verdi.

On the day the box office opened on line I immediately went to the site of the Royal Opera and I was No. 870 in the waiting room. But I could buy the tickets I wanted, and I was very pleased.
We were in June 2011. I booked and payed everything else (flights and hotel) and waited anxiously for January 20th, the day of the performance.

Two weeks before the day of the performance, the Royal Opera House informed that Anna Netrebko, due to foot surgery, would be replaced by Ermonela Jaho.
I was very disappointed because it was Netrebko made me go to London. 

But, as in September I saw and heard, for the first time, the young Albanian singer as Suor Angelica, and I was overwhelmed, I admitted that as Violetta, Ermonela Jaho should be fantastic.

There we went to London and when we got to the theater, a new surprise was waiting us.
In the program it was stated that, due to illness, Ermonela Jaho would be replaced by Ailyn Pérez.

Immediately before the performance, Kasper Holten, director of the opera, appeared on stage apologising for the lost of not one but two soloist, one due to surgery and the other due  to having contracted a virus (due to the climate of London). And there we were, helplessly.

Despite the setbacks that we faced, Ailyn Pérez proved to be an extraordinary Violetta, as I will mention on a later post. Wagner_fanatic had already mentioned it here. Perhaps she was the best of the three.

I must also emphasize the ability of the major opera houses (such as the Royal Opera House) to replace the great singers at the highest level, when facing these adversities that also reach them unexpectedly.

5 comentários:

  1. Hello my friend. I am sorry I have not been around for a little while. I have once again embarked on a new venture. I will write about it in the future. What a crazy life. In any event, I just wanted to say hello. I am still alive and well, living in St. Augustine.

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  2. Ainda bem que gostou. Mas deve ser muito irritante e frustrante programar a vida toda para ir ver e ouvir determinado cantor ou espectáculo e ele falhar por qualquer razão. Sobretudo quando se vai do fim do mundo (Portugal, em termos operáticos).

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  3. Netrebko , Gheorghiu ou qualquer outro grande cantor da atualidade são um sonho distante pra quem mora no Brasil. O máximo que temos é recitais com um ou com outro.
    Ali Hassan Ayache

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  4. Gi,
    É verdade que gostei, mas não consegui ultrapassar o sentimento de frustração (dupla neste caso)!

    Ali,
    Na Europa tudo é mais fácil neste aspecto, reconheço, mas quem sabe dentro de pouco tempo no Brasil poderão ver cor regularidade todos estes grandes nomes do mundo lírico?

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  5. Já tive algumas contrariedades semelhantes, como sabe, e uma das vezes foi por aquelas greves do Scala que me impediram de ouvir Domingo pouco tempo após a sua cirurgia.

    Angela Gheorghiu também já me cancelou uma Amelia no Boccanegra em Madrid com Domingo, Villazon e Elina Garanca saíram de uma Carmen que mesmo assim foi deslumbrante em Viena.

    Por outro lado já tive que ouvir Peter Seiffert a matar-se em palco no Tristão com a maior voz rouca a que alguma vez assisti, atingido a afonia, em Zurique, sem que fosse substituído.

    Enfim... Nem todos os teatros são realmente como a Royal Opera ou o Met, por exemplo.

    Recordo que, há uns tempos, Natalie Dessay teve que cantar um acto sem estar em condições para que uma casa de ópera (não vou referir nome) não tivesse que cancelar a récita e devolver o valor dos bilhetes aos espectadores...

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