(Bayerische Staatsoper Munique)
Text in English below
Ir à ópera na Alemanha é algo que todos os amantes desta arte deveriam experimentar. Assim, veriam quão distantes estão muitos países, Portugal incluído, da vivência desta forma de arte no centro da Europa.
Vem este comentário a propósito da minha recente estadia em Munique, onde vi vários espectáculos na Bayerische Staatsoper.
Devo confessar que me agrada muito a forma como os germânicos vivem a música. As pessoas (homens e mulheres) vestem-se para ir à ópera, sem grandes exageros mas, de facto, com um toque de requinte que não se vê no dia a dia, já de si, cuidado. Porque a ópera é uma festa, uma forma muito querida de expressão artística.
O civismo é notável. O público é culto, conhecedor e educado. Quase não há tosses durante a representação (estas concentram-se nos entreactos ou quando a orquestra soa muito alto), ninguém fala e não se desembrulham rebuçados ou similares.
Nunca se aplaude antes de a música terminar!! (prática louvável que, penso, nunca será alcançada num país latino ou nos EUA) mas, quando se gosta, as manifestações de júbilo são exuberantes.
Nos grandes teatros, como foi o meu caso desta vez em Munique, há garantia de que os cantores são de elevada qualidade, sejam consagrados ou novos (e substitutos).
Depois há mais aquelas coisas que marcam a diferença – pessoas devidamente vestidas que chegam de bicicleta, espectadores com as partituras musicais para seguir, champanhe servido em taças de vidro e não de plástico, e outras diferenças interessantes.
Os preços são muito aceitáveis, quando comparados com outros teatros mundiais de grande qualidade. Em Munique, são ao nível do Teatro de São Carlos! (tirem-se as devidas conclusões).
Devo referir que as produções são habitualmente muito sóbrias (ou austeras, como diria o meu colega de blogue wagner_fanatic que também conhece bem estas paragens) e as legendas são em alemão, claro.
Enfim, uma experiência muito enriquecedora e que dá que pensar.
Brevemente escreverei as minhas opiniões sobre as óperas que cá vi desta vez: Lucrecia Borgia, Dialogue des Carmélites e I Capuleti e i Montecchi e, também, um concerto na Catedral Frauenkirche.
TO GO TO OPERA IN GERMANY
To go to the opera in Germany is something that all lovers of this art should experience. Thus, they would see how far away many countries are, including Portugal, from the experience of this art form in Central Europe.
I write this comment due to my recent stay in Munich, where I saw several operas in the Bayerische Staatsoper.
I must confess that I really appreciate the way Germans live opera. People (men and women) dress themselves properly to go to the opera, but without great exaggeration, in fact, with a touch of elegance that is not seen in everyday life. Because the opera is a glorious event, a form of very dear artistic expression.
Civic behaviour is remarkable. The public is educated, knowledgeable and polite. Almost no coughing during the performance (these are concentrated in intervals or when the orchestra sounds very loud), no one talks during the performance and nobody unwrap noisy candy or similar.
Nobody ever applauds before the music ends! (Fantastic practice that, I think, will never be achieved in a Latin country or the U.S.). However, when people like the artists, the expressions of joy are exuberant.
In first class theaters, as was my case this time in Munich, it is always guaranteed that the singers are of high quality, whether they are new (and substitutes) or well known.
And there are some “small” things that make all difference: people who arrive suitably dressed by bike, members of the public following musical scores, champagne served in glass cups and not in plastic ones, and other interesting differences.
The prices are very reasonable compared to other of high quality.theaters worldwide. In Munich, the prices are similar to those at Teatro San Carlos in Lisbon! (Food for thought).
I should mention that the productions are usually very sober (or austere, as wagner_fanatic, my fellow in the blog, would say) and the subtitles are in German, of course.
In conclusion, a very enriching experience which provides food for thought.
Soon I will write my opinions about the operas that I saw here this time: Lucrecia Borgia, Dialogue des Carmélites and I Capuleti e i Montecchi, and also a concert at the Frauenkirche cathedral.
You've got a good luck with the weather in Munich. Tomorrow it will rain in whole Germany.
ResponderEliminarThe prices at Teatro Lisbon are so high? You know, the prices at the BSO is the most expensive in Germany.
For me German audiences are too quite and boring. Someone who shout "Bravo" or "Buhhh.." are mostly Latinos or Americans and I like it.
Subtitle in German: How stupid the management of BSO is! They degrade Munich as a small city in the back country. You know that I'm not a fan of BSO. In many ways Zürich and Vienna Operas are better than BSO.
Looking forward to your reviews.
Dear lotus-eater,
ResponderEliminarThe prices of opera in big theaters of Germany are much lower than in other big theaters in Europe and USA. As I mentioned, the prices of the BSO (good seats) are at the level of the Teatro São Carlos (the only opera house in Lisbon) and the differece of quality between these two theaters is extreme.
I do not agree with you when you say that the people that shout Bravo!! are only the latins. I heard a lot (really a lot!) of them, as well as other manifestations of satisfaction in two of the operas, LLucrezia Borgia and I Capuleti e i Montecchi. But I will come to that later on.
Yes, the weather was fantastic. Always sunshine!
