domingo, 19 de setembro de 2010

A Flowering Tree - Fundação Gulbenkian - 11 de Setembro de 2010


(Imagem do livro da temporada Gulbenkian Música 10/11)

A Fundação Gulbenkian foi, há poucos dias, palco duma ópera composta por John Adams para a celebração dos 250 do nascimento de Mozart, que ocorreu em 2006.
Apesar de ter como inspiração essencial a Flauta Mágica (no que concerne aos fundamentos ascéticos da obra e ao facto de se verificar uma evolução espiritual em dois intervenientes principais que se amam), esta ópera baseia-se numa lenda indiana.
Tratou-se duma versão semi-encenada, em que todos os cantores e coralistas envergavam trajes indianos. O encenador recorreu também a alguns elementos cénicos simples, tais como uma estrutura branca em forma de árvore, duas bilhas de barro e um cajado de madeira. Estes elementos, aliados à utilização das luzes e à projecção de algumas imagens, foram suficientes para transmitir o enredo, que ia sendo explicado por um narrador (o barítono Job Tomé).
A direcção esteve a cargo da maestrina Joana Carneiro, que demonstrou uma vez mais o seu talento já reconhecido internacionalmente. Do mesmo modo, o coro da Gulbenkian teve um desempenho bastante intenso, tendo contribuído para a evocação dos momentos de maior dramatismo da obra. Em "A Flowering Tree", o coro desempenha, com efeito, um papel preponderante.
Os 3 cantores solistas - Ana Maria Pinto, Noah Stewart e Job Tomé - tiveram um desempenho correcto. Na verdade, este espectáculo valeu essencialmente pelo seu significado, não tendo constituído aquilo a que poderíamos chamar um momento operático, isto é, uma ocasião propícia para os cantores poderem brilhar ou exibir talentos vocais mais ou menos valiosos.
Apenas queria lamentar o facto de se ter utilizado amplificação de som, com recurso a microfones e a altifalantes. Numa sala relativamente pequena e com boas condições acústicas, como era o caso, pareceu-me despropositada a utilização destes meios, que tendem a desvirtuar a pureza que é requerida na transmissão e na percepção dos sons produzidos pelas vozes e pelos instrumentos. Aliás, a amplificação de som também não contribui para uma correcta apreciação do desempenho dos cantores.
Globalmente, pode afirmar-se que foi um espectáculo bem conseguido e que nos permitiu ficar a conhecer uma obra contemporânea que teve o objectivo primordial de celebrar Mozart.

4 comentários:

  1. De facto é lamentável que nestes espectáculos se recorra à amplificação de som (ainda que o compositor eventualmente o deseje) porque distorce completamente a música e, sobretudo, as vozes.

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  2. No Grande auditório de microfone????
    Por favor, não voltem a fazer isso!! :-\

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  3. Amanhã ao Così fan tutte vai o FanáticoUm. Depois cá aparecerá o relato do que lá se passar.

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