sábado, 12 de junho de 2021

EXCLUSIVO: Entrevista a Simone Piazzola / Interview with Simone Piazzola / Intervista a Simone Piazzola

A propósito da ópera Ernani de Guiseppe Verdi que se irá apresentar no TNSC com um elenco de qualidade global elevada na próxima semana, o blog Fanáticos da Ópera tem o privilégio de poder apresentar uma entrevista exclusiva com o barítono Simone Piazzola que se irá estrear em Portugal.

(Interview in English below) (Intervista in inglese sotto)

(Publicação de fotografias autorizada)

 

Simone Piazzola, muito obrigado por ter aceitado responder a algumas perguntas para o nosso blog Fanáticos da Ópera.



I. Relativamente à ópera Ernani de Verdi, o libreto é um pouco diferente do da peça Hernani de Victor Hugo no que diz respeito à sua personagem. Piave emprestou-lhe o amor apaixonado por Elvira e a sua personagem parece mudar à medida que a ação se desenvolve. Numa primeira fase, ele é um déspota interessado apenas no poder e no seu amor excessivo por Elvira, a quem tenta raptar. Depois, eleito como Imperador do Sacro Império Romano, Don Carlo é, de alguma forma, morto, renascendo como Imperador Carlo V. Transforma-se num governante que pensa apenas em política, nos problemas militares e religiosos do seu tempo, perdendo o interesse em Elvira e mostrando-se magnânimo para com os seus opositores.


1) O que é que pensa da sua personagem e como enfrenta as suas mudanças psicológicas?

Don Carlo é, sem dúvida, uma personagem interessante, que amadurece no decurso da ópera, dando mais peso no final à moralidade do que ao poder. Lido com este crescimento interior, dando diferentes nuances vocais e interpretativas; faço da minha voz um espelho dos seus pensamentos.

 

2) Sendo um barítono habituado a um grande espectro de papéis verdianos, quais são os desafios técnicos mais difíceis deste papel de Don Carlo?

Para além das várias facetas carateriais a que se deve prestar atenção para dar personalidade à personagem, a complexidade deste papel encontra-se na tessitura que envolve sobretudo a parte aguda da voz.



II. A ópera é hoje em dia considerada por muitos como uma arte disponível apenas para algumas elites, apesar da democratização do acesso através de plataformas de streaming, etc. Sendo ainda um jovem, apesar de experiente, barítono que atua em grandes salas de ópera, como pensa que a ópera pode tornar-se mais atrativa para um público mais vasto e mais jovem?

Penso que o problema fundamental é a forma como as obras são explicadas aos jovens. Por exemplo, contando apenas o enredo, nunca ninguém ficará apaixonado. É necessário que se conheça a alma, a personalidade de cada personagem, para que se possa dar uma identidade a cada papel, para que se possa sentir simpatia ou antipatia por uma personagem, para que se possa imaginar o que se passa na sua mente e sentir as suas próprias emoções. Mas isto de forma intima e não porque lhes seja dito "isto é bom e isto é mau". É preciso criar neles a curiosidade de dizer "e depois o que acontece"?



III. Em tempos da COVID, e sendo tão difícil ter atuações ao vivo e encenadas, como se mantém motivado e em boa forma psicológica e vocal?

Durante o primeiro confinamento e no período seguinte, foi difícil aceitar não poder sentir o teatro como antes. A consolação veio principalmente das pessoas que sempre apoiaram os artistas, que não desistiram. As mesmas pessoas que costumavam estar no teatro a aplaudir estavam nas redes sociais para apoiar os cantores sempre que estes viam um contrato cancelado. Eles têm sido parte da minha força. Vocalmente? Bem, eu canto principalmente por paixão, por isso tenho-me mantido a praticar, cantando em casa com a minha companheira todos os dias, porque cantar é uma necessidade para mim, não apenas um trabalho. Depois, também fui sempre acompanhado pelo meu mestre de confiança, o maestro Giacomo Prestia, por vezes gravando-me a mim próprio e, quando havia oportunidade, vendo-nos pessoalmente, mantendo as cautelas necessárias. A maior motivação era voltar no teatro , estando em frente ao público que tanto amo e agora, finalmente, posso fazê-lo!



IV. Estando esperançados de que possa ter encontrado formas de atuar ao vivo na próxima temporada, quais são as suas próximas atuações e desafios?

