Tendo assitido em 2006 a esta produção, criada para comemoração dos 250 anos do nascimento de W. A. Mozart, não tive qualquer dúvida que seria uma récita agradável, mais não fosse pela encenação. Em Julho de 2006 rodaram nomes como Kyle Ketelsen, Gerald Finley, Isabel Bayrakdarian... e os reincidentes Soile Isokoski e Robert Lloyd. Agora estivemos com elenco igualmente fantástico em Mozart (a adicionar a estes dois gigantes da Ópera): Erwin Schrott, Jacques Imbrailo, e a participante do Jette Parker Young Artists Programme Eri Nakamura.
A encenação, que pode ser facilmente avaliada na gravação de DVD disponível, é clássica. Um palácio clássico, um quarto de Susana e Fígaro clássico e uma cena do jardim igualmente clássica. Pode parecer demasiado simplificada esta minha descrição mas, havendo a possibilidade de visualização em DVD, penso que não me devo alargar muito dando a oportunidade de explorar a mesma a quem queira ver o DVD. Quem teve a oportunidade de ver a pobre e ridícula encenação do São Carlos na presente temporada poderá ter a noção de como foi esta de Londres quando vos digo que a encenação de David McVicar mete esta última a um canto... de um canto!
Erwin Schrott está bem familiarizado com esta produção porque em 2006 partilhou papel com Kyle Ketelsen. Foi um dos melhores em palco. Dotado de timbre perfeito para o papel e de uma voz de barítono forte e expressiva, aliado a uma capacidade cénica para a jocosidade convincente. Foi impossível não rir com Schrott e com a história (mas não foi o único capaz de tal). A sua versatilidade física e boa aparência são a cereja no topo do bolo da personagem incarnada.
A encenação, que pode ser facilmente avaliada na gravação de DVD disponível, é clássica. Um palácio clássico, um quarto de Susana e Fígaro clássico e uma cena do jardim igualmente clássica. Pode parecer demasiado simplificada esta minha descrição mas, havendo a possibilidade de visualização em DVD, penso que não me devo alargar muito dando a oportunidade de explorar a mesma a quem queira ver o DVD. Quem teve a oportunidade de ver a pobre e ridícula encenação do São Carlos na presente temporada poderá ter a noção de como foi esta de Londres quando vos digo que a encenação de David McVicar mete esta última a um canto... de um canto!
Erwin Schrott está bem familiarizado com esta produção porque em 2006 partilhou papel com Kyle Ketelsen. Foi um dos melhores em palco. Dotado de timbre perfeito para o papel e de uma voz de barítono forte e expressiva, aliado a uma capacidade cénica para a jocosidade convincente. Foi impossível não rir com Schrott e com a história (mas não foi o único capaz de tal). A sua versatilidade física e boa aparência são a cereja no topo do bolo da personagem incarnada.
Eri Nakamura foi Susana. Já havia ouvido a sua Gianetta no Elixír do Amor do ano passado igualmente em Londres e gostei. Aqui como Susana, num papel mais vistoso e importante, acho que cumpriu bem o papel. É uma muito boa actriz e tem uma voz de soprano suave e limpa, contudo pouco potente. O sentimento está lá.
Jurgita Adamonyté fez de Cherubino e cumpriu muito bem o papel. Além da possibilidade de convencer fisicamente como jovem rapaz, cantou bastante bem e conseguiu entrar bem nos momentos de graça da ópera.
Jacques Imbrailo foi um Conde fantástico. Esta foi a minha 3ª récita de umas Bodas mas foi a primeira vez que adorei a ária "Vedrò mentr'io sospiro". É talvez a ária mais difícil da personagem e é necessário compreender muito bem o que ela transmite. "E giubilar mi fa" tem de ser cantado com júbilo e não de modo muito métricoinssensível. Aqui? perfeito! No restante também muito bem, firme, sem desafinar, bom actor. Um prazer ouvi-lo.
Soile Isokoski é uma senhora da ópera. Simplesmente fantástica no papel de Condessa. Numa idade credível para a personagem, mantém a qualidade vocal que demonstrou há 4 anos. Perfeita!
Robert Lloyd foi um Bartolo bom. Longe dos graves cavernosos que o caracterizaram no mundo da Ópera ainda vai dando o ar da sua graça e é ainda aceitável ouvi-lo nestes papéis menos principais.
Marie McLaughlin foi Marcellina e bem. Sem nada a destacar mas também sem grandes defeitos a evidênciar.
A Orquestra da ROH esteve mais uma vez muito bem, sem falhas, sob a batuta de David Syrius um mestre neste repertório. Também, e na minha opinião, o difícil de Mozart é encená-lo e cantá-lo porque a música é tão característica e tão orgânica que me parece ser sempre o mais fácil no compto das récitas.
Estou de acordo com esta apreciação. Também tive a sorte de assistir a este espectáculo, embora a uma récita diferente. Para mim a maior revelação foi Erwin Schrott tanto pelas suas qualidades vocais como cénicas. Excelente actor! Jacques Imbrailo também esteve irrepreensível e Soile Isokoski foi uma condessa notável, a figura e a idade óptimas para a personagem e, embora não tenha já a voz de outros tempos, ainda canta e encanta.
ResponderEliminarA encenação soberba e, realmente, não há a mínima ponta de comparação com a recente produção do São Carlos!