sábado, 3 de abril de 2010

ATTILA – Met Opera, Nova Iorque, Março de 2010

Attila, de Giuseppe Verdi, uma das óperas do seu “primeiro” período, numa nova produção do Met, tinha vários ingredientes atractivos – o facto de ser uma nova produção de Pierre Audi com Jaques Herzog e Pierre de Meuron (duo responsável pelo belíssimo estádio olímpico de Pequim), um conjunto de intérpretes de grande qualidade e, guarda roupa da responsabilidade da italiana Miuccia Prada, o que não deixou de suscitar alguma curiosidade.

Apesar de todos os atractivos referidos, a encenação não resultou e ficou aquém do esperado. No início, a acção decorreu num monte de escombros, onde os cantores mal se podiam mover, não resultando em nada cenicamente excitante.

Após este primeiro quadro, apareceu uma espécie de jardim verde vertical, no qual iam surgindo buracos redondos, onde os cantores apareciam. O “jardim” vertical subia e, na base do palco, apareciam ou o coro ou os protagonistas. Tudo muito estranho, pouco eficaz e mau cenicamente. O guarda roupa da Prada tambem esteve longe de ser uma mais valia. Attila, o principal Huno, tinha um capacete com luzes que fazia lembrar um extra-terrestre e a maioria das restantes personagens principais não fugiam a esta regra. Merece ainda particular relevo, pela negativa, Odabella (Violeta Urmana) que, para além do vestido, com o penteado que lhe foi atribuído, parecia uma figura dos Simpson’s.


O maestro da récita que assisti foi Marco Armiliato que fez brilhar a excelente orquestra do Met. Attila foi interpretado pelo baixo russo Ildar Abdrazakov. Esteve bem, mas a voz não é muito grande e foi ocasionalmente ofuscada pela orquestra. Estava à espera de melhor. Violeta Urmana, soprano, foi a Odabella que, apesar de constipada (como nos foi comunicado imediatamente antes do espectáculo), cumpriu o papel, sobretudo revelando uma coloratura decente, apesar da pouca flexibilidade e uma ligeira tendência para girtar nas notas mais agudas. Ramón Vargas, tenor, foi Foresto, um cavaleiro de Aquileia que ama Odabella e lidera a conspiração contra Attila. Como já referi em apreciações anteriores, não é um artista que aprecio. Cenicamente é muito fraco e, vocalmente, está longe de ser um tenor de primeira água, dos que frequentemente se ouvem por estas paragens. Foi um mono e a sua figura também não ajuda. No papel de Ezio, um general Romano, pudemos apreciar Franco Vassalo (em substituição de Carlos Alvarez) que foi o intérprete da noite. Apesar de o papel não ser extenso, revelou-se posuidor de um barítono sólido, de belo timbre, consistente ao longo de toda a récita, para além de também ter sido o melhor em cena. Os restantes intérpretes, nomeadamente Russel Thomas como Uldino e Samuel Ramey como Leone não trouxeram qualquer mais valia à récita.



(Algumas das fotografias apresentadas são de Ken Howard / Metropolitan Opera e de Sara Krulwich / The New York Times)

 
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