quinta-feira, 23 de agosto de 2018

DIE WALKÜRE / A VALQUÍRIA, Bayreuth, Agosto / August 2018



(Review in English below)

Direcção musical – Placido Domingo
Encenação – Frank Castorf
Siegmund – Stephen Gould
Hunding – Tobias Kehrer
Wotan – John Lundgren
Sieglinde – Anja Kampe
Brünhilde – Catherine Foster
Fricka – Marina Prudenskaya

O Plácido Domingo a dirigir a Valquíria é um “empata” de todo o tamanho!!! 




O 1º acto foi globalmente muito lento o que prejudicou a 100% o drama; mesmo nas passagens que devem ser mais lentas, são lentas de mais; as entradas da orquestra onde devem ser incisivas, são pastelosas; frequentemente a orquestra transmitiu a sensação de receio ao tocar; os cantores foram excelentes mas perderam-se neste ritmo, encontrando dificuldade no transmitir convincentemente as emoções - a Anja Kampe, na passagem onde descreve o casamento, o aparecer de Wotan e o colocar da espada no tronco, desencontrou-se com a orquestra, tal era a pasmaceira orquestral...




A encenação tem 2 perus numa jaula (num cenário que parece um estábulo numa quinta americana mas pelo que li acho que isto se passa na zona de poços de petróleo do Azerbeijão). Estes “cantaram” 4 vezes! Eu acho que em “perulês” estavam a dizer ao Domingo - “acorda meu, e acelera isto!” Este homem não aprendeu nada com maestros wagnerianos de jeito tantas as vezes que cantou este papel?! O andamento é “singer-friendly”, permitindo tempo para uma melhor articulação mas... não dá! Não é eficaz! Percebo que ele tenha optado por este andamento pelas características acústicas da sala, com o eco da mesma, etc. mas... não dá! Em 2000 cantou aqui com o Sinopoli a dirigir e não tem comparação a dinâmica do italiano (que memórias dessa transmissão em diferido pela Antena 2 gravada por mim nas velhinhas cassetes).


Gould tem uma grande voz mas, por vezes, foi um bocado histérico, o que fez com que em determinadas alturas a voz saísse quase gritada. Mas eu gostei porque foi em alturas chave de emoção e ficou bem. Agora os Wälse muito bem vocalmente mas não se sentiu a emoção de ele estar a apelar a um pai que já não existe, que não está presente, e o Notung, Notung, também pouco sentido... mas com o andamento imposto também é difícil.... aqui, nestas passagens, e no agudo final do 1o acto não conheço ninguém que tenha transmitido a emoção de forma tão apaixonante como... Placido Domingo... é a realidade. Agora, 18 anos depois, no pódio, o Maestro desilude.




No 2o acto, ou trocaram Placido Domingo por outro ou então este acordou da sesta e bebeu um café! Este acto foi brutalíssimo!!! Contrastes perfeitos no monólogo do Wotan, dueto Siegmund-Brünnhilde idem, final intenso, drama do início ao fim no seu maior expoente!!O Lundgren domina o papel do ponto de vista vocal e, acima de tudo, interpretativamente de modo quase perfeito! Catherine Foster estupenda como Brünnhilde - força e beleza de timbre numa interpretação exemplar! Gould, Kampe e o estreante Tobias Kehrer (Hunding fabuloso nos 1º e 2o actos) fenomenais! E a Fricka, Marina Prudenskaya... do melhor que se pode ter - voz de mezzo excelente, incisiva e autoritária sem desfazer timbre ou afinação - se ela me dissesse para fazer “assim ou assado”, eu era levado a fazê-lo de certeza (como acontece com Wotan...). Foi o dia ao pé da noite para o 1º acto!









O 3º acto foi mais ou menos... a encenação ridicularizou completamente o momento, para mim, mais significativo de todo o Anel ao colocar Wotan a dançar com uma pele de lobo a gozar Brünnhilde enquanto esta diz que o amor pelo Wälsung foi por ele incutido nela e honrando este amor ao tentar ajudá-lo em batalha, mesmo indo contra o que Wotan lhe ordenou, ela fez o que, no íntimo dele, ele desejava. A encenação também distanciou muito Wotan e Brünnhilde o que não ajudou a sentir-se a tensão entre ambos neste acto. Lundgren desiludiu no final, pouco emotivo, muito estático, voz cansada... Domingo? Enfim... mais ou menos: alguns contrastes mal elaborados, retardados no final de algumas frases para acentuar o que vem a seguir mas depois o que vem a seguir não sai bem... Muita indefinição. Por muita experiência que se possa ter como cantor, não é um estudo de 4 ou 5 meses da partitura, e algumas sessões de ensaio, que criam um Maestro wagneriano...