Num futuro próximo estarei envolvido no papel de Germont em La Traviata, primeiro no Teatro Massimo, em Palermo, e depois na Arena di Verona, onde cantarei o papel de Amonasro de Aida para o Festival de Ópera deste Verão.

Partirei depois para Liège para interpretar Don Carlo di Vargas em La Forza del Destino e serei Ford em Falstaff no Teatro Maggio Musicale Fiorentino.

 

Obrigado e toi, toi, toi para as récitas de Ernani!

 

Interview in English 

 

Regarding the opera Ernani by Guiseppe Verdi that will be performed next week at TNSC with a globally high quality cast, the blog Fanáticos da Ópera is privileged to present an exclusive interview with the baritone Simone Piazzola that will have his debut in Portugal.

 

Simone Piazzola, thank you for accepting to answer some questions for our blog Fanáticos da Ópera or Opera Fanatics.

 

I. Regarding Verdi’s Ernani, this play is a bit different from Victor Hugo’s play Hernani in what respects to your character. Piave gave him his passionate love for Elvira and his character seems to change as the play develops. Firstly, he is a despot only interested in power and in his lavish love for Elvira whom he tries to kidnap. Then, elected as Emperor of the Holy Roman Empire, Don Carlo is, in some way, killed and reborn as Emperor Carlo V. He transforms himself in a ruler thinking only on politics, military and religious problems of their time, losing interest in loving Elvira and being magnanimous with his opponents.

 

1) What are your thoughts about your character and how do you challenge his psychologic swings?

Don Carlo is undoubtedly an interesting character, who matures in the course of the work, giving more weight to morality than to power in the end.

I face this inner growth by giving different vocal and interpretative nuances; I make my voice mirror his thoughts.

 

2) Being you a baritone used to a large spectrum of verdian roles, what are the most difficult technical challenges of this Don Carlo’s role?

In addition to the various character facets to which attention must be paid in order to dare to the character, the complexity of this role lies in the texture that most engages the high part of the voice.

 

II. Opera is nowadays considered by many as an art available to some elite, despite the democratization of access through streaming platforms, etc. As a yet young, despite experienced, baritone who is performing in major opera halls, how do you think opera can become more attractive to a broader and younger audiences?

I think the fundamental problem is how the work is explained to young people. Telling the plot will never make someone love, serve to make known the soul, the personality of each character so that they can give an identity to each role, that can feel sympathy or dislike for a character, who can tell in their mind what happens and feeling emotions themselves but intimately and not because they are told "this is good and this is bad". Create in them the curiosity to say "and then what happens?"

 

III. In COVID times, and being so difficult to have live and staged performances, how do you keep motivated and in shape psychologically and vocally?

During the first lockdown and the following period it was hard to accept not being able to experience the theater as before, but the comfort came mainly from the people who have always supported the artists, who did not give up. The same people who were earlier in the theater applauding were on social media supporting the singers every time a canceled contract was seen. They have been part of my strength. Vocally? Well I sing mainly for passion so I kept practicing singing at home with my partner, singing every day because singing for me is a need not just a job. Then, however, I have always been followed by my trusted Maestro Giacomo Prestia, every now and then by registering and when there was the opportunity to see us in person, however, maintaining the necessary precautions. The greatest was to return to the theater in front of the audience I love so much and now it can succeed!

 

IV. Hoping you are finding a way to perform live next season, what are your next performances and challenges?

I’ll be soon playing the role of Germont in La Traviata, first at the Teatro Massimo in Palermo and later at the Arena in Verona where I will sing concurrently in the role of Amonasro in Aida for this summer's Opera Festival.

I will then leave for Liège to interpret Don Carlo di Vargas in La Forza del Destino and I will be Ford in Falstaff at the Maggio Musicale Fiorentino Theater.

 

Thanks and toi, toi, toi for Ernani!

 

Intervista in italiano

 

Per quanto riguarda l'opera Ernani di Giuseppe Verdi che sarà rappresentata al TNSC con un cast mondiale di alta qualità la prossima settimana, il blog Fanáticos da Ópera ha il privilegio di presentare un'intervista esclusiva con il baritono Simone Piazzola chi fará su debut in Portogallo.

