quinta-feira, 24 de julho de 2014

RICHARD STRAUSS É HOMENAGEADO NO IV FESTIVAL DE ÓPERA DE BRASÍLIA


CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE DO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
 
O Quarto Festival de Ópera de Brasília homenageou os 150 anos de nascimento do compositor Richard Strauss. Devido à reforma do Teatro Nacional o concerto ocorreu no Teatro Pedro Calmon nos dias 18 e 19 de Julho. Teatro administrado pelo exército brasileiro e com grande capacidade de público, de bela arquitetura e com acústica que favorece o canto e a música. Esteve com metade de suas cadeiras ocupadas pelos brasilienses que se deleitaram com solistas de alto nível e orquestra de qualidade.

A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro regida por Cláudio Cohen mostrou musicalidade robusta, com naipes equilibrados e sonoridade que respeita a voz dos solistas. Cláudio Cohen extraiu da orquestra música com volume e andamentos que respeitam a linha vocal. As interessantes explicações do maestro sobre o programa a ser apresentado trazem elucidações ao público leigo.



                                                         Cláudio Cohen, foto Internet
 
 A primeira solista a se apresentar foi Tati Helene, a soprano cantou As Quatro Últimas Canções de Strauss. Apresentou uma linha vocal afinada e melódica com um timbre que exala uma voz cristalina e sedutora. Domina com maestria a técnica vocal e consegue ser expressiva nas partes densas e lírica e suave nas partes poéticas. Mostrou segurança em um repertório que faz tremer muito soprano, fez parecer fácil cantar As Quatro Últimas Canções. Quem tem um dom é assim, faz coisas difíceis parecerem fáceis. Tati Helene tem o dom do canto e interpreta os sentimentos que a música expressa.



                                                      Tati Helene, foto Internet
               
Verdana Simic encarou um repertório pra lá de complicado, natural da Bósnia Herzegovina fez a cena final da ópera Salomé, Ah du woltest mich nicht deinen Mund kussen lassen e da ópera de Richard Wagner, Tristão e Isolda o Liebstod. Most. Mostrou um timbre denso que diversas vezes tendia ao agressivo para vencer a orquestração de Strauss e Wagner. Voz grande, cheia e com emissão que enche a sala. Cotada para cantar a ópera Salomé inteira estranhamente usa partitura, a virada da página quebra qualquer iniciativa cênica e torna tudo artificial.

Jean Nardoto cantou a ária In Fernem Land da ópera Lohengrin e a famosa ária La Donna é mobile de Verdi. Apresentou uma voz com timbre melodioso e sólido, exibiu técnica segura e emocionou nas suas duas intervenções. Marcelo Ferreira é um dos raros barítonos dramáticos da cena nacional, sua voz tem graves fartos. Cantou árias de peso: O du, mein holder abendstein de Tannhäuser de Wagner e Nemico della patria da ópera Andrea Chenier de Giordano. Em ambas mostrou técnica segura em uma voz potente e bem projetada. 

A ária Cruda Sorte! Amor Tiranno da ópera L'Italiana in Algeri interpretada pelo mezzo-soprano Angela Diel mostrou o lado humorístico do compositor. Angela Diel imprimiu agilidade e voz com bons graves em um belo timbre. Não conseguiu a mesma expressividade, a mesma pegada na ária Mon coeur souvre a ta voix da ópera Sansão e Dalila de Saint Saens. Janette Dornellas começou fria em Um bel di vedremo, pecou na respiração e não se entendeu muito bem com Puccini. O soprano teve melhores momentos nas árias verdianas Tacea la note placida e Pace, pace mio dio. Sua voz saiu expressiva com bons agudos em um fraseado correto. 

A capital federal também é cultura. O Festival de Ópera de Brasília já esta na sua quarta versão e está se arraigando na vida dos brasilienses transmitindo cultura para toda a população. Além do festival a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro faz apresentações regulares na cidade. A resposta é a presença do público que vai se acostumando a frequentar teatro de ópera e concertos. Que a Orquestra e o Festival durem muitos anos.


Ali Hassan Ayache viajou a Brasília a convite da Opera Atelier Artists e do IV Festival de Ópera de Brasília.

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