(text in English below)
Die Walküre de Richard Wagner, na nova produção de Robert Lepage, estreou no Met no passado dia 22 de Abril, com alguns problemas tanto na “máquina” milionária concebida para a encenação como com Eva-Maria Westbroek que não terminou a récita, por doença.
Já muito se escreveu sobre esta Valquiria. Também aqui, no blogue, a sua apreciação pormenorizada surgirá em breve. Contudo, gostaria de deixar uns breves apontamentos iniciais sobre dois dos cantores que mais me impressionaram – os gémeos Siegmund e Sieglinde.
Jonas Kaufmann foi um Siegmund fantástico mas diferente dos outros tenores que habitualmente abordam o papel. A voz, apesar do seu característico tom baritonal, é de um lirismo marcante, dando à personagem muita credibilidade quando canta o seu amor por Sieglinde. O timbre é único, aveludado e os agudos surgem fortes, luminosos e, aparentemente, sem esforço, sempre sobre a orquestra.
Não compreendo as críticas que alguns fazem a Kaufmann, atribuindo o sucesso mais ao bom aspecto físico do que às qualidades da interpretação vocal. Duvido que o tenham ouvido ao vivo.
(algumas fotografias são de Ken Howard, Metropolitan Opera / some photos are from Ken Howard Metropolitan Opera)
Eva-Maria Westbroek foi uma Sieglinde ao nível de Jonas Kaufmann. A voz é grande, limpa, bem projectada e também luminosa. A cantora é detentora de um soprano de elevada qualidade e de grande beleza, sempre audível, mesmo quando a orquestra toca forte. A presença em palco foi igualmente notável e muito convincente tanto nas cenas de amor por Siegmund como, posteriormente, quando se põe em fuga com Brünnhilde.
O resto fica para mais tarde, pois há muito que comentar tanto sobre a encenação como sobre o maestro, orquestra e outros cantores com interpretações arrebatadoras.
Mas assistimos, de facto, a uns gémeos fantásticos no Met.
Jonas Kaufmann and Eva-Maria Westbroek - Fantastic twins at the Met
Die Walküre, Richard Wagner's new production by Robert Lepage, premiered at the Met on last April 22 with problems in both the millionaire "machine" designed for the staging, and with Eva-Maria Westbroek that was replaced after the first part of the opera, due to illness.
Much has been written about this Valkyrie. Here in this blog its detailed revision will appear soon. However, I make some brief notes on two of the singers who impressed me most - the twins Siegmund and Sieglinde.
Jonas Kaufmann was a fantastic Siegmund, different from other tenors who usually interpret the role. The voice, despite its characteristic baritonal tone, is of a striking lyricism, giving the character high credibility when he sings his love for Sieglinde. The sound is unique, velvety and top notes are strong, bright and apparently without effort, always over the orchestra.
I do not understand the criticism that some make to Jonas Kaufmann, attributing his success to his good looks rather than the qualities of his vocal interpretation. I doubt that they have heard him live.
Eva-Maria Westbroek was an excellent Sieglinde, at the same high level of quality of Jonas Kaufmann. The voice is big, clean and bright. Her soprano is of top quality and great beauty and always audible, even when the orchestra plays forte. Artistically she was also remarkable and convincing in her scenes of love for Siegmund and, subsequently, when she was running away with Brünnhilde.
The rest will come later, because there is much to comment about the staging, the conductor, the orchestra and some other singers with fabulous interpretations.
But, indeed, we watched amazing twins at the Met.
Como calcula, estamos em pulgas por saber mais. Fico contente, para já, pelo que toca aos gémeos.
ResponderEliminarCaro Paulo,
ResponderEliminarCaberá ao wagner_fanatic, que também anda por estas bandas, o comentário alargado à Valquíria impressionante que se pode ver aqui no Met. Tenho imensa vontade de escrever mais sobre ela, pois ainda há muito muito a dizer, mas tenho que me conter, pelo menos por ora, para cumprir o que combinámos.
Caro FanaticoUm
ResponderEliminarOutra vez na minha cidade preferida? Começo a ficar com inveja (risos). Aguardo mais comentários.
Quanto ao Kaufman, as críticas que lhe fazem são um sinal dos tempos. Infelizmente começa a dar-se valor demasiado ao aspecto físico dos cantores. Isto pode ser uma faca de dois bicos, isto é, um cantor por ter boa aparência física, pode ser injustamente criticado do ponto de vista vocal.
Cumprimentos musicais
Alberto,
ResponderEliminarInfelizmente?????? Preferiria a Debora Voigt como era antes, portanto????
(Desculpe o uzo excessivo de pontos de exclamação, é para dar ênfase, lol)
@Alberto,
ResponderEliminarTer ligações profissionais com algumas das cidades onde se pode ver ópera de excelente qualidade é uma mais valia considerável!!
Mais comentários surgirão brevemente.
Penso que o que refere se aplica bem ao Jonas Kaufmann. Não nego que, para quem vê (e não para quem só ouve), se o aspecto do(a) cantor(a) for compatível com o da personagem, ajuda, mas o principal é o canto. Acresce ainda que, na ópera, muitas vezes se está suficientemente afastado do palco para não se conseguirem ver muitos pormenores, ou os cantores estão de tal forma "mascarados" na personagem que mal se percebe o que está "por baixo".
Sei que não parecia o timbre do Kaufmann, mas estou certo que se o ouvisse ao vivo mudava de opinião. E, sobretudo, quando tão bem acompanhado, como foi este caso.
@ Placido,
A Deborah Voight era, de facto, uma mulher de peso excessivo. Mas, para mim, cantava melhor então do que agora.
