terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

ORFEÓ CATALÀ e REABERTURA do Grande Auditório da FCG, 15 e 16.02.2014

(Review in English)


Neste último fim-de-semana, a Fundação Gulbenkian reabriu o renovado Grande Auditório.
Poucas diferenças se notam: a mais visível é a nova canópia, agora mais leve e dividida em seis partes. Visíveis são, também, uma enorme profusão de colunas de som que, certamente, fazem parte da renovação tecnológica profunda que o auditório sofreu e que, segundo a FCG, o torna um dos mais bem apetrechados do mundo. Em suma, a sala mantém-se praticamente igual e, como já sabemos, magnífica e extremamente acolhedora.

Para celebrar essa reabertura, a FCG promoveu diversos espectáculos que disponibilizou, a troco de nada, a quem se quis deslocar às suas instalações. E foi muita gente! Logo bem cedo já estava caótica, tal era o número de interessados no excelente programa de Sábado que a FCG propunha.

Tive oportunidade de assistir a 3 concertos.

Para começar, a Sinfonia n.º 1, em Ré Maior, de Gustav Mahler numa versão para orquestra de câmara de Iain Farrington. A Orquestra XXI, constituída por 15 jovens e talentosos músicos portugueses e sob direcção do também jovem maestro Dinis Sousa, teve uma interpretação de excelente nível de uma peça de música extraordinária e, nesta versão de câmara, extremamente difícil.


Seguiu-se o concerto Vem cantar Gershwin com o Coro Gulbenkian. Cantaram diversas canções de Gershwin, entre elas as da famosa ópera Porgy and Bess, e Jorge Mata pediu a participação do público que lá foi perdendo a inibição... Foi um espectáculo muito interessante, agradável e divertido.


Por fim, o prato forte do dia. A Orquestra Gulbenkian e elementos do Estágio Gulbenkian para a Orquestra sob direcção da maestrina Joana Carneiro interpretaram Assim falava Zaratrustra, op. 30 de Richard Strauss e, também, a Sinfonia Fantástica, op. 14 de Hector Berlioz.

Com a sala a exibir os jardins da Fundação como pano de fundo, a orquestra esteve em elevadíssimo nível na interpretação da portentosa peça de Strauss. E o nível que apresentou em Berlioz foi excepcional: a orquestra estava muitíssimo bem preparada e motivada e sob direcção exemplar de Joana Carneiro (confesso que só no Sábado fiquei rendido à maestrina portuguesa: que intensidade, rigor e sentimento!) tocou a fantástica Sinfonia Fantástica (passe a redundância) a um nível só ao alcance de uma grande orquestra sinfónica. De arrepiar!


Já no Domingo e integrado no Ciclo das Grandes Orquestra Mundiais, a FCG recebeu o Orfeó Català e o Cor de Cambra del Palau de la Música Catalana, coros com sede em Barcelona. Sob direcção de Josep Vila i Casañas interpretaram diversas canções catalãs das quais destacaria Sancta Maria de Josep Reig, Laudate Dominum do próprio maestro Josep Vila i Casañas e Ton pare no té nas de Baltasar Bibiloni.


Na segunda parte ouviu-se o belíssimo Requiem, op. 48 de Gabriel Fauré. A peça composta em 1893 foi tocada apenas no órgão (Mercè Sanchis), o que, no meu ver, lhe tirou grande parte do dramatismo e lirismo. Talvez por isso não tenha ficado extasiado com nenhuma das interpretações: nem a do Coro, nem a dos solistas.


O barítono Dietrich Henschel apresentou-se sem qualquer dificuldade na emissão, mas não gostei particularmente do seu timbre. Já o soprano espanhol María Espada, apesar de não ter tido uma prestação imaculada, encheu o Grande Auditório com um Pie Jesu interpretado na sua voz de timbre belíssimo e ressonante em qualquer ponto da sala.


Mais um óptimo fim-de-semana passado na Fundação Gulbenkian, naquela que é, sem sombra de dúvidas, a mais bonita sala de espectáculos do país!

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(Review in English)

In this last weekend, Gulbenkian Foundation reopened the renovated Grand Auditorium.
Few differences are noticeable: the most visible is the new canopy, now lighter and divided into six parts. Visible are also a huge profusion of speakers that certainly are part of the profound technological renovation the auditorium ran, making it one of the best equipped in the world. In short, the hall remains almost equal and, as we already know, magnificent and extremely accommodating.

To celebrate this reopening, the FCG promoted several concerts, which provided, for free, to whom wanted to move their facilities. And there were a lot of people! In the early morning, FCG was already chaotic, such was the crowd interested in the excellent program proposed for Saturday afternoon/evening.

I had the opportunity to attend 3 concerts.

The first one was Symphony no. 1 in D Major by Gustav Mahler in a version for chamber orchestra arranged by Iain Farrington. The Orchestra XXI, composed of 15 talented young Portuguese musicians and also under the direction of young conductor Dinis Sousa, had an excellent level of interpretation of a piece of extraordinary music, and this camera arrangement, extremely difficult.

This was followed by the concert Come sing Gershwin with the Gulbenkian Choir. They sang several Gershwin famous songs, among them some of the famous opera Porgy and Bess, and Jorge Mata asked the audience to participate. It was a very interesting, enjoyable and entertaining show.

Finally, Gulbenkian Orchestra and elements for Stage with Gulbenkian Orchestra under the direction of conductor Joana Carneiro interpreted Also sprach Zarathrustra, op. 30 by Richard Strauss, and also the Symphonie Fantastique, op. 14 by Hector Berlioz.

With the hall showing the gardens of the Foundation as a backdrop, the orchestra was in very high level interpretation of portentous piece of Strauss. And the level presented in Berlioz was exceptional: the orchestra was very well prepared and motivated and exemplary directed under Joana Carneiro (I confess that I was only on Saturday surrendered to the Portuguese maestro: what intensity, rigor and feeling!) played a fantastic Symphonie Fantastique (pass redundancy) to a level only possible for a large great symphony orchestra. Chilling!

On Sunday and integrated into the Great World Orchestras cycle, FCG received the Orfeo Català and Cor de Cambra del Palau de la Música Catalana, Barcelona-based choirs. Under the direction of Josep Vila i Casañas they interpreted several songs of which we highlight Sancta Maria by Josep Reig, Laudate Dominum by the conductor himself Josep Vila i Casañas and Ton pare no té nas by Baltasar Bibiloni. In the second half there was the beautiful Requiem, op. 48 by Gabriel Fauré. The piece was composed in 1893 and just played with organ (Mercè Sanchis), which, in my opinion, took away much of Requiem’s drama and lyricism. Probably that was the reason I was not fascinated with the interpretation: neither the choir nor the soloists. Baritone Dietrich Henschel presented no difficulty in vocal projection but I do not particularly like his timbre. Spanish soprano María Espada, despite not having had an immaculate performance, filled the hall with a Pie Jesu sunged in her beautiful and resonant voice.


Another great weekend at the Gulbenkian Foundation in what is, without doubt, the most beautiful concert hall in the country!

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