Esta Valquíria valeu essencialmente pelo 2º acto e apenas por este acto! E fica a dúvida se foi planeado ou um golpe de sorte... No final houve apupos no início dos aplausos, mas os restantes tentaram abafar… ainda há quem perceba de ópera e de Wagner em Bayreuth!









Texto de wagner_fanatic



DIE WALKÜRE, Bayreuth, August 2018

Musical direction - Placido Domingo
Role Playing - Frank Castorf
Siegmund - Stephen Gould
Hunding - Tobias Kehrer
Wotan - John Lundgren
Sieglinde - Anja Kampe
Brünhilde - Catherine Foster
Fricka - Marina Prudenskaya

Plácido Domingo conducting the Valkyrie is a big "tie"!!! The first act was globally very slow what damaged 100% the drama. Even in the parts that must be slower, they were too slow. The parts of the orchestra that should be sharp were too slow and sluggish. Often the orchestra transmitted the feeling of fear when playing. The singers were excellent but lost themselves in this rhythm, finding it difficult to transmit convincingly the emotions - Anja Kampe, in the part where she describes her marriage, the appearance of Wotan and the putting of the sword in the trunk, disconnected with the orchestra, such were the tempi dull…

The staging has 2 turkeys in a cage (in a scenario that looks like a stable in an American farm but from what I read I think this is in the Azerbaijan oil well zone) that "sang" 4 times! I think in "Peruvian lsnguage" they were saying to Domingo - "wake up and accelerate it!" This man did not learn anything with Wagnerian maestros so many times that he sang this role?! The tempi are "singer-friendly", allowing better articulation of the language but does work ... is not effective; I notice that he has chosen this course for the acoustic characteristics of the room, with the echo of it, etc. but ... it does not work. In 2000 he sang here with Sinopoli to conduct and there is no comparison to the dynamics of the Italian. And I confess that Gould is very good but no one has yet managed to convey the excitement of Siegmund's keen finale like Domingo ...

In the 1st Act the couple was good, yes. Gould has a great voice but sometimes it's a bit hysterical, which made his voice almost screamed at certain times. But I liked it because it was at key heights of excitement and it was just fine. But the Wälse were very well vocally but did not feel the thrill of him being to appeal to a father who no longer exists / is there, and the Notung, Notung, also with little emotion but with the tempi imposed is also difficult .... Here, in these parts, I do not know anyone who has transmitted the correct emotion as ... Placido Domingo ...it is the reality.

2nd Act: Well ... they exchanged Domingo for another one or the grandfather woke up from his nap and had a coffee! This act was brutal! Perfect contrasts in the monologue of Wotan, duet Siegmund-Brünnhilde also, intense end, drama from beginning to end in its greatest exponent !!
Lundgren dominates the role from the vocal point of view and, above all, interpretatively almost perfect! Catherine Foster stupendous as Brünnhilde - strength and beauty of timbre in an exemplary interpretation! Gould, Kampe and debutant Tobias Kehrer (fabulous Hunding 1st and 2nd stints) phenomenal! And Fricka, Marina Prudenskaya ... the best one can have - excellent mezzo voice, incisive and authoritative without undoing timbre or tuning - if she told me something too, I did for sure (as it happens with Wotan ☺) It is the day contrasting with the night (the 1st ac)t! I do not know what to expect from the last act?!?!

3rd Act not exciting ... the production completely ridiculed the most significant moment of the whole Ring by placing Wotan dancing with a wolf skin to enjoy Brünnhilde, while she says that the love for the Wälsung was by him instilled in her, and honoring this love while trying to help him in battle, even going against what Wotan ordered her, she did what in her heart she wanted. The production also distanced much Wotan and Brünnhilde which did not help to feel the tension between both in this act. Lundgren disappointed at the end, unemotional, very static, tired voice ... Domingo ... more or less, some contrasts poorly elaborated, delayed at the end of some sentences to accentuate what comes next but then what comes next does not go well.

This Valkyrie was worth essentially and only by the 2nd act! At the end there were some booos at the beginning of the applause, but the rest tried to stifle ... there are still people who know about opera in Bayreuth!

Text by wagner_fanatic

1 comentário:

  1. Not only looks this montage paralytically dreadful, but catastrophically mediocre as well in every musical, dramatic and theatrical level. Wagner would be disgusted.

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