Nesta Valquiria (penso que a irá ver no Met Live) há outra cantora com compleição física semelhante à da Debora Voight de outrora mas que tem um desempenho vocal extraordinário - Stephanie Blythe como Fricka. Não se mexeu (aparece num trono bizarro) mas a voz é de tal forma poderosa que quase fez tremer o chão do Met (lol)!
Plácido
ResponderEliminarInfelizmente, sim. Já viu se a Caballé terminasse a sua carreira precocemente só porque era gorda?
A Voigt de que fala, acho que foi de um mau gosto atroz o que lhe fizeram na ROH. Se a cantora está melhor agora, sim, claro que sim.
Mas o que queria enfatizar com o meu comentário é que os cantores podem também ser penalizados por serem demasiado "bonitos". Isto na linha do que escrever o FanaticoUm relativamente a Kaufmann.
Tudo preparado para a «récita» da Gulbenkian. A expectativa dos wagnerianos só pode estar no grau máximo! :-)))
ResponderEliminarLá estará uma alma dissoluta...
ResponderEliminar@ Elsa,
ResponderEliminarSurgirão mais comentários aqui no blogue ainda antes do Met Live na Gulbenkian, pela mão do wagner_fanatic.
Estou certo que será óptimo na Gulbenkian (também conto lá estar, depois de 2 récitas ao vivo aqui em NY) porque penso que conseguirão abafar os ruidos da máquina e, para além do Kaufmann e da Westbroek, há outros cantores de grande qualidade.
@ Dissoluto,
Já tinha percebido pela leitura do seu blogue que também cá viria. Estou certo que não se vai arrepender e fico desde já muito curioso por saber a sua opinião. "Mostra-nos" sempre algo a que não prestámos a devida atenção e que é, acertivamente, bem notado.
Re: Kaufmann's look
ResponderEliminarSorry to say it, but on account of the bad google translator you don't understand very well what's discussing on my blog.
I'm sure, most of those who criticize Kaufmann(sometimes too hard) heard him live. Under the commantators there are some professional singers. Besides, some people can judge the performance of musicians without listening live. For example, my last piano teacher who is a great Lieder-accompanist, like many professional musicians, hardly go to the concerts, but he can give a precise criticism through the recordings. Those who with well-trained ears listen different.
At the moment Kaufmann is a mega star, but he used to sing for years at several small theaters in Germany. I remember that until 2007 he came to Heidelberg regularly. Heidelberg is a rich city, but regarding opera it's just a province. At that time peopole didn't pay attention to Kaufmann that much, because he was not famous.
Even in Zürich other top stars like Thomas Hampson got more applaus than Kaufmann. Some people might think, if someone is famous, he deserves to get more attentioin.
There's no doubt that Kaufmann is a good singer. But he is also the product of the star-making-system of the recording companies and media.
Frankly he is not my type of man, but very photogenic. The nice pictures make people believe that this guy looks great and also sings well. It causes people to buy CDs and go to the operas.
The current Kaufmmania reminds me of the case of the pianist Ivo Pogorelich. He was and is a good pianist, but there're many pianists in his level. What caused Pogorelich-boom was his look. He was not only photogenic, but also an adonis in his youth. He profited a lot out of it. Why not?
For a singer good looking is more important than that of the pianists, because the opera is a sing theater. Kaufmann is a good singer. But if he were fat and ugly, he could have never caused such a boom as Kaufmmania. That's the point of the discussion.
I take it as a natural thing. We audience are also human beings. Who wouldn't like it if a good looking singer performs as Romeo or Juliette as long as his or her performance works well? The better looking people are mostly more beloved. According to the study in America, good looking people earns generally more. It's unfair, but that's the life.
Some say that Kaufmann darkens his voice in unnatural way. I cannot judge it, because I didn't learn singing. If he does it or not, we are going to see in the future.
Whatever, I'm glad about Kaufmann's success. His popularity would help the opera buisiness. Some go to the opera out of curiosity and get to be real fans. For the future of the opera we need them more.
Dear lotus-eater,
ResponderEliminarThank for your extensive and informative comment. I think everybody agrees with what you wrote.
Concerning Kaufmann, what puzzles me more is the hard criticism that is made on him in Germany, his home land, and by Germans. (And yes, you are right, google translator is very bad to translate German).
Of course I accept that professional musicians can make accurate criticism when they listen to someone. But if you take into consideration international reviews, like those made this time in the USA important newspapers about Kaufmann's Siegmund, the vast majority of them are very positive about his performance. Do you think these professional people who write these reviews are also very much influenced by the star-making-system of the recording companies and media?
I do not think so. There is something else beyond Kaufmann's good looks. That thing is his art of singing, and I am glad to see that you recognise he is a great singer.
I also can not judge if he darkens his voice, but I believe he does not. I think he is not so stupid to do it and damage the voice (I always heard him sounding like now). But even in the unlikely eventuality that he does it, we have to admit that he does it perfectly, because it sounds great and unique.
And, as you say, this kind of discussion is good for the opera.
Again, thank you for your extensive and interesting comment.
I used to be a professional singer and i have often heard colleagues criticizing very hard and constantly singers who were much better than themselves, pointing their so called technique errors, and most of the time it was so ridiculous. Of course even good or excellent singers may have some lacks, or make errors, and people with a good ear can hear that, but all these people who (are so convinced to) know better than everyone else, they are a real pain.
ResponderEliminarVery interesting discussion. I've also read the "artificial voice darkening" accusation and, like most people here, couldn't tell if it is true.
ResponderEliminarAs for journalists being influenced by the recording industry, I have no doubt that many are, in one way or another. Still, read a lot, listen a lot, and you start to understand some.
At least I hope so :-)