quinta-feira, 15 de março de 2018

L’ELISIR D’AMORE, METropolitan Opera Fevereiro / February 2018

(text in English below)

Uma das operas mais interpretadas de G. Donizetti, L’Elisir d’Amore esteve em cena na Metropolitan Opera, na encenação de Bartlett Sher. O espectáculo é visualmente agradável, convencional e, sendo uma opera cómica, esta componente é atingida sem grande brilho ou originalidade. Fica muito aquém da encenação de Laurent Pelly da Royal Opera House de Londres, comentada aqui, essa sim, uma obra prima.


A direcção musical, correcta, foi do maestro venezuelano Domingo Hindoyan.  



Os solistas foram excelentes. A Adina foi a soprano sul-africana Pretty Yende. É uma das cantoras líricas que mais aprecio na actualidade porque tem tudo o que é necessário para interpretações electrizantes. A voz é fresca, cristalina, de uma beleza assombrosa e a cantora usa-a na perfeição, em todos os registos, nunca gritando e oferecendo-nos agudos generosos e luminosos. A figura ajuda muito, a Yende é jovem, alta, elegante e bonita. Que mais se poderia esperar? Fantástica!





O tenor norte-americano Matthew Polenzani fez uma magnífica interpretação do Nemorino. Nem sempre gostei de o ouvir no passado, mas este papel é dos mais adequados às suas características vocais e ouve-se bem a diferença. Foi emotivo, convincente e cantou sempre afinado. Em cena perde um pouco porque está pesado e velho para o papel, sobretudo ao contracenar com a Yende.



O Belcore do barítono italiano Davide Luciano foi também muito bom, bem interpretado, cómico e eficazmente cantado. 



Também o baixo-barítono italiano Ildebrando d’Arcangelo cantou o Dr. Dulcamara de forma vocalmente marcante. A voz é poderosa e afinada, mas a encenação não lhe permite brilhar nesta que é uma das personagens mais cómicas da ópera. 



A Gianetta da soprano norte-americana Ashley Emerson foi discreta, mas não perturbou a excelência do espectáculo. 



Foi pena a encenação não ter sido melhor.






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L'ELISIR D'AMORE, METropolitan Opera, February 2018

One of the most played operas by G. Donizetti, L'Elisir d'Amore was on stage at the Metropolitan Opera, in the staging of Bartlett Sher. The show is visually pleasing, conventional and, being a comic opera, this component is achieved without great brilliance or originality. It falls far short of the staging of Laurent Pelly of the Royal Opera House in London, commented here, that one yes, a masterpiece.

The musical direction was correct, by the Venezuelan maestro Domingo Hindoyan.

The soloists were excellent. Adina was the South African soprano Pretty Yende. She is one of the lyrical sopranos that I appreciate more at the present time because she has everything that is necessary for electrifying interpretations. The voice is fresh, crystalline, of astonishing beauty and the singer uses it perfectly, in all registers, never shouting and offering us generous and luminous top notes. The figure helps a lot, Yende is young, tall, elegant and beautiful. What more could one expect? Fantastic!

American tenor Matthew Polenzani did a magnificent interpretation of Nemorino. I have not always enjoyed listening to him in the past, but this role suits his vocal characteristics and we hear the difference. He was emotional, convincing and sang always in tune. On stage, he loses a little because he's heavy and old for the part, especially when he's working with Yende.

Belcore of the Italian baritone Davide Luciano was also very good, well interpreted, humorous and effectively sung. Also Italian bass-baritone Ildebrando d'Arcangelo sang Dr. Dulcamara in a vocally striking way. The voice is powerful and in tune, but the staging does not allow him to shine in one of the most comic characters of the opera. Gianetta of American soprano Ashley Emerson was discreet, but did not disturb the excellence of the shew. It was pity the staging was not better.


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7 comentários:

  1. Já agora,ninguém dos contribuidores fanáticos foi ao São Carlos ver o Idomeneo? Estão-me a decepcionar?
    Sou um fanático de ópera e gosto de saber o que se passa lá fora, mas não posso ir a N. Iorque ou Berlim etc porque a minha carteira não aguenta a despesa. Tenho de me limitar a Portugal. Infelizmente, aqui neste blogue, dá-se pouca atenção ao que se passa cá dentro neste domínio. Ou só o que se faz lá fora é que é bom?

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  2. Brevemente terá neste blogue um texto sobre o Idomeneo.

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  3. Vou gostar de saber a sua opinião sobre o Idomeneo do São Carlos. Se está de acordo com a minha. Muito obrigado!

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  4. Caro Manuel, já poderá ler uma opinião sobre a récita de sexta-feira do Idomeneo no TNSC. Como compreenderá e saberá, não somos profissionais da área e este blogue funciona como meio de partilha do prazer que a ópera dá aos seus colaboradores. Por isso, nem sempre será possível escrever uma entrada de imediato. Mas agradeço muito o seu interesse e entuasiasmo e rogo-lhe, por isso, que tenha paciência. Saudações

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Concerteza. Cumprimentos e muito obrigado!

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