 

Simone Piazzola, grazie mille per aver accettato di rispondere ad alcune domande per il nostro blog Fanáticos da Ópera.


I. Per quanto riguarda l'opera Ernani di Verdi, il libretto è un po' diverso da quello dell'opera Hernani di Victor Hugo per quanto riguarda il tuo personaggio. Piave ha preso in prestito il suo amore appassionato per Elvira e il suo carattere sembra cambiare man mano che l'azione si sviluppa. Nella prima fase, è un despota interessato solo al potere e al suo eccessivo amore per Elvira, che cerca di rapire. Poi, eletto imperatore del Sacro Romano Impero, Don Carlo viene in qualche modo ucciso, rinascendo come imperatore Carlo V. Diventa un sovrano che pensa solo alla politica, ai problemi militari e religiosi del suo tempo, perdendo interesse per Elvira e mostrando magnanimità verso i suoi avversari.

 

1) Cosa pensi del suo personaggio e come affronti i suoi cambiamenti psicologici?

Don Carlo è indubbiamente un personaggio interessante, che matura nel corso dell'opera dando nel finale più peso alla moralità che al potere. 

Affronto questa crescita interiore dando sfumature vocali e interpretative diverse; faccio sì che la mia voce diventi specchio dei suoi pensieri. 

 

2) Essendo un baritono abituato ad un ampio spettro di ruoli verdiani, quali sono le sfide tecniche più difficili di questo ruolo di Don Carlo?

Oltre alle varie sfaccettature caratteriali alle quali bisogna prestare attenzione per dare personalità al personaggio, la complessità di questo ruolo si trova nella tessitura che impegna maggiormente la parte acuta della voce. 

 

II. L'opera è oggi considerata da molti come un'arte a disposizione di una certa élite, nonostante la democratizzazione dell'accesso attraverso le piattaforme di streaming, ecc. Come baritono ancora giovane, ma con esperienza, che si esibisce nelle principali sale d'opera, come pensi che l'opera possa diventare più attraente per un pubblico più ampio e giovane?

Credo che il problema fondamentale sia il come l'opera viene spiegata ai giovani. Raccontare la trama non farà mai appassionare qualcuno, serve far conoscere l'animo, la personalità di ogni personaggio in modo che possano dare un'identità ad ogni ruolo, che possano provare simpatia o antipatia per un personaggio, che possano immaginare nella loro mente cosa accade e provare emozioni loro stessi ma intimamente e non perché viene detto "questo è buono e questo è cattivo". Creare in loro la curiosità di dire "e poi cosa succede?"

 

III. In tempi di COVID, ed essendo così difficile avere esibizioni dal vivo e in scena, come vi mantenete motivati e in forma psicologicamente e vocalmente?

Durante il primo lockdown e il periodo seguente è stata dura accettare il non poter vivere il teatro come prima ma il conforto è arrivato principalmente dalla gente che ha sempre sostenuto gli artisti, che non ha mollato. Le stesse persone che prima erano in teatro ad applaudire erano sui social a sostenere i cantanti ogni qual volta che si vedeva un contratto cancellato. Sono stati parte della mia forza. Vocalmente? Beh io canto principalmente per passione quindi mi sono mantenuto in esercizio cantando in casa con la mia compagna, cantando ogni giorno perché cantare per me è un bisogno non solo un lavoro. Poi comunque mi sono sempre fatto seguire dal mio fidato Maestro Giacomo Prestia, ogni tanto registrandomi e quando c'è stata l'opportunità vedendoci di persona mantenendo comunque le cautele del caso. La motivazione più grande è stata tornare in teatro davanti al pubblico che tanto amo e ora finalmente posso farlo!


IV. Sperando che voi troviate un modo per esibirvi dal vivo la prossima stagione, quali sono le vostre prossime esibizioni e sfide?

Prossimamente mi vedrò impegnato nel ruolo di Germont ne La Traviata, prima al Teatro Massimo di Palermo e successivamente all'Arena di Verona dove canterò in concomitanza il ruolo di Amonasro ne L'Aida per il Festival Lirico di quest'estate. 

Partirò poi per Liegi per interpretare Don Carlo di Vargas ne La Forza del Destino e sarò Ford nel Falstaff al Teatro Maggio Musicale Fiorentino.

 

Grazie e toi, toi, toi per Ernani!

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