Mit freundlichen Geüssen
Caro FanaticoUm
ResponderEliminarA minha única experiência de ópera na Alemanha foi precisamente na Bayerische Staatsoper Munique (Roberto Devereux com a Gruberova) e concordo consigo na generalidade, no entanto, o facto de haver legendas apenas em Alemão é limitativo quando a qualidade dos espectáculos atrai a Munique público de vários países. Quanto aos aplausos, penso que se deve respeitar o maestro e deixar a orquestra terminar, mas reconheço que às vezes é difícil...
Um abraço e aguardo os seus comentários
Agora imaginem o quão perplexo eu fico quando vejo, aqui em Bristol, as pessoas irem para a récita com sacos de gomas, ou copos de vinho ou de sumo.
ResponderEliminarNa récita de sábado passado, dia 2, do Trovador, muitos aproveitavam ainda as mudanças de cena, em que o pano vinha abaixo por menos de um minuto, para pôr as últimas em dia, criando um burburinho que só não deixou o maestro fora dele mesmo, porque o dito também era inglês...
FIquei ao lado de duas senhoras nos seus quarentas que era a primeira vez que vinham à ópera e as reacções delas ao dramalhão que se desenrolava eram de chorar a rir: levavam as mãos à cara, ficavam boquiabertas, enfim, o máximo. Do outro meu lado, estava um casal mais velho, alemão ou austríaco, não sei, mas achei curioso que a senhora sorria pouco e dizia que "Verdi é tudo tchim-pum-pum, tchim-pum-pum" em termos rítmicos. Acho que nunca me diverti tanto, sociologicamente falando, numa récita!
Viva,
ResponderEliminarVerdi proporciona aplausos prematuros. Acho que muitas vezes faz parte da música em si, i.e., da grand opéra. Isso quando acaba tipo "tchim-pum-pum" (loool, Gus xD), ou "tarã-ta-tãaam" :-P Mas acho que apaludir antes de acabar música mais diversa pode-se tornar um crime. Aliás, fora da grand opéra, ou daqueles "finale"s pomposos, aplaudir fora de tempo torna-se quase sempre um cliché.
PS. no outro dia, na Gulbenkian, não era um rebuçado - era um saco de plástico!!!!!!
@ Alberto,
ResponderEliminarÉ verdade que Munique atrai muito público estrangeiro pela qualidade e diversidade dos espectáculos que apresenta. Não saber fluentemente alemão é, de facto, uma limitação (obriga a um trabalho de casa mais apurado) porque neste teatro, ao contrário de outros dos grandes, não há opções nas línguas para legendas.
Também cá vim ouvir a Gruberova...
@ Gus,
Seja bem aparecido, já sentíamos saudades dos seus comentários. Realmente o que relata é lastimável. Nos últimos tempos só tenho tido experiências no Reino Unido na ROH e lá o público, de uma maneira geral, comporta-se de forma muito digna durante os espectáculos. Pelo menos tem sido essa a minha experiência. E espero repetí-la esta semana!
Tem toda a razão, a ópera também é uma experiência sociológica fascinante.
@ Plácido,
Para mim, aplaudir antes de a música terminar, por muita vontade que se tenha em fazê-lo, é sempre mau e um desrespeito pelos músicos e público. Mas ainda pior do que as óperas em que tal se proporciona, são aqueles cantores que se fazem descaradamentew aos aplausos quando terminam (e, por vezes, merecem mais apupos do que aplausos!)
Boa tarde.é a primeira vez que aqui escrevo,mas já espreito há muito :) eu vi a Carmen em Munique,este ultimo Fevereiro.Paguei por um bilhete de 3º nivel 118 euros.Confirmo tudo que dizem,sem tosse,sem ruidos,sem pipocas nem afins incomodativos,silencio absoluto e sim,muito glamour.Mas são um bocados chatos porque não deixam tirar fotos! tive de roubar umas quantas para trazer a recordação,mas valeu a pena porque a sala é lindissima e a atmosfera é um assombro.
ResponderEliminarJá agora,se me permitem,recomendo vivamente a quem for a Munique,fazer uma visita OBRIGATÓRIA ao teatro " Cuvillés" que é mesmo ao lado,pertissimo e faz parte creio,do museu da Bavária.Paga-se pouco e traz-se uma recordação de cortar o fôlego,além de que deixam tirar fotos.É fabuloso e eu tive a sorte de ser o unico visitante na altura :)
Cumprimentos ao excelente blogue que já acompanho a algum tempo.Simples e bom para o meu nivel de entendimento que é relativamento reduzido neste meu recente periplo pelo mundo da ópera.
Bem vindo ao Mundo da Ópera, caro blogger.
ResponderEliminarObrigado pelo elogio ao nosso blog. Espero que nos continue a acompanhar e a gostar do que lê.
Cumprimentos musciais.
Caro portas,
ResponderEliminarJá li muitos dos seus comentários no blogue "Opera e Demais Interesses".
É com grande satisfação que, também eu, registo este seu primeiro comentário no nosso blogue.
Tem toda a razão na recomendação de visita ao teatro "Cuvillés". Também lá estive e conto escrever algo sobre essa experiência lá mais para o verão, quando as óperas escassearem para mim.
Também tirei fotografias sem dificuldade, ao contrário das na Bayerische Staatsoper, que tiveram que ser à sucapa porque, como diz, não deixam tiraá-las abertamente.
Ainda hoje penso a sensação que será ouvir um eprctáculo musical naquele teatro único, não acha? (E ele tem todo o ar de ainda ser utilizado).
Cumprimentos musicais e volte sempre!