O Teatro Nacional de São Carlos apresentou a ópera Ariodante, de GF Händel, em versão semi-encenada de Mario Pontiggia. Tocou a Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direcção musical de Antonio Floro.
Foi um espectáculo desinteressante para o qual contribuíram várias situações:
A Orquestra foi colocada em cima do palco e não no fosso, e à boca de cena. Perturbou a observação da acção da ópera (mesmo com pouco para ver) e prejudicou muito a audição dos cantores, nomeadamente dos com vozes pequenas, qua mal se ouviam. Também a orquestra não é uma orquestra barroca, a sonoridade não impressionou, e teve várias falhas ao longo da récita.
A encenação (ou semi-encenação) foi desinteressante, quase inexistente. Havia umas estruturas sólidas estáticas no palco e tudo se passou à sua frente e entre elas. 6 figurantes com máscaras faciais e vestidos de preto procuravam dar algum enquadramento cénico, mas não resultou.
Verdadeiramente inacreditável e intolerável foi o comportamento das “assistentes de sala” (arrumadoras). Em pleno espectáculo duas foram verificar o bilhete de uma espectadora estrangeira, obrigando-a a levantar-se e sentar-se várias filas mais atrás, perturbando de forma ignóbil todos os outros espectadores e o próprio espectáculo, pois tudo isto foi feito durante a aria do contratenor. Para além disto, ainda passavam regularmente uma visita inquisitória periódica ao longo dos corredores laterias da plateia, sempre perturbando a atenção, dado que as luzes da sala não estavam totalmente apagadas. Uma Vergonha!!
Finalmente os cantores, também muito diferentes nas suas prestações. As senhoras foram, de longe, as melhores. A mezzo Cecilia Molinari como Ariodante e a soprano Ana Quintans como Ginevra foram as melhores e tiveram interpretações muito boas, destacando a aria Scherza infida do Ariodante que antecedeu o intervalo. Também bem estiveram Eduarda Melo como Dalinda, com alguma tendência para a estridência e o contratenor Yuriy Minenko como Polinesso. Os restantes solistas foram para esquecer, Sreten Manojlovic como Rei da Escócia tem uma voz pequena que quase não se ouviu, Marco Alves dos Santos como Lurcanio, gritou mais do que cantou (apesar de ter sido muito aplaudido) e João Rodrigues como Odoardo também mal se ouviu.
**
ARIODANTE, Teatro Nacional de São Carlos, November 2021
Teatro Nacional de São Carlos presented the opera Ariodante, by GF Handel, in a semi-staged version by Mario Pontiggia. The Portuguese Symphonic Orchestra played under the musical direction of Antonio Floro.
It was an uninteresting performance to which several situations contributed:
The Orchestra was placed on top of the stage and not under, and in front of the stage. It disturbed the vision of the opera's action (even with little to see) and caused a lot of damage to the singers' hearing, particularly those with small voices, who could barely been heard. The orchestra is not a baroque orchestra either, the sound was unimpressive, and had several flaws throughout the performance.
The staging was uninteresting, almost non-existent. There were solid static structures on the stage and everything happened in front of and between them. 6 extras with face masks and dressed in black tried to provide some scenic framing, but it didn't work.
Truly unbelievable and intolerable was the behavior of the “room assistants”. In the middle of the performance, two went to check the ticket of a foreign spectator, forcing her to get up and sit several rows further back, ignobly disturbing all the other spectators and the show itself, as all this was done during the aria of the countertenor. In addition to this, a regular inquisitive visit was regularly passed along the side aisles of the audience, always disturbing the attention, as the lights in the room were not completely off. A shame!!
Finally the singers, also very different in their performances. The ladies were by far the best. Mezzo Cecilia Molinari as Ariodante and soprano Ana Quintans as Ginevra were the best and had very good interpretations, highlighting Ariodante's aria Scherza infida that preceded the break. Eduarda Melo did well as Dalinda, with some tendency to stridency, as well as countertenor Yuriy Minenko as Polinesso. The other soloists were bad, Sreten Manojlovic as King of Scotland has a small voice that was barely heard, Marco Alves dos Santos as Lurcanio, shouted more than he sang (despite being much applauded) and João Rodrigues as Odoardo also barely if heard.
**
Que pena... parece um desperdício de recursos. Quando estas óperas remotas aparecem no programa em S. Carlos, parece logo estranho visto ser um teatro com temporadas muito pequenas e, consequentemente, com capacidade limitada para ir "fora da caixa". Continuo a achar que se deveriam focar em repertório mais standard em que possam brilhar melhor.
ResponderEliminarRelativamente aos assistentes de sala, aconteceu a mesma coisa na Iolanta - insuportáveis e francamente estragam o espetáculo!